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XXXII - τακέντα

Depois daquela reunião, as coisas mudaram em casa. Agora Cassius compartilhava comigo os recados que recebia e me explicava as situações que eu não estava a par. Com a agitação sobre a sucessão do império, passávamos mais tempo juntos no tablinium do que em qualquer outro lugar, e como prometido, Zeyad veio se reunir com Cassius diversas vezes, nem sempre na minha presença.

    Cassius andava muito mais tenso ultimamente, principalmente pelas cobranças vindas de todos os lados para que ele estabelecesse uma posição que ele não queria. Apoiei meu quadril contra a mesa onde ele trabalhava, o observando. Ele tinha a cabeça enterrada entre as mãos, o que não abafou o suspiro que ele deu. Fitei o papel aberto, mais uma carta de apelo para que ele jurasse a favor de Claudio. Acariciei seu ombro, o fazendo erguer o rosto novamente para encarar um ponto qualquer.

— Eu não quero cometer o mesmo erro pela terceira maldita vez, Aurora. Primeiro foi Tiberio, depois Caligula... — Ele balançou a cabeça. — Eu estou cansado de colocar minhas armas no lado do inimigo. Claudio não será diferente deles. —

— É verdade o que disseram? Sobre você e Caligula? — Perguntei, mesmo suspeitando da resposta.

— Sim. Tiberio e Caligula... — Ele balançou a cabeça, não precisava continuar para que eu entendesse que não deveria ser diferente de Caligula e Drusilla. — Eles estavam juntos, e Caligula aproveitou enquanto o imperador dormia para o sufocar. Era o meu turno, e eu sabia o que ele estava fazendo, e deixei mesmo assim. Se eu pudesse apagar uma parte da minha vida, seria essa. Eu acreditei naquele... Jovem rapaz abusado pelo próprio tio, tio esse que matou o pai dele. Eu acreditei que Caligula fosse diferente! Eu não pensei que estaria conduzindo outro monstro ao poder. —

    Assenti, percebendo a culpa que ele carregava em sua voz, mesmo que ele não fosse de fato culpado pelo que aconteceu. Ele não tinha como prever naquele tempo, e grandes decisões não podem ser fardo de um único homem. Novamente aquela decisão dependia dele, ao mesmo tempo em que ele não podia realmente escolher o que fazer, não sem apoio daquelas pessoas.

— Eu não quero jurar minha fidelidade a outro homem como eles. Não é só política, como eu posso atrelar minha vida a esses homens? Eu já quebrei dois grandes juramentos, não quero fazer um terceiro que eu sei que terei que quebrar também. — Ele diz, remexendo no próprio colar.

— Você os quebrou para preservar um ainda maior. — Respondi, apoiando minha mão sobre a sua. — Você jurou proteger e defender Roma, mesmo que isso implicasse em acabar com quem a representa. —

    Ele me fitou por um longo instante, em seguida se levantando e afastando aqueles pergaminhos. O ajudei a enrolá-los, até ele segurar mais uma vez na minha mão, em seguida emoldurando meu rosto com suas mãos, voltando a me observar.

— Você derrubou Caligula, uma grega, ateniense. Isso deveria ser um sinal, não? Está na hora do império voltar a ser governado diretamente pelo senado. — Ele fala, e eu balanço a cabeça me afastando.

— Não sou ateniense, Cassius. Eles me expulsaram de lá, eu perdi o direito de me chamar assim e não quero reivindica-lo. Aquele lugar só me trouxe sofrimento. Eu fui presa lá, e me libertei aqui, em Roma, eu sou legalmente uma cidadã romana. —Respondi, incomodada. Não queria ser atribuída àquele lugar.

— Você está certa, desculpe. — Ele disse. — Mas mesmo assim, não me parece que os deuses desejam a volta de um César. —

— Não posso falar por eles, apenas por mim. E eu não tiro sua razão, querem que você faça um juramento que vai muito além de uma formalidade, mas também temo o que pode acontecer se eles continuarem desejando eleger Claudio, mesmo sem seu apoio. —

— Isso não irá acontecer, não com mais da metade da guarda sendo completamente leal à minha decisão. Eles precisam de mim, e eu vou convencê-los de que estou certo, é meu dever. — Cassius respondeu, abraçando minha cintura. — Eu não vou permitir que mais um desses desgraçados envenene o império. —

    Assenti, retribuindo o abraço e repousando minha testa sobre a dele. Não tocamos no assunto do assassinato, acredito que nenhum de nós queria realmente falar sobre isso, mas era outro problema que estava sobre os ombros de Cassius. Todos os relatos apontam ele como o primeiro homem a encontrar o imperador morto, logo, ele deveria ter visto o assassino. Eu sabia que ele não iria me entregar, e era justamente o que me preocupava; quem iria assumir um crime que não cometeu?

— Vai haver outra reunião hoje. — Ele disse, me soltando. — Precisamos ir. —

    Suspirei e meneei a cabeça, saindo da sala e subindo apenas para apanhar a adaga de Bayek, que voltei a prender às costas da túnica. Cassius não confiava plenamente naquelas pessoas e tampouco eu, e se há algo que eu aprendi logo sobre a política de Roma, é que todo cuidado é pouco.

    A biga já estava pronta, e logo partimos para a mesma região de antes. Os céus estavam cinzas, e tudo indicava que em pouco tempo iria começar a chover. Apertei com mais firmeza o apoio da carruagem, pensando no nosso destino final, aquele mesmo lugar onde Cassius me enviou quando eu fugi do Coliseu. Pelo humor que ele havia ficado no final daquela reunião, eu não quis tocar no assunto, e desde então eu não tive como mencioná-lo.

— Você me mandou para aquele lugar no dia em que tudo aconteceu. — Comentei, sem desviar o olhar do caminho em que seguíamos.

— Era a única saída que eu poderia lhe oferecer onde eu teria certeza de que estaria segura. Os guardas não lhe alcançariam ali e eu acredito que não lhe deixariam sem amparo, mesmo sem saber quem é você. A maioria das pessoas ali são boas, Aurora, e estão querendo fazer o melhor, mesmo que não concordem comigo para isso. — Ele respondeu.

    Pouco tempo depois a biga foi deixada no mesmo lugar de outrora, e caminhamos juntos até a mesma taverna, nos misturando à multidão de comerciantes, clientes e escravos para isso. Ao entrarmos, encontramos com Zeyad, que entregava uma sacola de moedas para o dono do lugar. Trocamos cumprimentos e seguimos juntos para os túneis inferiores.

— Você sabe do que essa reunião se trata, não sabe? — O homem perguntou à Cassius, que bufou em resposta. — Eles querem que você ceda, pelo menos em um dos aspectos. Ou você se junta a Claudio, ou dê a ele uma figura para fazer justiça junto ao senado. —

— O que faria o povo ficar ao lado dele, me forçando a me juntar a ele da mesma maneira. — Cassius murmurou, seguido de um xingamento.

— E o que pretende fazer hoje? — Zeyad questionou, sempre olhando se ninguém mais seguia pelo mesmo caminho que nós.

— Não vou dar a eles o que querem, Zeyad. Eu vou provar que eles estarão cometendo um erro ao eleger Claudio. — Cassius respondeu.

    O outro assentiu, e o restante do percurso foi feito em silêncio. Emergimos no mesmo beco de antes, e seguimos juntos até o prédio de aparência gasta. Zeyad me fitou por um momento, balançando a cabeça e rindo. Ergui uma sobrancelha, e ele estendeu os braços.

— Você é uma mulher esperta. — Ele então se voltou para Cassius. —magis pulchra mulier, eo magis est intelligentes¹... E perigosa. —

    Cassius apenas balançou a cabeça, esboçando um pequeno sorriso que me fez estreitar os olhos. Ele me olhou de volta, tocando em minhas costas, no cabo da adaga, e então indicando com a cabeça para o amigo. Zeyad tinha notado. Suspiro, seguindo com ele de volta para a sala onde a reunião iria começar, encontrando em maioria rostos familiares, mas alguns novos também.

    Como Zeyad tinha afirmado, a reunião foi novamente voltada para Cassius. Ele não respondia praticamente nada sobre o assassinato, apenas dava respostas vagas que só frustavam mais aqueles que queriam encontrar um assassino para atirar aos leões. Não levou muito tempo para os homens desistirem de seguir aquele caminho.

    Lá fora, chovia. Era possível ouvir o barulho dos pingos de chuva batendo contra as janelas e as pedras das ruas sobre as vozes dos homens, que retornaram ao assunto do novo imperador. Eu e Zeyad trocamos um breve olhar, sabíamos que Cassius seria irredutível quanto a isso também. Ele não iria se aliar junto a Claudio, e era possível notar a tensão se formando no ambiente conforme os homens falavam.

— Cassius, se não tem um assassino a nos entregar, então pelo menos assegure a Claudio que ele pode assumir o trono! Ele é o herdeiro legitimo, é seu dever como pretor jurar fidelidade ao imperador! — O mesmo politico da outra reunião insistiu, tendo o apoio de boa parte dos que o cercavam na mesa.

— Meu dever como pretor é ser leal ao império e ao estandarte que jurei defender, inclusive dessa corja que não está preocupada com Roma, apenas em sugar suas riquezas e conquistar poder. Claudio só não assumiu pois tem medo de não chegar a sequer subir ao trono antes de ser morto. Ele nem sequer está aqui na capital, vocês querem confiar todo esse poder a um homem que não tem nem coragem de exibir o próprio rosto e que se esconde por medo de ser o próximo a morrer? Roma não precisa de covardes, Cornelius. — Cassius rebateu.

— Ele apenas está agindo com cautela... — Uma mulher interrompeu.

— Não, ele está querendo que tudo seja feito para ele e por ele, sem ele precisar mover um dedo. Aquele covarde só quer ter certeza da própria influencia para então se instalar no poder e repetir os abusos do irmão e do sobrinho! — Cassius retrucou, erguendo o tom de voz. Zeyad apoiou uma mão na mesa, o olhando, e ele soltou o ar.

    A discussão prosseguiu, as pessoas à mesa cada vez mais divididas, algumas prontamente apoiando Cassius. O vento lá fora rugia, me deixando tensa. Apertei minhas mãos contra as saias da túnica, em seguida sentindo a mão do meu noivo sobre a minha. Ele ainda estava focado na discussão, mas ainda assim seus dedos se entrelaçaram nos meus ao romper do primeiro trovão. Sabia que ele não olharia, mas o fitei com gratidão naquele momento.

— Claudio é o herdeiro legitimo! O que você espera, Cassius, que coloquemos Agrippina, a irmã de Caligula no poder? — Cornelius vociferou, fazendo com que eu me sobressaltasse, e outras pessoas também.

— Não precisamos deles! Colocamos o senado no poder, sem a presença de um imperador! — Cassius respondeu, mais pessoas concordando com ele, e outras discordando, escandalizadas.

— Você acha que o povo permitiria isso? Eles irão se revoltar se isso acontecer, eles se sentem representados pela figura do líder! — Outro homem disse, e daquela vez Zeyad interveio, erguendo uma mão.

— Há uma lei que permite que o povo eleja um representante deles para o senado. Certamente, retornar com isso os agradaria muito mais do que uma figura que nunca fez nada por eles. — Ele disse, mantendo seu tom baixo de forma que todos se calaram para ouvi-lo.

— Isso não é verdade... — A mesma mulher de antes começou, fazendo Cassius rir.

— E o que Caligula deu ao povo, além de fome, insegurança e mais miséria? Entretenimento com seus escândalos e ultrajes? E as inúmeras vezes que o povo se revoltou com ele ao ofender aos deuses? — Cassius falou, cruzando os braços.

    Uma nova discussão se inflamou. Parte das pessoas ali, principalmente os soldados, estavam à favor de Cassius, mas a maioria política se juntava a Cornelius que insistia em levar Claudio ao poder, afirmando que aquilo era o correto e o melhor para Roma, mesmo que poucos confiassem realmente no homem que estaria sendo posto no poder, inclusive entre os que concordavam com ele.

— Está parecendo que vocês querem o imperador justamente para isso, para que ele cometa os mesmos absurdos que os antecessores dele para ter a atenção voltada para longe do senado. Vocês parecem estar temendo sim a revolta do povo, mas não apenas pela ausência de um parasita no topo de Roma. — Cassius disse, balançando a cabeça.

    Cornelius arregalou os olhos, e Zeyad olhou para Cassius com um olhar reprovador. A discussão aumentou, mas Cassius não disse mais nada. Zeyad tentou reparar o que Cassius havia dito, ofendendo boa parte dos aliados ali. Além da pressão, agora havia uma parcela irritada com o pretor. A reunião foi encerrada por um comerciante, e só então eu me dei conta de que ainda respirava.

    Saímos do prédio, sendo recebidos pela intensa chuva. Zeyad cobriu o rosto com o capuz que havia em seu manto, enquanto Cassius retirava o próprio para colocar sobre mim. Voltamos para os túneis, nos afastando da maioria das pessoas que se espalhavam e seguiam por caminhos diferentes.

— Você não devia ter dito aquilo. Eu achei que você queria apoio, e não conflitos! — Zeyad repreendeu Cassius. — Você está sempre buscando problemas, não é? Tudo bem isso, mas não o que você fez ali! Está enlouquecendo? —

    Ele gesticulou para mim, e eu desviei o olhar. Ele estava certo, Cassius estar me encobrindo já era um problema grande demais, ele não deveria se envolver com mais nenhum. Sabia suas intenções, e elas eram as melhores, mas ele não podia perder apoio naquele momento, não com essa investigação em curso.

— Eu não posso fazer o que eles querem, Zeyad! Eu sei que medi mal as palavras, mas é o que parece! Se colocarmos Claudio no poder, tudo será anulado! Tudo que ela fez, será anulado! — Ele disse, tentando se explicar e praticamente sussurrando a última parte.

    O homem continuou a reprimi-lo, sem levantar a voz, mas apontando todos os motivos para que Cassius não colocasse tudo que tinha ali a perder. Fechei os olhos por uns segundos, Zeyad estava certo em tudo que dizia, e por mais que Cassius tentasse se justificar, ele não podia se arriscar assim. Segurei sua mão, a apertando e o encarando.

— Seu amigo está certo. O que mais importa no momento é que a gente fique seguro. — Disse, e ele me encarou por um longo tempo antes de assentir.

— Eu falei. — Zeyad sorriu. — Você escolheu uma mulher inteligente, meu amigo. Ouça o que ela tem a dizer. —

    O resto do caminho foi sem conversas, a agua da chuva era escoada para esses túneis, e o barulho dos nossos passos eram ecoados por conta das poças. Tentei não me abalar com o barulho das goteiras, tentando ao máximo não me recordar da prisão. Cassius ainda segurava a minha mão, a acariciando sutilmente.

    Nos despedimos de Zeyad na taverna e voltamos para casa. Cassius rapidamente subiu para trocar suas roupas que estavam mais molhadas que as minhas. Caminhei até o peristylum², ainda nervosa por conta da reunião e me ajoelhei diante do altar de ares, murmurando a prece que conhecia, pensando em Cassius, em nós. Quando a encerro, ouço o barulho do bater de asas, e sinto meu sangue gelar ao ouvir o grasnido familiar do corvo atrás de mim. Me viro para encarar o animal, meu coração martelando no peito. Um pressentimento ruim me apossou enquanto eu fitava aqueles olhos vermelhos. O animal grasnou mais uma vez, e voou para dentro da tempestade novamente.

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Glossário
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✵ 1 - Magis pulchra mulier, eo magis est intelligentes - Proverbio romano. "Quanto mais bela a mulher, mais inteligente ela é." (Latim)

✵ 2 - Peristylum - Parte aberta da casa romana, uma espécie de jardim de inverno que se situava no meio da residência. (Latim)

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