Capítulo 1 - O garoto que esqueceu a luz
Não conseguia ver nada por alguns segundos, apenas sentiu o impacto da forte batida, ficando desacordado até o momento em que o resgate chegava. O jovem garoto abre os olhos, e percebe sua mãe o observando, o empurrando para fora do carro.
- Edan... Eu sempre estarei com você meu filho...
- Mãe... - Diz em voz baixa, sendo interrompido pelo sinal de sua escola tocando.
Isolado em seu canto e ignorado por todos os presentes, estava Edan, um jovem garoto de 15 anos, de grandes cabelos negros e lisos caindo sobre o rosto, debruçado sobre sua mesa. Levantou o rosto e olhou para a janela por alguns segundos. Edan é um estudante do primeiro ano do colegial, e pode se resumir como o estranho de sua classe, não por ser ou usar coisas estranhas ou diferentes, mas apenas por não se enturmar tão facilmente, e sempre manter sua vida um segredo. Todo final de aula fazia a mesma coisa, se levantava sem chamar a atenção de ninguém, colocava o capuz de sua blusa ao ponto de cobrir os olhos e voltava para casa, apesar de não gostar muito de voltar para casa, era exatamente o que faria.
- Edan! Espera!- escuta, parando de caminhar próximo a porta da sala.
Se vira devagar, ainda mantendo a cabeça baixa – O que é, Leandro?
- Quero saber se irá fazer algo hoje, lá pelas três da tarde.
- Velho, você sabe que eu sempre fico em casa sem fazer nada, afinal, não tenho motivos para sair. Por que?
- Porque queremos que você se divirta um pouco – Raquel comenta, surgindo do nada e contornando o pescoço de Edan – Aliás, tire esse capuz. Está frio, mas não tanto assim. – Diz puxando o capuz do rapaz, mostrando seus claros olhos esverdeados.
- Não precisava ter feito isso... – olha para o lado – Não sei, acho que quero ficar em casa mesmo.
- Pra ficar sozinho sem fazer nada? Por que não fica sem fazer nada conosco? – Leandro pergunta.
- Você fica muito tempo sozinho, precisa mesmo sair de vez em quanto.
Edan suspira – Se isso fazer vocês se animarem e me deixarem ir para casa, eu vou sim.
- Mas não iremos só nós três, tem mais uma pessoa. Tudo bem pra você?
- Pode levar quem quiser, eu não me importo mesmo. – responde, se virando e seguindo seu caminho.
Eles o observam indo, se entreolhando logo depois, como se tivessem conquistado algo. Enquanto seguia para sua Casa, Edan se perguntava se tinha sido grosso demais com seus amigos. Mesmo não se enturmando muito, tinha seus poucos e bons amigos, seus únicos amigos na verdade. Sacudiu a cabeça e continuou até sua casa, mesmo não querendo voltar até lá.
A casa de Edan era imensa e deserta. Apesar de só ter um andar, o quintal era imenso, além da grande estufa com diversas flores diferentes, que seus pais cuidavam com tamanho carinho. Quando chegou, jogou suas coisas no sofá e foi para seu quarto. Mal abriu a porta e olhou toda a bagunça que havia deixado. Nas paredes estavam colados vários desenhos, alguns cadernos e desenhos espalhados em seu criado-mudo e no chão ao lado da cama. As únicas coisas arrumadas era sua cama e a mesa de seu computador, onde escrevia, desenhava e criava suas animações para seu site. Sem muito o que fazer, somente desabou no chão, olhou para sua cama e tentou alcança-la, mas desistiu e dormiu ali mesmo.
Acordou poucos minutos depois, com a impressão de seu celular estar tocando em seu bolso. Se levantou e olhou ao redor, o silêncio da casa o cercava. Foi até a cozinha fazer um lanche, até ouvir seu celular tocando, era Raquel.
- E então, você vem?
- Eu vou, não se preocupe. – comentava esfregando os olhos.
- Com essa voz de sono não me parece que você iria vir... Dormiu no chão de novo?
- É... fazer o que?
- Vem logo, Leandro e eu já estamos aqui no parque.
- Tudo bem, eu já estou indo. – diz, desligando e se dirigindo a porta. Antes de sair, olhou o quadro na estante ao lado da porta, lá estava uma foto com sua mãe. Edan ignorou e saiu. Não se importava com o que aconteceu no passado, nem com o que aconteceria no futuro. Em si, nada mais no mundo importava nem possuíam um significado, para Edan, sua vida nem mesmo possuía um sentido e já não tinha motivos para continuar, então, por que ainda estava vivo? Esta era uma pergunta que fazia todos os dias.
Perdido em seus pensamentos, não percebeu quando chegou ao parque, começando a olha em volta tentando encontrar seus amigos. Por pouco mais que 5 minutos, os procurou, até encontrar com uma garota parada próxima a uma arvore, olhando seu celular. Durante alguns segundos, ficou olhando seu rosto, seu corpo magro, os cabelos ruivos e longos, e seus olhos azuis. A garota nota sua presença e o olha por alguns segundos, que para o rapaz, foram os segundos mais longos e confortantes que teve em sua vida. Voltou seu olhar para frente, e continuou caminhando devagar, procurando seus amigos, enquanto a garota o seguiu com os olhos.
- Lá estão eles! – Raquel comenta de longe
- Finalmente nós os encontramos. – Leandro comenta
- Caramba, fiquei uns 10 minutos aqui esperando. – a garota comenta, correndo na direção deles, enquanto Edan se virou devagar e ficou parado, os observando com as mãos nos bolsos.
- Não reclame, não foi tanto tempo assim. – Leandro comenta rindo.
- Tudo bem. Onde está a outra pessoa?
- Bem ali, atrás de você. – Raquel comenta, apontando para Edan, que ainda estava parado, um pouco impressionado com aquela garota – Aquele é o Edan.
Por um momento, Edan pensou ter visto os olhos da garota brilharem, enquanto se aproxima. Ela o encara por alguns segundos e então sorri – Muito prazer. Nós somos da mesma sala, mas nunca conversamos. Eu me chamo Anne.
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