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Bonitinho

— E eu me pergunto, senhor Potter, se haverá um bimestre que eu passe sem te ver.

— Ah, mas seria pedir demais de mim, não acha? Já não deixei claro o suficiente que eu me machuco apenas para vir lhe ver, madame?

— Muito engraçadinho, senhor Potter, muito engraçadinho.

Houveram sons de passos, saltos batendo contra o chão de pedra, os olhos de Carmen se remexeram sob as pálpebras.

— Sabe que eu a amo, Papoula!— a voz de James ecoa em alto e bom som e há um som de porta rangendo e se fechando... ou seria se abrindo?

Carmen faz careta e se senta na maca, sentindo uma forte dor de cabeça, parece até que fora pisoteada por centauros.

— Ai.— ela choraminga, colocando a mão na cabeça.

— Ei, fica tranquila— James, que estava sentado numa poltrona ao lado da maca dela, se levantou e tocou o ombro de Carmen— A senhorita Pomfrey acabou de sair para ir pegar uma poção para a sua concussão.— ele informa— É um acidente muito comum, mesmo nos treinos, é bom porque ela está sempre preparada.

— O...— Carmen pisca com força e encara o Potter— O que você está fazendo aqui?

— Alguém tinha que te trazer, ora.— ele fala como se fosse óbvio e volta a se sentar na poltrona.

— Mas por que ainda está aqui?— ela une as sobrancelhas, um vinco se formando entre elas.

— Bem...— James olha para o lado. Eu queria te ver acordar, ele pensa— É que eu quebrei o dedo, entende.— ele mostra a mão direita sem luva, o dedo mindinho e o anelar enfaixados juntos.— Isso também acontece com frequência, mas eu não me acostumo com a dor.

— Ah. E como isso aconteceu?— ela questiona, se sentindo um pouco tonta. Aquela porta que ela havia escutado antes torna a se abrir, e o barulho de saltos se aproxima.

— Não sei exatamente, foi quando peguei você e perdi o controle da vassoura.

— O senhor me pegou?— Carmen parece incrédula. A madame Pomfrey se aproxima dela, lhe diz um bom dia e lhe estende um pequeno frasco já aberto.— obrigada.— Carmen assente e bebe da pequena doce da poção, fazendo careta.

— Sim.— James responde com simplicidade, curioso com a confusão dela. Ele pensou que ela ficaria mais grata.

— Por que? Não serria mais enficién se tivessem usado um feitiço amortecedor?— Carmen pergunta e James sente como se tivesse tomado um banho de água fria, dando-se conta que seu dedo poderia estar menos dolorido agora se ele fosse menos impulsivo. Mas, em sua defesa, ele sentiu que não haveria tempo para puxar a varinha. Bem, todo mundo sabe que James não pensa muito antes de agir, por que ele teria que se justificar logo agora?

— Foi só meu... meu reflexo...— ele resmunga e Carmen o encara, meio sonolenta, é como ss estivessem massageando sua cabeça com gelo. Isso é muito gostoso.

— É o que eu vivo dizendo para todos os nossos jogadores, seus primeiros reflexos tem que ser os feitiços amortecedores!— a Curandeira de Hogwarts reclama, aí segura o ombro de Carmen e tenta fazê-la se deitar— Agora, relaxe, querida, você vai dormir um pouco e depois acordará novinha em folha.

No entanto, Carmen resiste.

— Será que eu não posso ir dormir no meu dormitório?— a Zabinni pergunta.

— Bem, é claro, mas a senhorita não deve ir só, pode acabar desmaiando no...

— Eu levo ela.— James interrompe a mais velha, atraindo o olhar de ambas mulheres que estão com ele. Madame Pomfrey, uma mulher de rosto ossudo, mexe na saia e reluta.

— Certo... pois bem, mas não demore, ela pode apagar a qualquer momento.— ela libera e Carmen desliza para fora da maca. James fica de pé e coloca o braço dela por cima do seu ombro, abraçando sua cintura e a apertando contra si. Não havia nenhuma malícia no ato, mas, Deus do céu, o estômago dos dois dava altas cambalhotas.— Depressa, mas com cuidado.— recomenda a curandeira, os seguindo até a porta com uma preocupação maternal.

No corredor, James foi quem quebrou o silêncio enquanto tentava fazer a garota andar direito.

— É como ficar bêbado, não é?— ele pergunta, sorrindo. Carmen pisca lentamente.

— Ah, isso é muito bom.— ela emaranha os dedos nos próprios cabelos e fecha os olhos por uns segundos aproveitando a sensação. Ela volta a si com um puxão de James.

— Já está se sentindo um pouco melhor?

— Uhum.— Carmen encara o perfil do moreno e cutuca a bochecha dele. Uma vez, depois outra, ele achou que ela só estava viajando, mas aparentemente o estava chamando. James sorri.

— Que foi?

— Você não precisava ter ido me pegar...

— Eu sei, o feitiço— ele solta um suspiro— eu fui meio burro...

— Não, não é disso que eu estou falando. Eu ia dizer "você não precisava, mas obrigada, Potter".— ela esclarece e James a olha de rabo de olho.— Quebrou um dedo por mim, não precisava... mas obrrigada.

O Potter sorri.

— Aposto que você não cometeria o mesmo erro.

— Provavelmente não, Potter.— ela concorda.

— Não precisa viver me chamando de Potter, sabe. Nós somos amigos, pode me chamar pelo meu primeiro nome.

— Mas eu gosto de Potter.— ela diz sem pensar nem por um segundo. James a encara, não olha por onde anda e nem precisa, ele conhece todo esse castelo como a palma da mão.

— Gosta?— ele une as sobrancelhas e Carmen baixa a cabeça, olhando para os próprios pés.

— Quero dizer... é um sobrenome legal.— ela desconversa— Mas posso te chamar de James, se assim preferir.

— Não, tudo bem.— o Potter sorri, sentindo seu rosto se aquecer e ficando feliz que Carmen se recuse a ver.— Pode me chamar como quiser.

— Ok, James Potter.— ela diz, balançando a cabeça. Ele tem certeza que nunca gostou tanto de ouvir alguém dizendo seu nome.

Isso foi muito simples, mas significou muito, também.

Quando eles chegaram na torre, o corpo de Carmen ia ficando cada vez mais pesado e seus olhos demoravam mais para abrir todas as vezes que ela piscava. James teve dificuldade em guiá-la escadas acima, e quando finalmente passaram pelo buraco do retrato, depois de atravessar a comunal até a escada que levava ao dormitório feminino, James se lembrou.

— Ah, merda.— ele resmunga, dando meia volta para ir se sentar no sofá com a molenga Zabinni.

— Hm?— ela levanta a cabeça como se pesasse e olha para o moreno.

— Não dá pra eu te levar para o seu quarto. Nenhum cara pode subir para o dormitório das garotas, as escadas são enfeitiçadas para evitar que... algumas coisas aconteçam. As garotas podem ir nos nossos dormitórios, aparentemente Godric as considera mais dignas de confiança.— ele explica.

— Ah, é? Isso é muito justo. Bom, eu vou sozinha, então.— ela nem se move. James franze a testa, pensou que ela iria tentar se levantar, mas pelo visto não precisa se preocupar em segurá-la.

— Relaxa aí.— ele recomenda, olhando para os lados, estão praticamente sozinhos, se não fossem uns três garotos do terceiro ano jogando cartas em um canto afastado, sem dar a mínima para James e Carmen.— Eu vou ficar de olho, se alguma garota aparecer, eu peço para te levar.

Carmen se vira para James e fica o encarando com os olhos cerrados, tem uma cara estranha e deixa James confuso.

— O que foi?— ele quer saber. Carmen se aproxima e passa a ponta dos dedos na bochecha do rapaz, fazendo-o se arrepiar de tudo que é jeito e o pegando desprevenido.

— Você é bonitinho.— ela sussurra como se lhe contasse um segredo, seus olhos fixados nos olhos azuis de James. Eles ficam em silêncio por uns segundos. Dito isto, Carmen deita a cabeça no ombro de James e adormece como se nada tivesse acontecido.

E então um grupo de garotas passou pela comunal, rindo e conversando alto, mas James não moveu um músculo para pedir ajuda para nenhuma delas.

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