Sensação ruim
A situação ficou incomoda por alguns instantes, ele não falava nada e eu menos ainda. Era como se de alguma forma eu me perdesse nas minhas próprias palavras, nas minhas escolhas e nos meus medos. Quantas vezes mais eu precisaria de alguém gritando na minha cara e dizendo o que eu sabia, mas não tinha coragem de admitir. O direito de mudar o rumo da minha vida já não pertencia mais a mim, eu havia feito uma escolha, tinha que arcar com as consequências e lutar pra continuar vivo. Sem distrações. Eu já tinha a faca só precisava do queijo e o banquete estaria pronto.
-Qual vai ser o seu próximo movimento? –disse alto chamando a minha atenção. Num segundo uma coisa passou pela minha cabeça, eu ainda não tinha terminado a primeira etapa.
-Eu vou terminar de colocar fogo no quintal. Da primeira vez ele não tava lá pra assistir, vai ser bem mais divertido agora.
-O que você quer dizer com "terminar de colocar fogo no quintal"?
-Fogo Ryan –a adrenalina que começava a correr nas minhas veias me fez levantar já imaginando a cena na minha cabeça. –Eu quero explodir dois carros cheios de magnatas no quintal do Bishop.
-Você enlouqueceu de vez. –resmungou me encarando.
-Eu to falando sério. Pensa no que eu poderia fazer se o Bishop estivesse me caçando, além do mais ele nunca desconfiaria se...
-Não! –disse bravo se levantando. –Uma coisa é você querer deixar o cara louco, outra bem diferente é você tentar se matar.
Às vezes eu nem acreditava na conexão que nós tínhamos. Eu pensava, começava a falar e ele já sabia do que se tratava. Bishop nunca desconfiaria se eu estivesse no carro com os magnatas, se eu fosse um dos sobreviventes. Talvez o único. Seria uma tacada de mestre. Ele não teria mais em quem confiar, e bem, eu receberia uma boa promoção. Seria mais fácil matar o diabo sendo um dos demônios.
-Eu vou fazer isso. –disse firme.
-Eu disse não.
-Não pedi a sua permissão. Eu não quero sua permissão, só preciso saber se você ta comigo nessa. –ele fechou a cara cerrando o punho, diria que ele estava pronto pra me dar um soco, mas ele desistiu.
-Eu devo ser tão louco quanto você pra concordar com isso. –estendeu a mão e com um sorriso no rosto e eu a apertei. –Como e quando você planeja fazer isso?
-Tem que ser amanhã, tenho que aproveitar enquanto o velho ta subindo nas paredes de raiva e atacar.
-Isso precisa ser bem planejado.
-Eu tenho dois gênios fodões do meu lado, acho que não vai ser tão difícil –ele riu dando de ombros. –Falando em gênios fodões cadê o Nolan?
-Na casa da piscina brincando com as Barbies dele. –abri a porta saindo do quarto e ele veio logo em seguida, descendo as escadas do meu lado.
-Por que você pega tanto no pé do cara?
As garotas de biquíni ainda estavam sentadas no sofá. Nos encararam como cães famintos vendo um pedaço de carne, só que mais charmosas. Claro.
-Parece que você não alimentou as cachorras hoje. –disse um tanto quanto sarcástico enquanto atravessamos a sala.
-Te garanto que não são só elas com fome aqui –nos entreolhamos –Se é que você entende- e caímos na gargalhada.
Demos a volta no jardim seguindo para a casa da piscina. Mais uma vez as crianças surgiram correndo entre os arbustos.
-Quem são? –apontei na direção das crianças antes de entrarmos na casa.
-São os filhos da Dakota, ela pediu que trouxesse eles pra ficar aqui com ela e eu não vi problema. –passei e fechei a porta procurando por Nolan naquele emaranhado de mapas, armas, munição e computadores.
-Claro! Uma casa cheia de armas e criminosos, não vejo melhor lugar pra crianças passarem um tempo.
-Você cresceu aqui. –ele me encarou e eu desviei o olhar no segundo em que encontrei Nolan, quieto em um canto sentado com seus fones de ouvido.
-Mais um motivo pra eu achar uma péssima ideia essas crianças aqui.
Me aproximei puxando os fone de ouvido dele. Ele me lançou um olhar de "larga do meu pé" e pausou o que assistia.
-O que vocês querem? -ele me encarou e logo fuzilou o Ryan de um jeito intimidador.
-Tenho um novo plano, ou melhor, a continuação de um –puxei uma cadeira a minha esquerda e sentei –Preciso de bombas em dois carros, só que elas só podem ser detonadas por mim. – moveu a mão indicando que eu continuasse –Quando eu saí da mansão Bishop tinha me pedido pra encontrar uma pista de onde Haviier esta.
-Mas ele matou Haviier. –explicou Ryan.
-E não tem como eu encontrar uma pista sobre ele, por isso eu vou dizer que descobri uma pista e atrair os magnatas pra fora da casa, coloco as bombas em dois carros e quando voltarmos pra casa eu desço do carro e detono.
-Você fala como se fosse fácil. –ele resmungou.
-Não vai, mas eu sei que posso fazer.
-Então, mãos em obra. –ele levantou dando uma volta na sala à procura de alguma coisa. –Onde vai leva-los? Tem que ser um lugar que nós tenhamos acesso livre.
-Ainda não sei... –respondi pensativo.
-Aquela boate de stripers no centro de Livonia, de dia lá é um bar normal. Eu conheço o dono. –Ryan sugeriu.
-Eles entram, nós colocamos as bombas nos carros que tem que ser explodidos e damos o fora dali. Depois o trabalho é todo seu Justin. –ele puxou uma caixa com vários fios dentro. –Vou sincronizar o seu celular com o relógio das bombas, você só vai precisar apertar o ok.
-Ta, mas eu preciso de mais coordenadas. –disse me levantando. Eu já estava há quase duas horas ali, contando com o tempo que levaria pra voltar eu passaria do prazo de três horas do poderoso chefão.
-Eu te mando um relatório completo e nós acertamos os detalhes. –caminhei até a porta saindo.
-Vejo vocês em breve. –Atravessei o jardim indo em direção ao meu carro. As crianças corriam em volta dele. O menino, aparentemente mais velho que a menina congelou a minha frente me encarando.
-Ta olhando o que? –perguntei, sendo um pouco grosso admito.
Ele correu pra longe e a menina fez o mesmo o seguindo.
Entrei no carro sem me importar com o que tinha acontecido. Girei a chave e pisei no acelerador voltando para a cidade vizinha. Meia hora depois eu já estava na cidade, parei no posto pra abastecer e logo continuei meu trajeto. Já era noite quando atravessei os portões da casa vendo um alvoroço na porta de entrada, os seguranças faziam uma fileira enquanto o Bishop de pé nos degraus da porta de entrada. Estacionei o carro e segui na direção deles.
-Pra sua própria sorte é bom que você tenha boas notícias pra mim McCann. –Bishop rosnou enquanto eu me aproximava. Scooter me encarou hesitante e piscou.
-Dei uma volta pela cidade. –passei pela parede de seguranças e fiquei cara com Bishop. –Tem uma boate se stripers no centro, sondei por lá e ouvi falar que Haviier vai estar lá amanhã na hora do almoço. Parece que ele deixou alguma coisa lá e tem que voltar pra pegar.
-Sabe o que é?
-Não faço ideia.
Voltou a encarar os seguranças com um sorriso debochado no rosto.
-Pelo menos alguém aqui sabe fazer seu trabalho. –ele deu as costas terminando de subir os degraus de entrada. –Saiam de minha frente, e busquem por mais respostas. Ele entrou na casa e nós o seguimos. Antes de entrar no escritório eu puxei Scooter no canto do corredor.
-O que foi McCann?
-Meu porta-malas ta cheio de ursos de pelúcia, acho bom você leva-los logo pra Mel.
-Ursos de pelúcia? E por que eu?
-Ela é sua filha gênio, se vira. Não posso sair por ai carregando o Ted até o quarto da princesa.
-Que seja. –dei as costas indo em outra direção quando ele me chamou. –Falando na princesa, ela quer ver o vagabundo.
Assenti mudando meu percurso direto pra fora da casa. Com as câmeras ligadas e os seguranças monitorando infelizmente eu não poderia entrar pela porta, então teria que voltar a escalar a parede. Modo homem aranha ligado.
Cheguei ao pé da varando do quarto cuidadosamente, sem despertar a atenção de nenhum dos seguranças. Tomei distancia e pulei me pendurando nas plantas da parede até chegar à varanda. Entrei no quarto ouvindo o barulho de chuveiro, ela estava no banho. Deitei na cama a sua espera.
Minha cabeça estava cheia de pensamentos insanos, eles iam do momento em que aqueles carros explodiriam no jardim, até ao corpo do Bishop jorrando sangue pra todos os lados. Aquele momento estava tão próximo que eu mal podia acreditar. Aquilo tudo já estava perto de acabar. O inferno que vivia dentro da minha cabeça e na minha vida ia terminar de uma vez por todas e eu poderia ter paz ao lado da Melody. Eu não pensava em um final feliz, eu só queria paz.
E isso significava vingança.
A porta do banheiro se abriu de uma vez e ela saiu esbanjando um sorriso logo que me viu. Ela pulou em cima de mim só de toalha.
-Eu tava louca pra te ver.
-Por que? –puxei o cabelo molhado que caia sobre o seu rosto.
-Sei lá, eu tava com um mau, melhor dizendo, péssimo pressentimento.
-Sobre o que?
-Sobre você ...eu acho. Mas já foi, eu to feliz que você ta aqui e inteiro.
-Fica tranquila Mel, nada vai acontecer comigo. Toda essa loucura ta chegando ao final. – a confortei acariciando sua bochecha.
-Sério?
Murmurei um "uhmm" e puxei seu rosto pra mais próximo do meu. Seus lábios doces brincavam com os meus, me levantando a loucura. Inverti a posição dos nossos corpos observando a de cima. Tão linda e tão minha. A força e a minha fraqueza em uma menina.
Afundei meu rosto na curva do seu pescoço sentindo seu cheiro. Mordisquei a sua orelha e sussurrei.
-Eu quero você.
Ela se encolheu com o toque das minhas mãos, não como quem fugia, mas como alguém que havia se arrepiado. Voltei a tomar seus lábios e ela alcançou a barra da minha camisa. Me livrei logo de todas as minhas peças enquanto a beijava. Puxei sua toalha deixando a visão do meu paraíso deslumbrar meus olhos e me encher de tesão. Como conseguia ser tão...gostosa.
Desci pelo seu pescoço indo mais abaixo despejando beijos por ali. Ela estava de olhos fechados curtindo o momento enquanto eu me deliciava em seus seios. Ela gemia baixinho uma hora ou outra me excitando. Desci mais abrindo suas pernas, ela nem sequer hesitou, desci pela sua intimidade passando a língua nos seus pontos fracos, ela se contorcia como quem ia ter um orgasmo, mas eu não a deixaria. Não agora. Subi mais um pouco voltando a mordiscar seu pescoço, meus dedos desceram pela sua intimidade. De repente ela se virou ficando por cima de mim. Um sorriso maroto e provocador surgiu em seus lábios, sua mão foi direto no meu membro o massageando. Como aquela sensação era gostosa. Segundos depois eu estava viajando feito um louco alucinado de tesão. Seus lábios subiam e desciam pelo meu membro me levando a loucura. Estiquei o braço até a mesa de cabeceira pegando preservativos. Sem demorar muito, coloquei um e ela sem hesitar escorregou sobre o meu membro. Nossos corpos estavam colados, o suor começava a escorrer pela minha testa, nossos quadris se encontravam quase que violentamente varias vezes. Suas unhas se cravavam nas minhas costas assim como seus dentes no meu pescoço, mordidas tão gostosas quanto as que eu a tinha dado. As nossas respirações começavam a ficar pesadas, mas nossos corpo pareciam aguentar muito mais.
Scooter's P.O.V.
O poderoso chefão estava sentado em sua cadeira fumando um charuto e gritando aos sete ventos o quão bravo ele estava e o que faria quando encontrasse quem estava fazendo bagunça na sua casa. O velho parecia estar enlouquecendo de tão paranoico que havia ficado em apenas algumas horas. Um dos magnatas, Blaike, entrou com um ar de superior na sala. Ele me olhava torto como sempre, nunca foi com a minha cara.
-Tenho uma novidade. –disse assim chamando a atenção de todos que estavam na sala. –Interroguei um dos seguranças e ele me disse que viu a menina andando no perto do portão dos fundos.
-Ninguém usa aquele portão dos fundos, até onde me lembro eu mandei trancar aquela porcaria. –Blaike ia continuar a falar mas o chefe o interrompeu –Espera que menina?
-Pela descrição dela, era a Melody. –ele bateu na mesa apontando pra mim.
-O que ela estava fazendo fora do quarto?
-Ela não saiu senhor. –falei firme.
-Então me explica o que ela estava fazendo no meu jardim?
-Eu não sei, como eu disse não estava aqui.
-Que horas chegou? –perguntou dando a volta na mesa.
-Não me lembro, era tarde.
-Haviier já estava aqui?
-Estava.
-Então por que eu tenho a impressão de que você esta se contradizendo. –ele deu um passo pra frente se aproximando de onde eu estava sentado. Me levantei o encarando. –Traga o segurança aqui, tenho algumas perguntas pra ele.
Blaike fixou o olhar no chão.
-Eu o matei.
Bishop virou de uma vez rindo para o Blaike e dando um soco na cara do mesmo.
-Imprestável. – esbravejou com o demônio no corpo.
Dia seguinte, por volta das onze horas da manhã.
Justin's P.O.V.
Já estava tudo pronto, Nolan me mandou um relatório sobre o que eu tinha que fazer. Assim que eles colocassem as bombas nos carros, meu celular seria acionado com o relógio. Eu teria quinze segundos pra descer do carro e não explodir com os outros. Um barman da boate tinha sido subornado pra dizer que Haviier havia passado por ali e levado várias maletas. Acompanhei Bishop e sua comitiva até o lugar. Em um carro estava eu e mais três "companheiros" dele, em outro mais três e em um outro, o primeiro na fila de carros de passava apelas ruas da cidades estava ele dois segurando e Braun, que havia passado a manhã inteira tentando me dizer algo, mas eu não dei uma importância, eu estava ocupado. Estacionamos os carros na frente da boate e descemos. Se a história não fosse tão trágica eu diria que nós éramos como a liga da justiça chegando ao covil do inimigo, ou quase isso.
Bishop entrou em um escritório enquanto ficávamos no bar a sua espera, minutos depois eu pude ver uma van conhecida passar em frente ao lugar. Eram eles, nós já havíamos usado aquela van pra tanta coisa. Ela já tinha sido de quarto de motel a máquina de fuga nos assaltos de cargas do Tio Will. Braun sentou ao meu lado no bar pedindo dois copos de Whisky.
-E o perigo volta a nos rondar. –sussurrou levantando o copo e brindando com o meu.
-Fica tranquilo, eu sei o que eu to fazendo.
-Meu problema não é com ... –ele abaixou o tom de voz não querendo chamara atenção. –Seus fogos de artifício no quintal.
-Alguém viu a Melody no portão no dia em que você matou o Haviier.
-Como?
-Não faço ideia, mas o Bishop já ta sabendo e vai querer interroga-la.
-Ele não pode encostar nela. –resmunguei furioso só de pensar na cena.
-Nós temos que pensar em algo pra ontem.
A comitiva voltou do escritório.
-Haviier já passou por aqui e pelo que parece o desgraçado traidor levou o meu cofre. E ainda teve a coragem de deixar uma mensagem.
-Que mensagem? –Braun perguntou se levantando.
-O seu quintal é a sua cabeça –disse sem realmente entender o que significava. Na verdade nem eu sabia, mas tinha certeza que isso era coisa do Nolan.
Todos saíram do recinto, no percurso de volta aos carros puxei meu celular do bolso vendo o um relógio programado na minha tela, junto a ela o botão start na contagem de 15 segundos.
Concentra Bieber.
Entrei no carro e dei partida pedindo pros caras colocarem o cinto. Já estava tudo calculado na minha cabeça. Dei um jeito do segundo carro com os explosivos ficasse atrás do meu, hora ou outra eu diminui mantendo certa distancia entre o carro do Bishop a frente. Ta na hora.
O carro do Bishop já tinha passado, reduzi e me aproximei da entrada da casa. Enfiei a mão no bolso clicando no start, atravessei os portões vagarosamente e acelerei tomando certa distancia do carro de trás. Os segundos vinham sendo contados por mim mentalmente, eu só tinha mais seis antes do carro ir pelos ares. Pensei rápido e desci do carro trancando a porta antes que eles saíssem. Caminhei em frente, calmo, contando. Um...dois...
-Melody! –Scooter esbravejou feito um louco e congelou.
Tudo passou pelos meus olhos em câmera lenta.
Olhei pra trás tentando entender o que acontecia, eu devia estar um cinco metros do carro onde os "companheiros" tentavam abrir as portas. Melody surgiu entre as enormes estatuas de folhas que tinham pela entrada perto de onde o último carro havia estacionado. Um. Uma onda amarela e quente explodiu os carros. Tentei correr em sua direção, mas meu corpo, mesmo um pouco longe, foi arremessado pra trás. Caído no chão eu estava e fiquei, sem conseguir me mover eu apenas observava a nuvem negra de fumaça que surgiu sobre as nossas cabeças. Tentei de todas as formas possíveis me mover, eu precisa me levantar e saber como a Melody estava, se ela ainda estava viva ou se estava machucada demais. Eu queria enxergar e entender o que acontecia a minha volta, mas tudo travou. Talvez meu corpo tivesse entrado em choque depois de ter sido arremessado, mas isso pouco me importava com que estava acontecendo comigo, eu queria e precisava saber sobre ela. Precisava saber se ela ainda respirava. Se tiver acontecido algo com ela, Deus que meu perdoe, mas eu seria a minha próxima vingança.
]
Continua?
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