Capítulo 21: lágrimas e rosas. **
when you were here before
couldn't look you in the eye
you're just like an angel
your skin makes me cry
you float like a feather
in a beautiful world
i wish i was special
you're so fucking special
but i'm a creep
i'm a weirdo
what the hell am i doing here?
i don't belong here
i don't care if it hurts
i wanna have control
i wanna a perfect body
i wanna a perfect soul
i want you to notice
when i'm not around
you're so fucking special
i wish i was special
***
Narrado por Julian.
Há quase uma hora, eu contava as árvores que passavam pela janela, numa tentativa vã de acalmar meus nervos. Liam falava incessantemente sobre sua vida, como se fôssemos amigos íntimos. De tempos em tempos, ele repetia a mesma frase, esperando minha concordância ou discordância. Sua voz, antes apenas irritante, agora provocava em mim uma espécie de misofonia. Suspirei repetidamente, lutando contra a crescente irritação.
Finalmente, após percorrermos uma estrada estreita cercada por árvores gigantescas, chegamos ao nosso destino: uma cabana luxuosa de dois andares. A fachada de madeira, vívida e moderna, era pontuada por amplas janelas de vidro que revelavam o interior sofisticado. E uma espaçosa varanda, adornada com bancos confortáveis e um balanço suspenso. O lugar era, sem dúvida, encantador. No entanto, a ideia de ficar sozinho com Liam me causava arrepios. Meu único consolo era saber que teria que suportar apenas uma noite ali com ele, e depois, com sorte, ele desapareceria da minha vida para sempre.
O pensamento "Vou ficar sozinho com Liam" me atormentava incessantemente, enviando calafrios pela minha espinha a cada vez que surgia em minha mente.
Quando Liam finalmente estacionou o carro, já era tarde demais para reconsiderar qualquer coisa. Resignado, suspirei mais uma vez assim que o motor silenciou. Permaneci imóvel, analisando a cabana pela janela, até sentir a mão dele pousar sobre minha perna, trazendo-me de volta à realidade de maneira repulsiva.
Instintivamente, agarrei sua mão, surpreendido, e soltei um leve gemido de desgosto ao perceber o que tinha feito. Apertei sua mão com força, mas Liam, contrariando minhas expectativas, intensificou o aperto em minha perna, talvez interpretando erroneamente minha reação como aprovação. Olhei para ele, seus olhos fundos fixos em mim como um predador prestes a atacar sua presa. Ele sorriu, mas eu sorri ainda mais ao afastar sua mão com força, fazendo seu sorriso desaparecer.
— Você é tão sem graça, Julian. — ele disse, soltando um riso seco.
— Então por que ainda me quer? — perguntei, genuinamente curioso sobre o que alimentava essa obsessão sem sentido.
— Não importa, eu te amo, Julian. — ele declarou, ignorando minha pergunta e reclinando-se para soltar o cinto de segurança.
Revirei os olhos, inclinando a cabeça em descrença diante do quão patética toda aquela situação parecia.
— Quer que eu te apresente ao meu castelo? — brincou ele com um tom divertido, mas eu nem me dei ao trabalho de responder.
Ali estava eu, prestes a entrar em uma masmorra guardada por um dragão disfarçado de príncipe, que cuspia fogo na forma de um suposto "amor".
Saí do carro e parei para observar melhor a cabana. Por mais perturbadora que fosse a situação, o lugar era, de fato, impressionante. Logo ouvi os passos de Liam atrás de mim, e quando ele bateu a porta do carro, virei-me para encará-lo, determinado a manter distância. Eu não podia permitir que ele me tocasse de novo, ou ele interpretaria isso como um sinal de conforto.
— Claro, me mostre seu 'castelo'. — disse, com um toque de desdém na voz. — Pelo menos por fora, já posso dizer que achei encantador.
— Tudo bem. — ele sorriu, divertindo-se com meu sarcasmo. — Antes de entrarmos, posso segurar sua mão? — pediu ele calmamente. Lancei-lhe um olhar desconfiado, que ele percebeu, então reforçou sua ameaça. — Lembra do nosso acordo, Julian? Você também tem que fazer o que eu pedir.
Eu merecia isso. Tinha me colocado nessa situação. Sorri forçadamente enquanto ele estendia a mão para mim. Relutante, coloquei minha mão na dele, e, surpreendentemente, Liam se comportou como um cavalheiro enquanto me guiava para dentro da cabana, abrindo a porta e se certificando de que eu estava bem. Por um breve momento, pensei: se eu não amasse Romeo, talvez... Não, o que eu estava pensando? Claro que ainda seria assustador.
— Luzes. — Liam gritou, batendo as palmas, e as luzes da sala se acenderam. Fiquei maravilhado com o luxo do lugar. A decoração rústica era perfeitamente equilibrada com toques de sofisticação, como se estivéssemos em uma mansão chique no meio da floresta. Não pude conter um riso leve de admiração. — Gostou? — ele sorriu, claramente satisfeito com minha reação.
— Luzes ativadas por som? — perguntei, embora já soubesse a resposta.
— Não, pago uma fada chamada Sininho para acender tudo quando grito 'luzes'. — ele brincou, rindo, e eu revirei os olhos.
— Adoro seu senso de humor. — respondi sarcasticamente.
— Então estamos fazendo progresso. — ele se gabou, antes de caminhar à minha frente. Dei um passo para segui-lo, mas ele parou abruptamente.
— Antes de qualquer coisa, me dê seu celular. — ele disse, a seriedade em sua voz apagando qualquer traço de humor anterior.
— Liam, isso já é demais. — tentei protestar, mas ele se aproximou, sua presença subitamente intimidante.
— Estou pedindo educadamente, Julian. Não quer ver o meu lado ruim de novo, certo? — ele sussurrou, e memórias de suas ameaças e assédios invadiram minha mente. Não havia como argumentar com ele.
Resignado, tirei o celular do bolso e o entreguei. Ele sorriu satisfeito, guardando o aparelho como se fosse um troféu.
— Pronto para conhecer seu castelo? — perguntou ele, de volta ao seu tom doce e fingido.
Eu odiava aquele garoto.
Liam continuou me guiando pela cabana, passando pela entrada, a sala de jantar e a sala de estar. Cada cômodo era mais impressionante que o anterior, com uma decoração que mesclava perfeitamente o rústico e o elegante. Ele agia como se tudo estivesse perfeitamente normal, ignorando completamente o que tinha acontecido minutos antes. Eu me esforçava para manter uma aparência de normalidade, andando em ovos para evitar qualquer nova investida.
No escritório, Liam parou em frente a uma foto sobre a mesa, uma mulher bonita com feições suaves. Devia ser sua mãe. Ele ficou em silêncio, cabisbaixo, e eu não sabia como reagir. Talvez devesse dizer algo, ou apenas colocar a mão em seu ombro. Nunca soube o que é perder alguém, então, além de um "sinto muito", não havia muito que eu pudesse oferecer.
Com hesitação, toquei levemente seu ombro. Ele pareceu não notar, continuando a olhar fixamente para a foto, perdido em seus pensamentos. A semelhança entre eles era inegável: ambos compartilhavam os mesmos cabelos e olhos escuros, mas enquanto a mãe de Liam tinha uma expressão acolhedora e gentil, o rosto de Liam sempre parecia forçado, como se estivesse usando uma máscara. Por um breve momento, senti uma pontada de pena dele.
De repente, ele se virou e me envolveu em um abraço apertado. Fiquei paralisado, sentindo seu corpo tremer levemente contra o meu. Ele estava chorando, embora tentasse fazer isso discretamente. Sem saber como reagir, coloquei meu braço em volta de seus ombros, retribuindo o gesto de forma desajeitada.
— Sinto muito por tudo o que já fiz com você, Julian. — ele murmurou, sua voz embargada pela emoção. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, ele se afastou e saiu rapidamente do escritório, me deixando sozinho, surpreso ao sentir lágrimas inesperadas escorrendo pelas minhas próprias bochechas.
Liam, que sempre tinha tanto a dizer, agora me deixava apenas com o silêncio. Ele estava quebrado, e talvez, finalmente, eu começasse a vislumbrar o motivo por trás de sua obsessão aparentemente irracional.
Não tenho certeza se ele conseguirá superar isso, mas pelo menos posso tentar fazê-lo se sentir melhor por enquanto. Não é grande coisa, e mesmo que me faça sentir um pouco culpado, ele não tem por que se envergonhar. Além disso, não entendo por que está se desculpando por algo que eu jamais conseguirei esquecer. As cicatrizes emocionais que ele deixou em mim são profundas demais para serem apagadas com um simples pedido de desculpas.
***
Fiquei sentado por um tempo em um dos bancos de madeira na sala de entrada. Era silencioso, mas, de alguma forma, reconfortante.
Depois do drama com Liam no escritório, onde ele, mais uma vez, me fez sentir pena dele com suas lágrimas e desculpas - que até agora eu ainda estou tentando entender, ficou claro para mim que ele não era sempre uma pessoa má. Ele vivia em constante conflito com seus sentimentos, sendo tomado por eles em momentos específicos, e isso era o que mais me assustava. Quando ele se retirou para o quarto, me deixando sozinho, senti-me confuso. Ele não percebeu que eu poderia simplesmente fugir de suas garras? Ou será que fez isso de propósito, sabendo que, depois de tantas confissões sentimentais, eu não teria coragem de deixá-lo só? E, como sempre, eu estava sendo estúpido.
Depois de um tempo, decidi ir ver como ele estava. Ao me aproximar silenciosamente do quarto, notei pela fresta da porta que Liam estava parado no meio do cômodo, mexendo na sua mochila, à procura de algo. Logo o vi puxar o celular. Ele fez uma ligação, e assim que a outra pessoa atendeu, Liam olhou ao redor, o que me fez redobrar o cuidado para não fazer barulho.
— Eu não posso fazer isso... Eu o amo! — disse ele, num sussurro nervoso, levando a mão à testa.
Aquilo me deixou perplexo. Com quem ele estava falando? "Ele me ama"? O que isso significa?! Minha confusão só aumentava. Havia algo a mais acontecendo, algo que fazia meu estômago revirar. Talvez Liam estivesse falando com Tyler e tudo isso fosse ideia dele. Mas a pergunta que eu não conseguia responder era: "o que ele não pode fazer se diz que me ama?"
Isso já foi longe demais. Eu preciso sair daqui e ir para casa. E rápido.
Fui arrancado de meus pensamentos quando Liam, irritado, desligou o telefone. Voltei para a sala e me sentei novamente no banco, fingindo que não sabia de nada. Não demorou muito para que ele surgisse, estranhamente diferente, com uma nova camiseta e um novo humor inesperadamente leve. Ele estava alegre, até animado. Sentou-se ao meu lado, com um largo sorriso, e agarrou meu pulso, puxando-me em sua direção. Sua mão estava suada, e meu nervosismo só aumentava.
— Você está bem? — ele perguntou, percebendo que eu não conseguia disfarçar minhas emoções.
"Droga, Julian, se controla!", pensei comigo mesmo.
— Estou. — respondi, tentando parecer calmo. Ele pareceu acreditar.
— O que acha de me ajudar a preparar o jantar? — sugeriu ele, em um tom tranquilo, levantando-se em direção à cozinha.
— Não é cedo demais? — questionei, mas ele apenas deu de ombros, sorrindo de um jeito que me fez segui-lo. Como eu odiava essa sua habilidade de me intimidar. A última coisa que queria era que ele soubesse que minha opinião sobre ele estava mudando. Eu já não o via como um monstro, mas como alguém emocionalmente instável, que precisava de atenção, afeto e claramente ajuda... alguém que não havia superado a perda de sua mãe.
Voltei à realidade quando ouvi Liam me chamar, já na porta da cozinha. Era um ambiente elegante e acolhedor, que acalmou parte dos meus nervos. Segui suas instruções e ajudei a preparar o jantar. Surpreendentemente, foi divertido - a primeira coisa agradável que fizemos juntos desde que o conheço.
Durante a refeição, quase não trocamos palavras, e depois de terminarmos, ajudei a limpar a bagunça. Pedi licença para me retirar e descansar um pouco.
Assim que ele concordou, subi para o quarto. Ao fechar a porta, procurei algo para trancá-la, assim que notei que ela não havia chave, o que me deixou desconfortável de novo. O quarto estava um pouco escuro, então acendi as luzes e fechei as cortinas. Decidi me deitar e não pensar muito, antes que minha cabeça explodisse com tudo o que aconteceu.
***
Mais tarde naquela noite, decidi que um banho poderia me ajudar a espantar o sono, já que não conseguiria dormir ali de qualquer maneira. Liam não havia tentado nada desde o jantar, então imaginei que ele já estivesse dormindo, o que seria um alívio. Ao sair do quarto rumo ao banheiro, o encontrei adormecido no sofá, com um livro sobre o peito. Parei por um instante, questionando se ele realmente estava dormindo, mas logo supus que ele tinha simplesmente apagado enquanto me esperava, caso eu quisesse conversar. Ignorei-o e continuei em direção ao banheiro.
Ao chegar, procurei a chave para trancar a porta, mas, para minha frustração, não havia nada. O desconforto me envolveu novamente. Parecia que minha vida seria mais simples se as coisas não fossem sempre tão complicadas. Suspirei. Do jeito que as coisas estavam, talvez nunca fossem.
Uma parte de mim se sentiu aliviada ao ver que Liam tinha adormecido, poupando-me de situações constrangedoras que eu definitivamente não queria enfrentar. "Tudo bem" pensei enquanto começava a tirar a roupa. Eu conseguiria aguentar mais algumas horas aqui, sozinho com ele. Afastei os pensamentos incômodos e entrei sob a água morna do chuveiro. Era uma das poucas coisas que me permitiam relaxar, me dando um raro momento de paz depois de tudo que havia acontecido.
Depois de terminar o banho, me sequei rapidamente, mas, em um momento de distração, deixei minhas roupas caírem na banheira, que ainda tinha água. Acabaram encharcadas. Saí do banheiro enrolado na toalha, amaldiçoando minha desastrada sorte, e fui em busca de roupas no quarto. Porém, ao passar pela sala, percebi que Liam não estava mais no sofá. Meu coração quase parou. Onde ele havia ido? E por que eu estava praticamente nu no meio da sala?
Droga, Julian! Isso é péssimo.
Corri para o quarto e, ao abrir a porta, me deparei com Liam deitado na cama, a cabeça apoiada no travesseiro. Claro que ele estaria ali. Antes que eu pudesse reagir, ele se levantou lentamente e alongou os músculos, tentando disfarçar, mas aquele sorriso brilhante entregava que ele sabia exatamente o que estava fazendo.
"Por favor, pare de sorrir", pensei, sentindo o constrangimento aumentar.
— Vim ver como você estava, e quando ouvi um barulho no banheiro, decidi esperar por você aqui. — disse ele, aproximando-se enquanto eu recuava. — O que aconteceu com suas roupas?
Senti-me exposto sob o olhar dele, que parecia apreciar a situação. Desviei o olhar, engolindo em seco.
— Eu... eu deixei cair na banheira, sem querer. Estão molhadas agora. — expliquei, tentando soar casual.
— Por que não me disse antes? Posso te emprestar uma camiseta, se não se importar. — ofereceu ele com um sorriso.
— Claro... — minha voz saiu fraca. Estava desconfortável demais, já que a única pessoa com quem eu me sentia à vontade para ficar assim era Romeo.
Liam saiu para buscar as roupas, e eu suspirei, tentando me acalmar. Sentei-me na cama, esperando. Alguns minutos depois, ele voltou com um short escuro e uma camiseta branca, ambos um pouco maiores do que o que eu costumava usar. Agradeci rapidamente e bati a porta, fechando-a antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa.
Vesti as roupas e tentei relaxar, mas não durou muito. Uma batida na porta interrompeu meus pensamentos. Ignorei, esperando que ele desistisse. Quando a batida se repetiu, Liam simplesmente entrou, segurando uma garrafa de vinho, duas taças e... uma rosa. Ele estava determinado.
— Pensei que poderíamos tomar um vinho e aproveitar um momento juntos. — disse ele, colocando a garrafa e as taças sobre a mesa ao lado, mas ainda segurando a rosa enquanto se inclinava na beira da cama. Seus olhos fixaram-se em mim, e eu rapidamente desviei o olhar, sentindo o incômodo aumentar.
— É assim que você trata todos que entram no seu quarto? — ele sussurrou com uma sobrancelha levantada. Eu revirei os olhos, já irritado.
— Liam, você está bêbado? — perguntei, embora a resposta estivesse evidente no rosto dele.
— Isso faz diferença para você, amor? — ele provocou, e eu suspirei, exasperado. Aqui vamos nós de novo.
— Não! — respondi, levantando-me da cama. Mas antes que eu pudesse me afastar, Liam agarrou meu pulso e me puxou para perto, seus lábios se encontrando com os meus de forma brusca. Não retribuí o beijo, e depois de alguns segundos, ele finalmente me soltou, ofegante.
— Mas que merda, Liam! Por que eu ainda tento te entender quando você sempre volta ao mesmo ponto? — gritei, irritado, passando a mão pelos lábios, frustrado. Ele havia cruzado a linha novamente, mas eu não deveria estar surpreso.
Eu sou um idiota.
Isso não era o que ele esperava ouvir, e seu rosto incrédulo denunciava isso. Ele começou a rir, uma risada amarga que logo trouxe lágrimas aos seus olhos, as quais ele rapidamente enxugou.
— Por que você não me ama, Julian? — sua voz tremia enquanto ele se levantava, segurando a rosa na mão direita, aproximando-se de mim. Eu estava sentado na beira da cama, imóvel. Não sabendo se fugir ajudaria em algo, mas eu simplesmente não conseguia me mexer.
— Eu não te amo. — falei, mantendo a voz firme.
— Desde quando? — ele insistiu.
— Eu nunca te amei, Liam. E nunca vou amar. Porque já amo Romeo, e você sabe disso. — respondi.
— Isso é ridículo, Julian. Você é louco por mim. — ele argumentou entre risadas desesperadas, enquanto eu revirei os olhos. — Por que você não consegue ver o quanto estou sofrendo? Eu te amo tanto que está me destruindo.
— Não posso mentir pra você. A verdade é que eu amo Romeo. — falei lentamente, encarando seus olhos marejados. — E é isso. Acabou.
Mas Liam não sabe aceitar um não tão facilmente.
— Está tudo bem, eu te amo. Nada disso importa. — ele murmurou, como se estivesse ignorando completamente o que eu acabara de dizer.
— Liam, você nem ama a si mesmo! — exclamei, frustrado. Ele sorriu tristemente, como se já esperasse essa resposta.
— Mas eu amo você... Eu sei que estraguei tudo, Julian. Eu fui um idiota, e reconheço isso. Mas, por favor, me perdoa...
Eu não conseguia entender. Por que ele ainda insistia? Que insanidade era essa. Aquelas palavras vazias, aquele sorriso melancólico... O que ele estava escondendo?
— É tarde demais, Liam. Eu nunca vou amar você. E agora eu preciso ir para casa. — me levantei e olhei diretamente para ele, tentando finalizar de uma vez por todas. — E a verdade, Liam. Só para que você me odeie de vez, é que eu amo Romeo e tive a melhor noite de sexo da minha vida com ele. Agora, você pode me deixar ir?
Suas mãos apertaram a rosa com tanta força que eu pensei que elas iriam sangrar. Ele desviou o olhar por um instante, absorvendo minhas palavras, antes de voltar sua atenção para mim. Seus olhos negros pareciam afogados em lágrimas, agora vermelhos.
— Eu já sabia, só queria ouvir de você. — ele disse calmamente, me surpreendendo. Como ele poderia saber?
Eu me sentei na cama, puxando minhas pernas para perto de mim, tentando processar tudo.
— E o que você ganha com isso, Liam? Por que me testar assim? Isso muda alguma coisa? Você está feliz agora? — perguntei, sentindo uma irritação crescente junto de uma confusão com tudo que estava acontecendo.
— Porque eu sou um idiota. — ele respondeu simplesmente.
— Sim, é isso que você é. — provoquei.
Liam se levantou de repente, jogando a rosa em mim com raiva.
— Por que ele e não eu? — ele gritou enquanto eu me levantava, pronto para sair do quarto. Mas Liam foi mais rápido e me agarrou pelos braços, me impedindo de ir.
— Por quê? — ele insistiu, seus olhos fervendo de raiva.
— Porque eu o amo.
— Por que você fez sexo com ele?
— Porque eu o desejei.
— Por quê? Droga! — ele gritou de novo, sacudindo meus braços com força.
— Porque eu amo ele e não você! — gritei de volta, e ele me soltou de repente, me encarando com um olhar frio e furioso.
Eu sabia o que viria a seguir. E, sinceramente, eu não me importava mais.
— Me bate. É isso que você quer fazer, não é? — desafiei, sentindo minhas lágrimas descerem pelo rosto.
E então, ele reagiu. A mão dele se ergueu rapidamente, e o tapa foi quente e forte, virando meu rosto para o lado. Ficamos ali por um momento, ele me encarando em choque pelo que acabara de fazer.
Foi o fim.
Sem mais palavras, Liam saiu do quarto, me deixando sozinho, soluçando em silêncio. Quando consegui me recompor, fui até o banheiro, vesti minhas roupas e lavei o rosto com água fria. Me olhei no espelho e vi a pior versão de mim mesmo refletida.
Desci as escadas e encontrei Liam, cabisbaixo, sentado na sala de estar. Ele nem me olhou até que eu o chamei.
— Quero ir para casa, Liam. Você pode me devolver o celular? — pedi.
Ele acenou com a cabeça e me entregou o telefone em silêncio. Ao desbloquear a tela, vi dezenas de mensagens de Romeo, e meus olhos se encheram de lágrimas novamente.
Eu não estava pronto para responder. Mas em breve faria isso. Em vez disso, liguei para Nathan assim que saí da cabana. Liam permaneceu imóvel, sentado no sofá. Já era tarde, 3:35 da manhã. Nate demorou um pouco para atender, mas finalmente, na terceira tentativa, ouvi sua voz sonolenta do outro lado da linha, e não pude evitar rir entre lágrimas.
— Você sabe que horas são? — ele perguntou assim que atendeu.
— Nate, desculpa por te acordar. Eu preciso de você. — foi tudo o que consegui dizer.
Ele não parecia surpreso.
— O que aconteceu?
— Prometo te contar tudo quando você chegar aqui.
— Estou a caminho.
***
Obrigado por ler até aqui, por favor, vote e comente.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro