Um encaixe inesperado
Talvez ela estivesse mesmo se tremendo por dentro, por mais que disfarçasse muito bem. As arquibancadas estavam cheias e o time rival vinha da direção oposta. O uniforme pareceu sufocante como da primeira vez que o vestira e ela sabia que estava transpirando.
— Vai ficar tudo bem.— Dorcas sussurrou no ouvido dela, a pegando desprevenida. Carmen olhou para a cacheada e a última sorriu— Pense que isso é só mais um treino.— ela recomenda.
— Um dos classificatórios.— Carmen resmunga e sua amiga aperta seu ombro. Tentou tirar a pressão de cima de Carmen, mas ninguém poderia fazer isso além dela mesma.
A treinadora fica no meio do campo, esperando os capitães. Marlene e o capitão da Corvinal se cumprimentam educadamente com um aperto de mãos. Depois de ser decidido quem levantaria vôo primeiro, todos montaram em suas vassouras.
James Potter que estava na frente junto de Sirius e Marlene, olhou para trás, espiando brevemente Carmen Zabinni para checar como ela estava. Seus olhares se encontraram e eles trocaram sorrisos amarelos, mas, a partir do momento que a treinadora soprou o apito, tudo o que importava para ambos era o jogo.
Carmen segurou seu bastão com força e subiu com o seu time com os gritos altos de incentivo de sua plateia. A garota se sentiu energizada, aquilo era totalmente novo, nunca tinha voado com tantas pessoas olhando. Ela sabe que não é o centro das atenções, mas ainda assim....
E o jogo começa a todo vapor. Ela leva uns segundos para se recompor e se adaptar à adrenalina que está correndo em suas veias, só que, quando coloca na cabeça que é tudo ou nada, se torna um destaque. Ela se move pelo campo com rapidez e sabedoria, sempre atenta aos balaços que deve rebater e impedir que machuque seus companheiros de time.
Era sensacional se sentir parte de um time. Carmen sentia agora, mais do que nunca antes, que tinha ingressado em uma família. Eles protegiam uns aos outros e funcionavam como uma coisa só.
A Corvinal tinha um bom time, mas a Grifinória estava na liderança, e com a narração animada de um colega imparcial da Lufa-Lufa, parecia que todo mundo estava completamente impressionado com o jogo, mas talvez isso só fosse coisa da cabeça de Carmen.
Seu braço rebatia com firmeza e precisão e por vezes ela se esbarrou violentamente com alguns colegas, tanto do seu time quanto do rival, mas não havia tempo para desculpas ali.
James observava tudo de cima, e sorriu de canto.
— Animal.— ele murmurou consigo mesmo, porque é claro que o desempenho da sua escolhida era bastante voraz.
O apanhador a Corvinal voava em círculos, mais atento ao seu dever do que James, que não estava muito preocupado em olhar nada além de Carmen Zabinni no uniforme de time com os cabelos presos em um rabo de cavalo e aquele olhar mercenário no rosto que ela tinha quando ficava concentrada. Nenhum dos apanhadores deve agir até ter um sinal de seus capitães.
Por estar na liderança, ao ver de James Potter, a caçada ao pomo de ouro não se faria necessária, mas a partida não terminaria até que ele o pegasse.
Se obrigando a parar de olhar para Carmen, ele moveu a cabeça de um lado para o outro para estalar o pescoço e respirou fundo. Ok, agora ele está jogando.
James olhou para a goleira e capitã da Grifinória e esperou.
Poucos minutos depois, Marlene olhou para ele, os cachos dourados grudando no pescoço e no rosto corado. Ela estava séria e assentiu para ele, arrancando-lhe um sorrisinho travesso.
James varreu o campo com os olhos à procura daquela insignificante, nanica e veloz bolinha voadora de ouro. O apanhador da Corvinal recebeu o mesmo sinal quando o seu time conseguiu marcar mais pontos e desceu em disparada, com os olhos fixos em um ponto a baixo. James hesitou — o campo era o único lugar em que ele hesitava — podia ser um blefe, muitas vezes essa tática fora usada por todos os apanhadores do mundo para atrasar o adversário, mas aí James viu, uma coisinha insignificante reluzindo, vários metros abaixo, e mergulhou logo atrás do seu rival. Ele e Sirius quase tem um encontrão no ar, mas o Black consegue desviar a tempo.
— Vai James, porra!— o Black grita com um sorriso confiante no rosto e Carmen, esquivando-se de um balaço com destreza, olhou para James. Ele era muito mais rápido do que fizera parecer nos treinos que eles tiveram juntos. Sua capa vermelha sacudia violentamente com o vento e em questão de segundos, ele estava ombro a ombro com o seu rival, ambos esticando as mãos na direção do pomo de ouro.
Parece que ele é tão bom quanto seus amigos se gabam, Carmen pensa, mas logo sacode a cabeça, concentrando-se na sua própria corrida.
James recebeu um empurrão enquanto fazia uma curva e seu sangue quente logo o deixou ainda mais sedento pelo pomo. Ele se abaixou mais um pouco, os olhos azuis cerrados porque nem mesmo seus óculos estavam ajudando muito contra a força do vento. Aí o pomo estava perto outra vez, para se vingar, James empurrou o corvino de volta e esticou a mão. O pomo era muito rápido, batia suas asas mágicas com mais afinco do que qualquer beija flor seria capaz de acompanhar. E estava a míseros centímetros de distância.
James cerrou os dentes e se esticou mais um pouquinho. A ponta dos dedos de sua luva grossa roçaram no pomo e o desestabilizaram. James agarrou o pomo dando um golpe brusco no ar e a torcida da Grifinória foi a loucura, abafando a narrativa do lufano. O jogo parou e Carmen se desviou de um balaço que parecia ter criado algum ranço contra ela de tanto que voltava em sua direção. O apito soou e a vitória era da Grifinória... outra vez.
Carmen foi para o chão e desceu da vassoura tão feliz que mal podia se conter, contaminada por um espírito de alegria que nunca havia sentido antes. James já estava no chão, erguendo o pomo de ouro para que todos pudessem ver, ele estava vermelho e ofegante, mas nada do seu cansaço abalou seu contentamento por ter vencido mais um jogo.
Pela segunda vez no dia, o olhar dele se cruzou com o de Carmen e seus sorrisos eram mais do que educados. Ela correu e pulou para o abraçar, James, completamente surpreso, a abraçou de volta e os dois comemoraram, girando. Os dois estavam muito excitados, e ela estava ainda mais eufórica, ela fazia parte do time, ela também tinha a vitória!
O abraço dele aumentou o calor do seu corpo e foi gostosamente reconfortante.
Mas aí ela se deu conta de que aquele não era um colega de time qualquer, aquele era James Potter, o garoto que até então ela estava tentando convencer a não flertar com ela. Que diabo ela estava fazendo? Carmen se afastou dele tão abruptamente quanto havia o agarrado. Ambos trocaram olhares embaraçados e sorriram sem jeito. O resto do time chegou e Carmen colocou a mecha do cabelo atrás da orelha, ajeitando o uniforme.
— Foi um bom jogo, Potter.— ela resmungou, virando o rosto. James está com o coração disparado e abriu um sorriso largo.
— Pra você também, Zabinni.— ele conseguiu dizer antes de ser puxado por outro colegas de time e ser colocado no ombro de alguns. Exaltado como um rei. Marlene colocou a mão no ombro de Carmen e a virou para si.
— Primeira vitória marcada, amiga!— ela abre um sorriso largo e as duas se abraçam. Lene olha por cima do ombro da Zabinni no exato momento que James Potter está olhando para elas com um sorriso largo no rosto e olhos brilhando, então a loira teve um pressentimento de que tanto ela quanto Sirius perderiam aquela aposta.
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