𖡼 1976; Fourth Year - The Black Brothers
𝑶 coração de Anastasia estava disparado dentro do peito quando ela correu pelos corredores, o som dos seus próprios passos ecoando pelas paredes enquanto tentava acompanhar Regulus. Ele estava à frente, andando a passos largos e rápidos, mas ainda assim ela não o deixaria escapar. Não depois de tudo o que acabara de acontecer, não sabendo que sua mente era sua própria inimiga. Tudo o que ela menos precisava, era de Regulus achando mais uma vez que era o culpado por todos os problemas do mundo e se amargurando por causa de Sirius. A relação dos dois era um caos completo, e Anastasia estava cansada de ficar apenas observando eles destruirem os sentimentos que tinham um pelo outro por coisas fúteis (algumas nem tanto assim, ela sabia). Mas, naquele momento, a única coisa que a preocupava, era Regulus e o que estava pensando.
-Reg! - ela chamou, com a respiração ofegante. Anastasia não era assim tão boa em corridas, ainda mais quando estava desesperada e eufórica. Regulus não pareceu sequer tê-la escutado. -Regulus, espera!
Ele hesitou por um segundo, o corpo enrijecido como se estivesse considerando parar, mas logo voltou a caminhar sem sequer olhar para trás. Anastasia acelerou o passo, determinada, e finalmente o alcançou, agarrando o braço dele para forçá-lo a parar. Regulus poderia facilmente ter se esquivado de Anastasia, mas não o fez, respirando fundo por um instante.
-Me solta, Anastasia. - ele murmurou, a voz baixa e vazia, os olhos fixos no chão. -Eu preciso de um tempo.
-Não, você não precisa! - Anastasia retrucou, irritada, segurando o braço dele com mais força. Provavelmente deveria dar a ele espaço, mas estava aterrorizada demais com que escolha péssima Regulus poderia tomar para conseguir fazer isso. -O que você precisa é parar de fugir e conversar comigo! Por favor, Reg.
Regulus finalmente ergueu o olhar, os olhos cinzentos refletindo uma mistura de mágoa e algo mais profundo, algo que Anastasia não conseguia decifrar completamente, mas fez o coração dela apertar e doer. Ele respirou fundo, como se estivesse tentando manter a calma.
-Isso tudo foi Sirius sendo o idiota de sempre. - respondeu ele, seco. -Ele não consegue se manter fora dos meus assuntos. E você também não deveria ter que lidar com isso. Quem ele sequer acha que é, afinal?
-Eu posso lidar muito bem com seu irmão maluco, Regulus, já estou bem acostumada com o drama de Sirius. - Anastasia rebateu, os olhos brilhando de determinação. -O que eu não vou aceitar é você me excluir da sua vida sempre que alguma coisa te incomoda.
Regulus fechou os olhos por um instante, esfregando o rosto com uma das mãos, claramente exausto. Mas Anastasia também estava; e não iria deixar Regulus fazer o que sempre fazia, a fechando para fora. Quando ele voltou a falar, sua voz saiu mais suave, quase um sussurro.
-Eu não queria que você passasse por isso. Ele me tira do sério de uma maneira que ninguém mais consegue.
Anastasia suavizou o toque no braço dele, agora deslizando a mão até segurar a dele, dando um aperto suave que fez Regulus suspirar. Era evidente o quão cansado ele estava de todo aquele drama e, principalmente, de precisar esconder o que ambos claramente sentiam um pelo outro. Anastasia também estava cansada; para ela, era ridículo precisar fingir não ser apaixonada por Regulus quando claramente era.
-Eu sei. Mas você tem que deixar isso pra lá. O Sirius é... bem, o Sirius. Ele não vai mudar, Reg, e você precisa parar de deixar que ele te afete tanto. Ele só está preocupado.
-Preocupado?! - Regulus repetiu com incredulidade, a raiva voltando em seu tom. -Preocupado que eu estou namorando você? Me diz, por ciúmes de mim ou de você, Anastasia? Ou ele está preocupado porque ele acha que eu sou um traidor? Não importa o que eu faça, Anastasia, ele sempre vai me ver como alguém que pertence ao lado errado.
Anastasia suspirou, sentindo a frustração dele misturar-se à sua própria. Ela sabia que a relação entre os irmãos Black sempre fora complicada, mas essa tensão parecia cada vez mais insuportável e ela não sabia o quanto disso conseguia aguentar. Ela supunha que existia uma cota até ela ter um colapso, pois ela via tudo de uma forma muito racional: Regulus amava Sirius, mas não tinha coragem para ser como o irmão. Sirius amava Regulus, mas o achava covarde por ainda aceitar as opiniões dos pais de boca fechada.
-Ele não é o único que importa, Regulus. - disse ela suavemente. -Eu estou aqui, e isso não vai mudar. Deixe o Sirius ser o idiota que ele quer ser. Vamos focar no que temos. Só nós dois.
Regulus a olhou por um longo momento, o brilho de raiva se apagando lentamente de seus olhos. Ele apertou a mão dela de volta, e um sorriso pequeno e cansado surgiu em seus lábios.
-Você sempre sabe o que dizer. - ele murmurou, balançando a cabeça levemente. -Eu realmente não mereço você.
-Ah, definitivamente não merece, tentou me matar, esqueceu? - Anastasia riu, puxando-o para mais perto. -E eu vou continuar te lembrando disso quantas vezes forem necessárias.
Regulus deu um sorriso genuíno dessa vez, embora ainda fosse carregado de melancolia. Ele inclinou-se para a frente e encostou a testa na dela novamente, como haviam feito antes.
-Acho que isso significa que eu estou preso com você, então.
-E não tem lugar melhor para você estar, sabia? - Anastasia respondeu, sorrindo de volta, antes de beijá-lo suavemente nos lábios.
O momento de paz durou pouco, entretanto, quando o som de passos apressados ecoou pelo corredor. Anastasia se afastou de Regulus imediatamente, já sacando a varinha, pronta para mais uma interrupção desastrosa de Sirius, mas quando a figura virou a esquina, não era ele.
Era Ursa.
Ela parou abruptamente, os olhos frios e calculistas passando de Anastasia para Regulus. A tensão no ar ficou pesada o suficiente para ser cortada com uma faca.
-Ah, que cena adorável. - Ursa disse com um sorriso venenoso. -Regulus, você está mesmo se superando.
Anastasia sentiu o sangue ferver, mas antes que pudesse responder, Regulus se adiantou, a expressão tentando ficar o mais neutra possível, mesmo que tivesse ficado tenso ao lado de Anastasia. A corvina se perguntava se não tinha como aquela noite piorar; honestamente, ela não queria saber.
-Ursa, não é da sua conta. - ele disse, a voz carregada de exaustão. -Só nos deixe em paz.
Ursa ergueu uma sobrancelha, o sorriso se tornando ainda mais cruel. Ela claramente faria da vida de Regulus um inferno por causa daquilo, e Anastasia começou a ficar ansiosa apenas com a ideia, mas Regulus apertou sua mão, tentando passar a ela conforto.
-Isso não é o que sua mãe e pai aprovariam, não é? - ela provocou, cruzando os braços. -Espero que saiba o quanto está jogando fora, Regulus.
-Eu sei muito bem. - ele retrucou com firmeza. -E francamente, Ur, eu não ligo. Eu escolho o que é certo pra mim.
Ursa estreitou os olhos, mas não disse mais nada. Não teve sequer tempo antes de Sirius aparecer na companhia de Remus, e pela expressão dura no olhar de Remus, ele definitivamente tinha tomado um sermão. Anastasia fechou os olhos e apertou a ponte do nariz, desejando morrer a medida que Sirius se aproximava, sabendo que aquilo daria em merda, principalmente quando Regulus bufou ao seu lado.
-Ei. - Sirius disse sem graça, chamando a atenção de Ursa para si, que apenas arqueou a sobrancelha. -Reg, posso falar com você? Por favorzinho?
-Não. - Regulus retrucou e Anastasia o cutucou, o fazendo bufar. Você não dá brechas também, né, Regulus, era o que o olhar dela queria dizer. Ele nem merece, era o que o olhar de Regulus queria dizer, fazendo Anastasia revirar os olhos e Regulus resmungar. -Está bem, o que você quer?
Sirius deu um passo à frente, o semblante tenso, mas diferente do usual tom zombeteiro, havia uma suavidade em sua voz. Era como se Sirius temesse piorar uma relação já muito desgastada, e Anastasia não conseguiu deixar de se sentir mal por ambos estarem naquela situação por conta de sua família horrível.
-Eu... - começou, claramente hesitando, o que fez Anastasia franzir a testa de leve, enquanto Regulus apenas arqueava uma sobrancelha, cético. Sirius sempre tinha respostas espertinhas, mas, naquele momento, parecia não saber por onde começar. -Eu queria me desculpar. Com os dois. Mas principalmente com você, Reg.
Regulus piscou, surpreso, o corpo ficando visivelmente rígido. Ele claramente não esperava por isso e claramente não queria aquela conversa. Ursa também pareceu se surpreender, mas manteve o sorriso irônico, observando a cena sem intervir.
-Desculpar? - Regulus repetiu com ceticismo, como se aquela palavra vinda da boca de Sirius fosse uma piada. Anastasia fez uma careta e Sirius também. -Você? Se desculpando?
Sirius suspirou, esfregando a nuca desconfortavelmente, parecendo quase tão perdido quanto Regulus naquele momento. Era como se fossem dois completos estranhos; Sirius olhou rapidamente para Remus, como se estivesse procurando algum tipo de apoio, mas o amigo apenas o encorajou com um olhar firme.
-Sim, eu sei, soa estranho vindo de mim, mas... - Sirius deu um sorriso torto, nervoso. -Eu tô cansado de brigar, Reg. De sempre estarmos em lados opostos e, honestamente, de te ver se afastar. Isso está me matando.
Regulus franziu o cenho, sem conseguir esconder a expressão de incredulidade que tomava seu rosto. Era raro ver Sirius tão vulnerável, especialmente com ele. Ele olhou rapidamente para Anastasia, como se buscasse uma explicação no rosto dela, mas ela apenas apertou a mão dele em silêncio, observando Sirius com cuidado.
-Você sempre faz questão de mostrar que eu estou errado em tudo, que minhas escolhas são ruins. Por que deveria acreditar que agora você mudou? - Regulus retrucou, a voz mais baixa, mas ainda carregada de desconfiança. Sirius deu um sorriso triste, os ombros caindo levemente.
-Porque... - ele começou, a voz trêmula. -Eu percebi que você está feliz, Reg, algo que sempre quis que fosse. E acho que encontrou isso com a Annie. E, mesmo que isso me incomode um pouco... - ele deu uma risada curta, meio sem jeito. -Eu acho que o importante é que você esteja bem. E eu quero fazer parte disso. Quero ser parte da sua vida. Mesmo que isso signifique ter que aturar... - ele lançou um olhar rápido para Ursa, que estreitou os olhos. -...outras pessoas.
Ursa bufou, cruzando os braços, mas não disse nada. Estava claro que, naquele momento, não era sobre ela. Regulus ficou em silêncio, claramente desconcertado. Ele olhou fixamente para Sirius, como se estivesse tentando entender se aquilo era genuíno. Sua mente estava confusa; ele queria acreditar no irmão, queria ter Sirius de volta em sua vida, mas anos de brigas e ressentimentos pesavam sobre ele como um fardo, Anastasia sabia. E agora, de repente, Sirius estava ali, oferecendo uma trégua?
-Você... - Regulus tentou falar, mas as palavras sumiram. Ele não sabia o que dizer. Não estava preparado para aquilo, para uma possível reconciliação. -Você realmente... quer isso?
Sirius assentiu, o olhar sério.
-Quero, Reg. Sei que fui um idiota, e que provavelmente vou continuar sendo de vez em quando, mas... eu quero tentar. Não quero mais ser um estranho na sua vida. Eu quero estar presente, sabe? Porque, no final das contas, você é meu irmão. E isso ainda significa alguma coisa pra mim.
O silêncio que se seguiu era quase palpável. Regulus piscou lentamente, o coração batendo descompassado dentro do peito, e por um momento ele não conseguiu olhar para ninguém. Apenas encarava o chão, a mente girando com o peso daquelas palavras. Anastasia olhou para Regulus, percebendo o quão desconcertado ele estava. Ela apertou a mão dele mais uma vez, oferecendo o suporte que sabia que ele precisava. E, finalmente, Regulus olhou de volta para Sirius.
-Eu... - ele começou, a voz saindo trêmula. -Eu não sei o que dizer.
Sirius sorriu suavemente.
-Não precisa dizer nada agora. Só pense sobre isso, ok? Eu não espero que a gente resolva tudo de uma hora para outra. Só quero que a gente tenha uma chance. Nós dois. E... - ele olhou rapidamente para Anastasia, como se reconhecesse a importância dela naquela equação. -Eu realmente espero que você seja feliz com a Annie, Reg.
Regulus olhou para Sirius por um longo momento, antes de soltar um suspiro pesado, sentindo o peso da tensão começar a diminuir, mesmo que lentamente.
-Eu vou pensar. - disse ele finalmente, quase em um sussurro. Sirius assentiu, parecendo aliviado.
-Isso é tudo o que eu peço.
Anastasia observava os dois em silêncio, o coração mais leve ao ver que, pelo menos por um momento, havia uma possibilidade de paz entre eles. Claro, ainda havia muita coisa a ser resolvida, mas aquilo era um começo.
Mas Ursa, no entanto, deu um passo à frente, interrompendo o momento.
-Bom, se essa reunião familiar tocante já terminou, eu vou indo. - disse ela, o tom carregado de desdém. -Tenho coisas mais importantes para fazer do que ficar assistindo vocês resolverem suas questões emocionais.
Regulus a observou por um instante, antes de balançar a cabeça, mesmo que provavelmente fosse ter um problema com a prima depois. Ursa lançou um último olhar afiado para Regulus e, sem dizer mais nada, virou-se e foi embora, os passos ecoando pelo corredor. Quando ela finalmente sumiu de vista, o silêncio se instalou novamente entre os três. Sirius olhou para Regulus, um sorriso suave brincando nos lábios.
-Acho que é um começo, então.
Data: 10/10/24
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