Desculpe, não vou me desculpar
Sorry, I am not sorry
Estacionei o carro no jardim de casa, eu nem fazia ideia de como tinha chegado ali, eu nem vi o caminho a minha frente, pois tudo o que passava pela minha cabeça era a traição que eu havia sofrido. Como eu pude ser tão fraco e me perder nos encantos de uma ninfetinha desgraçada. Diante as coisas mais horríveis que ela poderia fazer contra mim me trair definitivamente era uma delas.
Com a cabeça encostada no volante do carro eu tentava organizar os pensamentos, mas nada dentro da minha cabeça fazia sentido. Uma bomba tinha explodido no meu cérebro e eu estava perdido no meio dos destroços. Sai de dentro do carro no intuído de explodir os miolos do primeiro infeliz que cruza-se meu caminho. Abri a porta encontrando a sala vazia. Passei por ela derrubando tudo que eu via pela frente, vaso, televisão. Tudo que estivesse ao meu alcance e pudesse ficar em pedaços.
-Porra velho, o que você ta fazendo? –Ryan surgiu no meio da escada me encarando assustado.
-Não é da sua conta? –respondi sentindo uma pontada na minha cabeça.
-Me diz o que acontecendo cara. –ele disse enquanto eu passava por ele subindo as escadas.
Eu precisava de algo pra aliviar aquela sensação de queimar por dentro antes que eu matasse alguém, entrei no meu quarto esvaziando as gavetas, jogando as caixas de dentro do closet no chão atrás de qualquer comprimido ou pó que tivesse por ali, mas não achei nada. Saí dali indo em direção a escada, no escritório com certeza teria alguma coisa.
Ryan estava parado no é da escada quando desci.
-Será que da pra dizer o que ta acontecendo? –ele parou na minha frente me impedindo de sair.
-Não me faça quebrar a sua cara, me deixa em paz.
-O que foi...? Brigou com a Melody. –o empurrei esbravejando.
-Nunca mais fala o nome dessa vadia dentro da minha casa.
-O que a garota te fez?
-Não é da sua conta –gritei pausadamente o empurrando mais uma vez pra que ele saísse definitivamente da minha frente.
Entrei dentro do escritório e tranquei a porta, fui até a mesa abrindo as gavetas até a achar um pacote transparente. Joguei tudo que estava em cima no chão e despejei o pacote em cima da mesa fazendo três fileiras de pó, enrolei um papel qualquer e comecei a cheirar fileira por fileira. O bagulho entrava queimando e me dando uma sensação de alivio. Depois de terminar a segunda fileira eu levantei pegando a garrafa de uísque em cima do mini bar que havia ali, abri a tampa e bebi até não aguentar mais.
Ryan começou a gritar feito um louco na porta quando eu já estava no segundo pacote de pó. Eu não sentia mais nada.
-Me deixa em paz porra! –gritei.
-Cara o que ta acontecendo? –ele gritava do outro lado da porta. Por mais chapado que eu estivesse eu ainda estava com raiva, muita raiva. –Eu to aqui pra te ajudar.
-Ajudar um caralho –joguei a garrafa de uísque na porta –Ninguém pode me ajudar,eu nem preciso da ajuda de vocês.
Agachei ao lado do mini bar tirando um maço de cigarros de cima do mesmo.
-Ta fazendo o que ai dentro?
-Batendo uma! –respondi dando uma tragada.
Minha visão ficou turva e uma voz cantarolava na minha cabeça. VINGANÇA, VINGANÇA, VINGANÇA. Levantei me apoiando nas coisas a minha volta, abri a porta secreta que dava pra um quarto atrás do escritório, onde ficava o cofre; Peguei uma das dezenas de armas que ficavam guardadas ali e comecei a descarregar em tudo a minha volta. O barulho dos tiros acertando cada móvel daquele lugar vinha seguido pelo som da minha gargalhada. Na minha mente raivosa cada bala daquela acertava cada um dos meus inimigos várias e várias vezes, e até mesmo ela.
***
Duas Semanas depois...
Sentado na mesa do escritório esperando o tempo passar, Ryan estava a minha frente falando sobre as finanças e como andava o contrabando dos carros de luxo. Nada daquilo me interessava pelo menos não naquele momento. Nenhum Bripz havia sido encontrado, nenhum sinal do Bishop. Estava tudo tão calmo e normal que chegava a assustar.
O celular tocou em cima da mesa fazendo Ryan se calar a minha frente. Atendi sem olhar o número.
-Alô!
-Romeu?
-O que quer Scooter?
-Você a Melody tem que conversar!
-Não tem nada pra conversar, ela morreu pra mim. –disse desligando o celular.
Joguei o celular em cima da mesa voltando a não prestar atenção no que o Ryan dizia.
Melody's P.O.V.
Não houve um dia sequer naquelas duas semanas que eu não pensasse ou me senti-se mal por estar longe dele. Eu queria tanto poder vê-lo, ouvir sua voz, mesmo que fosse pra o ouvir gritar as quatro paredes que me odiava.
Scooter andava de um lado pro outro feito um louco dentro do meu quarto, ele tentava a todo custo fazer Justin atender o telefone e aceitar vir falar comigo, mas ele não parecia ceder a qualquer palavra.
-Deixa eu tentar –disse estendendo a mão pra pegar o telefone.
-Tem certeza ?
-Nada do que ele disser vai me fazer sentir pior do que eu já me sinto.
Ele assentiu me entregando o telefone que já estava na discagem rápida. Depois de longas chamas ele atendeu, ele estava irritado.
-Mas que diabos já disse que não vou falar –esbravejou grosso.
-Sou eu Justin, a Melody –por um instante eu podia jurar que ele havia perdido a fala, eu podia ouvir sua respiração meio descompensada do outro lado. Com o silêncio da sua parte eu aproveitei pra falar antes que ele desligasse na minha cara –Bishop vai sair por volta das dez horas da noite pra fazer um roubo, a casa vai ficar vazia. –respirei fundo me sentindo aflita por ele não falar nada –Vem conversar comigo por favor, eu juro que eu posso explicar o que aconteceu.
-Não to interessado –disse quebrando o gelo. Como eu sentia falta de ouvir sua voz, mesmo que viesse acompanhado por tanta frieza.
-Justin eu to te implorando.
-Eu to pouco me fudendo pra você ou pro o que você quer. –ouvi uma batida de fundo –Como eu disse pro Scooter, você morreu pra mim.
Ele desligou sem me deixar falar qualquer outra coisa.
Scooter ficou me encarando esperando uma reação, mas a única coisa que eu conseguiria fazer seria chorar e julgando pela forma como eu estava me sentindo por dentro eu nem se conseguiria parar. Respirei fundo pensando no que falar.
-Ele não quer falar, ta tudo bem pra mim. –menti .
-Eu vou dar um jeito eu juro, ele vai vir aqui. –disse tentando me consolar.
Me abraçou forte e depois caminhou lentamente até a porta. Me joguei na cama agarrando o travesseiro, ele e eu não aguentei, deixei as lágrimas rolarem até que elas acabassem. Eu sabia que tinha feito uma coisa boa, eu o protegi sem mesmo pensar nas consequências e se tivesse que fazer isso mais mil vezes eu faria e aguentaria o que tivesse que aguentar. E estranho e estúpido eu sei, mas quando se ama uma pessoa como eu amo Justin se faz qualquer coisa por ela.
Justin's P.O.V.
Eu travei.
Ouvir a voz dela foi como um tiro certo no escuro, fiquei sem ação. Como eu senti falta daquela garota.Me recuperei rápido e logo mudei o rumo da história logo desligando. Já fazia horas que aquilo havia acontecido no entanto eu continuava com a sua voz atormentando a minha cabeça.
-Nenhum sinal da Britney da boate. Justin? –Nolan estralou os dedos na minha frente chamando minha atenção. –Já fiz a denúncia na policial federal, logo eles estão por lá.
-Ótimo! –respondi me levantando.
No momento em que pisei no primeiro degrau da escada no intuito de ir ao meu quarto, o celular tocou pela milésima vez naquele fim de tarde eu não queria atender, mas ainda sim atendi.
-Quantas vezes você pretende me ligar?
-Essa é a última, não é mais um pedido é uma ordem.
-Desde quando você manda em mim –continuei a subir as escadas
-Ou você vem aqui ou eu te entrego pro Bishop.
-Você não faria isso –entrei no quarto indo até a varanda que dava vista pro portão de entrada.
-Quer pagar pra ver? –ameaçou e desligou deixando um ultimato no ar.
Puxei o maço de cigarros do bolso e acendi um tragando calmamente, sem opções eu teria que ir lá ouvir mil e uma baboseiras. Esperei anoitecer e segui pra casa parando algumas ruas longe da casa. Scooter me avisou via sms que o velho já estava. Entrei pelo portão dos fundos burlando os seguranças até a varanda do quarto, escalei a parede e entrei no quarto. Não havia nada de diferente por ali então de repente ela surgiu na minha frente, só Deus sabe o quanto me controlei pra não pular no seu pescoço. Assim como eu queria agarra-la eu queria vê-la agoniar de dor por ter me ferrado daquele jeito.
-Pensei que não fosse vir –disse apreensiva ao me ver.
-Então somos dois. Diz logo o que você quer.
-Eu quero me desculpar e dizer que...
-Desculpar? Você acha que tem desculpa pro que você fez, eu confie em você e você fudeu comigo Melody. –esbravejei
-Me deixa explicar.
Melody's P.O.V.
-Não! –ele gritou me assustando. –Eu nunca deveria ter me envolvido com você.
-Você ta com a cabeça quente não fala essas coisas –ele ignorava completamente o que eu dizia.
-Sabe por que Melody? Porque a minha história nunca foi sobre um homem que encontrava o amor da sua vida e sim sobre o homem que mataria o seu inimigo. Eu nem tenho certeza do que eu tenho com você, a única certeza que eu tive em toda a minha vida de merda é que eu vivo pra me vingar.
-Você não é só vingança.
-Você não sabe o que eu sou.
-Eu sei, eu sinto, eu senti. Você é mais que um vingador, você é melhor do que essa merda toda a nossa volta.
-Não eu não sou, eu não posso ser. Não depois de todo o sangue que eu derramei pra chegar até aqui.
-É preciso quebrar alguns ovos pra fazer uma omelete.
-Não foram só os ovos eu matei o galinheiro inteiro. -ele respirou fundo olhando pra parede -Eu sentiria menos se você tivesse me dado um tiro.
-Não fala assim Justin.
-Acabou pra mim -ele deu as costas e eu apressei meus passos em sua direção.
-Por favor...-choraminguei.
Ele se virou de repende me fazendo recuar
-Como você pode me ferrar assim e eu o idiota acreditei em todas as merdas que você me dizia. Você sabia o quanto isso significa pra mim, mas você me traiu. -ele vinha caminhando na minha direção até encostar na parede. Ele me encurralou ali. -Você é só mais uma dessas vadias manipuladoras e sabe o que você merece? sabe?
Seus olhos vermelhos faiscavam de tanta raiva, ele mantinha um contato intenso comigo, eu poderia até dizer que nós estávamos gritando um para a o outro em olhares. Engoliu em seco serrando os dentes de uma forma assustadora.
-Eu devia ter te matado na noite em que subi aqui.
O meu corpo tremia com cada palavra que ele dizia, ele estava completamente fora de si e descontando em mim a frustração de ter saído da casa.
-Já que eu mereço morrer, vai em frente -engoli em seco sentindo as lágrimas queimarem nos meus olhos -Me mata, me mata agora, mas saiba que tudo que eu fiz foi pra te manter vivo.-esbravejei. Senti meu peito como um balão de ar inflando e esvaziando de segundo em segundo.
Num instante seu punho estava no ar vindo à minha direção, fechei os olhos temendo pelo que vinha a acontecer, no outro segundo ouvi um estrondo e abri os olhos vendo seu punho enterrado em um buraco na parede.
Ele estava de olhos fechados, seu rosto era moldado com uma expressão fria que ficava mais visível com seu maxilar travado.
-Você é a minha tormenta –ele sussurrou.
Levei minha mão ao seu rosto o acariciando, ele não recuou apenas permaneceu ali feito uma estatua na minha frente.
Justin's P.O.V.
Eu estava tão perto dela que podia sentir sua respiração quente sobre o meu rosto, eu a queria tanto naquele momento. Aproximei meu rosto do seu logo sentindo o gosto de seus lábios, era tão bom que parecia um pecado. Nossos lábios se desgrudaram e eu colei nossas testas olhando nos olhos dela que escondiam um misto de medo com excitação.
-Eu nunca faria algo que te prejudicasse, eu só queria te proteger.
-Por que não falou comigo primeiro?
-Se fosse a minha vida em risco você perderia tempo perguntando o que eu acho ou deixo de achar?
-Mas é a minha vida Melody, minha. –soltei seu corpo me sentando na beirada da cama.
Melody's P.O.V.
-Eu sei disso, mas eu não aguentaria te ver morrer sem poder fazer nada. Não to arrependida do que fiz. –um silêncio incômodo pairou entre nós, ele olhava pro chão e eu olhava pra ele esperando qualquer reação. –Você ainda ta com ódio de mim? –essa pergunta pareceu tão boba saindo da minha boca.
-Nem sei mais –respondeu vago. Levantei e me sentei ao seu lado.
-Hey –toquei seu ombro e ele levanto o corpo me observando. –Eu te amo.
Sua mão direta tocou a lateral do meu rosto enquanto seus olhos encaram meus lábios.
-Duas semanas longe de você foram duas semanas só pensando em você. –beijou a minha testa lentamente. –Eu prometi que ia te tirar daqui e eu vou, mas eu não sei o que vai acontecer depois.
-A gente descobre.
Seus lábios tomaram os meus impacientes, ansiando por um pedaço meu. Eu estava entregue em seus braços como se fosse a última vez que fossemos nos ver, seus dedos dedilhavam cada centímetro do meu corpo enquanto minha mão massageava a sua nuca. Nossas peles tão próximas, era como se eu estivesse no meu pedaço do céu, queria que aquele momento durasse pra sempre eu não importaria de ficar ali o beijando até o fim dos tempos.
Abri os olhos no segundos em que suas mãos saíram de cima de mim, de repente ele já estava de pé perto da varanda. Sussurrou com um sorriso quebrado no rosto.
-Tchau...eu também te amo.
E saiu.
A despedida é uma dor tão suave que te diria Boa Noite até o amanhecer... ( Romeu e Julieta)
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