Antes só do que mal acompanhado
Sirius Black balança a cabeça e ri alto, batendo no ombro do melhor amigo sabendo para onde ele estava olhando durante a aula. James se arrepende de ter lhe contado da pequena conversa que teve com a senhorita Zabinni, dois dias atrás. Ah, sim, foi um grande erro.
— Não basta a rejeição, ele tem que ir atrás da humilhação!— caçoa o Black enquanto eles caminham pelo corredor em direção da próxima aula.
— Não houve rejeição se em nenhum momento eu a pedi para ficar comigo.— James resmunga, ranzinza.
— Mas não se preocupe, ela virá quando você pedir, nós dois sabemos.— Sirius diz com convicção, passando o braço por cima do ombro de James— O "não, veado cego" você já tem, se serve de algum consolo.
James fulmina Sirius com o olhar o amaldiçoando em diversas línguas, porém a única resposta que recebe é um sorriso maroto.
— Não sabia que gostava de garotas que humilham você. Eu e os outros sabemos que você tem uma queda especial pelas que não sentem o mesmo, mas gostar de uma que te diz na sua cara que você não significa nada é novidade.
— Nunca disse que gosto dela, digo que ela me deixa intrigado.
— Interessado.—Sirius corrige com ênfase— Você disse que está interessado por ela.
— Então você admite que eu não disse que gosto dela.
— Entre estar interessado e estar gostando de alguém há um pequeno passo, meu caro amigo.— Sirius fala de um jeito divertido, como se fosse um sábio contando algo extremamente óbvio para um leigo desprovido de senso— E todos nós temos uma bela noção que você sempre gostou muito de correr. Lembra-se da senhorita Evans?
Como se esquecer? Eis a questão.
Lilian Evans fora a paixão mais definitiva e platônica que James Potter já tivera em sua vida, mas não deu muito certo pois a garota não conseguia se enxergar em um relacionamento pelo menos pela próxima década. Ela queria montar sua carreira muito antes de pensar em namorar. Pode ser que ela gostasse de James pelo menos um pouco, mas não foi o suficiente para fazê-la mudar de ideia e a pior parte é que até houve um momento em que ela pediu desculpas para ele por isso.
E apesar de ter ficado muito triste porque seu primeiro amor não vingaria, depois de um tempo, James se acomodou com a decisão dela. Ela era mais velha por um ano, mais madura e mais disposta a crescer. James tinha acabado de fazer dezessete, nem queria pensar a respeito disso, nem precisava.
— Não é a mesma coisa.— James balança a cabeça— Eu soube que era apaixonado por Lilly do momento que a vi.
— Eu sei, eu sei.— Sirius rola os olhos e sacode a mão como se quisesse espantar uma mosca irritante, sabia que se desse corda, James começaria a narrar tudo de bonito que ele viveu com a adorável Evans— Ela era perfeita e blá, blá, blá! Eu também a conheci e nós nos falamos até hoje, não precisa ficar repetindo essa história...
— Vocês ainda se falam?— James perguntou, surpreso.
— Não vem ao caso.— Sirius corta o assunto como se não fosse nada demais. A verdade é que todos os marotos foram encantados pela ruiva mais velha à sua maneira. Remus Lupin chegou até mesmo a virar melhor amigo dela, mas se continuou falando com ela quando ela se formou, não contou a James.— O que eu estou dizendo é que vi você babando pela novata ali atrás e você tem que começar a conter esse seu coraçãozinho desesperado para amar, Pontas. É sério, vocês não combinam. Ela é muito rígida e parece entediantee...— ele cantarola arregalando os olhos para mostrar que estava mesmo preocupado com a ideia do seu companheiro de pegadinhas se apaixonar por uma chata.
— Não acho que ela seja entediante.— James comenta, pensativo.
— Ela faz uma cara de nojo como a da minha mãe— Sirius diz, soltando um suspiro. James o olha um tanto cauteloso, sabe como a família de Sirius é um tópico sensível para ele. Seus pais não representam nem de longe a figura que deveriam representar, de amor, carinho e respeito— Não... eu não gostei muito dela.— ele conclui, cerrando os olhos escuros. James faz careta, mas sua mente sempre ativa não demora em pensar um meio de contornar a situação.
— Bom, deve ser por isso que ela me atrai tanto.— ele começa, colocando um sorriso malicioso nos lábios e atraindo o olhar de Sirius, intrigado— Sabe que sempre foi meu sonho pegar a sua mãe.
— Seu nojento!— Sirius o empurra. Aí eles começam a se estapear e sabem que daqui a dois minutos estarão rindo disso. Porque tudo sempre funciona muito bem entre eles.
[...]
Carmen caminha determinada em direção ao campo, Marlene ainda não sabe onde encaixá-la, então a está testando para cada posição. No primeiro dia, foi para artilheira, no segundo, batedora, e apesar dos seus braços estarem detonados por ter passado umas boas horas rebatendo balaços com força, ela estava se preparando para uma performance como apanhadora.
Ela segura a vassoura da escola com firmeza, mandara uma carta para seus pais pedindo por uma nova só que ainda não obtivera nenhuma resposta, a cada hora que passa Carmen fica mais zangada com a possibilidade de seus pais estarem viajando novamente e estarem deixando as cartas se acumularem na porta de casa. Seus pensamentos estão longe e sua cara denuncia seu mau humor, mas mesmo assim, aquele jovem garoto não se sente afligido a andar na direção contrária. Ele chega do lado dela, surpreendendo-a pela forma sorrateira com a qual se aproximara. Carmen anda mais devagar e sua carranca diminui um pouco, esperava se encontrar com a capitã como acontecera nos dias anteriores, mas agora estavam só eles dois a campo aberto, a sós.
— Bom dia, senhorita Zabinni.— ele cumprimenta, também vestido como se fosse voar, carregando sua própria vassoura.
Não.
Não, não, não.
— O que está fazendo aqui, senhor Potter?— ela pergunta, surpresa em vê-lo se aproximar com tamanha naturalidade como se ela não o tivesse dado um enorme e duro fora outro dia. Ela estava em paz até então, mal se esbarrou com o garoto e, sem contar com algumas trocas de olhares no Grande Salão durante as refeições e nas salas de aula, não tivera contato algum com ele. Pensava que ele a deixaria em paz.
— Vim treiná-la, Marlene está em aula e Sirius odeia ensinar qualquer coisa, por isso eu vim.— ele responde e ela solta um suspiro de alívio. Ok, ele não estava ali para tentar se aproximar dela. Eles haviam se entendido.
— Ah... ok.— ela assente e eles param no meio do campo.
— Pronta, senhorita Zabinni?— ele parecia perfeitamente normal, um sorriso simpático no rosto, olhar amigável. Bem, ela não sabia o que era normal para James Potter, mas parte de si ficou satisfeita que ele não tivesse levado sua dispensa para o lado pessoal. É que ela sabe que eles nunca dariam certo, nem mesmo como amigos. No pouco tempo que está em Hogwarts tinha adotado para si a opinião geral de que James Potter, junto dos outros Marotos, era um garoto irresponsável e tolo. Pode ser divertido quando quer, mas Carmen faz parte do grupo de pessoas que gosta de levar a vida mais a sério.
Ela viu ali que eles não teriam mais desavenças e acreditou que poderia tolerar isso desde que ele continuasse sendo apenas o garoto legal que não dá em cima dela só porque ela é bonita o suficiente para conquistar a atenção dele. Carmen pode trabalhar esse James Potter, pensou.
— Pronta, senhor Potter.— ela concordou e os dois se olharam nos olhos por breves segundos. Ela baixou a cabeça e montou na vassoura, ele sorriu discretamente e ajeitou as cotoveleiras antes de montar também.
James se sente um pouco estranho, mas não de um jeito ruim. Ele sente que sua atitude calma está sendo aprovada, mas só está assim porque a garota o intimida como ninguém nunca tinha feito antes. Ele só está sem jeito, mas quando se acostumar, que Merlin dê paciência a Carmen, pois ela vai precisar.
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