Mentirosos não merecem respeito
Antes mesmo de abrir os olhos eu podia sentir as borboletas no meu estomago ao lembrar dos braços de Justin me apertando, seus lábios e toda a coisa que havia acontecido na noite passada. Era surreal.
Me levantei e acionei o alarme que avisaria pra empregada trazer meu café enquanto eu lavava rosto, infelizmente até Justin aparecer no meu quarto essa seria, mais um dia normal na minha sem graça. Hannah entrou no quarto assim que eu sai do banheiro secando o rosto.
- Bom dia Melody –disse formalmente.
-Bom dia Hannah –respondi olhando o que tinha na bandeja que ela havia trago.
-Como se sente hoje?
-Ótima –respondi sorrindo e ela gargalhou fraco enchendo uma xícara de leite.
-Bom saber. - peguei um pãozinho na bandeja.
-Por quê?
-Senhor Bishop deseja que cante pra ele hoje.
-O que? –disse pasma engasgando com um pedaço de pão na boca. –Não, eu não vou fazer isso. Ele me assusta e você sabe muito bem disso.
-Eu não posso fazer nada contra isso menina. –ela não demonstrou emoção alguma.
-Diz pra ele que eu to doente, sem voz o caramba que for.
-Eu disse isso nas duas últimas vezes, ele não vai mais aceitar.
-Toda vez que eu canto ele me olha como se fosse me ... sei lá, como se ele quisesse arrancar um pedaço de mim. Eu não quero.
-Você não tem querer dentro dessa casa Melody, você sabe disso. Ensaie na parte da tarde, e no começo da noite eu venho te buscar pra cantar.
-Hannah! –murmurei, mas ela ignorou fazendo um sinal com a cabeça e saindo do quarto.
Como ela mesma disse eu não tinha escolha, ou eu fazia o que o Bishop mandava ou...bem, eu nem queria saber o que acontecia se eu fizesse o contrário. Peguei algumas partituras na gaveta e tomei café enquanto escolhei o que cantar.
Justin's P.O.V.
O dia passou rápido, já era á tarde quando encontrei com Scooter pela segunda vez, ele parecia mais calmo.
-Preciso de um favor. –disse o puxando pra dentro de um dos escritórios.
-O que?
-Quero a senha da conta do Bishop. –me sentei em um dos sofás de frente pra ele.
-Ta maluco? Ele movimenta a conta dele quase todos os dias, ele sabe até os centavos que tem ali.
-Eu não disse que ia rouba-lo.
-Pretende fazer o que então?
-Transferir o dinheiro dele pra minha conta. –revirou os olhos.
-Não, não agora. O único jeito de você conseguir tirar dinheiro da conta dele, sem ele perceber é se ele estiver atordoado ou muito ocupado com a alguma coisa.
-Como uma morte.
-Ou um roubo dentro da casa, Bishop fica possesso quando acontece algo dentro da casa, aqui é a fortaleza dele, nada pode acontecer.
-Mas vai – peguei um objeto de cristal em cima da mesa de centro –Eu vou derrubar um dos grandes, um dos braços dele.
-Só isso não vai adiantar, você precisa fazer mais alguma coisa.
-Como o que?
-Limpa o cofre do escritório tem bastante coisa lá, coisas que o Bishop preza mais do que a fortuna no banco.
-Que coisas?
-Você vai descobrir, mas o importante é tirar tudo daqui nos carros da casa, sem levantar suspeitas. Quando os carros estiverem na rua é só saquea-los.
-Isso vai ser fácil, o meu pessoal cuida disso.
-Nós só vamos ter que ter cuidado pra não levantar suspeitas. –minha cabeça parecia uma máquina de ideias, era difícil escolher a melhor.
-Matando um dos grandes e sumindo com o corpo, vai parecer que ele fugiu com o dinheiro do Bishop, ninguém vai desconfiar da gente. –ele riu hesitante por alguns segundos.
-Onde você aprendeu a ser esse criminoso perfeito, não vá me dizer que são anos de prática.
-Além da minha motivação crônica em acabar com o Bishop, tudo que eu sei eu aprendi com o melhor.
-Quem? –perguntou curioso.
-Um dia eu te conto. –ele riu fraco balançando a cabeça. –Mais tarde a gente se fala.
Sai do escritório indo em direção a saída da casa, fazia dias que eu não ia em casa, eu precisa ver se as paredes ainda estavam no lugar. Me aproximei do carro logo lembrando que as chaves estavam no quarto. Dei meia volta e entrei na casa fazendo o caminho até o meu quarto, uma voz acompanhada por piano e uma melodia forte ecoavam pela casa. Segui o som até chegar a uma das salas que eu nunca havia entrado antes, a porta estava levemente aberta e no fundo da sala eu podia vê-la tocando o piano e cantando com toda a sua vontade, ela tinha potencial e sabia o que estava fazendo. Parei na porta e fiquei a escutando cantar.
-A primeira vez que eu escutei essa música eu me lembrei de você, eu te vejo como o meu herói. –ela olhou direto pra mim, me observando pela porta entreaberta.
-E se eu fosse o vilão. –entrei fechando a porta por completo.
-Você não conseguiria você ama demais pra ser um vilão. –disse séria voltando a cantar.
Ela se entregava a cada nota, como se com cada palavra cantada disse-se o que sentia. Caminhei até o piano, me sentando ao lado dela no banco.
-Eu conversei com o Scooter e ele me pediu pra te levar daqui comigo. –ela parou de tocar e me observou hesitante por alguns segundos.
-Você e o Scooter conversaram civilizadamente? –perguntou rindo.
-Sim, nós conversamos. –ri de volta passando o braço pelo seu ombro e a trazendo pra um abraço. –E então, você quer ir comigo?
-Não imagina, depois de dezoito anos presa nessa casa...-levantou o rosto selando nossos lábios. –Mas é claro que eu quero ir com você.
A porta se abriu de uma vez dando completa visão da professora furiosa a nossa frente.
-Quantas vezes eu vou ter que dizer que não te quero com a Melody quando ela esta sobre o meus cuidados? – a velha cacarejou nos alarmando.
-Quantas você quiser, eu to pouco me fudendo pra o que você diz.
-Eu vou chamar o senhor Bishop –disse intimidadora, levantei indo na direção dela e a encarando.
-Não me tente a calar a sua boca.
-O que vai fazer, me matar? –disse oscilante.
-Não é uma má ideia. –empurrei a mulher até a parede apertando seu pescoço.
-Justin, solta ela. –Melody esbravejou, mas eu ignorei. –Você ta machucando ela.
A mulher começou a chorar enquanto sua pele ficava vermelha. Ouvi passos atrás de mim e logo ela tocou meu ombro.
-Por favor! –disse firme. –Você vai mata lá. –ela tentou entrar no meio de nós dois, mas pela sua força e estatura não foi muito eficiente.
Braun cruzou a porta afoito procurando por algo.
-Que porra você ta fazendo? –perguntou.
-Não é da sua conta. –respondi vendo a mulher começar a oscilar e apagar aos poucos.
-Solta ela ou o nosso trato ta desfeito. –sem escolhas eu soltei o pescoço da mulher, ela caiu e Melody voou pra cima dela a ajudando. –O que deu em você McCann?
-Já disse que não é da sua conta.
-A partir do momento em que eu coloquei a vida da minha...a vida da Melody nas suas mãos o que quer que você faça envolvendo ela é da minha conta. –me fitou sério esperando uma resposta.
-Ela veio me ameaçando e eu fiquei furioso, eu não gosto de ser desafiado.
-Eu não gosto de muita coisa que acontece nessa casa e ainda sim não saio apertando o pescoço de ninguém.
-Escuta aqui Scooter... –ele me cortou irritado.
-Escuta aqui você McCann, é a segunda vez que eu te digo isso: segura a sua onde se você quiser continuar dentro dessa casa. Esse território não é seu, e você sabe que se fosse qualquer outro dentro aqui já teria te matado, a sua sorte é que pra mim você tem uso.
-Que seja. –respondi sem da nenhuma importância. Rolando o olhar pro canto da sala, Melody conversava com a professora em prantos. Tentei me aproximar, mas ela não deixou.
-Fico longe –disse firme.
-Mel...
-Depois a gente conversa, agora saí –falou nervosa e eu saí, sendo seguido por Braun. Peguei as chaves no quarto e o encontrei novamente na saída.
-Aonde você pensa que vai? –perguntou me seguindo até o estacionamento.
-Em casa algum problema? –abri a porta do carro e ela abriu a outra do outro lado.
-O que mais eu não sei sobre você? –perguntou confuso.
-Muita coisa. –girei a chave ligando o carro. –A não ser que você esteja na expectativa que eu te mostre a minha coleção da playboy é melhor você dar o fora do meu carro.
-Não estou nem um pouco a fim de conhecer a sua casa, o todo poderoso me pediu pra ir da uma olhada na boate.
-E o que eu tenho a ver com isso?
-Preciso de alguém me acompanhando.
-E por que tem que ser eu?
-Preciso ficar de olho em você, não quero ver nenhuma sujeira atrapalhando os nossos planos.
-Isso não estava no acordo.
-Você sair matando quem te irrita também não, agora toca essa joça pra boate. –Pisei no acelerador indo em direção a boate. Ele estava certo, eu tinha que me controlar e eu detestava fazer isso, detestava admitir que alguém além de mim estava certo.
-O que ta acontecendo na boate?
-Um gangster apostou mais do que podia, agora o todo o Bishop quer a cabeça dele.
-Ele quer matar o cara só por ta devendo no jogo da boate.
-Acredite em mim McCann, o todo poderoso já mandou matar por bem menos que isso. Ele só quer ser temido por todos.
-Ta funcionando?
-Em vinte anos de boate é a primeira vez que acontece isso, então eu acho que funciona sim.
Deixei carro no estacionamento, peguei a arma no porta-luvas e saltei acompanhando Scooter pro interior da boate. Nada havia mudado desde a última vez que estive ali, Scooter seguiu para o escritório enquanto eu o esperava no bar.
-Meu bem! –Britney surgiu no balcão.
-Ainda trabalhando aqui.
-Mais uma vez é bom te ver também, querido enteado. –ela sorriu colocando um copo na minha frente. –Então o que quer beber?
-Pode ser vodka.
-Trouxe a sua identidade. –disse pegando a garrafa e enchendo meu copo.
-Como vai a vida? –ela me olhou hesitante.
-Depois de tudo que aconteceu eu imaginei que fosse ser pior.
-Sabe que pode ficar na casa, ela também é sua de certa forma. –tirei o copo da mesa tomando um gole.
-Pra ficar lembrando do Will em cada detalhe da casa? Não obrigada. –serviu um cliente ao meu lado e voltou ficando a minha frente. –Veio buscar o Lil?
-O Lil? –perguntei sem entender.
-É, aposto que ele te ligou pra você safar ele da divida.
-Que divida?
-Você não sabe? – ficou espantada. –Ele ta devendo até os rins pro dono boate.
-Mas que merda! Onde ele ta?
-Jogando com uns caras, tentando recuperar o dinheiro.
-Valeu –levantei botando pra dentro o resto da vodca e deixando o copo na badeja se um garçom que passava. Dei a volta na boate até encontrar a mesa onde acontecia o jogo. Seis homens com charutos na boca jogavam cartas na mesa e resmungavam palavrões, entre eles estava Lil.
Dei a volta na mesa e o puxei pelo braço o levantando.
-O que você ta fazendo aqui? –perguntou assustado.
-Tentando salvar a sua vida.
-Vai pagar a minha conta?
-Mas é claro que não. – o puxei pra um canto da boate. –Como você conseguiu fazer essa cagada toda?
-Foi o jogo cara, eu tava ganhando mas depois a coisa saiu do controle, eu consegui voltar com o dinheiro que você, mas depois...
-Você gastou o meu dinheiro pagando divida de jogo? Você mentiu pra encobrir a merda que você tava fazendo?
-É, mas se eu disse-se você nunca daria.
-Não daria mesmo, você sabe que esse jogo é de azar.
-Eu pensei que pudesse ganhar, na verdade eu ainda posso se você me emprestar mais um dinheiro... –ela falava atordoado, com certeza tava chapado.
-Não. –disse firme. -O Braun ta aqui pronto pra levar a sua cabeça pro Bishop.
-A gente mata esse tal de Braun, e mata o Bishop também ai você pode levar a sua gostosinha pra casa e ta tudo acabado.
-Cala a boca –o empurrei na parede, o impedindo de falar mais baboseiras. –Não é tão fácil, nós somos dois no território do inimigo, para e pensa seu imbecil.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, sem saber o que dizer ele só me observava.
-Eu vou te tirar daqui e você vai pra fora do país até eu matar o Bishop. –respirei fundo organizando os pensamentos –pega parte do dinheiro da sua herança e viaja pra longe e sem deixar rastro.
-Não posso. –disse de cabeça baixa.
-Prefere ficar e morrer?
-O problema não é fugir e sim o dinheiro, eu perdi o dinheiro de todas as minhas contas, perdi os carros e perdi toda a minha herança no jogo.
-Porra! Você perdeu milhões na mesa de jogo. –soquei a parede tentando não socar a cara dele.
-Foi mal eu...
-Cala a boca antes que eu te arrebente aqui mesmo. –eu estava furioso com aquele imbecil e ele não parava de falar um segundo. –Vem comigo.
O puxei pela gola da blusa o arrastando até a porta onde alguns seguranças me barraram.
-Aonde vai com o ladrãozinho?
-Bishop mandou dar um fim nele.
-E quem é você? –o brutamontes fechou a minha saída e eu o encarei.
-Ele ta comigo KJ. –Braun surgiu mais uma vez salvando a pátria.
-Se é assim, podem ir.
Ele saiu da frente nos dando passagem, arrastei Lil até o estacionamento vazio e o joguei dentro do carro.
-Obrigada por pegar o ladrãozinho McCann. –Braun sorriu me cumprimentando. –Então, já que pegou se quiser pode matar você mesmo e quem sabe descontar um pouco da sua raiva impulsiva.
-Não posso matá-lo...
-Ta eu mato –ela abriu a porta puxando Lil pra fora.
-Não –Braun me olhou sem entender. –Ele é um dos meus...ele é praticamente meu irmão.
-Mas de que porra você ta falando?
-Eu não vou te contar a história agora, você só precisa saber que ele é um dos meus.
-Eu não costumo descumprir as ordens do Bishop. –me aproximei puxando Lil pro meu lado.
-Será que da pra respeitar o meu espaço e parar de me puxar de um lado pro outro? –Li resmungou arrumando a roupa.
-Você não merece o respeito de ninguém. –respondi.
-Você ta fazendo a coisa errada. –Braun chutou o pneu do carro irritado.
-Eu tenho uma divida de vida com ele... Eu não vou deixar você dar um tiro nele e jogar o corpo do penhasco. –Braun permaneceu calado olhando pra mim. –E então, vai ser do jeito fácil ou do jeito difícil?Antes mesmo de abrir os olhos eu podia sentir as borboletas no meu estomago ao lembrar dos braços de Justin me apertando, seus lábios e toda a coisa que havia acontecido na noite passada. Era surreal.
Me levantei e acionei o alarme que avisaria pra empregada trazer meu café enquanto eu lavava rosto, infelizmente até Justin aparecer no meu quarto essa seria, mais um dia normal na minha sem graça. Hannah entrou no quarto assim que eu sai do banheiro secando o rosto.
- Bom dia Melody –disse formalmente.
-Bom dia Hannah –respondi olhando o que tinha na bandeja que ela havia trago.
-Como se sente hoje?
-Ótima –respondi sorrindo e ela gargalhou fraco enchendo uma xícara de leite.
-Bom saber. - peguei um pãozinho na bandeja.
-Por quê?
-Senhor Bishop deseja que cante pra ele hoje.
-O que? –disse pasma engasgando com um pedaço de pão na boca. –Não, eu não vou fazer isso. Ele me assusta e você sabe muito bem disso.
-Eu não posso fazer nada contra isso menina. –ela não demonstrou emoção alguma.
-Diz pra ele que eu to doente, sem voz o caramba que for.
-Eu disse isso nas duas últimas vezes, ele não vai mais aceitar.
-Toda vez que eu canto ele me olha como se fosse me ... sei lá, como se ele quisesse arrancar um pedaço de mim. Eu não quero.
-Você não tem querer dentro dessa casa Melody, você sabe disso. Ensaie na parte da tarde, e no começo da noite eu venho te buscar pra cantar.
-Hannah! –murmurei, mas ela ignorou fazendo um sinal com a cabeça e saindo do quarto.
Como ela mesma disse eu não tinha escolha, ou eu fazia o que o Bishop mandava ou...bem, eu nem queria saber o que acontecia se eu fizesse o contrário. Peguei algumas partituras na gaveta e tomei café enquanto escolhei o que cantar.
Justin's P.O.V.
O dia passou rápido, já era á tarde quando encontrei com Scooter pela segunda vez, ele parecia mais calmo.
-Preciso de um favor. –disse o puxando pra dentro de um dos escritórios.
-O que?
-Quero a senha da conta do Bishop. –me sentei em um dos sofás de frente pra ele.
-Ta maluco? Ele movimenta a conta dele quase todos os dias, ele sabe até os centavos que tem ali.
-Eu não disse que ia rouba-lo.
-Pretende fazer o que então?
-Transferir o dinheiro dele pra minha conta. –revirou os olhos.
-Não, não agora. O único jeito de você conseguir tirar dinheiro da conta dele, sem ele perceber é se ele estiver atordoado ou muito ocupado com a alguma coisa.
-Como uma morte.
-Ou um roubo dentro da casa, Bishop fica possesso quando acontece algo dentro da casa, aqui é a fortaleza dele, nada pode acontecer.
-Mas vai – peguei um objeto de cristal em cima da mesa de centro –Eu vou derrubar um dos grandes, um dos braços dele.
-Só isso não vai adiantar, você precisa fazer mais alguma coisa.
-Como o que?
-Limpa o cofre do escritório tem bastante coisa lá, coisas que o Bishop preza mais do que a fortuna no banco.
-Que coisas?
-Você vai descobrir, mas o importante é tirar tudo daqui nos carros da casa, sem levantar suspeitas. Quando os carros estiverem na rua é só saquea-los.
-Isso vai ser fácil, o meu pessoal cuida disso.
-Nós só vamos ter que ter cuidado pra não levantar suspeitas. –minha cabeça parecia uma máquina de ideias, era difícil escolher a melhor.
-Matando um dos grandes e sumindo com o corpo, vai parecer que ele fugiu com o dinheiro do Bishop, ninguém vai desconfiar da gente. –ele riu hesitante por alguns segundos.
-Onde você aprendeu a ser esse criminoso perfeito, não vá me dizer que são anos de prática.
-Além da minha motivação crônica em acabar com o Bishop, tudo que eu sei eu aprendi com o melhor.
-Quem? –perguntou curioso.
-Um dia eu te conto. –ele riu fraco balançando a cabeça. –Mais tarde a gente se fala.
Sai do escritório indo em direção a saída da casa, fazia dias que eu não ia em casa, eu precisa ver se as paredes ainda estavam no lugar. Me aproximei do carro logo lembrando que as chaves estavam no quarto. Dei meia volta e entrei na casa fazendo o caminho até o meu quarto, uma voz acompanhada por piano e uma melodia forte ecoavam pela casa. Segui o som até chegar a uma das salas que eu nunca havia entrado antes, a porta estava levemente aberta e no fundo da sala eu podia vê-la tocando o piano e cantando com toda a sua vontade, ela tinha potencial e sabia o que estava fazendo. Parei na porta e fiquei a escutando cantar.
-A primeira vez que eu escutei essa música eu me lembrei de você, eu te vejo como o meu herói. –ela olhou direto pra mim, me observando pela porta entreaberta.
-E se eu fosse o vilão. –entrei fechando a porta por completo.
-Você não conseguiria você ama demais pra ser um vilão. –disse séria voltando a cantar.
Ela se entregava a cada nota, como se com cada palavra cantada disse-se o que sentia. Caminhei até o piano, me sentando ao lado dela no banco.
-Eu conversei com o Scooter e ele me pediu pra te levar daqui comigo. –ela parou de tocar e me observou hesitante por alguns segundos.
-Você e o Scooter conversaram civilizadamente? –perguntou rindo.
-Sim, nós conversamos. –ri de volta passando o braço pelo seu ombro e a trazendo pra um abraço. –E então, você quer ir comigo?
-Não imagina, depois de dezoito anos presa nessa casa...-levantou o rosto selando nossos lábios. –Mas é claro que eu quero ir com você.
A porta se abriu de uma vez dando completa visão da professora furiosa a nossa frente.
-Quantas vezes eu vou ter que dizer que não te quero com a Melody quando ela esta sobre o meus cuidados? – a velha cacarejou nos alarmando.
-Quantas você quiser, eu to pouco me fudendo pra o que você diz.
-Eu vou chamar o senhor Bishop –disse intimidadora, levantei indo na direção dela e a encarando.
-Não me tente a calar a sua boca.
-O que vai fazer, me matar? –disse oscilante.
-Não é uma má ideia. –empurrei a mulher até a parede apertando seu pescoço.
-Justin, solta ela. –Melody esbravejou, mas eu ignorei. –Você ta machucando ela.
A mulher começou a chorar enquanto sua pele ficava vermelha. Ouvi passos atrás de mim e logo ela tocou meu ombro.
-Por favor! –disse firme. –Você vai mata lá. –ela tentou entrar no meio de nós dois, mas pela sua força e estatura não foi muito eficiente.
Braun cruzou a porta afoito procurando por algo.
-Que porra você ta fazendo? –perguntou.
-Não é da sua conta. –respondi vendo a mulher começar a oscilar e apagar aos poucos.
-Solta ela ou o nosso trato ta desfeito. –sem escolhas eu soltei o pescoço da mulher, ela caiu e Melody voou pra cima dela a ajudando. –O que deu em você McCann?
-Já disse que não é da sua conta.
-A partir do momento em que eu coloquei a vida da minha...a vida da Melody nas suas mãos o que quer que você faça envolvendo ela é da minha conta. –me fitou sério esperando uma resposta.
-Ela veio me ameaçando e eu fiquei furioso, eu não gosto de ser desafiado.
-Eu não gosto de muita coisa que acontece nessa casa e ainda sim não saio apertando o pescoço de ninguém.
-Escuta aqui Scooter... –ele me cortou irritado.
-Escuta aqui você McCann, é a segunda vez que eu te digo isso: segura a sua onde se você quiser continuar dentro dessa casa. Esse território não é seu, e você sabe que se fosse qualquer outro dentro aqui já teria te matado, a sua sorte é que pra mim você tem uso.
-Que seja. –respondi sem da nenhuma importância. Rolando o olhar pro canto da sala, Melody conversava com a professora em prantos. Tentei me aproximar, mas ela não deixou.
-Fico longe –disse firme.
-Mel...
-Depois a gente conversa, agora saí –falou nervosa e eu saí, sendo seguido por Braun. Peguei as chaves no quarto e o encontrei novamente na saída.
-Aonde você pensa que vai? –perguntou me seguindo até o estacionamento.
-Em casa algum problema? –abri a porta do carro e ela abriu a outra do outro lado.
-O que mais eu não sei sobre você? –perguntou confuso.
-Muita coisa. –girei a chave ligando o carro. –A não ser que você esteja na expectativa que eu te mostre a minha coleção da playboy é melhor você dar o fora do meu carro.
-Não estou nem um pouco a fim de conhecer a sua casa, o todo poderoso me pediu pra ir da uma olhada na boate.
-E o que eu tenho a ver com isso?
-Preciso de alguém me acompanhando.
-E por que tem que ser eu?
-Preciso ficar de olho em você, não quero ver nenhuma sujeira atrapalhando os nossos planos.
-Isso não estava no acordo.
-Você sair matando quem te irrita também não, agora toca essa joça pra boate. –Pisei no acelerador indo em direção a boate. Ele estava certo, eu tinha que me controlar e eu detestava fazer isso, detestava admitir que alguém além de mim estava certo.
-O que ta acontecendo na boate?
-Um gangster apostou mais do que podia, agora o todo o Bishop quer a cabeça dele.
-Ele quer matar o cara só por ta devendo no jogo da boate.
-Acredite em mim McCann, o todo poderoso já mandou matar por bem menos que isso. Ele só quer ser temido por todos.
-Ta funcionando?
-Em vinte anos de boate é a primeira vez que acontece isso, então eu acho que funciona sim.
Deixei carro no estacionamento, peguei a arma no porta-luvas e saltei acompanhando Scooter pro interior da boate. Nada havia mudado desde a última vez que estive ali, Scooter seguiu para o escritório enquanto eu o esperava no bar.
-Meu bem! –Britney surgiu no balcão.
-Ainda trabalhando aqui.
-Mais uma vez é bom te ver também, querido enteado. –ela sorriu colocando um copo na minha frente. –Então o que quer beber?
-Pode ser vodka.
-Trouxe a sua identidade. –disse pegando a garrafa e enchendo meu copo.
-Como vai a vida? –ela me olhou hesitante.
-Depois de tudo que aconteceu eu imaginei que fosse ser pior.
-Sabe que pode ficar na casa, ela também é sua de certa forma. –tirei o copo da mesa tomando um gole.
-Pra ficar lembrando do Will em cada detalhe da casa? Não obrigada. –serviu um cliente ao meu lado e voltou ficando a minha frente. –Veio buscar o Lil?
-O Lil? –perguntei sem entender.
-É, aposto que ele te ligou pra você safar ele da divida.
-Que divida?
-Você não sabe? – ficou espantada. –Ele ta devendo até os rins pro dono boate.
-Mas que merda! Onde ele ta?
-Jogando com uns caras, tentando recuperar o dinheiro.
-Valeu –levantei botando pra dentro o resto da vodca e deixando o copo na badeja se um garçom que passava. Dei a volta na boate até encontrar a mesa onde acontecia o jogo. Seis homens com charutos na boca jogavam cartas na mesa e resmungavam palavrões, entre eles estava Lil.
Dei a volta na mesa e o puxei pelo braço o levantando.
-O que você ta fazendo aqui? –perguntou assustado.
-Tentando salvar a sua vida.
-Vai pagar a minha conta?
-Mas é claro que não. – o puxei pra um canto da boate. –Como você conseguiu fazer essa cagada toda?
-Foi o jogo cara, eu tava ganhando mas depois a coisa saiu do controle, eu consegui voltar com o dinheiro que você, mas depois...
-Você gastou o meu dinheiro pagando divida de jogo? Você mentiu pra encobrir a merda que você tava fazendo?
-É, mas se eu disse-se você nunca daria.
-Não daria mesmo, você sabe que esse jogo é de azar.
-Eu pensei que pudesse ganhar, na verdade eu ainda posso se você me emprestar mais um dinheiro... –ela falava atordoado, com certeza tava chapado.
-Não. –disse firme. -O Braun ta aqui pronto pra levar a sua cabeça pro Bishop.
-A gente mata esse tal de Braun, e mata o Bishop também ai você pode levar a sua gostosinha pra casa e ta tudo acabado.
-Cala a boca –o empurrei na parede, o impedindo de falar mais baboseiras. –Não é tão fácil, nós somos dois no território do inimigo, para e pensa seu imbecil.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, sem saber o que dizer ele só me observava.
-Eu vou te tirar daqui e você vai pra fora do país até eu matar o Bishop. –respirei fundo organizando os pensamentos –pega parte do dinheiro da sua herança e viaja pra longe e sem deixar rastro.
-Não posso. –disse de cabeça baixa.
-Prefere ficar e morrer?
-O problema não é fugir e sim o dinheiro, eu perdi o dinheiro de todas as minhas contas, perdi os carros e perdi toda a minha herança no jogo.
-Porra! Você perdeu milhões na mesa de jogo. –soquei a parede tentando não socar a cara dele.
-Foi mal eu...
-Cala a boca antes que eu te arrebente aqui mesmo. –eu estava furioso com aquele imbecil e ele não parava de falar um segundo. –Vem comigo.
O puxei pela gola da blusa o arrastando até a porta onde alguns seguranças me barraram.
-Aonde vai com o ladrãozinho?
-Bishop mandou dar um fim nele.
-E quem é você? –o brutamontes fechou a minha saída e eu o encarei.
-Ele ta comigo KJ. –Braun surgiu mais uma vez salvando a pátria.
-Se é assim, podem ir.
Ele saiu da frente nos dando passagem, arrastei Lil até o estacionamento vazio e o joguei dentro do carro.
-Obrigada por pegar o ladrãozinho McCann. –Braun sorriu me cumprimentando. –Então, já que pegou se quiser pode matar você mesmo e quem sabe descontar um pouco da sua raiva impulsiva.
-Não posso matá-lo...
-Ta eu mato –ela abriu a porta puxando Lil pra fora.
-Não –Braun me olhou sem entender. –Ele é um dos meus...ele é praticamente meu irmão.
-Mas de que porra você ta falando?
-Eu não vou te contar a história agora, você só precisa saber que ele é um dos meus.
-Eu não costumo descumprir as ordens do Bishop. –me aproximei puxando Lil pro meu lado.
-Será que da pra respeitar o meu espaço e parar de me puxar de um lado pro outro? –Li resmungou arrumando a roupa.
-Você não merece o respeito de ninguém. –respondi.
-Você ta fazendo a coisa errada. –Braun chutou o pneu do carro irritado.
-Eu tenho uma divida de vida com ele... Eu não vou deixar você dar um tiro nele e jogar o corpo do penhasco. –Braun permaneceu calado olhando pra mim. –E então, vai ser do jeito fácil ou do jeito difícil?
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