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XXXIII - προδοσίες

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Aviso: Gatilho
Crises de pânico
Menção à traumas
Alucinações/pesadelos
Mutilação
Feridas/pústulas em animais
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O som dos tambores foi a primeira coisa que eu ouvi, seguido dos gritos da multidão e do calor. O gosto de areia, sangue e suor parecia estar agarrado à minha boca, assim como o medo dominava meu coração. Eu sabia muito bem onde estava, abrir os olhos apenas me confirmou de que eu estava de volta ao ginásio. O que mudou desta vez, era que eu não estava na arena, e sim no meio da multidão, sendo espremida por corpos de estranhos, praticamente incapaz de me mover.

    Na arena, diversos leões estavam presos por cordas, leões imundos e cobertos de doenças, com feridas por toda sua lombar, onde o pelo já não crescia mais. Eles rosnavam e espumavam, tentando avançar para o centro da arena. No alto da varanda do ginásio, Protogeles sorria, falando coisas que eu não entendia e cercado de homens mascarados vestidos de roxo. Ele faz um gesto para o centro do ginásio, parecia olhar diretamente para mim. Quando me viro, me empurrando contra um estranho para conseguir enxergar o que estava no meio da arena, meu coração parou.

    Não era o que, e sim quem. Cassius estava lá, encarando Protogeles e os mascarados. Com um gesto, o desgraçado ordenou a soltura dos animais, que avançaram ferozmente sobre meu noivo. Eu gritei, tentando me mover e alcançá-lo, mas nem me aproximar da parte baixa da arquibancada eu conseguia. Cada investida dos animais parecia ser em meu corpo, a multidão vibrava e se agitava. Eu era empurrada para trás, cada vez mais distante dele. Me sentia sufocada, incapaz de enxergar qualquer coisa presa a tantos corpos.

    Acordei ainda gritando, me sentando bruscamente na cama. A porta se abriu de forma brusca, e Cassius entrou correndo. Eu mal conseguia respirar, todo meu corpo tremia e meu coração parecia que ia se rasgar a qualquer momento. Ele se ajoelhou na cama, segurando meu rosto e me chamando, mas sua voz parecia distante, eu não conseguia compreender o que ele dizia, mal conseguia sentir seu toque. Ele apertou a minha mão com força, e tentei me concentrar no aperto, aos poucos sentindo o ar retornar para mim, mas bastou conseguir inspirar pela primeira vez que comecei a chorar, o abraçando com força.

    Precisava ter certeza de que não era outro sonho, de que era real, de que ele estava ali, e bem. Me afastei, ainda segurando seus ombros, e o olhando por completo como podia, desesperada e incapaz de conter o choro. Ele torna a me abraçar, acariciando meus cabelos e me trazendo para perto. Meu coração ainda martelava, eu estava assustada, as imagens do sonho, os mascarados, Cassius... Aquilo não deixava minha mente. Segurei novamente em seus ombros, o olhando nos olhos. Tudo que ele esboçava era preocupação, mas não era comigo que ele tinha que se preocupar.

— Pare de ir contra esses homens, Cassius. — Implorei, o segurando com mais força. Minha garganta doía, como se uma lâmina estivesse atravessada no meu pescoço. Eu nem sabia se ele entendia o que eu dizia. — Se alie a Claudio, ou então renuncie esse posto e vamos embora daqui se você não quiser, mas por favor, Cassius, eu lhe imploro, não fique contra esses homens, não faça isso, eles são perigosos. Eu não quero, eu não posso perder você, Cassius. Você prometeu que ficaríamos seguros, então por favor, não faça isso, não vai acabar bem. Eu não quero que você se machuque, eu não quero que eles machuquem você. Eu não vou suportar se algo acontecer contigo, por favor, Cassius. —

— Eles quem, Aurora? O que aconteceu? — Ele pergunta, segurando minhas mãos e as soltando com cuidado de seus ombros.

— Esses políticos! Protogeles... Todo mundo! — Passo a mão no rosto para afastar as lágrimas, meu corpo ainda estava tremulo. — Não fique no caminho deles, Cassius, eu não estou com um pressentimento bom... Você prometeu que iríamos ficar juntos, custe o que custar, então faça isso, faça para eu não perder você. —

    Ele franziu o cenho e mordeu a boca, me olhando ainda confuso e preocupado, mas assentiu e voltou a me abraçar, o que eu retribuí o segurando firmemente contra mim, enterrando meu rosto em seu peito. Ele acariciava meus cabelos e minhas costas, sem dizer nada por um longo tempo, enquanto eu tentava controlar minha respiração.

— Eu vou resolver isso, eu prometo. — Ele disse, me fazendo erguer o rosto novamente. — Eu vou dar meu apoio para eles, dizer para os outros se aliarem a Claudio, e então eu renuncio. —

    Sinto meu coração afundar um pouco no peito. Eu não queria tirar isso dele, eu sabia o quão importante era para ele esse trabalho. O posto de líder da guarda pretoriana era o posto militar mais alto que um homem poderia alcançar em Roma, um dos verdadeiros soldados de Marte. Toquei em seu rosto, deslizando meu polegar carinhosamente sobre a cicatriz que ele tinha acima da boca.

— Eu vou pedir para servir nas terras do sul. Vamos nos casar aqui e então nos mudamos, e ficaremos bem e distantes de tudo isso. — Ele continuou. — Não me vale nada esse posto se eu estiver guardando outro inimigo, eu não quero carregar mais essa culpa, e também não vou contrariar seu aviso. —

— Eu sei o quanto isso é importante para você, Cassius... — Sussurrei, minha voz ainda falhava.

— Não mais do que nossa segurança, e de permanecermos juntos. — Ele responde, segurando meu rosto com ambas as mãos. — Não mais do que isso, eu amo você. —

— Eu também amo você. — Respondi, abraçando sua nuca e sentindo as lagrimas voltarem a empoçar meus cílios. — Eu não posso te perder... —

— Foi apenas um sonho, minha querida. Não vai acontecer. — Ele responde. — Eu estou aqui, como disse que sempre estaria. —

    Voltei a abraçá-lo com força, enterrando minhas mãos em seus cabelos. Cassius retribuiu o aperto, mas me deitou novamente na cama, junto a ele. Eu me sentia segura ali, em seus braços. Não conseguia pensar no que seria minha vida tendo que enfrentar tudo isso sozinha de novo, sem o calor dele. Ele esboçou um sorriso, beijando minha testa em seguida. Mesmo que ele não dissesse que me amava, eu sabia que ele o fazia, e o amor dele era a coisa mais preciosa que eu tinha.

    Volto a pensar no que ele disse, em partirmos de Roma, um novo lugar, algo completamente novo para mim, mas onde estaríamos seguros e longe de tudo isso. Onde poderíamos recomeçar livres de todos os fantasmas que nos cercavam, Tiberio, Andrik, Caligula... Onde não teríamos que ter medo de ninguém, distantes desse derramamento de sangue.

    Consigo esboçar um sorriso com a ideia, que me trouxe um pouco de paz. Fitei seus olhos, escuros na pouca luz como os meus, antes de baixar meus olhar para seus lábios marcados. Queria um beijo dele, queria permanecer em seus braços, livre daqueles pesadelos. Ele se inclina, me beijando carinhosamente. Deslizo meus dedos pelos fios lisos de seus cabelos, me permitindo relaxar naquele instante. Eu havia me libertado, mas Cassius havia me acolhido, e dado um propósito à minha liberdade.

— Você é o que eu tenho de mais precioso. — Sussurro, acariciando os fios que caiam por seu rosto, os afastando.

— Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida, Aurora. — Cassius respondeu, abraçando minha cintura. — Você não libertou só a si mesma naquele dia. —

    Assenti, descansando a cabeça em seu peito. Ele estava sem as faixas, o que tornava o abraço ainda mais confortável. Olho para ele, que mexia no próprio pingente pendurado em seu pescoço. Sabia que ele estava pensando na decisão que tomaria, e que certamente mudaria muita coisa em sua vida. Voltei a acariciar seus cabelos, o olhando enquanto ele mantinha os olhos presos no colar, o cenho franzido enquanto prendia os lábios entre os dentes. Eu tinha quase certeza de que nessas horas ele fazia uma prece por orientação, ele sempre fazia isso quando tomava uma decisão importante.

— Eu gostaria de fazer mais por Roma, de defendê-la. Eu jurei lutar sempre, mas dizem que todo sábio general sabe quando tem que recuar. — Ele suspirou. — Que a vontade dos deuses seja feita ao fim de tudo. —

    Assenti, e ele murmurou para que eu descansasse. Pedi para que ele passasse a noite ali, eu queria ficar com ele. Eu precisava de seus braços, seu carinho. Não queria voltar a ter os mesmos pesadelos, não queria sentir aquilo, só a ideia de perdê-lo me apavorava. Fechei meus olhos, sentindo seus braços me envolvendo, e não tive medo de voltar a dormir.

    Quando o dia amanheceu, ele ainda estava ali. Sorri, esfregando meus olhos enquanto ele abria os dele, retribuindo o sorriso e apoiando seu rosto em um braço enquanto me olhava. Afasto os fios que insistiam em voltar para seu rosto, apreciando o precioso momento em que estávamos apenas nós dois juntos.

— Está melhor? — Ele perguntou.

— Estou. — Respondi, abrindo um sorriso. — E também me acostumando com a ideia de acordar sempre com você ao meu lado em breve. —

    O comentário o fez rir, e eu o acompanhei, recebendo um abraço apertado dele, e um beijo no ombro antes dele descansar a cabeça ali. Acariciei suas costas, desejando que não tivéssemos que sair dali, mesmo sabendo o que o dia nos aguardava. Ao menos quando tudo isso acabasse, estaríamos finalmente livres.

— Eu vou resolver isso ainda hoje, Aurora. — Cassius disse, e eu sabia que ele falava serio. — E então nossa única preocupação será com nosso casamento. —

    Abri um sorriso ao mesmo tempo que ele. Estava feliz com a nossa união, eu queria me casar com ele, eu queria que nossa vida fosse isso, queria poder acordar ao lado dele, nos braços dele. Nunca imaginei que fosse querer da forma que queria com Cassius, e sabia que ele queria o mesmo. Ele beijou meu rosto e então se sentou, me olhando sobre o ombro.

— Melhor eu ir antes que Vaia me encontre aqui. — Ele disse, e nós dois rimos. Sabíamos que Vaia gostava de preservar suas tradições, e ela era quase da família para Cassius, o que lhe dava autoridade o suficiente para brigar com o pretor.

— Melhor ir mesmo, ou ela irá brigar conosco. — Rio, me sentando e selando nossos lábios por um instante antes que ele se levantasse e saísse, me deixando sozinha novamente.

    Me levantei pouco tempo depois, e depois de comer fui ajudar Cassius no tablinium. Ele analisava diversos documentos, a maioria referentes ao seu posto, enquanto eu escrevia para ele uma carta onde ele assumia que iria apoiar Claudio e não se posicionar mais contra o imperador. Era até mais simples que eu o fizesse, uma vez que ele não concordava com nenhuma linha do que estava escrito ali, mas era a decisão mais segura a se tomar.

— Está feito. — Disse, estendendo o papiro para ele.

    Ele me olhou, e em seguida correu os olhos pelo que eu havia escrito. Eu tentava ignorar meus sentimentos, seguindo os protocolos que estava acostumada por trabalhar com Lucio e Caligula. Cassius soltou uma risada amarga, balançando a cabeça e pegando a caneta para assinar quando Vaia entrou pela porta com os olhos arregalados, fazendo com que nós dois tivéssemos um sobressalto.

— Há homens lá fora, Cassius. E não são os seus homens. — Ela disse, fazendo com que ele se levantasse imediatamente.

— Soldados? — Ele perguntou, recebendo um assentir da parte dela. Olhei para ele, sentindo como se tivessem cravado um punhal em meu peito. — Leve Aurora para longe daqui, Vaia. Eles podem querer entrar, e eu não quero que a encontrem. —

— Cassius, o que vai fazer? — Perguntei, segurando sua mão. Eu não queria deixá-lo.

— Vou resolver isso, e então você poderá voltar. Só quero garantir que não lhe encontrem. — Ele disse, me abraçando pela cintura.

— E se for uma armadilha? E se eles quiserem fazer algo contra você? — Perguntei, espalmando minhas mãos em seu peito o impedindo de sair.

— Eles não tem nada contra mim. — Ele disse, depositando um beijo carinhoso em meus lábios. — Siga com Vaia, logo estaremos os dois em casa, sim? —

— Tome cuidado, Cassius. Eu amo você. — Sussurro, o fazendo abrir um sorriso.

— Eu também amo você, agora vá. —

    Vaia me puxou para fora do cômodo, e então eu subi o mais rápido possível com ela, pegando a adaga de Bayek onde sempre deixei e a prendendo na minha túnica, em seguida deixando a cobra subir em meus ombros antes de acompanhar a mulher até a despensa da casa, onde ela empurrou a pesada mesa onde ela fazia as massas de pão e puxou as tábuas de madeira revelando uma saída secreta.

    Desci na frente, para que ela pudesse fechar o alçapão. Hannele ficaria para nos avisar quando poderíamos retornar. E enquanto comecei a acompanhar a mulher pude ouvir a mais nova empurrar a mesa de volta para o lugar. Sentia os temores da noite anterior voltarem a me assombrar. Tinha medo do que poderia acontecer com ele, do que fariam. Afinal, quem eram aqueles homens e o que queriam com ele? Suspirei, me lembrando da carta que ele estava prestes a assinar, mas não o fez por causa da interrupção.

— Você disse que não eram homens de Cassius, Vaia. O que vão fazer com ele? — Perguntei, segurando a mão da mulher.

— Ele é o pretor de Roma, minha querida. O que poderiam fazer com Cassius? Ele provavelmente só está sendo convocado para algum lugar... O que me preocupa é que seja quem for que esteja o chamando, não é um de seus aliados. — Ela disse, se virando e abrindo um portão de ferro á sua esquerda.

    Encarei o caminho a nossa frente antes de me virar junto com ela, me questionando quantas saídas secretas haviam na casa de Cassius, e para onde todas iam. Tentava evitar me recordar do pesadelo, mas a fala de Vaia me fez voltar a me recordar dos mascarados. E de Protogeles. Era dele que eu tinha medo, medo dele fazer algo contra Cassius, ardiloso como era.

— Eram muitos homens, Vaia? — Perguntei, minha voz ecoando tremula pelos corredores.

— Não, era o normal. Só não eram conhecidos. — Ela respondeu, parando de andar.

— Isso já aconteceu antes? — Questionei, a fazendo se virar para mim.

— Já, e Cassius voltou bem. Não se preocupe, não tem o que temer. — Ela respondeu, afagando meu ombro antes de destrancar outra porta, erguendo um alçapão a seguir.

    Emergimos em um estábulo muito bem cuidado, mas que era bastante diferente do de Cassius. Vaia fechou a saída e abriu a porta do lugar, exibindo uma enorme propriedade. Reconheci o bosque às minhas costas, o que significava que ainda estávamos na vila, mas na casa de outra pessoa.

— Onde estamos, Vaia? — Perguntei, enquanto eu a seguia até a porta dos fundos.

— Na casa da única pessoa a quem Cassius confiaria você. — Ela me olhou por cima do ombro. — Estamos na propriedade de Zeyad. —

    Ela bateu na porta, e uma senhora recebeu Vaia com um abraço, em seguida me fitando e trocando um olhar preocupado com a mulher que me acompanhava antes de nos mandar entrar. Ela nos ofereceu água, que educadamente recusamos. Um menino entrou correndo na cozinha, os cabelos presos em curtas tranças que balançavam conforme ele se movia. Ele então parou ao nos ver ali, me fitando com seus olhos esverdeados que de certa forma me recordavam de Zeyad.

— Vá chamar seu baba¹. — A mulher disse, e sem fazer nenhum questionamento, o garoto desapareceu de novo.

    Ele não retornou, mas em pouco tempo Zeyad surgiu na porta, seguindo diretamente até nós com um olhar aflito. A mulher rapidamente nos deixou a sós, Vaia o encarando e então suspirando, enquanto ele apoiava uma mão na mesa. Eu mal sentia meu corpo, minha mente martelava as lembranças do pesadelo, e uma sensação ruim dominava meu corpo. Queria ter ficado em casa, ficado com Cassius, como era o meu dever.

    Vaia explicava a situação para Zeyad, que tinha o cenho franzido em um misto de confusão e raiva. Eu não conseguia entender o que eles diziam, tudo que eu conseguia pensar era em Cassius, se ele estava seguro. O aperto em meu peito não me deixou em momento nenhum, e tudo que eu sentia naquele momento era medo. Eu não podia perdê-lo.

— Eu vou mandar um de meus homens descobrir o que está acontecendo. — Zeyad disse, me fazendo despertar dos meus pensamentos. — Por favor, entrem. Você está bem, Aurora? —

— Ficarei quando souber o que está acontecendo, Zeyad. — Respondi.

    Ele assentiu, compreensivo, e me guiou até o atrium da casa dele, que era diferente de tudo que eu já tinha visto, com cores e janelas muito mais espaçosas, que ostentavam desenhos assim como as tapeçarias marcadas por traços muito diferentes das que Cassius possuía, ou até mesmo o palácio. Havia um objeto que eu reconhecia de ter visto no palácio, mas que eu não fazia ideia de sua função disposto próximo a algumas almofadas e um dos sofás do cômodo. Ele me indicou um dos assentos, e se sentou de frente para mim enquanto Vaia se juntava a mim.

— Fique tranquila, eu não sei o que querem com Cassius, mas não é a primeira vez que ele é convocado dessa maneira. Meus homens logo saberão do que se trata. — Ele disse, e eu assenti, não me sentindo nem um pouco aliviada. — Descanse, ele provavelmente a enviou aqui para que você não fosse exposta, principalmente à estranhos. Basira, prepare um shay² para ela, sim? —

    A mulher que eu nem reparei que estava ali, se retirou assentindo. Suspirei, acariciando as escamas de Bayek que resolvera descer dos meus ombros e se enroscar no meu colo. Zeyad fitou o animal com curiosidade, mas desviando o olhar em seguida para algum ponto atrás de mim, abrindo um sorriso divertido e carinhoso.

— Jamil, venha cumprimentar nossas duyuf ³. — Ele disse, e logo o mesmo garotinho que vi lá atrás surgiu, nos cumprimentando e indo para o lado de Zeyad.

— Esse é meu abn⁴. Cassius é o padrinho dele. — O homem sorriu, e eu retribui o gesto, notando agora mais semelhanças entre os dois.

    Ele então disse algo para o garoto, que desapareceu quase no mesmo momento em que a mulher retornou com diversos copos com um chá que eu não consegui identificar. Vaia me estendeu um copo, e eu agradeci, mesmo que sem vontade de beber qualquer coisa. O tempo não parecia passar, e ficar ali sem respostas era agonizante.

— Essa cobra. — Zeyad apontou para Bayek. — De onde ela vem? —

— Ah, ela é minha. Ela surgiu na... Carcere⁵. — Suspirei, dando de ombros. — E reapareceu nos túneis, e desde então ela me acompanha. —

    Zeyad pressionou os próprios lábios, estreitando os olhos para o animal e então virou o resto do liquido que ainda tinha em seu copo antes de se inclinar para observar Bayek, que se inclinou de volta na direção do homem.

— Posso? — Ele perguntou, estendendo o braço.

— Se ele quiser ir... — Respondi, observando a cobra se enroscar no braço de Zeyad, que tocou em suas escamas com um olhar avaliador.

— Me diga, Aurora, você conheceu ou conversou com alguém naquela prisão? — Ele perguntou, sem levantar os olhos, que ainda estavam no animal. — Me perdoe, eu juro que não menciono nada disso ao Cassius. —

    Ele sorriu, e eu senti um arrepio percorrer meu corpo. Fitei o animal, me recordando de Bayek, do homem que em muitos aspectos foi o responsável por eu não perder a sanidade por completo naquele lugar horrendo. Juntei minhas mãos em meu colo, apertando minha saia.

— Por que a pergunta? — Ergo uma sobrancelha, o que apenas o fez alargar o sorriso.

— Só um palpite. E então? — Ele retribuiu o gesto, e eu assenti. — Por acaso, esse alguém era do Egito, ou descendente? Você saberia me dizer? —

— Sim, ele era. — Respondi, intrigada. Zeyad balançou a cabeça.

— Por acaso, ele te deu alguma coisa? Uma... Flecha ou faca? — Ergui as sobrancelhas, intrigada e surpresa com a forma direta que ele fazia as perguntas.

— Sim, ele me deu uma adaga. — A resposta o fez rir, e então encarar novamente o animal.

— Olá, seu desgraçado. — Zeyad então voltou a olhar para mim, ainda com um largo sorriso. — Você está me confirmando uma das mais antigas bênçãos que se escuta na infância. Eu conto sobre os heróis que se transformam, os tocados pelos deuses para Jamil dormir! Eu não acredito que isso é real. —

— Eu não estou entendendo, Zeyad. — Respondi, franzindo o cenho.

— Certo... O que eu posso resumidamente te explicar é que você deve levar esse... Animal e a adaga até o templo dourado. Você não é a única pessoa que teve algum tipo de ligação com um deus. —

    Voltei a encarar o animal, incrédula. Aquilo significava que o espirito do homem estava preso ali? Antes que eu pudesse perguntar, um homem entrou na sala e disse algo para Zeyad em uma língua que eu não compreendia, mas que tive certeza de que a resposta do amigo de Cassius havia sido um xingamento. Ele deixou o animal sobre uma das almofadas e se levantou, passando a mão nos cabelos e me olhando.

— Cassius foi convocado para depor sobre o assassinato de Caligula. — Ele disse.

    Me levantei logo em seguida, sentindo meu coração afundar ainda mais. Vaia também se levantou, e enquanto Zeyad dizia que iria para lá encontrá-lo, a porta se abriu e Hannele entrou, com o rosto vermelho e molhado por lágrimas, fazendo meu sangue gelar.

— Aqueles homens... Eles deram voz de prisão ao Cassius. O pretor está preso. — Ela soluçou, e eu jurei ter ouvido o grasnar de um corvo enquanto eu sentia tudo ao meu redor desmoronar.

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Glossário
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✵ 1 - Baba - pai (árabe)

✵ 2 - Shay - chá (árabe)

✵ 3 - Duyuf - Convidadas (árabe)

✵ 4 - Abn - filho (árabe)

✵ 5 - Carcere - prisão (latim)

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