XXIV - ρυθμίσεις
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Aviso: Gatilho!
Violência explícita
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Uma gargalhada alta e grave ressoa um pouco atrás de mim, e me viro para encarar o homem que estava na arena, junto a mim. Sua túnica havia sido destruída na parte superior, deixando seu tronco ensanguentado exposto. Ele era musculoso e decididamente forte, e estava com ferimentos em seu flanco esquerdo, que também era coberto de tatuagens que se assemelhavam a um emaranhado de serpentes negras. Sangue escorria por seu peitoral, se misturando a pelagem negra do seu peito, mas o sangue não aparentava ser dele. Pelo menos não apenas dele.
Corri meus olhos por seus braços, que não aparentavam estar feridos. O que significava que ele não teria problemas em manusear a espada que girava em uma das mãos, coberta de sangue, enquanto me olhava de volta. Ele também não aparentava estar ferido nas pernas. Quanto a espada, certamente era mais comprida que a minha e que a dos soldados, e aparentemente mais pesada também.
- Mas o que é isso? Querem acabar logo com as batalhas? - Ele me olha de cima a baixo, e balança a cabeça, voltando a rir. - Ela duraria mais na minha cama do que nesse ginásio. -
Trinco meus dentes, apertando com mais firmeza o cabo da espada que parecia aquecer quando uma onda de raiva me atravessa. Encarei o gladiador de volta, me forçando a engolir o palavrão que sobe a minha garganta quando ele abre um largo sorriso sobre sua comprida e espessa barba castanha como seus cabelos cortados acima da orelha. Ele era branco, seu rosto estava queimado pela exposição ao sol a tarde toda. Seu nariz largo mas reto era a única coisa que se podia reparar. A barba cobria-lhe a boca - lamentei mentalmente que não o impedisse de falar também - E seus olhos eram pequenos e escuros, pouco chamavam a atenção.
Sua testa, assim como o canto dos seus olhos, denunciavam sua idade. Era bem mais velho que eu, o que poderia me dar alguma vantagem, não fosse por tudo que estava contra mim: eu era mais fraca, completamente inexperiente e tinha uma perna atrofiada. Engoli em seco, mas permaneci segurando firmemente a espada. Não via nenhuma possibilidade de sobreviver a uma luta contra um oponente desses, mas o jeito que ele me olhava, achando graça, me fez decidir que pelo menos feri-lo eu iria. E daria tudo de mim para isso.
Antes que ele possa dizer mais alguma coisa para mim, a multidão começa a se agitar, muitos levantaram, gritando coisas que eu não entendia muito bem quando me virei na direção em que eles também olhavam, próximo aos músicos, um dos homens mascarados ergue um pergaminho, e a multidão faz silencio enquanto ele desenrola o mesmo.
- A condenada de hoje é uma escrava, denominada Aurora. Possui aproximados vinte e um ciclos e era propriedade do Imperador Caio Júlio Cesar Germânico. Foi condenada a morte em batalha após tentar seduzir e atacar vossa majestade covardemente. Graças aos guardas pretorianos, ela foi capturada e presa para que hoje e aqui, a justiça seja feita. - Ele diz, lendo as coisas escritas sobre mim ali.
Senti um aperto no peito, o que me fez rir, desgostosa. Ironicamente, a situação me lembrava o dia em que meu pai me arrastou para a Ágora de Atenas para ser julgada por ter matado Andrik. Os gritos da multidão direcionados a mim, os xingamentos, estar cercada novamente por homens, não apenas desta vez, mas em esmagadora maioria, só me fez lembrar da minha condenação. Olhei ao redor, buscando algum rosto familiar na arquibancada. Como meu pai, ou o irmão de Andrik. Imagino a satisfação que ele teria ao saber onde ele me fez parar.
- O fim de todos que atentarem algo contra mim será a morte. - Caligula diz, me fazendo me virar para ele. A multidão faz silêncio. Ele sorri. - Por que eu sou o amanhecer do mundo e a última estrela que cai a noite. Assim como tomei a forma de Caio Júlio Cesar Germânico eu posso tomar a forma de qualquer um. Sou todos os homens e não sou nenhum. Portanto, sou um deus.¹ Ninguém pode me derrotar, pois eu sou imortal, imbatível. E quem me desafiar conhecerá a minha cólera e justiça. -
O encarei, em um misto de incredulidade, ultraje e ódio. A espada definitivamente se tornou quente, como se o ferro tivesse sido colocado sobre uma pira. Algo em meu íntimo me dizia que os deuses também ouviram o absurdo proferido pelo louco imperador. E algo também me dava a certeza de que Ares não estava nem um pouco satisfeito com isso. Estava na hora do "deus" Caligula ter sua queda.
A multidão parecia em choque e com medo do que fazer. Todos ali deveriam no fundo saber o que eles representavam para o homem coroado com louros. Me lembrei de um dia em que estava servindo-o, e um dos senadores estava discutindo com ele sobre a fome que assolava a cidade, enquanto o outro o ignorava. Com um dar de ombros, ele dispensou o homem com as seguintes palavras: "Roma é uma cidade de pescoços à espera que eu os mande cortar."² Ele não precisava falar aquilo para seus cidadãos para que eles soubessem disso tão bem quanto eu.
Os nobres então, familiares de Caligula, começaram a se levantar e o aplaudir antes de fazer uma reverencia. As pessoas prontamente os imitam, assim como os músicos e o narrador. Até mesmo alguns dos novos senadores, foram aos poucos fazendo o mesmo, até que todos o fazem. Reparei que um dos soldados de Caligula, seu chefe da guarda pessoal, não o faz. Ao contrario, ele mantém sua postura rígida e leva uma mão a alguma coisa que possuía no peito. Algum pingente, talvez.
Volto a minha atenção a Caligula, que sorria e bebia de uma taça de vinho sentado de volta ao seu trono, agindo como se estivesse em uma das doze cadeiras do Monte Olimpo, como se fosse o próprio Zeus, e isso faz meu sangue ferver, como se a mesma coisa que fazia a espada estar quente daquela maneira estivesse também consumindo meu corpo. Ele estava com uma postura completamente imponente, o que me irritou ainda mais. Me fez ansiar por derrubá-lo, arrancá-lo daquele maldito trono e cravar essa espada nele.
A arrogância do imperador fez os deuses se voltarem contra ele, e maldito seja ele e suas palavras. Aos poucos, as pessoas voltam a falar, voltam a virar sua atenção para nós, parados na arena, esperando. As vozes então começam a clamar pela batalha, a gritar a favor do homem que estava contra mim, que agitava a multidão fazendo gestos com as mãos, erguendo sua espada como se fosse golpear algo em seus pés. Ele então volta a se virar para mim, segurando sua espada de forma despreocupada enquanto exibia seus dentes não tão brancos em um sorriso que se destacava na barba escura.
- Bem diz o ditado: as belas mulheres são sempre perversas.³ - Ele ri. - E covardes. E uma espada não é uma arma para covardes. Você sequer sabe segurar isso. -
Ele estava me fazendo querer matá-lo, mas infelizmente querer não bastava, ainda mais em uma situação dessas. Mas isso também não significava que eu não poderia descontar toda a minha raiva em cima dele. Cuspo um xingamento em sua direção, o fazendo rir mais ainda, enquanto dava um passo na minha direção.
- Você sabe que não irá durar muito tempo. Essas serão as suas últimas palavras? - Ele pergunta.
- E você fala demais. Com medo de serem suas últimas palavras? - Retruco, e percebo seu punho se cerrar com força, mas ele abre um sorriso ao invés de demonstrar raiva.
- Não será uma escrava que irá me matar. - Ele afirma. - Não tem como você usar aqui os truques que usou no imperador. -
- Veremos. - Respondo, e um sorriso se faz no canto da minha boca ao pensar em como Bayek reagiria se pudesse me ouvir.
Ele abre a boca para me responder, mas é silenciado pelos tambores que começam a rufar preenchendo a arena. O narrador volta a se aproximar, e eu volto a afirmar o aperto no cabo da espada. Podia sentir a adaga de Bayek pressionada nas minhas costas. O sol se fez ainda mais presente, e o ar pareceu se tornar mais denso. Podia sentir os olhos de todos voltados para mim. Podia sentir os olhos das pessoas, dos músicos, dos senadores, dos nobres, de Protogeles, de Caligula. Todos apostando contra mim. Juro que podia também sentir, de alguma forma, o olhar de Ares em meio a todos, cravados em mim. Aqueles olhos que se assemelhavam a boca de um vulcão, e eu me senti ardendo naquele instante.
- E que a luta comece! - O narrador vocifera.
Me viro rapidamente, ficando de frente para o gladiador, que girava a sua espada com os olhos fixos em mim. Aperto o cabo da minha com mais firmeza, inspirando profundamente e sentindo minhas costas enrijecerem. Os tambores tomaram um ritmo baixo e rápido, que meu coração pareceu acompanhar. O homem começou a andar na minha direção, e eu recuo instintivamente, criando uma espécie de dança circular. Ele para de fazer a espada girar em sua mão e a firma em sua destra na altura de seu flanco, mantendo o outro braço livre e um pouco a frente do corpo.
Paro de andar e ele também. Recuo com a minha perna ferida, a firmando no chão enquanto dobrava a outra a minha frente, pronta para desviar caso ele viesse para cima de mim. A espada se acomoda com o pomo apoiado no meu pulso direito, e eu a seguro com mais firmeza também. Mantenho a outra mão ao lado do meu corpo, caso precisasse de um apoio se ele tentasse me derrubar. E então eu esperei.
Eu não sabia se a multidão havia se aquietado ou se o sangue que havia fechado meus ouvidos, mas a única coisa que eu conseguia ouvir era o arrastar da areia quando o pé dele se moveu e ele avançou correndo como um lobo para cima de mim, agora segurando a espada com ambas as mãos, os cotovelos dobrados e pronto para me atravessar com sua lâmina ensanguentada.
Sinto meu estômago se contorcer como se já esperando o golpe, mas por instinto me movo para o lado, e meu braço se ergue, como se a espada ordenasse que fosse empunhada, e então ela se choca com o aço da outra, provocando um ruído agudo que atravessa meus ouvidos enquanto meu pulso se movia seguindo a vontade da arma, forçando a lâmina do outro a se erguer em sua direção conforme minha espada ficava na vertical, apontada para baixo. Ele tenta puxar a lâmina dele de volta, e eu preciso usar minhas duas mãos para impedir que ele rompa o bloqueio. Sinto meus pés se arrastarem, conforme ele fazia força. Eu não iria aguentar ficar naquela posição para sempre.
Então eu desvio o olhar rapidamente para a ponta da minha espada, que estava na altura do tronco dele, e forço um passo para a frente, usando toda a minha força para isso, e ergo a minha espada em um movimento mais rápido do que imaginei, fazendo a dele subir também para acima da minha cabeça, e solto uma mão para adquirir mais agilidade conforme ele recuava para trás e para o lado antes que fosse atingido pelo golpe. Nossas espadas ainda estavam unidas, e eu girei a minha novamente para baixo, para perto do meu quadril, a fazendo se soltar da espada dele em um ruído prolongado e tento avançar contra ele antes que o mesmo puxasse sua espada para perto de si, mas ele consegue recuar e desviar do ataque antes de lançar sua espada contra a minha, as fazendo se chocarem.
Então ele golpeia de novo, e eu me defendo. Ele continua golpeando, cada vez com mais força, cada vez mais impaciente, me fazendo recuar. Sinto meus olhos lacrimejarem, e meus ombros começarem a ficarem rígidos de tanto lutarem contra a força das investidas dele, e começo a recuar, mas ele continua avançando, incansavelmente. Ele tenta me golpear por cima, e eu bloqueio com a espada deitada na horizontal, e por um instante tudo que eu vi foi o sulco da lâmina de bronze, conforme meus joelhos começavam a dobrar, ameaçando a ceder a força que o homem estava pondo na espada antes de rapidamente a afastar e a rodopiar para tentar me acertar pela lateral, mas também consigo desviar, por questão de instantes, de ser atingida no pescoço ao travar sua espada mantendo minha lâmina reta, um de seus fios voltados perigosamente para o meu rosto.
Ele então volta a girar a espada e tentar me atacar de cima mais uma vez, inclinando seu corpo junto a espada quando eu repito o bloqueio, firmando minhas pernas com mais força no chão, forçando meus ombros um pouco mais e dobrando meus cotovelos, tentando manter o equilíbrio, sentindo minha respiração entrecortada, meu peito acelerado, o suor escorrendo por minhas costas fazendo a túnica grudar no meu corpo.
- Você não vai aguentar mais do que isso. - Ele rosna, colocando mais força na lâmina. - Você não pode aguentar a pressão. Então desista. -
Puxo o ar com força, desviando meu olhar para suas mãos que estavam firmemente atreladas ao cabo. E então deslizo minha espada para baixo, como se cedendo ao bloqueio, mas avanço com a ponta da lâmina contra seu pulso direito, mas tendo que girar para a esquerda para fugir da sua espada. Aproveito que estava de lado para ele e avanço contra seu flanco, mirando em suas costelas, mas ele rapidamente desvia o ataque batendo na minha espada com a sua e virando de frente para mim.
Ele solta uma mão da espada para executar o movimento, e então ergue a espada na própria direção, dobrando o braço conforme avançava na minha direção e esticava o braço em um rápido ataque lateral, do qual eu não conseguiria bloquear então me abaixo para desviar da lâmina, sendo capaz de ouvir o zunido que faz quando a mesma corta o ar bem acima dos meus olhos, sentindo meus pés escorregarem na areia com o movimento desequilibrado e acabo caindo no chão, rapidamente rolando para o lado para desviar dele e me levantar, nem terminando de me erguer completamente antes do homem lançar sua espada de cima contra mim, e rapidamente bloqueio o ataque, sentindo meu peito se apertar com o susto. Ele afasta a lâmina a puxando para si, e eu rapidamente me ponho ereta, bloqueando de um ataque que ele direciona ao meu flanco fazendo minha espada travar o movimento da outra e aproveito que a minha lâmina que está voltada para baixo para usar sua ponta para girar ambas a lâminas, o que causa uma dor lancinante em meu pulso, me fazendo morder o lábio inferior para ignorá-la enquanto me inclinava para avançar contra seu peito agora desprotegido.
Ele lança seu corpo para trás, arregalando os olhos e desviando da lâmina conforme eu dou um passo adiante. A lâmina é desviada pelo movimento dele, mas em compensação a ponta dela rasga seu ombro, fazendo sangue esguichar para seu pescoço e escorrer por seu peito e pelo bronze. Seu olhar então se crava no meu, e nada além de ira podem ser percebidos neles.
Ele então avança sobre mim mais uma vez, batendo com sua espada contra a minha, usando todo seu peso e força para isso, o que faz mais sangue escorrer da ferida recém aberta e seu rosto se contorcer de dor e me fazendo recuar. Ele então investe em um ataque horizontal, com muita rapidez, me fazendo se agachar para desviar do mesmo. Seguro a espada com ambas as mãos, tentando um ataque de baixo, mas ele bloqueia com sua espada e força minha lâmina a girar junto a dele, fazendo meu pulso doer e eu ter que me esforçar para não acabar soltando a espada, quando a lâmina dele desce sobre o bloqueio e seu fio atravessa a minha cintura. Um grito de dor atravessa minha garganta, e lágrimas empoçam meus olhos da mesma maneira que sangue quente começa a se acumular na túnica e escorrer pelas minhas pernas.
Não há tempo para olhar a ferida, ou me deixar levar pela dor excruciante que me impedia de ficar completamente ereta, não quando ele tinha acabado de puxar a espada para um novo golpe. Me movo antes dele, coisa que ele não esperava, e tento investir de frente, mas ele agarra meu pulso e dá um puxão, me fazendo tropeçar para além dele, em seguida sentindo uma dor aguda na base das minhas costas e caio de frente no chão, o que faz a dor na minha cintura se espalhar pelo meu corpo, me dificultando a respirar. Me forço a me virar para cima, arregalando os olhos e sufocando um grito quando me jogo para o lado impedindo que o homem cravasse sua espada em mim.
Me sento, aproveitando que sua espada havia fincado na areia e agarro a adaga de Bayek que estava nas minhas costas e a cravo na coxa do homem, a arrastando para baixo e fazendo uma fenda em sua túnica que rapidamente se torna ensanguentada. Antes que eu o golpeasse novamente, ele me acerta com o pomo da espada na lateral da cabeça, me fazendo ser lançada para o lado. Me forço a me levantar, percebendo que ele também estava com dificuldades de se manter em pé com o estrago que eu fiz na perna dele. A areia foi se tornando lamacenta conforme o sangue dele ia se misturando a ela, jorrando como vinho de um barril.
- Usando duas armas, uh? Isso não é o suficiente. Você não tem força. - Ele se move, praticamente arrastando a perna ferida. - Eu já derrotei um egípcio nessa arena com mais armas do que você. Não será uma escrava que vai me derrubar. -
Sinto meu sangue esquentar ainda mais e a dor se tornando insignificante. Foi ele, ele quem matou Bayek. Uma nova onda de raiva me atravessa, e eu trinco meu maxilar. Eu queria matá-lo, eu iria matá-lo. Ele cospe na areia antes de avançar sobre mim e atacar pela lateral, incapaz de se apoiar completamente nas duas pernas. Desvio do golpe rapidamente me abaixando, segurando seu pulso quando me levanto e forçando sua espada a ficar fora do meu alcance. Antes que ele pudesse se soltar com sua outra mão, uso o pomo da espada e o cabo para acertar sua cara, e ele me empurra com sua mão livre, me fazendo o soltar.
Sangue escorre do seu nariz, e desaparece por sua barba. Seus olhos lacrimejam com o ataque, e percebo que sua visão está turva e me aproveito disso para investir contra ele, batendo minha espada contra a sua, avançando conforme ele bloqueava, mais lento do que antes. Dobro meus joelhos, movendo um passo para o lado e ergo minha espada em um movimento rápido a descendo contra ele, que não tem tempo de bloquear antes que o fio da lâmina atravesse sua barriga, acima da linha da túnica, fazendo o sangue embebedar o tecido.
Recuo um passo, e ele me encara fixamente, seu corpo tremendo. A espada escorrega de seus dedos, e ele tenta dizer algo, mas seja o que for fica preso em sua garganta. Ele avança um passo desajeitado na minha direção, e então seus joelhos cedem e ele cai, contorcendo o rosto de dor e mais sangue jorra da ferida caindo sobre meus pés. O homem então tomba, com os olhos fixos no nada, respirando de maneira entrecortada contra a areia.
Volto a prender a adaga de Bayek nas minhas costas, afrouxando um pouco os dedos ao redor da espada e coloco minha mão sobre a ferida na minha cintura, mordendo meu lábio inferior e tentando respirar fundo. O homem que carrega os corpos dos moribundos entra correndo na arena, e arrasta o homem para dentro da carroça. Ele ainda estava vivo. Me aproximei alguns passos, o encarando.
- O egípcio... O nome dele era Bayek. E isso foi por ele. - Digo exprimindo toda a raiva que eu senti quando o perdi.
E então eu me viro, e ouço as rodas da carroça o puxando de volta para o escuro túnel. Caminho na direção de Caligula e de Protogeles, que estava um pouco trás do imperador. Caminho ignorando a dor na minha cintura. Já estava acostumada a dores que deveriam me impedir mas não conseguiam. E isso não era nada comparada as chicotadas que eu levei no navio anos atrás.
Paro de andar quando estava diante do imperador, o encarando. Podia sentir o medo cruzar seus olhos quando ele vira para me olhar. Reparo em seus dedos apertando os braços da cadeira, podia visualizar o pomo de seu pescoço e sua glande deformada subirem e descerem conforme ele engolia em seco, e Protogeles lentamente desaparecia nas sombras.
A multidão começa a reagir, esperando o parecer do imperador. Podia ouvir homens reclamando sobre suas apostas e sobre dinheiro, mas não desvio meus olhos dos azuis e subitamente sóbrios olhos do imperador. Ele então se levanta rápida e desajeitadamente, erguendo seu punho e fazendo o sinal negativo para baixo, em seguida se apoiando na amurada e me encarando conforme se debruçava.
- Soltem os leões! - Bradou o imperador. - Sem misericórdia! -
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Glossário
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✵ 1 - "Sou o amanhecer do mundo e a última estrela que cai a noite. Assim como tomei a forma de Caius Calígula eu posso tomar a forma de qualquer um. Sou todos os homens e não sou nenhum. Portanto, sou um deus." - A frase em itálico foi realmente dita pelo imperador Calígula. Inclusive é uma de suas falas mais famosas.
✵ - 2 - "Roma é uma cidade de pescoços à espera de que eu os mande cortar." - Não tão popular quanto a primeira, mas também foi outra frase autoral de Caligula.
✵ 3 - "As belas mulheres são sempre peversas." - Ditado popular na época, que afirmava que toda mulher atraente era ambiciosa e perigosa. Eles acreditavam que a inteligência de uma mulher estava ligada à sua aparência.
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