Sã e salvos
O carro de Justin derrapou passando por enormes portões de ferro e parou em frente a uma mansão, não poderia se comparar aquele mausoléu egocêntrico do Bishop, era apenas uma mansão como aquelas que a gente vê na televisão. Não havia nada em especial além das suas paredes de fora com cor pastel, ela só era mais uma casa normal. Só Deus sabia o quanto eu agradecia por aquilo. Quando me dei conta Justin já estava de pé fora do carro olhando afoito pros lados a procura de algo. Abri a porta com certa dificuldade, meu corpo parecia mais mole que o normal. Dezenas de carros passaram em alta velocidade pelos portões estacionando no gramado em meio a várias palmeiras que decoravam o local, as luzes dos faróis estavam todas direcionadas ao carro de Justin. Os homens saltaram gritando feito loucos comemorando e outros reclamando de dor. Eu estava sobre os "holofotes" e os gritos só pareciam aumentar o ronco dos motores e tudo a minha volta fez com que eu perdesse os sentidos e assim as minhas pernas a força, tentei não cair, mas não havia de onde tirar forças, não era só o cansaço físico ou o mental, mas sim as balas da verdade que Bishop havia atirado no meu peito sem dó. O gramado era gelado e úmido e com meu corpo sobre ele parecia mais uma cama d'água, as últimas coisas que me lembro de ter visto foram um par de tênis preto vindo na minha direção. Apaguei.
Justin's P.O.V.
Eu estava tão afoito em saber se todos chegariam a salvo ali que esqueci de Melody por alguns instantes, de repente os carros surgiram passando pelos portões. Ryan saltou de um deles carregando Braun, os outros ficavam gritando os setes ventos que tinham conseguido e coisas idiotas, eu nem me importei afinal a minha batalha ainda não estava ganha. Voltei minha atenção ao carro procurando Melody, ela já estava do lado de fora olhando pra todos os lados observando tudo meio extasiada. Dei a volta no carro sem tirar os olhos dela, num instante ela estava bem apenas observando e no outro ela caiu feito uma jaca madura. Corri em sua direção e tentei reanima-la chamando seu nome, mas ela não reagiu. Todos se calaram assistindo o que acontecia.
-Mel –passei a mão no seu rosto em mais uma tentativa falha de acorda-la mas nada aconteceu. Puxei seu corpo pros meus braços e pegando no colo e indo em direção a casa, pouco mais de dez passos me aproximavam da porta. Entrei e a levei direto pro meu quarto a deitei na cama e voltei a porta gritando por Dakota, depois de longos minutos ela apareceu não muito feliz pelos meus gritos.
-Quem é? –perguntou se aproximando da cama com um pano em mãos.
-Da um jeito de acordar ela, depois eu respondo o que quiser –disse andando de um lado pro outro do quarto. Ela não tava morta, mas ainda sim era um desespero vê-la daquele jeito.
Parei observando o que Dakota fazia.
-Não me vá dizer que foi você que desmaiou a menina? –ela perguntou desconfiada, se eu não estivesse tão preocupado talvez tivesse ficado ofendido.
-Claro que não, que ideia. – Ela colocou um pano molhado no rosto da Melody que começou a se mover em alguns instantes.
-Então o que aconteceu com ela?
-Você não acreditaria se eu te contasse. –me aprovei a vendo acordar vagarosamente.
-Depois de tanto tempo dentro dessa casa não há o que eu não acredite. –ela levantou com um sorriso de quem me culpava discretamente. –Volto daqui uns minutos com algo pra ela comer, parece muito abalada. –disse antes de sair.
Me aproximei da beirada da cama me aproximando e a observando.
-Da um sorriso parece que você ta me velando –ela disse com a voz meio falha tentando fazer graça.
-Como você ta se sentindo? –ela se arrastou até a cabeceira da cama se sentando.
-Parece que o meu corpo e a minha cabeça estão tão cansados que eu apaguei depois do dia de cão que eu tive. –disse meio amarga. –Que horas são? –perguntou querendo mudar de assunto.
Olhei pro relógio na mesa de cabeceira que marcava 4:50 da manhã.
-O dia já ta amanhecendo –disse a encarando –O que houve dentro daquela sala antes de eu entrar? –ela virou o rosto meio envergonhada. –Não vai me disser que aquele velho desgraçado...
-Não! –ela me encarou –Eu não quero falar sobre isso agora Justin, eu só quero dormir e tentar esquecer o que aconteceu. Mas antes eu preciso de um banho.
Assenti levantando.
-Se quiser ajuda no banho é só chamar. –disse sem conseguir me controlar, com um riso meio safado no rosto.
-Eu só desmaiei eu não tive uma convulsão –ela levantou rindo de mim.
Apontei pra porta enquanto ela se dirigia pra mesma.
-Tem toalha ai dentro, quando sair pega uma roupa minha e veste.
-Ta bom –ela gritou enquanto fechava a porta.
-Vou estar lá embaixo vendo como estão todos, já volto.
Melody's P.O.V.
Eu estava bem até a água quente cair sobre o meu corpo e todas as lembranças voltarem como um tanque de guerra passando por todas as minhas paredes de proteção. Eu queria esquecer tudo que havia acontecido todas as palavras que tinha ouvido. Todo aquele lixo que haviam escondido de mim, mesmo me sentindo magoada e até mesmo com raiva eu me sentia aliviada por saber das coisas. Eu tinha um pai que passou a vida inteira ao meu lado e nunca me disse nada, eu tinha psicopata que dizia poder ser meu pai que nunca demonstrou qualquer afeto por mim e que ainda havia assassinado a minha mãe. Eu ainda não conseguia acreditar nisso, eu precisava gritar em voz alta pra mim mesma no intuito de me fazer compreender essa verdade cruel. Todo mundo pelo menos uma vez na vida tem aquele sentimento de "já deu pra mim". Debaixo daquele chuveiro enquanto eu chorava amargurada foi o meu. Já deu pra mim, sobre mentiras e traições, sobre me tratar como se eu fosse uma folha de papel prestes a molhar com a água da chuva. Já deu pra mim sobre ficar fora do jogo, da ação. Da vingança.
Desliguei o chuveiro e me enrolei numa toalha pendurada fora do Box. Sequei as lágrimas que ainda caiam no meu rosto e sai dali esperando encontrar Justin, mas pra minha segurança era uma mulher. Alta, loira, por volta dos seus trinta/quarenta anos, ela sorriu ao me ver.
-Olá, parece bem melhor –disse deixando uma bandeja em cima da cama. –Desculpe, não me apresentei. Sou Dakota a empregada da casa.
-Ah, o prazer e meu –estendi o braço para um aperto de mão. –Eu sou a Melody.
-Ah sim, a garota do Justin –ela disse com um sorriso que me deixou confiada. Eu nunca havia ouvido essa expressão ''garota do Justin'' e bem até que era bem legal de ouvir.-Volto mais tarde pra pegar a bandeja. –balancei a cabeça em um sim e ela saiu do quarto.
Roupas! Pensei quando me virei observando o quarto, encontrei uma porta de correr ao lado da do banheiro e a abri encontrando um closet enorme, quase que do tamanho do quarto. Entrei vasculhando as roupas por li, cheguei a ficar em dúvida sobre quantos Justin's existiam por ali, dezenas de tênis em prateleiras, gavetas e vários acessórios como correntes douradas penduradas por todo o lugar. A roupas que estavam ali eram bem diferente das que eu costumava vê-lo vestido. Sempre de preto e óculos escuros.
Vasculhei mais um pouco até encontrar uma camiseta com um desenho engraçado, a vesti e parei em frente ao espelho vendo o quão grande havia ficado, parecia um vestido. Por um segundo eu olhei mais fundo no espelho vendo um meu rosto detonado. Eu estava pálida, com olheiras e um lindo corte vermelho acima da minha sobrancelha. Parecia uma daquelas aparições de filme de terror. Saí dali voltando a cama, tomei o coo de suco que estava na bandeja e me deitei, não foi tão difícil pegar no sono.
Justin's P.O.V.
Desci deixando Melody no banho, comparado a tudo que estava acontecendo ela estava segurando a barra muito bem. Cheguei a sala dando de cara com Nolan jogado no sofá e Ryan ao lado dele um pouco assustado.
-O que ta acontecendo? –me aproximei vendo a poça de sangue se formando em cima do sofá.
-Ele veio no carro com um dos nossos homens, parece que ele foi atingido na hora de entrar no carro.
-Que diabos você ta esperando pra levar ele pro hospital? –gritei com vontade de dar um soco na cara dele pela lerdeza.
-Eu tinha que te perguntar primeiro.
-Desde quando você precisa da minha aprovação pra algo? –o encarei e ele caminhou até a porta gritando pelos seguranças. Dei a volta no sofá observando Nolan, ele estava acordado, mas não parecia ver o que tava acontecendo a nossa volta.
-Aguenta firme irmão –sussurrei levantando o corpo dele e o levando até o lado de fora da casa. Alguns caras vinham seguindo Ryan na minha direção. –Cadê o Braun? –perguntei entregando Nolan aos caras que o levaram até o carro mais próximo.
-Já ta no carro, eu vou leva-lo pro hospital também.
-Não deixa ele lá, assim que fizeram os curativos você o traz de volta. –dei as costas voltando pra dentro da casa, eu estava sujo com o sangue do Nolan. –Quero notícias.
Tirei a camiseta ensanguentada enquanto subia pro quarto. Eu não queria admitir mas a minha cabeça estava estourando.
Entrei encontrando Melody já dormindo, passei direto pro banheiro tomando um banho rápido, saí e vesti uma calça de moletom qualquer. Eu não estava com sono, na verdade a minha cabeça estava a mil, a última coisa que eu conseguiria seria dormir, então me sentei em uma poltrona de frente pra cama vendo-a a dormir. Ela parecia exausta.
E eu me sentia responsável pela sua exaustão, eu era o culpado. Na verdade eu era o culpado por tudo, pelo tiro que o Nolan havia levado, pelo Braun todo arrebentado e principalmente pela Melody que foi quem eu sempre quis manter afastada de toda essa merda ao meu redor. Mas por mais que eu quisesse mate-la longe disso, essa coisa sempre conseguiria um jeito de coloca no meio disso, afinal ela sempre fez parte de tudo isso.
As horas passaram lentamente, logo o sol começou a aparecer pela varanda. O celular tocou e eu levantei o procurando, eu havia o deixado no bolso da calça que eu usada, estava no chão do banheiro. O peguei e fui pra varanda atender.
-Ryan?
-Ta tudo bem, a bala atravessou o ombro do Nolan, ele já foi medicado e vai ficar algumas horas em observação.
-Ele ta acordado?
-Não.
-E o Braun?
-Ainda ta na enfermaria, ele ta muito ferrado, pelo que me disseram tem até osso quebrado.
-Pelo menos ta vivo. –havia uma chamada em espera apitando no celular. –Me da mais noticias depois.
-Como a Melody ta?
-Dormindo.
-Tudo bem então, depois eu ligo. –desligou me deixando meio confuso com a pergunta sobre a Melody.
Diferente do dia anterior esse estava limpo e calmo, alguns seguranças transitavam pelo jardim calmamente. Havia um bom tempo que eu não saia na varanda do quarto pra observar o que acontecia, ficar ali como um rei velando pelo seu reino era como injetar poder nas veias. Tudo aquilo era meu, eu era o dono daquilo. Eu tinha poder. Mas mesmo com todo aquele poder por que diabos eu não conseguia derrubar aquele velho desalmado.
Procurei pela segunda chamada no celular encontrado um numero desconhecido, tentei ligar de volta, mas ninguém atendeu.
Senti os braços de Melody me rodearem na varanda, ficou abraçada a mim com a cabeça encostada na altura dos meus ombros.
-Por que levantou? –perguntei segurando uma de suas mãos.
-Tive um pesadelo. –respondeu meio triste.
-Com o que?
-Bishop era o meu pai. –Me virei de uma vez a encarando. A puxei contra o meu corpo a abraçando forte.
-Fica tranquila, foi só um sonho ruim.
-E se fosse verdade –olhei para seu rosto hesitante –Se tivesse alguma chance de eu ser filha dele, mudaria alguma coisa pra você?
-Não pensa besteira Mel, isso é impossível. Seu pai é o Braun –falei logo me arrependendo. No instante em que pensei que ela fosse ficar pasma ela apenas se soltou dos meus braços e caminhou até o parapeito se apoiando ali.
-Você já sabia? –perguntou chateada.
-Braun me contou a um tempo atrás.
-E sobre o Bishop ter matado a minha mãe?
-Também. –ela estava fria, não esboçou emoção alguma além de chateação.
-O que mais você sabia?
-Eu sempre soube sobre tudo Mel –falei calmo –desde a história da sua mãe com o Braun até o que Bishop queria fazer com você quando crescesse. –ela se virou me observando.
-Lembra como você se sentiu quando eu contei uma mentira pra te tirar da casa?
-Sim.
-Eu me sinto do mesmo jeito sobre você e o Braun. –ela respirou fundo. –Por que você nunca me contou nada.
-Prometi pro seu pai que eu não contaria, ele queria te proteger.
-Me proteger de que, da minha própria vida, da minha história? –ela veio na minha direção.
-Eu não sou de porcelana Justin a verdade não vai me quebrar, pelo contrário.
-A gente só não queria que você se machucasse.
-Acho que não adiantou muito. –disse vaga voltando ao parapeito. Me aproximei passando p braço pelo seu ombro.
-Me desculpa.
-Ta tudo bem, o meu problema não é bem com você. –me deu um sorriso compreensivo. –Você dormiu?
-Não, minha cabeça tava muito cheia quando chegamos. –virou o rosto me olhando.
-Os problemas nunca terminam? –riu fraco.
-Nunca. –respondi a beijando.
-Vem –ela me puxou de volta pra dentro do quarto. –Vamos dormir um pouco. –ela deitou me puxando.
-Eu tenho muito o que resolver Mel.
-Vem amor, quando você acordar o os problemas vão estar no mesmo lugar. –sorri ao vê-la me chamando de amor.
-Tudo bem –me deitei puxando o corpo dela pra perto do meu –amor!
(...)
Acordei com o barulho de som alto vindo do andar de baixo. Tateie a cama procurando por ela, mas não a encontrei. Levantei indo em direção ao banheiro, lavei o rosto e fui até o closet pegando uma camiseta qualquer. Desci as escadas vendo dezenas de araras de roupas espalhadas por ali, entre elas Melody cantarolava a música que tocava no som. Me sentei no sofá a vendo escolher as roupas despreocupada.
Ryan surgiu sentando a minha frente.
-Foi você? –perguntei apontando pras araras.
-Ela tinha que vestir algo –disse rindo.
-Pelo jeito você voltou ao normal –ri vendo ele revirar os olhos.
-Eu só fiquei em choque com o estado dele, não foi nada demais. –resmungou se recostando no sofá.
-Nesse jogo não tem essa coisa de ficar em choque.
-Falou o sensato –debochou.
Melody veio cantarolando na minha direção.
-Pensei que fosse dormir mais -ela estava com um vestido preto e com um sorriso calmo no rosto. A puxei pra sentar no meu colo.
-Não sou muito de dormir quando a casa ta prestes a pegar fogo.
-Ryan me contou que você fica ligadão sobre pressão. –o fuzilei desejando que aquele bocão perdesse a língua.
-Ignora o que ele diz, então já fez um tour pela casa?
-Já sim o seu fiel escudeiro me levou pra conhecer tudo aqui dentro.
-Só aqui dentro? –ela assentiu.
Não que eu estivesse com ciúmes, mas porra eu tava com ciúme mesmo.
-O lanche esta pronto. –Dakota apareceu anunciando.
-Já estamos indo. –respondi. –Os filhos dela ainda estão aqui?
-Não, eles estão na casa de uma prima, mas voltam em breve.
-A Dakota tem filhos? –Melody indagou curiosa.
-Sim, mas essa é uma longa história. –levantei a puxando pra cozinha
***
Melody's P.O.V.
Pela primeira vez na minha vida nada vivida eu estava andando de mão dadas com o cara que amo sob a luz do luar. Estava perfeito, nem mesmo frio estava.
-Acho que essa é a primeira vez que eu te vejo assim.
-Assim como? –ele parou em observando.
-Sem óculos, sem aquelas roupas pretas, sem aquele peso de estar entre a vida e a morte a qualquer momento. É bom te ver assim. –ele sorriu acariciando meu rosto.
-Espero que daqui pra frente você só me veja assim. É um saco parecer o maluco psicopata o tempo inteiro –ri da expressão de louco no rosto dele.
-Nisso em concordo. –Nós continuamos caminhando até a borda da piscina. –Posso te fazer uma pergunta?
-Claro.
-Você desistiu de se vingar do Bishop?
-Nem em um milhão de anos eu desistiria, por quê?
-Eu quero esta lá com você. –ele estremeceu desviando o olhar do meu. –Justin...eu tenho tanto direito de vingança quanto você. –ele me ignorou até que eu parei ficando a sua frente e o encarando. –Justin eu to falando com você –falei irritada.
-Eu to ouvindo.
-Então fala algo.
-Pra gente começa uma briga? Não obrigada, eu prefiro continuar calado.
-Eu só to pedindo o que eu tenho direito. Além do mais eu sei atirar.
-Há uma grande diferença entre atirar a matar Mel, você acha mesmo que aguentaria a pressão de estourar a cabeça dele e depois dormir como se nada tivesse conseguido?
-Então você acha que pode?
-Não decidi me vingar de um dia pro outro, eu passei catorze anos da minha vida esperando e planejando esse momento, eu matei e eu quase morri dezenas de vezes. Eu sei que eu to preparado. –Abaixei a cabeça olhando pros meus pés envergonhada.
-É você ta certo, mas pelo menos eu vou poder dançar em cima do caixão dele. –ele riu me abraçando e afundando seu rosto no meu pescoço em um beijo que me deixou arrepiada. Seus braços me apertaram contra o seu corpo enquanto seus lábios faziam um caminho de beijos elo meu rosto, minhas mãos passavam pelo seu pescoço mexendo em sua nuca até alcançar seus cabelos macios. Quando seus lábios encontraram os meus, eu podia jurar que estava ouvindo fogos de artifício, a banda da escola, o coral glee. Era tão bom ter seus lábios nos meus, o gosto de menta que nunca sumia da sua boca. Eu sentia como se estivéssemos no céu, finalmente sãos e salvos.
Um farol alto nos atrapalhou, era o carro do Ryan passando pelo portão da casa, no mesmo instante o celular de Justin começou a tocar. Ele olhou a tela meio desconfiado e me encarou.
-O Scooter chegou, é melhor você ir lá falar com ele –antes que eu pudesse responder ele virou as costas e foi em direção a casa da piscina atendendo o celular. Sem muitas opções eu segui sua sugestão e foi pra dentro da casa.
Não que eu quisesse conversar com o Scooter, na verdade o que eu queria mesmo era saber quem era no telefone e por que ele saiu tão de repente como se precisa me esconder algo.
Acompanhei Ryan enquanto ele empurrava a cadeira de rodas que vinha Scooter e Nolan ao seu lado. Eles falavam sobre bobagens enquanto entravamos.
-Você ta se sentindo bem? –perguntei pro Scooter quando paramos na sala, a cara dele não era das melhores em todos os sentidos.
-Eu to vivo –respondeu acanhado –Melody antes de qualquer coisa eu queria dizer que...
-Não, eu não quero falar sobre isso agora, já jogaram coisa o suficiente na minha cara ontem, eu prefiro ficar sem saber por enquanto. –disse me levantando. Ficamos em silêncio por alguns minutos até Ryan aparecer e cuidar dele.
(...)
Era pouco mais das três horas da tarde do outro dia quando acordamos, Justin estava agindo de um jeito estranho desde o telefonema da noite passada, toda vez que eu tentava saber o que era ele mudava de assunto estrategicamente e eu ficava sem as minhas respostas.
-Eu tava pensando que tal nos irmos a casa uma amiga minha. –disse com um sorriso calmo no rosto.
-Amiga?
-É ela me ajudou com uma coisa uma vez, queria que você a conhecesse.
-Tudo bem, vamos. –assenti desconfiada da vontade repentina dele de querer me apresentar a alguém.
Nos aprontamos e saímos acompanhados por Nolan e dois carros cheios de "homens de confiança" dele. Por mais que ele tentasse fingir que não havia nada acontecendo, eu sentia que havia até mesmo no jeito dele falar. Ele se entregava.
-Então, de onde você conhece essa tal amiga?
-O nome dela é Helena, um dia eu saí pra uma festa e acordei na casa dela.
-Com ela? –ele riu.
-Eu não dormi com ela.
-Que bom –falei com um pouco de sarcasmo.
-Foi com as sobrinhas.
-No plural Justin –bati em seu braço e ele se esquivou gargalhando assim como Nolan no branco de trás.
-Calma, foi só uma noite. –ele respondeu olhando pra estrada.
-Vai se acostumando Mel, esse daí já dormiu com metade da cidade. –Nolan disse rindo.
-Ta ajudando bastante em Nolan –Justin resmungou entre uma gargalhada.
Logo o carro estacionou em uma rua com casas de várias cores em tons claros, todas lindas e com seus cercadinhos em volta dos seus jardins bem cuidados. Descemos e seguimos para um das casas. Os "seguranças" ficaram nos carros apenas observando o que acontecia.
Justin bateu na porta e uma mulher aparentando seus quarenta anos surgiu na porta, abriu um sorriso de orelha a orelha quando o viu.
-Justin! –ela sorriu e o agarrou. –Pensei que não fosse mais vê-lo.
-Oi Helena –ele sorriu de volta abrindo espaço pra ela me visse. –Essa é a Melody e o meu amigo Nolan. –ela veio em minha direção me dando um abraço apertado.
-Você é linda –agradeci assim que ela me soltou do abraço. Logo ela abraçou Nolan que gemeu como se fosse chorar, ao ver que ele estava machucado ele se desculpou apavorada.
-Vamos entrem! –Nos entramos na casa para a cozinha onde ela tagarelava e enchia nossos copos de café. –Por que demorou tanto pra vir me procurar Justin –disse sentando a nossa frente.
-Bem, eu tava cheio de problemas e...
-Agora já se resolveram? –ela parecia entusiasmada com a visita de Justin, eu diria tanto quando uma mãe quando vai visitar seu filho depois de anos.
-Na verdade não –ele riu fraco –Mas logo se resolvem.
-E essa moça linda, como se conheceram, na última vez que o vi aqui você estava bem solteiro.
-Nós já nos conhecíamos quando vim aqui, mas só ficamos juntos depois. Ela meio que morava aonde eu trabalhava.
-A filha do chefe? –perguntou num tom malicioso.
-Quase isso.
Levantei depois que ela disse que iria preparar algo para comermos, mesmo depois de termos recusado. Helena mexia nos armários preparando sei lá enquanto conversava sobre sei lá o que com Justin. Andei pela casa olhando os porta retratos espalhados pelos corredores e mesas, era uma família linda, pelo menos nas fotos pareciam todos felizes. Olhei as plantas na janela da sala, os quadros nos corredores, a estante de livros ao lado da escada até ouvir Helena me chamar dizendo que havia um pedaço de bolo esperando por mim. Voltei a cozinha encontrando Nolan devorando um pedaço de bolo do tamanho de um tijolo.
-Cadê o Justin? –perguntei me sentando e sorrindo em agradecimento a Helena.
-Saiu, acho que ele foi buscar algo no carro. –disse sem dar muito atenção ao que dizia, praticamente se entregando em uma mentira. Helena saiu da cozinha sussurrando que já voltaria.
-Você mente mal Nolan –resmunguei e ele me observou.
-Tô te falando, daqui a pouco ele volta, senta ai e espera.
-Vou fazer melhor, vou lá fora perguntar se ele quer um pedaço de bolo.
-Não, não –ele levantou tentando me impedir de sair.
-Então me diz onde ele foi?
-Eu não posso ta, ele me pediu pra ficar aqui e te vigiar. –disse atrapalhando a minha passagem.
-Mas que merda! –esbravejei.
A minha intuição gritava dizendo aonde ele tinha ido, mas eu não queria acreditar. Ir atrás do Bishop depois de tudo era uma missão suicida, o pior de tudo era saber que ele tinha um instinto suicida quando se tratava de vingança.
A vingança é um vírus mortal. Aqueles que a utilizam são infectados e consumidos por ela. (Sandro Costa)
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