Capítulo 32.5
2195 palavras - Arco festa
Por Raquel
Eu não acredito... Eu não acredito nisso!
Todos nós confiamos nele, acreditamos que ele era uma boa pessoa! Como Fabiano pode fazer tudo aquilo com nós?
Aquele maldito, ele nos drogou... Não apenas dessa vez, ele pode ter feito isso muito mais vezes. Com seus amigos, com a própria namorada? Minha melhor amiga?
Ele não sabe o estado de Anne? Não imaginou as consequências que drogas como essas poderiam causar nela? Ela não é tão forte quantos nós, não conseguiria resistir, e saber que ela foi a mais afetada dentre todos fez meu sangue ferver de raiva.
Eu não ligo se Fabiano é ou não maior do que eu. Tamanho nunca foi um problema, não me sinto amedrontada por quem se acha maior apenas por altura.
Mas o que eu não aceitei... De nenhuma forma... Ele foi o culpado... Foi ele quem deixou meu irmão naquele estado daquela vez. Ele foi o responsável por fazer mal ao Edan!
Como ele se atreveu a fazer aquilo?
Naquele momento eu não pensei em mais nada, não enxergava mais nada, eu senti um ódio que nunca senti antes. Algo que jamais irei aceitar nesse maldito mundo é alguém que ouse fazer algum mal a quem eu amo, e terem feito isso justamente com meu irmão... É o mesmo que me fazer de inimiga.
Eu não me contive... Eu não poderia mais me conter, toda a raiva que eu já tinha acumulada contra ele seria mostrada naquele momento. Por já ter falado mal do Edan... Por ter sido alguém tão desagradável quanto Anne me disse... Pelo que fez com nós hoje... Pelo mal que fez ao meu irmão...
Quando eu dei por mim, eu já estava socando ele... Eu queria matar ele.
Eu bati, como nunca bati antes. Eu acertei ele com toda a força que eu tinha naquela hora, se minha intenção era machucar, então eu consegui, nem que tenha sido um pouco. No mínimo eu devo ter entortado o nariz daquele idiota.
Bufo de irritação, me encostando melhor no banco do ônibus, sentindo as pontadas de dor dos socos que eu tomei. Foram golpes pesados, não sei como não desmaiei de vez.
Viro meu olhar por cima do ombro, Ricardo está no banco ao lado nos observando com preocupação, e Leandro e Iris estão bem a nossa frente.
Olho para Anne, ela está toda amuada, mas eu não culpo ela. Foram tantas coisas que ela passou em apenas uma noite, seja pelo que viu ou pelas drogas que correm pelo seu corpo, ela é uma das mais afetadas dentro todos nós.
Abraço ela, tentando confortar só um pouco que seja.
Uma preocupação me passa nesse momento. Edan decidiu ficar para trás. Ele está tentando resolver tudo sozinho...
Por que? Por que sozinho?
Eu não posso acreditar que ele tenha sido louco a esse ponto... Mas por mais que eu quisesse puxar ele para vir com nós, olhar para o meu irmão só me dava a impressão de que eu não tinha como mudar sua decisão, era o que ele queria. Que eu apenas deveria confiar nele.
Eu debati comigo mesma, queria debater, puxar ele para vir conosco... Mas com o coração doendo, eu confiei no meu instinto e na sua vontade... E deixei Edan para trás.
Nesse momento, eu rezo para que meu irmãozinho esteja bem. Eu não vou me perdoar se tiver errado em minha decisão e algo mais acontecer com ele... Não vou...
Carol decidiu ficar para trás e buscar Edan. Já fazem alguns minutos que entramos no ônibus e estamos seguindo de volta para a casa de Anne, e falamos para Carol ir nos encontrar lá com o Edan...
A essa altura, espero que Carol tenha conseguido.
Espero que meu irmão esteja bem.
Por Leandro
Edan, seu maluco... O que você está pensando?
Minha vontade era arrancar meu melhor amigo dali junto com todos nós, ou então ficar ali para ajudar ele contra o Fabiano... Mas algo aconteceu, olhar para o Edan naquele momento me paralisava, me fazia perder qualquer tentativa de debater.
É como se o Edan estivesse me dizendo para apenas ir embora com todos... Se eu ficasse ali, eu só acabaria atrapalhando ele.
Não sei o motivo disso, porém por mais que eu quisesse, eu não tinha como falar qualquer coisa que fosse olhando para o Edan.
Olho para fora do ônibus nesse momento. Tivemos sorte por não precisarmos esperar nada, chegamos no ponto e o ônibus já se aproximava, e já estamos a alguns minutos aqui, bem longe daquela festa. O rangido do metal do ônibus, ou os ensurdecedores barulhos causados por algum desnível na rua, unidos ao balançar sem ritmo são ainda mais agradáveis do que aquela música alta e tantas vozes ao mesmo tempo.
Sem falar do gélido "ar puro" daqui. É bem melhor do que aquele forte cheiro de carne queimada e aquelas essências enjoativas de cigarros e narguilés. Aquilo é simplesmente enjoativo, ter saído daquela casa e respirado um pouco daquilo me causou uma náusea terrível...
Apesar que ainda agora me sinto enojado comigo mesmo, fui derrubado em cima de uma das mesas e parte das essências caíram sobre mim... Estou fedendo, preciso urgente de um banho.
Uma pontada de dor me atinge, tanto pelo golpe que recebi, que se espalha em um choque pelo meu corpo. A queda que sofri dói e lateja, mas não tanto quanto aquele soco. Nunca tomei um golpe tão forte quanto aquele.
Um raio corta o céu causando um clarão repentino, o céu parece ter ficado ainda mais agressivo de uns momentos para trás, sem falar que o clima enlouqueceu. Calor e frio se misturam em uma intensa ventania que nos impediu de andar até o ponto de ônibus, sem falar na terrível tempestade e os raios incessantes bem em cima de nós.
Nunca tive medo de chuva ou raios, porém como está hoje, eu sinto medo, pavor. Meu corpo treme por inteiro apenas por ousar encarar esse céu enegrecido.
Aliás... Pressinto que algo imenso se escondesse por entre essas nuvens negras.
Percebo que Iris se esconde um pouco mais em mim. Com certeza ela deve ter ficado assustada com todos esses acontecimentos. Minha namorada é bem caseira, isso para não dizer que é totalmente capial. Não é acostumada com situações muito bagunçadas, apesar que nem eu passei por uma situação como a de hoje.
Me pergunto o que ela deve estar pensando nesse momento. Talvez cogitando que ficar em casa mais vezes seja muito mais convidativo do que sair para qualquer coisa.
Por cima do ombro, encaro Anne e Raquel. Anne parece desolada, e Raquel está com uma cara... Ela está totalmente enfurecida, seu olhar entrega isso.
Eu nunca vi ela desse jeito. Nesse momento, Raquel simplesmente me amedronta.
Admito que eu mesmo me senti extremamente incomodado, para não dizer coisas muito piores. Meu Deus... Eu achei que Fabiano era alguém longe disso. Nos drogar?
Saber disso foi um choque.
Eu não tinha a menor ideia de que ele fazia esse tipo de coisa, sempre nos aparentou estar muito longe disso... Eu não deixo de me sentir mal por toda essa história, além da repugnância que a cada segundo cresce no meu peito.
Mas como? Ele nunca aparentou nada que significasse ter suspeitas. Em todos os momentos ele parecia ser alguém longe desse mundo.
Em muitas das vezes, Fabiano convidava a todos, e fazia questão de fazer uma grande propaganda para mim. Eu não sabia da situação, então ajudava a convencer a todos para seguir para esses encontros.
Sempre que fomos a sua casa, ele nos servia algo... Talvez desde antes ele tenha feito isso com todos. Sem saber, eu fui um cúmplice dele. Não acredito que fiz isso com meus amigos.
É inegável que tenho grande parcela de culpa por tudo isso. Por não perceber o que ele fazia.
Eu não consigo me perdoar por isso.
Espero que Carol consiga tirar o Edan de lá. Eu confio que ela conseguirá.
Passo meus olhos ao redor, escutando Raquel e Anne se levantando. Chegou a hora de descer e fazer o resto do caminho a pé.
Por Anne
Desde o momento que entramos no ônibus, ou a caminhada que fizemos até minha casa, nenhum de nós disse nada. O único som entre nós eram os dos nossos passos e o incessante som forte de cada um dos trovões no céu.
Acabamos de chegar em casa. Raquel me ajudou a andar em boa parte do caminho, por mais que eu pedisse que não fizesse isso... Ela está toda machucada, posso ver que um de seus olhos ficou roxo e existe um corte em seu lábio, e mesmo assim insistiu em me ajudar e até chegarmos. Raquel não demonstrou uma unica vez sequer que sentia dor.
Assim que entramos e me sentei no sofá, pedi que ela fosse cuidar dos vários machucados em seu rosto e lavar seu rosto, e ela prontamente fez o que pedi. Não posso deixar que ela fique cuidando de mim e acabe negligenciando a si mesma.
Encosto minhas costas no sofá, puxando o ar profundamente. Estou extremamente cansada, minha cabeça gira, e estou sentindo meu corpo fraco pelo efeito das drogas que Fabiano colocou nas bebidas. Ficar de pé durante o caminho de volta foi uma dificuldade imensa.
Além de fraca e meio zonza, as drogas me fizeram perder parte da sensibilidade do meu corpo.
Elas simplesmente me destruíram.
Mas no momento, eu não estou preocupada comigo. Minha verdadeira preocupação é com Edan. Ele decidiu ficar para trás.
Eu espero que ele não tenha decidido ficar para trás por esse motivo...
Eu não me lembro de muita coisa a partir de certo momento da festa.
Eu havia chegado e ficado no sofá, tentando me manter distraída. Um monte de gente conhecida, mas poucos realmente paravam e falavam comigo. Eu não tinha muito interesse de manter uma conversa, só estava na festa para evitar do Fabiano ficar me enchendo por eu não ser "participativa com os amigos".
Acabou que fiquei quase vinte minutos no sofá, só olhando pessoas e mais pessoas passando por mim, em conversas e irritantes risadas estridentes. Eu agradeceria se tivessem aumentado aquela música horrível ao volume máximo.
Quando Fabiano apareceu finalmente, ele começou a me servir doses e mais doses de refrigerante junto a alguns poucos salgados... Eu realmente estava com sede, o calor que estava era infernal.
Depois alguns copos, chegou um momento que tudo apagou e não lembro de nada...
O momento em que finalmente acordei, Edan estava a minha frente. Eu não estava totalmente em meu estado normal. Eu pulei para abraçá-lo, falei algumas coisas que não faço ideia do que tenha sido, e ele me puxou para longe dali.
Logo em seguida a Carol me levando para aquela casa, correndo até um dos quartos. Pelos gemidos antes de abrir a porta, eu já entendi tudo. Ao abrir a porta, ali estava ele, Fabiano com uma garota qualquer montada sobre ele, transando na cama dos pais como se não houvesse várias pessoas em volta, em seu repulsivo escândalo sexual.
Eu não conseguia olhar na sua cara. Todo o nojo e repulsa que eu poderia sentir por alguém surgiram ao seu máximo. Me virei para ir embora assim que ele nos notou.
Meu peito doeu e meus olhos pesaram, não por saber que havia sido traída, mas por raiva. Por ter mantido um namoro com alguém que na realidade eu não sentia nada, por não enxergar a realidade das coisas, por ter me entregado a alguém como Fabiano. O que eu tinha na cabeça? Como eu pude ser tão cega?
E depois... Tudo aconteceu tão rápido.
Eu estou preocupada com ele, mas eu não tinha como impedir o Edan de ficar. Mais do que qualquer coisa, eu queria ter tirado ele dali, mas eu não tinha forças... Eu me senti impedida de fazer qualquer coisa.
Eu estava irritada por tudo que estava acontecendo, fora de mim pelas drogas em meu corpo, me sentindo a pessoa mais burra do mundo por ter insistido em ter dado chances e mais chances ao Fabiano, por ter me entregado de corpo e sentimento tantas vezes a ele como fiz.
Eu fui uma verdadeira idiota... Só agora eu consigo ver e entender de fato o quão idiota eu fui... Quanto mais tempo passa, mais erros eu cometo. Parece que eu nunca vou aprender.
Mas agora, não adianta mais ficar pensando nisso... Pensar nos erros que cometi não farão com que eles sejam corrigidos. A única coisa certa que fiz hoje foi poder dizer na cara do Fabiano que sou ex dele... Finalmente acabou, não temos nada...
Um acerto em meio a tantos erros...
Nesse momento, tudo que eu quero é que Edan volte em segurança. Seu bem estar é o que mais me importa... Por favor, volte bem para mim.
Considerações finais
E aqui ficamos com mais esse especial. Dessa vez não apenas Anne, mas houveram também a presença de Raquel e Leandro. O que acharam desse especial?
Espero que tenham gostado, foi um capítulo longo e um especial maior que os anteriores. Espero que tenham gostado... E os espero no próximo capítulo.
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