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5 Verdes-mares

Joanita. Gótica. Magra. Branca como cera. Amoral, como Taco. Forte, muito mais que Taco. Mais velha também. Tinha 24 anos no tempo de nossa história. Dingo gostava dela, nutria paixão secreta, mas ela era de Taco. Fodiam selvagemente. Dingo não seria capaz disso. Taco e Joanita se conheceram num puteiro-bar, desses onde toda a malandragem se encontra. Foi ali que tudo começou. Não uma história de amor convencional, claro. Jamais seria. Uma história de atração e respeito. Eram praticamente do mesmo tamanho. Tinha vasta experiência nas ruas e nas camas, e a aplicava com Taco, com maestria, com raro talento.

Joanita cantava muito bem, fazia parte de um Coral, e seu vocal lírico era requisitado em várias bandas góticas underground. Indefinida sexualmente, aproveitava para fazer de tudo com todos (e com todas) que a interessassem. Para que certezas? Para que limitações?

Abandonada pela mãe, sequer conheceu o pai, e foi criada pela avó materna, que acabou por falecer antes de Joa completar seus 21 anos. Além dos três anos biológicos a mais que Taco, coloque na conta mais alguns pela diferença de maturidade.

Com a morte da avó, Joa abandonou a cidade e a antiga vida, aos 21 anos. Gostava da avó. Uma relação de conflitos, mas a avó era a única da família que se importava com ela. E agora não tinha mais ninguém sangue de seu sangue. Voltava aos 24, para retomar sua vida urbana, e também para Taco, que passou esses três anos saltando de peito em peito, até se afogar em mares de lágrimas. Não adianta. Um corpo é um corpo. Um amor é um amor. Mesmo os loucos amam. Aliás, os loucos mais que os outros. Mais que os normais. Muito mais que os convencionais. Loucos não temem o amor, nem tampouco a felicidade. Loucos vivem loucamente, buscando sentido em sua loucura, enlouquecendo os sentidos.

Rímel nos olhos, destacando os verdes-mares, esguia e doce como uma enguia elétrica, a doçura na amargura, o olhar profundo, a força na alma, sentida de longe, suave como o vento, imparável como o tempo. Aqueles foram três anos de viagens, literais e mentais. Viagens psicodélicas pelo reino das bolinhas e comprimidos e pelas estradas da vida. De bicicleta, a princípio, acompanhada de uma amiga. Depois de meio ano, abandonada pela amiga no Uruguai, e sem a bike, roubada, viajava à deriva, a pé, de carona, de porta em porta, de cama em cama, sobrevoando os mares arredios das torturas psicológicas. Vivia por si, por dentro, para si, sem se preocupar com o mundo. Umbigo. Alienação? Autoconhecimento. Uma jornada ao centro da mente e da alma. Mochileira de coração, algumas roupas, um walkman e umas parcas fitas de rock gótico e música clássica. Era tudo que precisava. Não sentia a mísera necessidade de ter mais que isso. Era ela e sua alma. A amiga, dublê de amante e confidente, cansou da vida estradeira e acabou voltando para a rotina mortificante. Joanita, nesse período, viveu de favores, albergues, famílias caridosas, abraços aconchegantes, um olhar humano. Sem dinheiro algum. Recebeu convites óbvios. Não aceitou nenhum. Jamais aceitaria. Jamais toleraria ser usada como objeto, um corpo quente e orgânico, as partes de interesse, o todo sem expressão. Ela era toda, total, holística. Não concebia nada quebrado, particionado. Assim, simplesmente... não conseguiria. Mas não era raro encontrar pessoas de bem. Conheceu parte do Uruguai, seu povo sempre amistoso, e voltou pelo Rio Grande do Sul, parando de praça em praça, e dormindo mais de uma vez nas ruas. Nem sempre podia contar com a bondade alheia. Suas roupas estavam bastante encardidas, e até largas, pois emagreceu muito pelas andanças. Algumas famílias lhe davam, além de comida, cama e banho, algumas peças de vestuário. Ela acabava renovando seu "guarda-roupa" assim. Sem pensar no amanhã. Sem pensar no ontem. Apenas hoje, agora, o imediato. Sentir o sopro, a vida, o ar, o momento, o agora. Sem cobranças, nem neuras e preocupações. Com nada. Com mais ninguém.

Voltou com dificuldade para casa... ou para o que foi sua casa. Não viu outra alternativa a não ser procurar Taco. Não foi difícil achá-lo. O Reino de Taco é de conhecimento público. O mesmo bairro, os mesmos amigos, os mesmos becos.

Os encontros de Taco e Joanita eram esporádicos. Suas vidas pouco mudaram, relativamente, mas Taco viu nela motivação para viver. Combustível extra. A atração era forte, mas era mais que isso. Era mais que atração. Era inexplicável e inebriante, a um tempo.

Taco e Dingo saíam com mais frequência, e o nerd começava a se acostumar com a vida demente da turma do amigo. Não usava drogas, raramente ficava com alguma garota, mas estava ali, pelo menos como observador, tentando se sentir dentro de algo, se enquadrar a algum conjunto de regras (mesmo que soltas, mesmo que... frouxas). Doce niilismo. E era naquele ambiente aparentemente hostil que ele encontrava algum acolhimento. Dingo, mestre Dingo, o eterno garoto, retirado da doce família, tão católica e enclausurada em suas idiossincrasias. Dingo apenas queria asas, o doce sabor da liberdade, o vento no rosto, o perigo em cada esquina, conhecer os céus, as estradas, os rios, cachoeiras, becos, puteiros e as mais diversas culturas interplanetárias. Havia um universo a descobrir, fora das linhas de programação e das histórias em quadrinhos. Taco era a senha para o novo mundo.

Só que Taco não era apenas senha. Era encrenca. Apanhar da polícia era comum para ele, mas assustador para um nerd criado em apartamento. A primeira surra a gente não esquece jamais, e aquela foi no capricho. Apenas por andar pelas ruas da cidade numa madrugada, houve a abordagem e a humilhação começou com um chute no saco, evoluindo para socos nas costelas e tapas na cara. Tudo muito gratuito, prazer mórbido de bandidos fardados. Apanhou e ali ficou. Dali para a casa de Joanita, que recolheu os cacos dos enfermos Taco, Dingo e Padre. O Peita não estava ali, pois havia sido encarcerado há mais de um mês, por furtar uma loja 1,99. Peita era um negão, mais velho dos amigos, estilo armário, alto e largo, gente boa, mas viciado em furtos. Adorava roubar. Morava praticamente nas ruas, embora tivesse família. Passava boa parte do tempo em delegacias e prisões. Fazia rirem os policiais, os delegados, os carcereiros, e assim tinha vida mais leve atrás das barras. Também era o único que preferia pagode, mas toda a galera tinha a mais vagabunda dance music como referência de grupo. Iam a algumas danceterias brega-chiques sempre que podiam, entrando escondidos, quando possível, ou enchendo o saco dos seguranças, quando impossível. Num carnaval, o quarteto ficou de bituca na porta da danceteria Shampoo, à espera de alguma oportunidade. Quando avistaram um grupo de garotas fantasiadas de cerveja, publicidade da marca que patrocinava a festa, simplesmente se enfiaram entre elas e foram entrando, enquanto os seguranças, perdidos, tentavam controlar a massa. Era muito mais gente que o comum. Uma vez lá dentro, era só alegria, festa, pegação, melação e litros de álcool corpo adentro e afora. Devassidão total, devastação física, destruição da alma. Carnaval puro sangue. Baco e Dionísio se beijavam ali no canto, enquanto as garotas rebolavam alucinadas para delírio da gurizada punheteira. A Espuma subia, a temperatura aumentava, o povo golfava, o povo mijava, o povo pegava, os seguranças pegavam o povo, desciam a borracha e as golfadas iam sucessivamente minando o terreno. O trem da alegria fazia a festa da galera endiabrada. Dingo levou porrada, mas não pegou ninguém, e saiu como entrou, com tesão mal resolvido. Taco pegou, foi pegado, e também apanhou muito, mas transformou tudo isso em cores mágicas, com seu confete de LSD. A noite foi longa, como belo foi o dia, e os amigos saíram vivos e estropiados da danceteria. Saíram a ver navios dançantes nas ruas ainda escuras da madrugada curitibana. Gritando e cantando como nunca mais fariam. Vozes que se vão. Mentes que se desfazem, plumas e paetês, sonhos coloridos, amigos para sempre, o sempre tão finito.  

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