Romeu tem que morrer - Final
Sinal Vermelho.
Parei olhando para o retrovisor e vendo se os dois carros com seguranças ainda estavam atrás de mim. Ryan estava ao meu lado sem reclamar, o que definitivamente era estranho. Ele seria uma das primeiras pessoas no mundo a tentar me impedir que fazer o que eu estava prestes a fazer. O sinal abriu e nós seguimos para o sul de Livonia, pouco menos de uma hora me separava da minha vingança.
A ligação que eu havia recebido noite passada me levara até aqui, Lil havia me contado sobre Bishop planejar fugir e dar um jeito de levar a Mel com ele.
Flashback ligação on:
Sai de perto da Melody atendendo o celular.
-Quem é?
-Sou eu o Lil.
-Resolveu dar as caras. –disse sarcástico indo em direção à casa da piscina.
-Na verdade eu vim te passar informações.
-Sobre quem?
-Bishop.
-Não me interessa, pelo menos não agora. –ele riu do outro lado.
-O que aconteceu a garota te deixou mole foi?
-Não fala merda, eu só to descansando a cabeça.
-Sei, mas então o que pretende fazer agora que tirou a princesa do castelo.
-Eu...espera, como você sabe que eu tirei a Melody da casa do velho?
-Eu sei de tudo meu irmão, eu sei de tudo –disse me irritando.
-Que seja! Era só isso que você queria?
-Não velho, deixa eu falar. Conheço uns caras que foram contratados agora pelo velho e eles me disseram que ele ta planejando fugir, mas antes disso ele quer pegar a garota de volta.
-Ele não entra aqui nem por cima do meu cadáver.
-Eu sei que você vai fazer de tudo pra proteger todo mundo, mas você não é bem o herói da história.
-Herói ou não, ninguém encosta um dedo na Melody. –por um momento eu podia jurar que ia perder o controle e sair dali com uma arma e matar o Bishop, mas eu não poderia, não sozinho.
-É bom ouvir isso, não quero o meu irmãozinho morto. –fiquei em silêncio por alguns instantes pensando no que fazer. –Ele esta escondido em um galpão em Livonia.
-Onde é esse galpão?
-Na saída leste da cidade, é em um lugar completamente deserto. –engoli em seco ouvindo o que ele dizia e me lembrando de coisas que eu deveria ter esquecido há muito tempo.
-Eu sei que galpão é esse, eu já estive lá. –A tensão se instalou me deixando nervoso por alguns instantes.
-Justin, ainda ta na linha?
-Tô sim, tem mais alguma coisa pra falar?
-Não por enquanto, mas se eu tiver mais te ligo.
-Ta, valeu.
-Heyy irmão!
-O que?
-Toma cuidado.-ele disse como quem suspeitava que o pior pudesse acontecer.
Flashback off ligação off
Faltavam poucos metros para chegar ao mesmo galpão que eu havia visitado por ironia e crueldade do destino há quase catorze anos atrás. Abri o porta luvas pegando uma pistola dourada e checando se estava carregada, ela seria a minha arma surpresa pra aquele velho filho da puta. Coloquei a arma na cintura ainda prestando atenção na estrada. O silêncio continuou de Ryan ao meu lado estava começando a me irritar.
-Vai falar o que ta rolando, ou vai continuar com essa cara de quem comeu e não gostou. –ele me encarou e voltou o olhar pra estrada.
-Não é nada, só to concentrado. –disse sem mesmo da importância ao que dizia.
-Tem certeza? –ele murmurou um sim abafado e ai acabou a história.
Melody's P.O.V.
A minha inquietação aumentava a cada toque eu dava no celular do Justin e ele não atendia, eu andava de um lado para o outro esperando que por um milagre ele atendesse e dissesse que já estava voltando para a casa da Helena.
-Vamos lá Justin, atende ! –murmurei andando até Nolan e voltando.
-Onde esta o Justin? –Helena surgiu na porta da cozinha com um tom curioso na voz.
-Ele teve que sair, me desculpe.
-Tudo bem, aquele menino não fica quieto desde pequeno mesmo. –ela resmungou.
Desliguei o celular jogando o mesmo na mão do Nolan e a encarando.
-Como assim desde pequeno? –minha voz saiu mais intimidadora do que previa, ela se assustou esbugalhando os olhos.
-O que? –ele sorriu desconcertada.
-A senhora disse que ele era assim desde pequeno.
-O que, eu? De forma alguma ... –ela desconversou – Vocês querem um pedaço de bolo?
-Eu adoraria, ainda mais se ele viesse recheado com um pouco de verdade. –a encarei e ela sentou de cabeça baixa. -Você trabalha pro Bishop? –perguntei receosa com a sua resposta.
-Não de forma alguma eu jamais trabalharia pra aquele monstro. –ela disse com certo nojo.
-Então você sabe bem que tipo de pessoa é o Bishop. –me sentei a sua frente. –Que tal começar a falar a verdade.
Ela respirou fundo desviando o olhar de mim para o Nolan que estava parado na porta, como um cão de guarda.
-Tudo bem, eu conto. –Ela tomou um gole do café e começou –Conheci Pattie logo que ela chegou em Michigan, nós dividíamos um apartamento e trabalhávamos juntas. Justin era muito pequeno, devia ter uns cinco anos quando chegou aqui.
-Como o reconheceu? Até onde sei você não o vê a mais de dez anos.
-Eu sou madrinha dele, eu nunca esqueceria a sua carinha. –ela fungou começando a esboçar um choro. –Eu jurava que ele e a Pattie estavam mortos, eu a vi sendo carregada pra dentro do galpão e o vi correndo também –ela levantou secando as lágrimas que rolavam pelo seu rosto. –Eu procurei feito uma louca pelos dois, mas eu não o encontrei.
-Ele sabe disso?
-Não, eu não tive coragem e muito menos tempo de contar. Tenho medo dele me odiar por não ter impedido o que aconteceu.
-E você poderia?-ela voltou a me encarar e se sentou.
-Sinceramente eu não sei. –suspirou derrotada.
-O que realmente aconteceu naquele dia? –ela desviou o olhar do meu tomando outro gole de café.
-Bem...
Justin's P.O.V.
Estacionei metros a frente do galpão estranhando o fato do lugar estar vazia, não havia nenhum carro e muito menos sinal de "vida humana" por ali. Descemos em formação, os caras me davam cobertura enquanto eu os guiava. Antes de entrar demos uma volta no lugar encontrando nada, voltamos a frente do mesmo.
Um dos seguranças arrombou a porta e nós entramos mirando quem quer que aparecesse, não havia nada ali além de dezenas de caixas com o símbolo de produto inflamável. Eu tentava com todas as minhas forças me livras das lembranças que me assombravam enquanto nós caminhávamos pelo galpão escuro, o cheiro ainda era o mesmo eu podia jurar que haviam dezenas de cadáveres por ali. Chegamos a uma segunda porta, ela era pequena em comparação com a de entrada, era como a porta de uma casa, chutei a porta e entrei com a arma em punhos me deparando com dezenas de homens mal encarados que nem sequer deram importância mina presença.
-Pode abaixar a arma playboy ninguém aqui vai atirar –um dos caras disse com as mãos pra cima.
-Cadê o Bishop? –disse sem enrolar e eles riram quase que debochando da minha pergunta.
-Ele ta lá dentro, esperando por você. –o cara disse apontando pra uma porta logo atrás dele onde outro cara se afastava me dando visão.
-Hey –Ryan esbarrou em mim me chamando a atenção. –É uma cilada. –ele murmurou.
-Eu sei –ele me encarou. -Só um de nós dois vai sair vivo daquela sala, então é melhor você rezar pra que seja eu.
-Você e sua mania de suicídio –resmungou.
-Vamos –disse seguindo pra porta, mas um dos caras entrou na minha frente.
-Não todos, entram você e mais dois se quiser. –Ryan ficou ao meu lado e o cara apontou pra ele –Menos o olhos verdes ai, ele fica. –Ryan encarou o cara querendo pular em cima dele, entrei na frente chamando por Phil e Carl, dois dos meus seguranças mais confiáveis. Os caras da sala assentiram, Ryan não parecia muito feliz com a escolha, mas não era hora de me importar com os pitis deles.
Entrei na sala observando cada canto daquelas quatro enormes paredes, haviam cinco caras conversando perto da tubulação de ar, e embaixo da tubulação estava o velho fumando um charuto, ele sorriu presunçoso assim que me viu.
-E aqui esta o meu encrenqueiro preferido –disse jogando o charuto no chão e dando dois passos a frente. –Vamos lá abaixe essa arma meu pequeno grande homem, eu só quero conversar. –disse tão calmo que me dava vontade de apertar o gatilho naquele instante. Ele fez sinal pros seguranças e um deles puxou duas cadeiras velhas de madeira até o centro da sala, embaixo de uma lâmpada que piscava a cada três segundos. –Sente-se a vamos conversar, não precisa mirar a minha cabeça a todos estante, não estamos armados.
Por um motivo desconhecido e desnecessário eu acabei me sentando ali e nós ficamos frente a frente. Abaixei a arma deixando a mesma destravada mas sobre o meu colo. O velho não fazia nada além de me encarar com um meio sorriso no rosto.
-Então vamos fazer assim, eu pergunto você responde depois você pergunta e eu respondo –o desgraçado falava comigo como se estivesse falando com uma criança. –Minha vez então, eu gostaria muito de saber por que você entrou na minha casa, matou meus aliados, roubou o meu dinheiro e ainda levou a minha ninfetinha, que diabos eu te fiz pra você querer me destruir? –ele forjava uma voz de vitima chegando a ser ridículo até mesmo pra ele.
-Você tem certeza que não sabe? –ri entrando no jogo dele –uma década e meia atrás você dentro desse mesmo galpão espancando uma mulher na frente de uma criança?
-A mais de uma década atrás? –ele levou a mão a cabeça fingindo pensar –Por acaso eu desviei o seu carregamento de maconha? Ou transei como uma das suas namoradinhas ninfetas? –disse sínico me tirando de sério.
Não pensei duas vezes e levantei voando no seu pescoço, o velho se debateu feito um louco enquanto eu apertava o seu pescoço. Pego desprevenido, dois caras me seguraram e me colocaram de volta na cadeira me amarrando com uma corda. Os caras que estavam comigo também foram rendidos, estavam na mira dos outros caras que estavam na sala.
-Eu devia ganhar um Oscar por cada vez que eu engano alguém, minto muito bem –disse pra si mesmo orgulhoso –Agora vamos falar sério moleque, como você conseguiu chegar até mim? Até onde me lembro Haviier tinha dado cabo de você –disse sério –Nenhum traficante desse país tem coragem de me enfrentar como você fez e vem fazendo, como isso pode ser possível? –ele esbravejou irritado.
-Vai ver você esta fora de forma, a idade vai chegando... –mesmo amarrado aquela cadeira eu conseguia sentir prazer em olhar pra cara daquele desgraçado e rir da raiva que ele sentia por ter sido EU o garoto que ele ferrará com a vida estar enfrentando-o. –Já fez seu exame de próstata, ta na idade velho –debochei vendo ele ficar vermelho de raiva. O que me resultou um soco que deixou meu maxilar dormente por alguns segundos.
-De onde você vem?-perguntou me encarando e balando a mão que havia me acertado.
-Do inferno, o mesmo lugar que se Deus for justo você vai parar ainda hoje. –murmurei entre dentre dentes recendo um soco no estomago. –Você bate feito uma velhinha –provoquei.
Enquanto ele gritava aos sete ventos que iria me fazer implorar pra comer a minha própria língua lembrei-me do canivete que estava no meu bolso, uma coisa que tio Will sempre me dizia era "Nunca leve só uma arma pra enfrentar a briga", e eu nunca esqueci. Puxei o canivete do bolso com cuidado, não chamando atenção aos caras que assistiam o surto do Bishop a minha frente, comecei a cortar a corda que não resistiu muito a lâmina afiada.
Melodys's P.O.V.
Meus dedos tremiam de nervosismo em cima da mesa, Helena estava conversando com Nolan sobre a receita do bolo que ele estava comendo, eu não aguentava mais ficara ali para esperando uma ligação, uma noticia ou que diabos chegaria avisando o que estava acontecendo ou onde ele estava.
-Você tem que me dizer onde ele esta! –disse firme atrapalhando a conversa.
-Não vou falar –ele respondeu voltando a conversar com Helena.
-Então eu vou atrás dele sozinha –levantei pegando a bolsa em cima da cadeira ao meu lado.
-Você não sabe onde ele ta. –resmungou –Onde tudo começa, tudo termina. –disse vago.
Por um momento eu na fazia ideia do que ele estava falando e em seguida eu já sabia onde exatamente ele estava.
-Eu sei... –Nolan pulou na minha frente me impedindo de sair –Eu sei que ele ta no galpão.
-Mesmo se ele estiver lá é muito perigoso –ele fitou o chão sério.
-Eu não me importo se é perigoso ou não, só não quero ficar aqui esperando alguém ligar e dizer que ele ta morto –puxei ele da minha frente saindo.
-Preciso tomar conta de você –ele me seguiu até fora da casa.
-Então vem comigo. –disse entrando em um dos carros e ordenando que um dos seguranças fosse até a casa de Justin.
Nolan me levou até o arsenal me deu uma arma e me obrigou a colocar um colete a prova de balas, passamos poucos minutos na casa e logo seguimos em direção ao galpão.
Justin's P.O.V.
Cortei e continuei imóvel encarando Bishop que rosnava as mil e uma formas de matar, voltei o olhar a Phil e Carl que estavam um pouco mais atrás do velho. Fiz um sinal tentando dizer a eles pra se soltarem, eles pareciam entender; dei uma olhada no chão procurando pela minha arma e a encontrei entre as minhas pernas quase debaixo de cadeira. O velho de vangloria tanto, mas não consegue ser esperto o bastante pra tirar a arma de perto de mim.
-Você fala demais! –peguei a arma e me levantei tão rápido que o velho congelou impressionado a minha frente, mirei a sua cabeça e ele me olhou hesitante. Phil e Carl se soltaram também, se juntando a mim de armas em punho.
-Espertinho! –o velho resmungou.
Ninguém se movia na sala, um dos dois lados estava com medo e não era bem o meu.
Em um canto escuro, inverso da tubulação de ar havia uma mesa de metal com um fuzil em cima, eu precisada daquele fuzil. Percebendo o meu olhar no mesmo um dos homens do Bishop correu em direção tentando pega-lo, mas o meu gatilho foi mais rápido. O cara caiu e os outros apontaram suas armas para nós.
-Pense bem garoto, nós estamos em maior numero –murmurou me encarando.
-Não, vocês tem balas, e a esperança de que quando elas acabarem eu não esteja mais de pé, por que se estiver, vão estar mortos antes que possam recarregar.
Sem pensar fui em direção ao fuzil vendo tiros na minha direção e vendo um fogo cruzado começar, puxei o fuzil de cima da mesa e a virei fazendo uma barricada, joguei minha arma no chão e posicionei o fuzil derrubando dois caras enquanto Bishop se escondia atrás de outros. Os tiros foram tomando uma proporção maior não só na parte do galpão que eu estava, mas na em que Ryan havia ficado.
O escuro do galpão não ajudava muito nos alvos, quando percebi o cessar levantei vendo que eles recarregam e me aproximei os fazendo recuar, a escuridão não era amiga de ninguém ali. Os rendi puxando a arma da mão de um deles e jogando do outro lado do galpão.
-Nós nos rendemos –um dos caras sibilou com medo. Abaixei a guarda por um segundo recuperando o fôlego, usar um fuzil é mais cansativo do que possa parecer.
Um dos caras pulou em cima de mim derrubando enquanto o velho corria, o desgraçado avançou em mim feito um bicho louco me acertando a porrada sem medo eu tentei tira-lo de cima mim, mas o desgraçado era maior e mais forte. Ouvi o estrondo da porta sendo aberta junto ao soco que me deixou tonto por alguns segundos, por um momento o cara que me batia parou e caiu sobre mim com sangue jorrando da sua cabeça, olhei na direção porta vendo Ryan com a arma ainda na direção dele. Empurrei o cara e levantei procurando pelo velho, ele estava no canto do local tentando abrir uma porta com dezenas de correntes.
-Nem adianta tentar fugir seu desgraçado –gritei me aproximando, puxei seu braço e ele me acertou com um pedaço de ferro, meu braço latejou, eu podia jurar que tinha ouvido meu osso se partir. Dou pra caralho, mas não era um pedaço de ferro que ia me parar, soquei a cara do velho com meu braço bom, ele recuou se encostando na porta e eu acertei até que ele soltasse aquela porcaria. Ele caiu no chão e eu o chutei o ouvindo resmungar.
-Saiam todos, a conversa agora é entre o glorioso Isaac Bishop, como ele mesmo diria, e eu .
Os meus já haviam rendido todos ali, então assentiram saindo dali.
Arrastei o velho até a cadeira caída no meio da enorme sala e o amarrei com um pedaço de fio jogado no chão.
-Há tempos eu sonho em te ver assim, preso feito um bicho –disse o encarando.
O gosto de sangue na minha boca era enjoativo e o meu braço arrebentado não ajudava muito, mas nada disso me pararia, não hoje não agora.
-Por favor garoto, você realmente quer fazer essa cena? Sinceramente eu já estou cansado dessa brincadeira. –suspirou parecendo incomodado com o sangue no seu rosto. –Você me solta e eu te perdoo, além de te perdoar eu te dom um bom lugar ao meu lado. –forçou um sorriso convincente.
-Nada vai pagar o inferno que você fez da minha vida, nada vai mudar o fato de que você assassinou a minha mãe. Eu vou fazer você sentir tudo que eu senti nos últimos anos só que pior.
-Se for pra me matar é melhor fazer isso logo, não gosto de esperar.
-Não se preocupa em morrer agora, antes de morrer você vai ser a minha vadiazinha e vai sofrer como você fez ela sofrer.
-Ah por favor eu nem me lembro da cara daquela vagabunda, guardar rancor não faz bem a ninguém –ele gritou irritado.
Dei as costas ignorando o velho e fui até a porta pegando aquela mesma barra de ferro que ele havia me acertado e a levando até onde ele estava.
-Não vá me dizer que é masoquista McCann –riu debochando.
Levantei a barra de ferro acertando as pernas dele que urrou de dor feito um cachorro.
-Essa é pela mãe da Melody –levantei o barra acertando as pernas de novo e parei vendo uma delas começar a sangrar –Eu nem comecei e você já esta sangrando? Ele recuperou o fôlego e me olhou furioso.
-Não se vanglorie isso foi trabalho do tiro daquele projeto de vadia. –acertei mais uma vez suas pernas.
-Cuidado com as palavras velho –o adverti. –Já ouviu falar em pagar penitência? –comecei a caminhar a sua volta. –Algumas pessoas se chicotei por isso sabia?
-Obrigada, mas eu não quero aula grátis de nada –resmungou.
-Foda-se então, eu vou só te bater mesmo. –levantei a barra acertando o velho dezenas de vezes, eu queria ouvi-lo implorar pra parar, mas ele não fazia nada além de gritar de dor. –Uma vez um garoto tentou me queimar no reformatório, se o infeliz do diretor não tivesse chegado a tempo talvez eu nem estivesse aqui, mas você não terá a mesma sorte. –soltei a barra e puxei um isqueiro do meu bolso.
-O que você vai fazer? –murmurou cuspindo sangue.
-Nada que você não faria. –dei a volta e fiquei as suas costas. –Você não vai implorar pra eu parar com isso? –acendo o isqueiro na palma de sua mão ouvindo mais um dos seus gritos de agonia.
-Isaac Bishop não implora –disse entre um grito e outro.
Ele não resistiu por muito tempo e apagou. Joguei o isqueiro no chão e voltei a sua frente o encarando, por mais que eu imagine mil e uma maneiras de torturar aquele desgraçado nada me parecia o suficiente.
Senti uma pontada na cabeça e de repente dezenas vozes gritavam ali, na minha cabeça todas ao mesmo tempo, perdi fôlego, os sentidos e até mesmo as forças. Minhas cabeça parecia uma bomba relógio pronta pra explodir, dei alguns passos pra trás tropeçando em um dos corpos por ali e cai de costas pra parede. A cena surgiu tão viva na minha cabeça que eu podia jurar que estava acontecendo de novo. Ela estava ali a minha frente sendo morta, mais uma vez.
O velho levantou uma arma na direção dela.
-Eu te amo filho -Aquelas foram as primeiras e as últimas palavras que ouvi antes de fechar os olhos com o ruído agudo da arma. Em seguida os abri procurando pela figura da minha mãe, ela estava no chão em meio a uma poça de sangue que só crescia, mais e mais.
Melody's P.O.V.
O carro parou perto de outros estacionados na frente do galpão, saltei correndo na direção da entrada ouvindo Nolan gritar pelo meu nome ignorei e continuei até dar de cara com uns seguranças que me seguraram impedindo que eu entrasse no lugar.
-Cadê o Justin, eu preciso vê-lo agora! –disse tentando me livrar dos braços deles. Ryan surgiu na porta me olhando espantado.
-O que você ta fazendo aqui?
-Cadê ele Ryan? –perguntei e ele veio na minha direção dispersando o seguranças. –Me deixa entrar –perdi segurando o choro.
-Não, é perigoso. –me repreendeu.
-Pelo menos me diz se ele ta bem? –ele se aproximou.
-Ele ta bem sim, ta resolvendo as coisas dele, logo ele sai. –Me senti tão aliviada naquele instante que nem me importei em deixar aquelas lágrimas caírem, Ryan me abraçou tentando me confortar. –Vai ficar tudo bem –ele me soltou me olhando nos olhos, de um jeito diferente –Fica com o Nolan no carro, quando ele sair do galpão eu te chamo –assenti voltando ao carro me sentando ao lado de Nolan.
-Você já conhecia o Nolan? –perguntou quebrando o gelo.
-Já, ele foi me visitar no hospital uma vez –falei limpando o rosto.
-Interessante –disse vago.
Justin's P.O.V
A risada infame do velho ecoou pelo local me fazendo acordar da loucura momentânea pela qual eu passava. Levantei indo em sai direção.
-Você não imagina o quão engraçado é ver você se rendendo aos seus próprios demônios –ele continuava rindo feito um louco –Eu tenho uma grande curiosidade garoto, como você consegue fuder a filha do homem que matou a sua pobre mãezinha –soquei a sua cara vendo ele desmanchar o riso.
-Já disse pra tomar cuidado com as palavras. Além do mesmo se tiver seu sangue, ela é diferente.
-Eu duvido muito. –puxei a pistola dourada da cintura, mirando ele.
-O que você sentiu quando matou a minha mãe?
-Pelo pouco que me lembro eu posso te jurar que foi maravilhoso, mais gostoso que um orgasmo, foi perfeito. –disse num tom feliz. Respirei fundo tentando me acalmar, meu coração batia tão rápido que poderia sair a qualquer momento do meu peito só pra poder acertar aquele desgraçado.
-O que ela fez pra você?
-Só por respirar aquele vagabunda merecia morrer –ele rosnou entre dentes com um sorriso vitorioso no rosto.
Esvaziei o cartucho da arma deixando apenas duas balas separas.
-Vamos brincar um pouco, essa é a minha vez de perguntar e você responder, a cada resposta errada eu atiro mirando em diferente lugares. Te aconselho a rezar pra que você acerte quando eu mirar a sua cabeça.
-Vamos brincar –ele gritou convidativo.
-Primeira pergunta: Por que matou a Sasha?
-Por que eu quis –disse eu atirei acertando sua perna. –Filho da puta –resmungou.
-Por que não me matou quando desconfiou quem eu era?
-Gosto de brincar de gato e rato –apertei o gatilho e a arma falhou.
-Por que quer a Melody ao seu lado?
-Acho que ela me chuparia bem –resmungou engasgando com as palavras, atirei e a arma falhou mais uma vez.
-Como você gostaria de morrer?
-Eu sou imortal –atirei acertando seu braço.
Ele se segurou pra não apagar e continuou me encarando como se eu fosse sua criação.
-Sabe onde eu errei com você garoto? Eu te subestimei sabe por que? –ele tossiu –Você consegue ser tão cruel quanto eu posso ser.
-Não me compare com você –respondi seco.
-Como você se sente agora, satisfeito com a sua vingança?
-Como eu nunca estive em toda a minha vida.
-Ótimo, vai fazer o que então? Me empalhar e colocar na parede do seu pulgueiro?
-Melhor, eu vou te mandar pro lugar de onde você nunca deveria ter saído.
Me virei indo em direção a porta que dava pra sala pela qual eu passei pra chegar ali, abri a porta procurando por um galão de gasolina.
-Justin! –Ryan surgiu me encarando –Acho que vou chamar uma ambulância pra você.
-Cala a boca e me ajuda achar um galão. –disse.
-Aqui! –me jogou um galão. –Vai demorar muito?
-Não, por que?
-Nada –ele respondeu de um forma estranha.
-Já vou sair.
Dei meia volta, indo em direção ao velho ainda amarrado na cadeira.
Abri o galão e comecei a molhar tudo inclusive ele que a todo o momento perguntava o que eu ia fazer
-Sem mais brincadeiras, me solta rapaz –disse como se estivesse na posição de mandar em algo ou alguém. –Me solta!
-Pede perdão que eu penso no seu caso. –Soltei o galão vazio no chão e peguei uma última bala colocando na dourada.
-Pedir perdão, nunca! Nada nesse mundo me deixa mais feliz do que saber que fui eu quem mandou a sua mãe pro céu.
Era hora.
Me afastei da gasolina e me abaixei me reverenciando a ele.
-Te encontro no inferno.
Mira, destrava, click, boom!
O fogo se alastrou em questão de segundos, estourando a lâmpada e explodindo as caixas que estavam por todo o lugar, saí dali sem olhar pra trás me esgueirando das chamas. Antes mesmo de conseguir sair da segunda sala o lugar já estava todo em chamas, uma fumaça negra surgiu deixando a saída quase inalcançável. Parte do teto caiu a minha frente e eu parei tentando enxergar uma saída, a adrenalina havia sumido junto com as minhas forças, a fumaça começava a pesar e eu já não tinha certeza se conseguiria sair dali.
Uma voz conhecida surgiu em meio ao barulho de explosões, eu só podia estar aluciando.
Melody's P.O.V.
(clique em um dos links das notas finais e leia com a trilha )
Vi Ryan saindo do galpão mais uma vez e saí do carro indo em sua direção.
-Cadê Justin?
-Ele já ta vindo, fica calma.
-Será que ele ainda vai demo... –ouvi uma explosão e fitei o galpão apreensiva, das suas janelas altas dava pra ver uma luz amarela forte, como fogo tomando conta de tudo. –Fogo! –gritei passando por Ryan e correndo na direção do galpão.
Abri a porta e me deparei com um fumaça preta impedindo que eu enxergasse algo além das chamas por todo o lugar.
-Justin!–gritei indo mais a fundo no lugar, sem realmente saber onde eu estava indo. A cada vez que eu gritava e ele não respondia meu coração se apertava cada vez mais.
Pulei um pedaço de madeira que surgira na minha frente e quase caí, me escorei em uma parede e continuei gritando elo nome dele. Eu não desistiria de procura-lo nem que aquilo custasse a minha vida. Continuei caminhando para dentro do lugar a sua procura.
-Mel –uma voz cansada não muito longe respondeu. Corri seguindo a voz, eu estava mais cansada do que deveria, mal conseguia respirar. Chamei mais uma vez pelo seu nome e ele respondeu tão perto que pude abraçar seu corpo quente.
-O que você ta fazendo aqui? –ele resmungou tossindo.
-Alguém tinha que te salvar. –respondi. –Vamos sair daqui –segurei sua mão o puxando pra fora dali.
-Não, eu acho que não consigo, eu não tenho mais forças. Você tem que sair. –disse puxando ar.
-Eu não saio daqui sem você. –apertei sua mão tentando fazer com que ele reagisse. Se nós ficássemos mais ali, seria eu quem não conseguiria sair. –Se for pra morrer eu vou morrer aqui com você.
-Uma vez eu te disse que nós ficaríamos juntos como Romeu e Julieta –se forçou pra falar –e você me disse que eles terminavam em uma tragédia...será que essa vai ser a nossa.
-Romeu e Julieta são um bando de idiotas perto de nós dois. –abracei seu corpo. –Reage por favor! –implorei sentindo meus olhos queimarem com as lágrimas que começavam a rolar. O fogo e o meu desespero só aumentavam. Ele apertou a minha mão assentindo, o guiei pelo caminhado que eu imaginava ter vindo, destroços caíram no nosso caminho deixando mais desesperada ainda. O meu corpo expulsava a fumaça que entrava, o pouco de esperança parecia ter sumido naquele instante.
Justin grudou seu corpo no meu na tentativa falha de me proteger das chamas que subiam ao nosso redor.
-Se...-ele tossiu afobado – se esse for o nosso último dia, eu quero que você saiba que você foi e sempre será o meu primeiro e último amor. –Me abracei ao seu corpo. –Você é o amor da minha vida Melody Parker.
-Eu não me importo de morrer ao seu lado, nós somos mais que Romeu e Julieta –procurei fôlego –nós somos infinitos.
Seus lábios encontraram os meus, lentamente se tocaram fazendo uma dança, talvez a dança da despedida. O fogo se aproximava quase chamuscando a minha pele.
Se aquela fosse a hora nós estávamos prontos, prontos pra morrer!
Um estrondo separou nossos lábios precocemente, uma das paredes caiu e uma luz pulsava entre a fumaça que saia pelo buraco da parede.
-Vamos sair daqui –Justin disse com a voz falha puxando a minha mão na direção da luz. O tempo não parecia passar até chegarmos à parede caída, assim que saí eu pude ver o farol que nos guiava.
A fumaça queimava dentro dos meus pulmões me deixando tonta. O corpo de Justin caiu e logo em seguida o meu.
---
Meses depois (...)
Melody desceu as escadas da casa de Justin, onde passava a maior parte do tempo, correndo do mesmo que corria atrás dizendo que á faria retirar o que havia dito sobre sua masculinidade minutos atrás. Eles estavam felizes, depois de muito tempo eles eram apenas um casal normal que corria pela casa em uma brincadeira.
-Não adianta correr –ele gritou quase a alcançando.
Ela se esquivou ouvindo a campainha tocar, abriu e se deparou com ela considerar a coisa mais estranha que havia visto na porta de alguém. Ela esticou o braço puxando um envelope preto e o abrindo. Seu coração disparou assustado quando leu o cartão.
Justin surgiu atrás dela a agarrando, mas ela permaneceu imóvel, ele a soltou e fitou a porta vendo o que estava ali.
Uma coroa de flores vermelhas de um metro e meio parada na sua porta, Melody o encarou e entregou o cartão. Ele passou os olhos e ficou estático após ler o pedaço de papel que dizia:
Romeu Tem Que Morrer!
Dizem que o homem apegado a vingança deve cavar duas covas. Uma para seu inimigo e a outra para si mesmo.
De qualquer forma. Sendo vingativo ou não, temos uma cova reservada.
(Renilmar Fernandes)
To be continued...
Notas Finais
Atenção! Existe a segunda temporada dessa história, caso queiram que ela seja postada basta se manifestar nos comentários.
https://youtu.be/aNzCDt2eidg
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