Todos os ovos na mesma cesta
Carmen dormiu muito mal esta noite. O som das correntes vinha atormentá-la quando ela fechava os olhos e ela rolou tanto em sua cama que chegou a irritar suas colegas de quarto.
Quando James a trouxe de volta para o castelo por meio de uma passagem que ia da Dedos de Mel até a bruxa corcunda no terceiro piso, não houve conversa, sequer tiveram mais ameaças, mas Carmen sentiu que o Potter ficou bastante na defensiva com ela, como se de repente muros tivessem se erguido entre eles, mas ela sabe que não vai falar de Remus Lupin para ninguém, porque confia que o garoto não merece o que está passando. A licantropia é uma maldição incurável e Remus Lupin foi tão gentil com ela, mesmo enfermo, ela não poderia fazer nada contra ele.
Passou a noite toda em claro, se remoendo. Não sabia se James contaria que ela os viu ou não, mas se o fizesse, estava mais do que pronta para se desculpar diretamente com Remus por ter se intrometido onde não devia. Ela sabe que detestaria caso algum estranho desvendasse um segredo seu, e embora não tivesse certeza do que queria na noite anterior ao seguir os rapazes, certamente não era nada desse tipo.
Ela foi a primeira a levantar em seu dormitório, tomou um banho quente para relaxar e saiu antes que sua amiga, Jules, sequer colocasse as pantufas.
Carmen foi para a comunal e se sentou no sofá, ansiosa, ela sentia que não seria capaz de deixar suas pernas paradas, então tornou a se levantar, andando de um lado para o outro, roendo as unhas. Os alunos foram passando pela comunal sem se preocupar com a garota inquieta perto do sofá, atentos apenas a sua fome e seguindo a maré em direção do Salão Principal para terem o café da manhã. Carmen olhava para cada rosto rapidamente, mas não havia nem sinal de nenhum Maroto. Será que eles ainda estão fora do castelo? O dia raiou, Remus deve ter voltado à sua forma humana, mas... se bem que... ele deve estar muito cansado.
Mesmo muitíssimo curiosa sobre o que quer que tenha acontecido com os Marotos, se é que James contou aos outros que ela esteve ali, Carmen se obrigou a esperar para ver, afinal, que outra escolha tinha?
Quando Jules Quinn desceu, Zabinni foi correndo para enlaçar seu braço ao da amiga, sem se importar em inventar desculpas para seu comportamento estranho, ela puxou Jules para que a mesma se apressasse. Seus estômagos roncaram, os rapazes e seus conflitos podem esperar.
Ainda nos dormitórios, James também teve uma noite péssima. Dormiu tão tenso que quando acordou seus corpo todo estava doendo como se tivesse sido pisoteado por um trasgo. Seus amigos estavam de pé, com exceção de Remus Lupin que dormia profundamente quando ele se sentou, os cabelos desgrenhados arrancaram risadas de Sirius Black enquanto o mesmo colocava a camisa branca, abotoando-a.
— Você parece ótimo, Pontas!— comentou Sirius, sarcástico. James esfregou o rosto e tateou a mesa de cabeceira a procura de seus óculos, os colocando desajeitado.
— Hã...— ele abriu a boca seca, está rouco e não sabe como começar. Peter Pettigrew deixou o banheiro neste exato momento, os cabelos loiros molhados e a toalha no ombro nu, ele veste apenas a calça e umas meias surradas. Peter é um rapaz muito magricela— Nós... meio que temos...
Os dois garotos despertos param de se mexer para encarar James com súbita cautela. Eles conhecem bem esse tom, o ouvem com mais frequência do que parece. Geralmente é quando estão encrencados, pertos de ganhar uma detenção ou perder muitos pontos de sua casa, coisa esta que nunca deixa seus colegas felizes e leva tempo até que os Marotos conquistem os outros com seu carisma.
— Nós podemos ter um probleminha...— James se levanta colocando a mão nas costas e se espreguiçando para estralar a coluna. Sirius fica absolutamente tenso e olha se relance para o Lupin nocauteado. Não é um bom dia para terem "probleminhas". As noites de lua cheia são as únicas em que os rapazes se comportam o máximo que conseguem. A última coisa que iriam querer é atrair atenção para Remus.
— Do que você está falando?— Sirius pergunta, alarmado. Peter esfrega a testa, tenso.
— Não fui eu.— ele já quer tirar seu corpo fora, mas Sirius não desvia o olhar incisivo de James.
— Carmen Zabinni... sabe do Remus.— ele resmungou a última parte, sem nenhuma vontade de entregar a garota para o Black que possivelmente iria querer aniquilar a mesma.
— Como?— Sirius deu um passo na direção de James, irritado— Como diabo foi que isso aconteceu?
— Ah, droga..— Peter se aproximou de Remus e sacudiu seu ombro sem ter nenhuma resposta— Aluado..?
— Você contou para ela?— Sirius agarrou o melhor amigo pelo colarinho, parecia muito perto de esmurrá-lo. James o empurrou, muito ofendido pela sua acusação.
— É claro que não! Eu nunca faria isso com Remus!
— Então como foi que ela descobriu!?— Sirius vociferou. Remus se apoiou nos cotovelos ao ser acordado, piscou lentamente, bêbado de sono.
— Hã... o que está havendo?— Remus perguntou em voz baixa para Peter e ambos se sentaram em sua cama para assistir os outros dois.
— Ela nos seguiu.— James admitiu, desgostoso. Sirius jogou as mãos para cima e segurou a própria cabeça como se isso fosse prevenir a todos de sua explosão.
— Mas que porra aquela garota queria seguindo a gente!? O que foi que você fez, Potter?
— Eu não sei, eu não a chamei, Black!— defendeu-se James, ficando vermelho de raiva. Ele pode se culpar, mas não lida muito bem quando os outros fazem isso por ele.
— Espera aí— Remus se levantou da cama com dificuldade, ele sim estava totalmente derrotado. Mal conseguiu endireitar a postura ao encarar os amigos— quem nos seguiu?— ele quis saber, os garotos se calaram, mas não por muito tempo.
— A namoradinha dele.— Sirius apontou James, rispidamente.
— Ela não é minha namorada!
— Até umas horas atrás você adoraria que fosse!
— Por que você não vai se foder, Black!?
— Gente, qual é!— Peter remungou na cama sabendo que daí para frente seus amigos fariam questão de descer o nível.
— Eu vou é foder com a vida daquela..
— Calem a boca!— Remus gritou e Sirius se interrompeu de imediato. James Potter estufou o peito, pronto para rebater o que quer que Sirius Black lhe falasse. Todos olharam para Remus Lupin, hesitantes. O licantropo esfregou o rosto inchado e com marcas de travesseiro além de suas cicatrizes e ficou com as mãos ali, escondendo seu semblante.
— Aluado...— Sirius chamou, dando dois passos na direção de Remus, mas este último ergueu o dedo, ordenando silenciosamente para que ele esperasse. Incomodado, Sirius recuou os dois passos. Remus se sentou na sua cama e ficou curvado, sem saber o que fazer.
— Eu sinto muito, Remmy, eu sinto muito, mas não foi culpa minha.— James disse, se sentindo terrivelmente culpado.
Os olhos castanhos de Remus encontram os azuis de James.
— Acha que ela vai contar para alguém?— o Lupin pergunta. James comprime os lábios e baixa o olhar.
— Você não vai...
— Eu não estou falando com você, Sirius.— Remus o interrompe, impaciente. O Black estala a língua, mas não retruca, cruzando os braços e se sentando sobre seu baú, emburrado— James.— ele volta a encarar o mesmo— Por favor. Você acha que ela vai contar para alguém?
O Potter fica relutante. Ele sabe que não conhece ela o suficiente, mas... olhando nos olhos dela na noite anterior... ele quer confiar na Zabinni.
— Acho que não... Não, ela não vai contar para ninguém.— resmungou, lutando para soar minimamente seguro.
— Ah, por favor, você nem a conhece!
— Sirius! Dá um tempo, cara!— Peter reclama.
— Eu conheço melhor do que você!— James se volta para Sirius. E é verdade.— Eu falei com ela. Ela não é uma pessoa ruim, não vai contar.
— Pessoas boas podem fazer bobagens quando sentem medo!
— Ela não ficou com medo! Ela entendeu, ficou assustada, claro, mas ela entendeu...
— Vai ser melhor para todos nós que você esteja certo, James...— Peter disse, levantando-se. Os quatro não faziam ideia do que esperar.
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