Capítulo 2: stalker. **
'cause when i see you
i forget to bre-e-eathe
***
Narrado por Julian.
Havia algo que eu esqueci de mencionar quando listei quem sabia sobre minha orientação sexual. Apesar de ter afirmado que apenas Nathan e meus pais estavam cientes, na realidade, havia outra pessoa que havia descoberto. Isso me ocorreu de forma inesperada quando senti alguém se aproximando enquanto eu organizava meu armário no dia seguinte, na escola.
Uma voz masculina sussurrou suavemente em meu ouvido, fazendo-me estremecer.
— E aí, J? — proferiu a voz, e uma sensação de desagrado tomou conta de mim. Era Liam.
— Liam. — murmurei seu nome com desdém, encarando seus olhos escuros, desejando fervorosamente que não fosse ele. Infelizmente, não havia na escola alguém mais irritante do que Liam Parker.
Liam, que já ostentava o título de formando pela terceira vez, beirava os vinte e um anos. Isso me fazia questionar se ele era realmente um idiota ou se simplesmente gostava de estar no ensino médio, o que, por si só, já o qualificava como um idiota. Desde o início do último ano escolar, ele havia desenvolvido um estranho fascínio por mim, agindo como um verdadeiro perseguidor sociopata. Me seguia entre as aulas, tentava começar conversas e, em algumas ocasiões, até tentava tirar vantagem da situação. Eu fazia o máximo para me manter sempre três passos à frente dele, evitando qualquer interação, especialmente quando estávamos a sós. No entanto, isso não o detinha, e se há algo que se pode dizer sobre Liam, é que ele era notavelmente determinado.
O pior disso tudo era que eu nem mesmo podia denunciá-lo por perseguição ou assédio, pois, infelizmente, ele sabia que eu sou gay. Se eu tomasse tal medida, ele poderia contar isso para toda a escola. Embora eu pessoalmente não me importasse muito, adolescentes do ensino médio podem ser cruéis e isso poderia me expor a mais hostilidade.
Ao se aproximar de mim, Liam lançou uma proposta inesperada:
— O que acha de sairmos neste fim de semana?
Contudo, eu sabia que o baile de formatura dele estava marcado para o mesmo período.
— Você não tem o seu baile de formatura neste fim de semana? — murmurei com dentes cerrados, tentando manter uma distância segura entre nós.
Eu perguntei mesmo já estando ciente de quando seria o baile, graças aos cartazes espalhados pela escola toda, meses antes, além disso, meus amigos são do último ano. No entanto, eu não queria parecer excessivamente interessado na conversa com Liam. O tema escolhido para o baile deste ano era o "Baile de Máscaras", algo que eu apreciava particularmente mesmo sendo tão clichê. Era de tirar o fôlego pensar em todas as roupas exuberantes e clássicas, além da obrigatoriedade de todos usarem máscaras. Mesmo que eu tenha considerado que isso poderia complicar a tradicional foto de formatura, Nathan argumentou que a ideia seria boa para a maioria dos alunos na nossa escola.
E ele não estava errado quando dizia isso.
Liam, com uma despreocupação notável, respondeu:
— Eu passo por isso todo ano. Mas podemos ir juntos, se você quiser.
Rapidamente, eu recusei sua oferta enquanto começava a me afastar, procurando uma rota de fuga mentalmente.
— Não, obrigado. — respondi, desejando criar uma distância segura entre nós. E, sem pensar, deixei escapar: — Prefiro me cortar e sangrar até a morte.
E então, me afastei, indo em direção a uma multidão de alunos que se formava com o toque do sinal, esperando que isso fosse o suficiente para me manter bem, bem longe dele.
***
Narrado por Romeo.
— Cara. — meu primo Ben estalou os dedos e me deu um toque leve na parte de trás da cabeça, me fazendo saltar de surpresa antes de eu me virar para encará-lo.
— Mas que merda! — exclamei, esfregando a parte de trás da minha cabeça. Nosso amigo Mat soltou uma risadinha abafada, mantendo os olhos no professor.
— Você estava parecendo uma jovem sonhadora olhando para fora da janela. — Ben zombou de mim e eles riram baixinho. — O que está rolando com você?
— Nada. — respondi fracamente, desviando o olhar.
Na verdade, eu estava completamente perdido quando se tratava de Rosália. Eu não fazia ideia de como chamar a atenção dela, ou mesmo se ela tinha algum interesse em mim. Eu estava acostumado a ter garotas ao meu redor, e não precisava me esforçar muito para conquistá-las. Mas com Rosália, era diferente. Ela não se impressionava com a minha gentileza e cuidado, e isso me deixava frustrado. Eu não tinha certeza do que fazer para impressioná-la. O baile de formatura estava se aproximando, e eu queria convidá-la, mas ela nem mesmo tinha aceitado o meu pedido de amizade no Facebook. Por vezes, eu me pegava olhando para o celular, esperando por uma notificação dela.
Mas não havia nada. Rosália nem sequer quis apertar a minha mão aquele dia!
— Você está pensando naqueles Capuletos idiotas de novo? — Ben me perguntou, e eu hesitei em responder.
Tecnicamente, Rosália era uma deles, mas eu não a via dessa forma, já que ela era nova na escola e havia sido transferida recentemente. Além disso, nós só chamávamos de "Capuletos idiotas" os jogadores de futebol.
— Não se preocupe com eles. — disse Ben, relaxando na cadeira. — Eles ainda estão suspensos, certo? — ele cutucou Mat, que estava sentado à sua frente. Eu estava ao lado deles e sorri para as suas palavras.
O pai de Mat era um advogado de sucesso e conseguiu anular as nossas suspensões. O que era ótimo. Tenho certeza de que, se tivéssemos pedido, ele teria garantido que os Capuletos idiotas perdessem o baile de formatura. Mas decidimos não nos incomodar. Isso só irritaria ainda mais Tyler, e queríamos a nossa vingança no campo.
De repente, a minha mente estava focada apenas em uma coisa. Uma onda de pura animação me inundou enquanto eu visualizava o nosso time de futebol erguendo a taça. Mas também havia o baile e Rosália. Inclinei-me mais perto de Mat e Ben e sussurrei:
— Ei, pessoal. Se eu contar algo a vocês, vocês prometem não me chutar?
Mat parecia curioso, e Ben apenas ergueu uma sobrancelha desconfiado.
Como primos, agíamos mais como irmãos e estávamos sempre dispostos a brigar para defender um ao outro. Meu pai ficava irritado e costumava dizer que somos velhos demais para agir como crianças, apesar de termos apenas 17 anos, mas isso era pura hipocrisia, já que ele próprio ainda agia assim com o seu irmão, o pai de Ben.
— Vai em frente. — disse Ben, se recostando na cadeira e cruzando os braços.
— Isso vai ser bom. — brincou Mat.
— É sobre o baile, na verdade. — eu finalmente disse.
— Sobre o quão fofo você vai ficar com a sua coroa? — Mat ironizou, e Ben riu.
— Cala a boca. Pelo menos, eu já tenho um par, e vocês? — eu disse, o que ainda não era verdade.
— Eu já tenho, vou levar a mãe do Mat. — brincou Ben, e eu não pude evitar rir disso silenciosamente. Mat apenas balançou a cabeça, irritado, mas logo deixou de se importar.
— Estou falando sério. — eu murmurei. — Vocês podem ser úteis por dois minutos, por favor?
— Tudo bem. — Mat suspirou, virando-se para mim.
— Eu vo... — eu comecei, mas antes que eu pudesse continuar, Ben me interrompeu impaciente.
— Ah, que droga! Nem contei a vocês. Outro dia, eu tentei convidar Hayley Halle e... — ele fez uma pausa dramática. Era incrível como Ben sempre fazia tudo ser sobre ele. Se eu não estivesse acostumado, teria ficado furioso. — Ela simplesmente desmaiou, então, acabou que eu vou levar Samantha Ross do segundo ano — ele acrescentou presunçosamente, balançando a cabeça como se tivesse que se contentar com algo.
Olhei para Mat que apenas riu para mim.
Desde o primeiro ano, Hayley Halle era claramente apaixonada por Ben, mas ele nunca pareceu dar muita atenção a isso. No entanto, desde que ela voltou das férias no México, ela floresceu como uma bela rosa - digo isso em relação aos seus peitos - e Ben estava prestando muito mais atenção nela agora.
É, eu também acho que Ben é meio idiota, mas não escolhemos família, certo?
— Mas e você, Romeo, já encontrou alguma garota digna de ser sua rainha? — Mat perguntou, sorrindo.
Essa era uma pergunta válida. O que eles diriam se eu trouxesse uma garota dos Capuletos para o nosso baile de formatura? Deus, quando eu fosse coroado rei do baile, os Montéquios me chamariam de traidor com todas as letras.
— Sim. Quer dizer, eu não a conheço muito bem, mas ela é bonita e parece ser legal. — eu comecei.
— Legal? — Ben ergueu uma sobrancelha. — Não é uma descrição muito detalhada. — ele acrescentou.
— E o que está te impedindo? — Mat perguntou, me fazendo virar para encará-lo.
— Tem só um probleminha. — eu disse, fazendo uma careta.
— Probleminha? — Mat repetiu.
— Sim, é pequeno, realmente. Não é nada de mais. É só que ela meio que... estuda na Capuleto. — eu expliquei, olhando de Ben para Mat e de volta enquanto as suas expressões mudavam de curiosidade para choque. E um silêncio se formou. — Digam alguma coisa — eu implorei.
— Nem ferrando — Ben começou. — Você deve estar brincando?
— Eu queria estar. — supirei. — Mas não estou. O que vocês acham? Mat?
— Sem dúvida, é uma ótima forma de mostrar que você não se importa com a coroa, nem mesmo com os Montéquios. — Mat murmurou, balançando a cabeça.
— Mas vocês sabem que eu me importo, certo? — disse, olhando para os dois. —Eu mal a conheço e não consigo tirar ela da cabeça. É como se eu precisasse vê-la novamente. Depois de conhecer ela, eu procurei por ela no facebook, foi então que eu descobri que ela estuda na Capuleto, está no último ano e foi transferida recentemente. E, bem, ela é linda.
— Então, estamos falando de uma modelo da Victoria's Secret? — Mat comentou baixinho.
Ben me olhou com ainda mais desconfiança.
— Você sempre foi mais inclinado ao romance do que à luxúria.
— É verdade. — comentei.
— É uma das coisas que fazem de você um bom sujeito. —acrescentou Mat.
—Não é a única coisa que me faz ser um bom sujeito. — resmunguei.
E você disse que ela está no último ano? — perguntou Ben, um sorriso malicioso se formando em seus lábios.
— Sim. Por quê? — questionei, intrigado.
— Por quê? Meu caro primo, porque isso muda tudo. E eu tenho um plano.
***
Narrado por Julian.
— Você ainda não convidou ninguém para o baile de formatura? — perguntou minha mãe, lançando um olhar incrédulo para Nathan durante o jantar.
— Não. — Nathan respondeu descaradamente. — Eu disse a vocês, vou ir sozinho e isso se eu for.
— Você tem que ir. — meu pai decidiu intervir. — Precisa ter um motivo para usar pelo menos mais uma vez aquele smoking.
No ano passado, compramos dois smokings para o funeral da nossa avó, mas desde então, eles permaneceram intocados nos nossos armários. Embora nós não déssemos mais importância a eles, nossos pais insistiam que Nathan usasse o smoking pelo menos uma última vez, dado o investimento. Felizmente, eu não precisava me preocupar com isso por agora, já que meu baile de formatura seria apenas no próximo ano. Por enquanto, eu estava fora dessa.
Nathan murmurou algo sem compromisso, e minha mãe voltou ao ponto principal: a falta de um par para o seu baile de formatura.
— Você tem que convidar alguém. — insistiu ela. — Quem vai estar ao seu lado nas fotos?
— Que tal o Julian.— brincou Nathan. — Vamos colocá-lo em um vestido, e ele vai ficar fofo.
— Cala a boca. — eu disse, jogando uma ervilha nele, que riu. — Você está com inveja porque não conseguiu um par para o baile de formatura. Até eu fui convidado para o seu baile.
— Quem te convidou? — perguntou Rosália de repente, curiosa do outro lado da mesa. Ela raramente falava durante o jantar, então foi uma surpresa quando ela se manifestou.
Eu devolvi a pergunta, revirando os olhos:
— Quem você acha?
— O esquisito... — ela chutou e definitivamente fez um gol.
— Sim. — concordei. — Ele mesmo.
— Ele ainda não se formou? — murmurou Nathan. — Isso está começando a ficar assustador.
— Acho que depois deste ano, eles o expulsarão se ele não se formar desta vez. — eu acrescentei.
— Bom, pelo menos você não terá que lidar com ele no próximo ano. — disse Rose.
— Só não na escola. — argumentei. — Vocês sabem que, mesmo que ele se forme, ele ainda não vai se mudar. Ele até já disse que quer se casar comigo. — suspirei, balançando a cabeça diante da lembrança.
— Você é jovem demais para se casar. — apontou meu pai com bom senso.
— Eu sei. — respondi. — Mas tente dizer isso a ele.
— Posso passar na escola esta semana, resolver isso. — meu pai sugeriu.
— Não. — pedi. — Isso só vai piorar as coisas.
— Então você quer ir ao baile com ele? — minha mãe perguntou, ao que eu dei de ombros.
— Até parece. Não quero correr o risco de ser drogado, abusado e acabar me casando contra a minha vontade. — eu argumentei.
— Eu já ofereci o meu convite de reserva. — Nathan começou, tentando descontrair a situação. — Mas Julian não aceita.
— Isso é porque o ingresso é para o seu par. — minha mãe e eu apontamos isso a ele ao mesmo tempo. Nathan apenas encolheu os ombros, reconhecendo isso.
— Você pode pegar o meu convite, Julian. — comentou Rosália com sua voz baixa e todos nós olhamos para ela. — Eu só comprei um e realmente não estou me sentindo bem para ir. — ela sorriu timidamente, e diante da sua tristeza evidente, não houve realmente uma discussão.
— Tudo bem. — disse simplesmente. — Obrigado, Rose. — agradeci, tocado por sua oferta.
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