𖡼 1977; Fifith Year - Kiss Kiss Kiss
Anastasia havia se tornado uma bolha de estresse nos dias que se seguiram, e ela não sabia dizer quem estava pior, se era ela ou se era Regulus com a aproximação dos N.O.M.s. Anastasia andava tão estressada que, em uma das aulas, havia perdido pontos por estar com o uniforme incompleto, em outra havia aparecido sem pentear o cabelo e depois tinha chorado durante cinco minutos inteiros no corredor quando Sirius perguntou o motivo de ela estar tão agitada. Ansiedade sempre havia sido o maior karma de Anastasia, e agora, ela sentia que estava prestes a consumi-la a qualquer instante, fazendo Anastasia desejar se jogar do alto da Torre de Astronomia.
Sentada em uma das mesas mais afastadas da biblioteca, Anastasia tinha duversos livros de diversas matérias diferentes abertos na sua frente enquanto seus olhos verdes se perdiam em qual deles começaram. Tudo parecia terrivelmente embaralhado em sua mente, como se ela já não fosse mais capaz de distinguir uma palavra sequer (bem, era isso que acontecia quando se ficava cinco horas ininterruptas hiperfocada em algo. Em algum momento, seu cérebro desligava completamente). Ela tamborilava os dedos contra a madeira da mesa, tentando forçar os olhos a focarem nas palavras que lia pela terceira vez. Nada fazia sentido. As datas dos exames da N.O.M.s se aproximavam, e a pressão estava começando a sufocá-la. Ela sabia que sempre fora boa em seus estudos, mas o volume de material e a expectativa de todos ao seu redor estavam a deixando ansiosa. Não, estavam a deixando maluca.
-Isso é impossível! - ela resmungou, jogando a pena sobre o pergaminho com frustração. A tinta respingou, manchando as margens do texto, o que só a deixou mais irritada, prestes a arrancar tufos de seus cabelos loiros no processo. Pandora ergueu o olhar para Anastasia, arqueando uma sobrancelha para amiga em desespero. -Como esperam que a gente lembre de tudo isso em uma única prova?
Pandora, que estava sentada à sua frente, ergueu os olhos, mas manteve o tom calmo de sempre. Ela sempre sabia o que dizer quando Anastasia estava em crises, e Anastasia a amava um pouco mais por isso, por ser uma amiga incrivelmente maravilhosa e presente nos piores momentos possíveis.
-Você está exagerando, Annie. Vai dar tudo certo, como sempre deu.
-Exagerando? - Anastasia quase riu, incrédula, suas mãos tremendo levemente (se pela ansiedade ou porque seu corpo estava prestes a parar de funcionar devido as pouquíssimas horas de sono diárias, ela não sabia, mas pouco se importava) -São sete matérias, Pandora! Sete! Sem contar as variações de feitiços, poções, teorias e mais teorias. Isso não é só sobre decorar, é sobre lembrar na hora e não entrar em pânico!
-E desde quando você entra em pânico?
-Desde agora, aparentemente! - Anastasia retrucou, sua voz elevando-se um pouco mais do que deveria para uma biblioteca. Algumas cabeças se viraram na direção delas, mas Anastasia ignorou. -Porque não é só isso, entende? Se eu não passar com notas excelentes, terei que rever as aulas do próximo ano, e sabe o que vai acontecer? Tudo vai piorar. Isso aqui... - ela gesticulou para os livros, claramente à beira de um colapso -... vai ser fichinha comparado ao que virá.
Pandora a olhou com um sorriso simpático, mas claramente sem conseguir apaziguar o furacão de ansiedade que estava prestes a explodir dentro da amiga. Ela entendia Anastasia e sabia de toda a pressão que a amiga carregava, nas Pandora também sabia que Anastasia estava exagerando. Ela nunca havia tirado uma nota ruim sequer, sempre sendo a aluna número um do ano deles, e mais que isso, uma das melhores alunas de toda Hogwarts. Era apenas bobeira Anastasia pensar o contrário.
-Talvez um chá de camomila...
-Eu não preciso de chá de camomila, Pandora! - Anastasia bufou, enterrando o rosto nas mãos. -Eu preciso de mais horas no dia! E de uma memória fotográfica! Isso, sim!
Houve um momento de silêncio antes de Pandora finalmente tentar outra abordagem:
-E se você der uma pausa? Um pouco de ar fresco pode te ajudar a organizar as ideias. Talvez um momento com seu namorado!
-Pausa? - Anastasia ergueu a cabeça, os olhos semicerrados. -Eu já perdi duas horas ontem porque Regulus achou que seria uma boa hora para me arrastar até o lago para conversar sobre... sobre Merlin sabe o quê! Não posso me dar ao luxo de outra pausa.
-Tudo bem, tudo bem. - Pandora ergueu as mãos em sinal de rendição. -Mas, Anastasia, de verdade, você sabe que vai arrasar nesses exames. Sempre foi uma das melhores alunas. Não é como se os professores não soubessem disso.
Anastasia soltou um suspiro exasperado e olhou para os livros mais uma vez, como se eles fossem seus maiores inimigos. Naquele momento, eles de fato eram.
-Não é sobre os professores, Pandora. É sobre mim. Se eu falhar... - Ela balançou a cabeça, sem terminar a frase. -Eu simplesmente não posso falhar.
Pandora abriu a boca para falar, mas desistiu ao ver a intensidade nos olhos da amiga. Em vez disso, ela apenas empurrou um pedaço de pergaminho mais limpo na direção de Anastasia e sussurrou:
-Então, melhor começar a revisar. Vamos resolver isso uma página de cada vez.
Anastasia fechou os olhos por um momento, tentando respirar fundo. No fundo, ela sabia que Pandora tinha razão. Mas, naquele momento, parecia que a pressão dos N.O.M.s era um monstro impossível de vencer.
Se sentindo uma grandeza derrotada, Anastasia decidiu manter a calma em seu coração. Ela precisava entender que não estava no controle de tudo e que tudo ficaria bem no final. Durante as horas que se seguiram ao lado de Pandora, ela conseguiu se acalmar o suficiente e absorver mais conteúdo. Quando estava exausta de verdade, Pandora a convenceu a deixar o que faltava para o dia seguinte e dessa vez, Anastasia cedeu.
-Eu vou voltar para a Sala Comunal, Pand. - Anastasia murmurou para Pandora enquanto guardava seus materiais. -Nos vemos amanhã.
Pandora assentiu com um sorriso simpático, sempre compreensiva, e Anastasia deu meia volta, seguindo pelos corredores silenciosos de Hogwarts. A noite já havia caído, e a escola estava mergulhada em um silêncio quase reconfortante. Conforme ela caminhava em direção à Torre da Corvinal, perdida em seus pensamentos, seus passos ecoando suavemente pelo chão de pedra, ela mal percebeu quando uma figura familiar apareceu em seu caminho.
-Achei que ia te encontrar aqui. - a voz suave e familiar de Regulus soou atrás dela. Era assustador o como ele a trazia conforto, mesmo que ela tenha se sobressaltado levemente antes de se virar para fitar os olhos de Regulus.
E ali estava ele, com aquele olhar intenso que parecia sempre ver através dela. Ele estava encostado na parede de pedra, os braços cruzados, observando-a com uma expressão indecifrável. Anastasia já sabia disso há tempos, mas Regulus era incrivelmente bonigo. Havia quem dissesse que Sirius era o mais bonito dos irmãos Black, mas ela discordava totalmente disso. Não era só a aparência que fazia Anastasia achar Regulus lindo, mas sim o que ela enxergava dentro de seu coração, algo que ele deixava apenas que poucas pessoas vissem e conhecessem. Ela se sentia particularmente sortuda por ser uma dessas pessoas.
-Reg. - ela suspirou, e, por um momento, todo o cansaço voltou a lhe pesar. Ele tinha esse efeito nela; Regulus a trazia um conforto que fazia Anastasia sentir como se não tivesse que carregar todo o peso do mundo sozinha e, com ele, ela sabia que não precisava.
Regulus não hesitou, descruzou os braços e deu um passo em sua direção, seus olhos não deixando os dela. Anastasia não pensou duas vezes antes de deixar que Regulus passasse os braços ao redor dela e a puxasse para perto de si, a abraçando de uma forma que a fazia se sentir incrivelmente segura.
-Estava esperando você sair da biblioteca. - Ele deu de ombros, como se fosse a coisa mais normal do mundo. -Você está diferente esses dias. - Anastasia ergueu uma sobrancelha para ele, se afastando o suficiente para fitar Regulus.
-E como você esperava que eu estivesse, com os N.O.M.s à espreita e meus nervos quase à flor da pele?
Regulus soltou um suspiro curto e, com um movimento rápido, pegou delicadamente as mãos dela. Seus dedos se entrelaçaram, e a tensão que ela vinha segurando por tanto tempo pareceu derreter um pouco ao toque dele.
-Eu sei que está difícil, Annie. - ele começou, sua voz mais baixa, quase sussurrada. -Mas você precisa parar de se pressionar tanto. Está se torturando por algo que você já sabe que vai conseguir. Você é incrível, e não sou só eu que acho isso. Os professores, seus amigos, todo mundo sabe disso.
Anastasia mordeu o lábio, sentindo o calor das mãos dele nas suas e percebendo, com um estranho conforto, que Regulus realmente a conhecia. Ele entendia como ela funcionava, seus medos e suas inseguranças. Era uma das coisas que mais a tocava nele, mesmo que ela nunca admitisse em voz alta.
-Às vezes, não parece suficiente, sabe? - Ela falou baixinho, seus olhos caindo para o chão. -Parece que tudo vai desmoronar se eu não der cem por cento o tempo todo.
Regulus se aproximou ainda mais, seus olhos fixos nos dela, agora cheios de algo que ela não conseguia decifrar completamente.
-Eu te entendo mais do que você imagina. - ele disse, sua voz grave e suave ao mesmo tempo. -Você acha que eu não me sinto assim? Entre o que eu sinto e o que minha família espera de mim... às vezes parece que estou preso em uma guerra comigo mesmo.
Anastasia olhou para ele, seus corações batendo em um ritmo silencioso e compartilhado naquele momento. Ela sabia o quanto Regulus estava dividido, o quanto a pressão da família dele o esmagava, o forçava a ser alguém que ele, no fundo, não queria ser. Mas, no final das contas, ela também sabia que um dia ele teria que fazer uma escolha. E isso a preocupava, porque a decisão que ele tomasse poderia mudar tudo entre eles.
-Regulus... - ela começou, hesitando. -Eu entendo como é essa pressão, eu entendo de verdade. Mas você sabe que... que vai chegar o momento em que vai ter que escolher. Entre o que você sente e o que sua família quer.
Ele baixou o olhar, um silêncio pairando entre eles. Regulus parecia considerar as palavras dela por um longo momento, antes de levantar o olhar de novo.
-Eu sei, Annie. - ele murmurou, a voz suave. -Mas hoje eu escolho estar aqui com você.
Anastasia sentiu um aperto no coração, uma mistura de medo e ternura. Sem dizer mais nada, ela deu um passo à frente, envolvendo-o em um abraço apertado. Regulus a segurou firme, como se, por um momento, eles pudessem esquecer todas as pressões e expectativas e apenas existirem um para o outro.
Em algum momento durante aquele abraço, isso se transformou em um beijo. Anastasia podia beijar Regulus milhares de vezes e ainda assim não perderia a vontade de o fazê-lo. A forma como os lábios dele pareciam encaixar perfeitamente nos dela ou o como ele a beijava com tantto carinho e ternura a faziam ter certeza de que Anastasia poderia fazer isso para o restante de sua vida. Ela soltou um suspiro baixinho quando os dedos de Regulus afundaram nos cabelos dela, puxando levemente enquanto sua boca descia até um ponto particularmente sensível do pescoço de Anastasia.
De repente, nada mais importava ali no corredor silencioso de Hogwarts, os problemas com os N.O.M.s, as famílias e o futuro pareceram desaparecer, mesmo que apenas por um breve instante. Nada disso foi pensado a medida que Anastasia agarrava o cabelo de Regulus com força, as mãos dele a apertavam em todas as partes e ele distribuía mordidas leves na pele de Anastasia. Ela nem sabia mais o que diabos significava N.O.M.s a essa altura.
Anastasia não conseguiu evitar o pequeno gemido que escapou de seus lábios quando Regulus a puxou ainda mais para perto, os dedos dele agora pressionando a base de suas costas com firmeza (a mão dele estavs terrivelmente próxima da bunda dela, mas Anastasia definitivamente não falaria nada). O calor entre eles era quase palpável, e a sensação do toque dele, da forma como os lábios exploravam cada pedaço de pele exposta, era suficiente para fazer com que sua mente esquecesse qualquer resquício de estresse.
Mas, por mais que quisesse continuar ali, perdida naquele momento, uma pequena voz no fundo de sua mente a lembrava de onde estavam e do quanto poderiam ser flagrados. Ela se afastou um pouco, seus dedos ainda enrolados nos cabelos de Regulus, ofegante. Os olhos dele estavam fixos nos dela, as pupilas dilatadas, e por um momento, Anastasia sentiu seu coração acelerar ainda mais.
-Reg, nós estamos... - ela tentou dizer, mas a respiração entrecortada dificultava a frase. -Alguém pode nos ver.
Regulus sorriu, aquele sorriso tranquilo que ela adorava, os lábios ainda próximos demais dos dela.
-Eu sei. - ele murmurou, a voz rouca, como se não se importasse nem um pouco com a possibilidade. -Mas você está comigo agora. Quem se importa?
Ela mordei o lábio enquanto o fitava. Tinha milhares de motivos para dizer a ele que, sim, poderiam acabar com muitos problemas caso alguém os pegasse ali (que Merlin os livrasse de Filch e Pirraça!), mas ela não conseguiu pensar em nada. Era como se seu cérebro tivesse virado gelatina, então ela não se importou nem um pouco quando Regulus a apertou contra si.
Anastasia ergueu o rosto novamente, seus olhos encontrando os de Regulus. Ele ainda estava com aquela expressão suave, quase indecifrável, mas havia algo em seus olhos que ela conhecia bem: desejo misturado com carinho. Sem dizer uma palavra, ela se inclinou, selando os lábios dele nos seus mais uma vez.
Dessa vez, o beijo veio com uma intensidade renovada, como se ambos estivessem tentando comunicar o que as palavras não conseguiam expressar. As mãos de Regulus voltaram a se enroscar nos cabelos de Anastasia, puxando-a para mais perto, enquanto seus próprios dedos corriam pelas costas dele, sentindo cada linha de seu corpo através da camisa.
O mundo ao redor deles desapareceu novamente, e, por um instante, tudo o que importava era o calor entre seus corpos e a forma como os lábios de Regulus se moviam contra os dela, explorando cada detalhe com uma mistura perfeita de urgência e ternura.
Regulus deslizou uma das mãos para a nuca de Anastasia, inclinando sua cabeça levemente para aprofundar o beijo, e ela suspirou contra sua boca, sentindo o coração acelerar com o toque dele. Suas línguas se encontraram, e a intensidade aumentou ainda mais, deixando-os completamente imersos um no outro.
Cada beijo parecia despertar uma necessidade ainda maior, uma urgência que crescia entre eles. As mãos de Anastasia se apertaram nos ombros de Regulus, como se ela quisesse puxá-lo para ainda mais perto, mesmo que já estivessem tão próximos quanto possível. Ela sentia a respiração dele se misturar com a sua, o calor dos corpos irradiando uma eletricidade que a fazia querer perder o controle.
Regulus então quebrou o beijo apenas o suficiente para sussurrar contra os lábios dela, a voz rouca de desejo:
-Você não faz ideia do quanto eu realmente amo você, Annie.
Antes que ela pudesse responder, ele a puxou de volta, capturando seus lábios mais uma vez com uma fome renovada. Anastasia sentiu o corpo inteiro vibrar com a intensidade daquele momento, seus dedos agora agarrando o cabelo dele, os corações batendo em um ritmo frenético. Regulus beijava com uma paixão controlada, cada movimento calculado, mas ao mesmo tempo carregado de uma emoção que ele raramente mostrava. E isso a deixava ainda mais encantada por ele.
Ela sabia que palavras tinham poder, mas ações também. Então, através daquele momento, ela deixou claro para Regulus o quanto também o amava. E apenas podia rezar para que aquilo fosse o suficiente entre eles. Mesmo que no fundo Anastasia soubesse que não; só amor jamais seria o suficiente.
Data: 07/11/24
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