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Capítulo 1

Já faz quase duas décadas que moro nesse pacato vilarejo chamado Polinys, localizado perto do mar Asgur e cercado pelas montanhas Lir, com um lindo bosque a leste, que se estende em um grande campo de flores até a entrada da aldeia.

Em meu vilarejo se observa um cercado com alguns animais como vacas, cabritos, galinhas, porcos e dois cavalos, e mais ao norte algumas terras de plantação.

É um lugar pequeno e bem pacato, onde as casas são feitas de madeira com telhados de palha, as ruas são de terra, se tem uma torre de pedra no centro do vilarejo, onde fica o sino que serve para marcar a hora e avisar sobre emergências.

Aqui em Polinys nós somos pessoas bem simples, onde a maioria das famílias trabalham na lavoura e outras com a atividade pesqueira, porém pode-se encontrar a família do padeiro Marcel e a do ferreiro José, que são um dos poucos comerciantes da aldeia.

Entre as famílias do meu vilarejo, uma das mais conhecidas é a da curandeira Hélia, minha mãe, que tem o dom de curar qualquer tipo de doença ou enfermidade já vistas.

Minha mãe chegou a Polinys a dezessete anos atrás comigo no colo. Os cidadãos do vilarejo no início a rejeitaram por ser mãe solteira, mas quando mamãe curou o chefe da aldeia, que estava com uma doença terminal, a população a nomeou a nova curandeira do lugar e assim, a ajudaram a se estabelecer e a me criar.

Me chamo Lia, tenho dezessete anos, tenho uma altura mediana, corpo esguio, cabelos ruivos longos e ondulados, olhos cinza esverdeados, meu amigo Ron fala que meu sorriso ilumina o lugar quando chego, nessa manhã, estou vestindo um vestido azul simples de manga curta e sapatos marrons bem gastos.

Estou nos arredores de Polinys, procurando ervas para minha mãe fazer o tônico do padeiro Marcel, um homem baixo, de corpo roliço, cabelos e olhos castanhos, que tem por volta dos cinquenta anos e uma personalidade alegre e engraçada.

Escuto o sino da igreja começar a tocar e avisar, que a hora do almoço se aproximava. Recolho a cesta com as ervas medicinais para voltar ao vilarejo, contudo, sinto uma estranha sensação, um ar gélido percorreu meu corpo e estava com a intuição de estar sendo observada, mas quando olho ao redor, não parecia haver nada de diferente.

Acabei ignorando esta sensação e com um dar de ombro, penso que deve ser coisa da minha cabeça, não é a primeira vez que minha mente me prega peças, portanto volto a caminhar de volta para a aldeia.

Ao chegar em casa, me deparo com uma cena familiar, minha mãe na cozinha fazendo o almoço e ao seu lado estava o meu melhor amigo Ron. Um jovem alto, de corpo atlético, cabelos castanhos, olhos cor de mel, que era dono de um sorriso travesso de criança.

Ron era o filho do ferreiro da cidade e era conhecido por ser engraçado, tagarela, amoroso e fiel a quem ama e este mesmo homem, estava roubando petiscos de comida, enquanto minha mãe cozinhava.

É uma cena que já estou acostumada a ver, minha mãe com os cabelos ruivos presos em coque, vestindo um vestido rosa claro de mangas compridas, com um avental branco preso à cintura, ria, enquanto finge brigar com Ron para que ele parasse de comer, antes que acabe com toda a comida, enquanto meu amigo, que é bem mais alto do que minha mãe, faz cara de inocente enquanto recebe a advertência.

- Oi mãe, cheguei. Trouxe as ervas que a senhora pediu.

- Oi filha, coloca a cesta em cima do balcão que depois eu arrumo. Vem para a mesa que o almoço já está quase pronto. Quer dizer, isso se Ron parar de comer tudo.

- Ei, eu sou inocente! Apenas roubei uma batata, - Ron levanta as mãos como se fosse inocente e se vira para mim - E como você está raio de sol?

- Estou bem, é você que não vai ficar muito bem se continuar roubando as batatas! Falando nisso, você não tem trabalho na ferraria não?

- Hoje o movimento está lento, meu pai resolveu ir até o vilarejo vizinho para entregar algumas encomendas e deve passar os dois próximos dias fora.

- Vamos lá meninos o almoço está pronto, vamos comer!

Desde que eu me entendo por gente, Ron sempre esteve ao meu lado, crescemos juntos em Polinys. A primeira vez que nos falamos foi na clareira, não deveríamos ter mais do que cinco e sete anos, eu estava chorando muito, pois as meninas da aldeia tinham sido maldosas comigo, então Ron apareceu e veio perguntar o que tinha acontecido.

Me lembro de olhar para aquele menino e ver preocupação sincera nos seus olhos, como eu não tinha muitos amigos, acabei contando o que tinha acontecido e para minha surpresa, ficamos conversando durante toda a tarde até a hora do pôr do sol.

Nesse momento, Ron me deu o apelido que ele usa até hoje, Raio de Sol, pois ele disse que o meu cabelo vermelho o lembrava do pôr do sol, desde aquele dia nunca mais nos separamos, éramos a dupla perfeita: a filha da curandeira com o filho do ferreiro.

Com o passar dos anos fomos crescendo, mas alguns hábitos nunca mudaram, sempre que o pai de Ron ia viajar, ele vinha ficar comigo e minha mãe, pois sua mãe morreu em seu parto e ele considerava minha mãe como sua também.

Após o almoço, prometi a Ron que passaria na ferraria para conversarmos, logo depois que ajudasse minha mãe com os doentes. Na cabana que cuidávamos dos feridos, o cheiro era sempre insuportável, não sei como minha mãe aguentava ficar naquele local, por horas e mais horas durante todos os dias.

A cabana era dividida em dois ambientes, um que era onde as pessoas vinham para ser atendidas em casos menos graves, ali encontramos uma estante e um balcão com vários tônicos, uma mesa e duas cadeiras de madeira.

A parte mais interna da cabana era reservada para os pacientes mais graves ou enfermos, nessa parte, vários homens, senhoras e crianças eram divididas em camas improvisadas de madeira e dispostas uma do lado da outra, as vezes esse local ficava tão cheio, que os familiares não conseguiam ficar junto de seus amados.

Mamãe sempre sofria com falta de gente para ajudá-la na cabana, principalmente na época do inverno, onde o número de pessoas doentes aumentavam muito, por isso, sempre que eu podia vinha ajudá-la.

Na cabana era apenas minha mãe e a senhora Claudete, uma mulher já com bastante idade, com uma estatura baixa, o corpo roliço, cabelos brancos curtos, olhos castanhos, com uma aparência séria e as vezes até rabugenta, ela era a antiga curandeira da aldeia, e acabou se tornando muito amiga da minha mãe.

Ao longo da tarde, atendemos pessoas com resfriado, disenteria e dor de dente, trocamos as roupas de cama, limpamos os penicos e demos banho nos pacientes.

Minha mãe trocou os curativos e deu os remédios aos doentes, já quase no pôr do sol só faltava a senhora Rebeca, uma mulher jovem, de cabelos loiros e olhos castanhos, que trabalhava no campo junto com seu marido. A mulher estava de molho no hospital, pois sua gravidez oferecia risco a ela e ao bebê.

Minha mãe me liberou da cabana e disse que me encontraria em casa mais a noite, pois ia colher alfazema que precisava colocar num tônico urgentemente para a senhora Rebeca.

No caminho da ferraria passei na padaria para comprar dois pães de milho, pois sei que Ron já deveria estar morrendo de fome esse horário do dia.

Quando entro na ferraria, me deparo com uma nuvem de fumaça branca que me engole, de trás dela sai Ron, usando uma calça marrom, um avental preto e luvas de couro que seguram uma espada, que pelo visto ele acabou de mergulhar na água.

Apesar de ser meu melhor amigo, tenho que admitir que o ver sem camisa é um pouco perturbador, pois de garoto franzino, Ron não tinha nada, muito pelo contrário, principalmente seus braços e tórax que por trabalhar na ferraria, são bem desenvolvidos.

Ao me dar conta que estava o encarando, desvio o olhar rapidamente, pois sei que estou corada, o que me salva, é que o lugar está uma fornalha de quente.

- Finalmente você chegou, pensei que tivesse ficado doente!

- Trouxe pães de milho para nós e você sabe que nunca fico doente, assim como minha mãe, puxei sua saúde de ferro!

- Espera só um minuto, que vou colocar essa espada para esfriar, trocar de roupa e então podemos ir para a colina o que acha?

- Pensei que fossemos comer aqui.

- Estou precisando de um ar puro, vamos, eu levo um vinho que meu pai escondeu e podemos toma-lo com os pães. – Ele faz uma cara de pidão que não consigo negar seu pedido.

- Ok – Sorrio - Vou te esperar na sua sala porque aqui está muito quente!

- Você não viu nada, está até fresquinho – ele sorri com o canto da boca, um sorriso que sempre achei de criança – mas tudo bem, te encontro na sala em dez minutos.

Dou uma última olhada naquela confusão que está a ferraria, com o forno gigantesco acesso, uma das mesas de madeira lotadas de ferramentas e armas, a bancada cheia de fuligem do trabalho do dia e os barris de água, com alguns objetos mergulhados.

Subo as escadas que dão na sala da casa de Ron, é um lugar pequeno, mas bem aconchegante, com um sofá macio, uma mesa de jantar com quatro cadeiras e um vazo com um girassol em cima, uma estante com alguns livros e em uma das paredes, uma pintura do casamento de seus pais, sua mãe era linda, sempre digo que Ron é a cara dela, só que bem mais alto.

Após ficar um tempo admirando a pintura, decido me sentar no sofá que fica em frente a lareira, ao me recostar, fecho meus olhos e repasso o dia que tive, começando com a ida ao campo para pegar ervas para minha mãe, o almoço, depois a cabana.

Nossa, realmente o trabalho na cabana me esgotava, minha mãe é uma guerreira por fazer isso todo dia, e sempre com um sorriso no rosto e uma esperança na voz.

Sempre fiquei admirada como minha mãe nunca teve nem um resfriado e eu também, acho que ela acabou ficando imune por ter tido tanto contato com doenças, e passou isso para mim de alguma forma.

Enquanto estava pensando, meus olhos começaram a ficar pesados, foi aí, que meu amigo nada delicado, invadiu a sala e jogou uma almofada em mim.

- Acorda bela adormecida, ainda temos muito o que conversar hoje e eu estou morrendo de fome, então vamos logo até as colinas que são pelo menos uns 20 minutos caminhando.

- Que cavalheiro que você é, jogando almofadas numa dama que está dormindo. – Faço cara de indignada.

- Dama? Você só pode está brincando, ninguém ganha de você numa corrida e nem na queda de braço! – Nós dois rimos.

- Isso é verdade, vamos logo antes que fique muito tarde para voltarmos.

Na trilha para subirmos a colina, Ron foi carregando os pães e a garrafa de vinho, mas apesar dele sorrir as vezes, durante a maior parte do caminho ele ficou muito quieto, coisa que não é o seu habitual.

Normalmente meu amigo é risonho e tagarela, se ele não está falando isso só pode significar uma coisa, encrenca, sempre que acontece algum problema Ron fica quieto e calado, isso explica o porque dele querer se afastar do vilarejo para conversarmos.

Chegarmos no nosso lugar preferido que da vista para a nossa aldeia, onde as montanhas se mostram imponentes e o sol as beija todos os dias, criando uma visão de tirar o fôlego.

Arrumamos a toalha no chão, colocando os pães e o vinho sobre ela. Nós dois permanecíamos calados olhando para o nada, sei que quando ele estiver pronto vai falar o que o está incomodando.

Já estávamos sentados a quase meia hora comendo e bebendo, mas sem falarmos uma única palavra, até o momento que Ron decidiu se levantar e ficar andando de um lado para o outro.

- Ron o que aconteceu, estamos aqui a quase meia hora e você não falou nada e agora, fica andando de um lado para o outro me deixando tonta. – Ele me olhou, mas não respondeu.

Uns dez minutos se passaram e ele não abriu a boca, apenas parou de andar e ficou encarando o horizonte, eu estava muito cansada para ficar ali apenas observando a paisagem, e com ele me dando nos nervos com o seu silêncio, resolvi me levantar para ir embora.

- Há um mês eu recebi uma carta.

Ron me olhou nos olhos e voltei a sentar.

- Meu pai que recebeu, era uma intimação do exército de Dakar.

- O exército, mas o que eles querem?

- O rei está recrutando novos soldados e todo jovem entre dezesseis e vinte e dois anos que esteja saudável e descompromissado, tem que comparecer na primeira semana do mês seguinte na cidadela de Dakar.

Eu demorei um tempo para processar a informação, o rei só fazia esses requerimentos quando o número de pessoas alistadas diminuía drasticamente, normalmente em alguma investida que deu errado em uma de suas guerras loucas.

A guerra que ele travava contra o povo da floresta, se iniciou muito antes deu nascer e até hoje não terminou. Todos os jovens que eram intimados, nunca voltavam para casa, seja por ficarem retidos na cidade com os afazeres dos soldados, ou porque faleceram em batalha.

Não estava conseguindo absorver bem a informação, bem ali na minha frente, meu melhor amigo, me contou que acabou de receber essa sentença, ele ficou encarando o horizonte, mas veio se sentar perto de mim, eu não sabia o que falar, daqui a um mês eu provavelmente nunca mais o veria novamente.

- Não tem nenhuma forma de você não ir?

- A única forma de você fugir do recrutamento é pagando um alto valor em moedas de ouro e como você sabe Lia, nós não somos ricos.

- Foi por isso que seu pai viajou?

- Ele quis sair em busca de trabalho para ver se consegue a quantia, mas é pouco provável que ele volte com tanto dinheiro a tempo. Ele está triste Lia, somos só nós dois e em breve, será apenas ele.

Ficamos os dois em silêncio olhando o tempo passar, o gosto do vinho antes doce, agora estava amargo e o pão parecia seco demais. O pôr do sol se aproximava e com ele, as lágrimas que eu estava tentando segurar.

- Se eu pelo menos fosse casado seria mais difícil eles me convocarem, mas agora já é tarde, eu teria que ter me comprometido antes da carta chegar. Lia, eu quero que você me prometa uma coisa. – Ele me encara sério.

- O que?

- Cuida do meu pai para mim, sei que ele é meio rabugento as vezes, mas é meu pai, minha única família.

- Você vai voltar Ron e vai poder cuidar do seu pai você mesmo.

- Lia, as chances de sair vivo dessa guerra já são pequenas e de me liberarem do exército menores ainda, por favor Raio de Sol. – Vi lágrimas começarem a brotar em seus olhos.

Eu não conseguia responder, minha garganta estava fechada demais com as lágrimas que já surgiam nos meus olhos, apenas concordei com a cabeça e o abracei, um abraço tão forte e sincero, que parecia que com esse gesto eu teria Ron para sempre comigo.

- Obrigado Raio de Sol.

- Me promete uma coisa, que você vai fazer de tudo para voltar, que você não vai desistir, que você vai voltar para mim? Me promete Ron – Minha voz estava meio desesperada, eu não podia perde-lo - Porque só assim, eu vou conseguir deixar você ir.

- Eu prometo, eu vou voltar para você. – Ele sussurrou ao meu ouvido enquanto nos abraçávamos.

Ficamos em silêncio e juntos vimos o pôr do sol, nenhum de nós dois falou mais nada, apenas ficamos abraçados, como se a presença do outro bastasse para aguentarmos o que estava para vir.

Já estava escuro quando resolvemos sair da colina, mas naquela noite em especial, as estrelas estavam iluminando o nosso caminho de volta e não precisamos acender as tochas.

Na metade da trilha, prometemos um ao outro que iríamos aproveitar o nosso último mês juntos, fizemos planos para ir ao lago pescar e fazer travessuras com o padeiro, que nem quando éramos crianças.

Quando estávamos perto do campo escutamos um barulho muito alto, parecia um rugido, Ron automaticamente se colocou na minha frente e ficou em alerta, não é comum termos ursos aqui, mas aquele barulho não parecia ser de um urso e como estava de noite, estávamos em uma grande desvantagem por não enxergarmos tão bem no escuro.

Fomos andando mais rápido em direção ao vilarejo e foi aí, que tudo aconteceu, um grito muito alto e apavorante cortou o ar, eu não conseguia me mexer, alguma coisa estava errada, muito errada.

Não sabia dizer o que era, mas um sentimento de urgência apertou meu coração e quando me dei conta, estava indo em direção ao campo, em direção ao grito, correndo cada vez mais rápido.

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