— Você acabou de falar que eu sou gostoso?

— Eu não vou repetir o que disse. E também olhe as horas, claramente não estou dizendo coisa com coisa.

— Hmm. — Ri fraco. — Pode me chamar de gostoso, eu sei que sou.

— Nem é convencido.

— Eu não sou convencido.

— Você é. — Revirei os meus olhos.

— Eu não acho.

— Mas eu estou achando.

— Vamos mudar de assunto, antes que pareça mesmo que vou dar em cima de você.

— Isto parece uma conversa de bêbados, melhor ir dormir.

— Talvez eu consiga dormir, não sei.

— Eu vou ter que acordar novamente daqui um tempo, já você pode aproveitar. Pelo que percebi, você gosta de dormir.

— Quando eu estou dormindo, estou no meu paraíso.

— Compreendo, vou indo e nada do que falamos aqui é para ser espalhado, ou bato em você.

— Mal me conhece e já quer me bater.

— Eu sei muito bem o que eu falei e se eu esquecer depois, não quero lembrar.

— Não quer lembrar que me chamou de gostoso?

— Exatamente. — Saiu da cozinha e eu fiz uma mini festinha na minha cabeça. Ela me achou bonito e gostoso, já é um bom começo pois ela é grossa demais.

Imagina conviver com ela todos os dias sabendo que eu trai praticamente a confiança dela.

Estou ferrado.

— Umas horas depois. —

— Não acredito que dormiu na cozinha. — Sou acordado por K me cutucando. Levantei minha cabeça e o encarei, ainda meio sonolento.

— Eu dormi?

— A que ponto chegou para dormir na cozinha?

— Eles estão aí?

— Eles já foram para a escola à quase 2 horas. Eu andava procurando você, quando vim aqui é que te achei pois te liguei, mas parece que nem isso ouviu.

— Tenho sono pesado.

— Já sei bem, não acorda facilmente, mas olha que dormir demais faz mal.

— Eu só dormi uma sesta, nem foi assim tanto tempo, estive vendo filmes até as cinco da manhã.

— Um dia você ainda morre por dormir demais.

— E depois sou eu que só falo sobre morte.

— Enfim, tem aqui comida japonesa das que trouxemos já feita.

— Acredito que isto por nós dois não vai durar, então quero que me leve a comer comida portguesa ainda hoje.

— Nunca pensei querer algo assim, na minha companhia sabe? Tem algum motivo?

— Quero falar com você.

— Fiz algo de errado?

— Para meu espanto, não.

— Sinto-me orgulhoso então. — Riu fraco, mas eu não percebi onde estava a graça. — Enfim, deixa eu pensar onde vou te levar. — Fez uma cara pensativa. — Vamos ao McDonalds mesmo, não tenho ideia de onde te levar pois não venho aqui a algum tempo e Niki vai almoçar na escola como de costume.

— Um luso não sabe onde levar um convidado.

— Cala a boca, eu sou especial pois eu sou o K. — Revirei os olhos. — Enfim, vamos quando forem hora de almoço, pois são quase onze da manhã.

— Pois, mas eu estou com fome e se quer que eu fale para você o que aconteceu, você vai me levar para comer.

— Onde eu me meti. — Falou baixinho e eu arqueei a sobrancelha o olhando. — Pronto, vamos. — Pegou na chaves que aparentavam ser da casa e em sua carteira, seguido do seu celular. — Vai vestir uma roupa decente, estarei te esperando na sala.

— Posso usar o banheiro para tomar um banho rápido?

— Apenas não demore ou vou sem você. — Falei um "Ok!" quando já estava indo para meu quarto. Peguei da minha mala apenas uma roupa e uma cueca box, acho que não terá problema nenhum se eu usar uma toalha deles, aliás, maquina de lavar serve para lavar a roupa, não é mesmo? Se eu vou viver aqui um mês, temos de ter este circo de "eu vou usar vossas toalhas com preguiça de pegar as minhas", igual o shampoo e condicionador. 

— Liguei a água, sinta-se privilegiado. — Dei um sorrisinho e entrei dentro do banheiro, pousando tudo o que tinha nas mãos em cima do vaso sanitário que continha a tampa fechada e me despi encarando o espelho. Eu sou lindo e maravilhoso nesse cabelo e eu que nem sabia se devia de pintar a dias atrás.

— Claramente não dá para negar que estou bem gostoso. — Ri baixinho enquanto fazia o que todo musculado faz no espelho, mas é claro que eu nem tenho tanto, mas ainda assim eu sou gostoso.

— QUEBRA DE TEMPO —

— Pode me contar o que aconteceu? Já entupimos nosso estomago de comida e você ainda não falou nada.

— Ontem, lá para as cinco da manhã, você sabe que eu estava vendo filmes... — O mesmo assentiu fraco. — Ouvi passos no corredor e quando fui ver, pois eu sou de enfrentar o perigo na hora, — Agora ele estava rindo, o que me fez bufar. — continuando... Era ela e então começamos uma conversa para nos conhecermos melhores e tals, e imagina, eu acho que ela notou que eu dei em cima dela.

— VOCÊ DEU EM CIMA DELA? — K acabou se sobressaltando, o que fez umas pessoas nos olharem, mas por sorte nunca paramos nosso diálogo em japonês. Imagina se eu começar a falar português. — Ok, você está mentindo, não é? Você esteve dormindo esse tempo todo na cozinha porque queria comer e dormir, não é?

— Estou falando sério, mas eu não fiz só porque você disse para eu fazer, eu acho que foi calor do momento.

— Eu tenho medo disso ser verdade. Pois, Yuta, primeiro, tem noventa e nove virgula e nove por cento de estar mentindo... Segundo, vocês se conheceram ontem e ela não foi muito com a sua cara.

— Como pode dizer uma coisa dessas? Nós estivemos conversando sim! Como não acredita em mim? Você diz para eu meter um belo par de cornos ao seu irmão, mas depois diz que não acredita nas minhas palavras.

— Porque você é preguiçoso até para isso.

— Odeio quando você distorce suas palavras.

— Não distorci.

— Já que não acredita, não vou falar mais desse assunto.

— Pronto pronto, eu acredito.

— Está se forçando a isso.

— Logo se vê.

— Se fosse com o Yuto... — Comentei baixinho e respirei fundo. — Acredite se quiser no que vou dizer, mas isto é verdade pois eu estava bem consciente. 

— Hmm... Continua, vou fingir que não ouvi seu comentário anterior pois você tem motivos para isso.

— Enfim, ela disse que eu era bonito e gostoso.

— Ok, aí com certeza é mentira.

XX

aiai esse K não se entende 🤩