Capítulo 15: pobre Julian. **
i had a dream
i got everything i wanted
but when i wake up, i see
you with me
***
Narrado por Julian.
— Julian!
Nathan e eu nos viramos simultaneamente para ver Tyler encostado na parede a alguns passos de distância. Seu braço estava imobilizado, mas isso não impedia um sorriso vitorioso de se espalhar por seu rosto. Como sempre, ele havia escapado ileso de qualquer punição, tanto da escola quanto dos pais, por sua parte na briga.
— O que você quer? — perguntei, minha paciência já se esgotando.
Embora Tyler tivesse sido liberado do hospital horas após sua chegada, com nada mais grave que feridas em seu ego inflado, esta era a primeira vez que o via desde o incidente. Estranhamente, ele não parecia incomodado com minha ausência no hospital. Enquanto se aproximava, notei dois de seus companheiros de time o seguindo, uma sensação incômoda se formando em meu estômago.
— Quero falar com você, Julian. — disse ele, indicando uma sala vazia à direita.
Relutante, mas ciente de que Tyler provavelmente diria algo que eu preferia que outros não ouvissem, o segui para dentro da sala.
— Sou todo ouvidos, priminho. — provoquei, meu tom carregado de sarcasmo.
Nathan fez menção de me seguir, mas assegurei-lhe que estava tudo bem. Os amigos de Tyler permaneceram na porta como cães de guarda, uma demonstração patética de lealdade adolescente.
— Achei que pudesse confiar em você, Julian. — Tyler começou seu discurso dramático sobre laços familiares, uma conexão que eu nunca realmente senti existir. — Afinal, somos sangue do mesmo sangue, não é?
Franzi as sobrancelhas, exasperado.
— Tyler, eu não te devo nada. — suspirei, cruzando os braços. — E não fale sobre família quando você dá mais importância a uma rixa colegial do que ao seu próprio sangue.
Tyler cerrou a mandíbula antes de continuar.
— Ouvi dizer que você encontrou aquele perdedor da Montéquio antes do jogo. Por quê? — ele balançou a cabeça, incrédulo. — Pensei que você e Liam estavam bem. Pensei que você tivesse percebido a loucura de querer algo com o mesmo cara que fez isso. — ele ergueu o braço engessado dramaticamente.
— Por favor, Tyler. — suspirei, minha paciência se esgotando rapidamente.
— Sabe o que é pior, Julian? — ele fez uma pausa teatral. — Eu confiava em você, mas agora... não sei se posso continuar fazendo isso.
Suas palavras me atingiram com força surpreendente, mas me mantive em silêncio. Argumentar seria inútil; nada mudaria sua opinião.
— Bom, tenho uma ótima notícia. — proclamou Tyler, um brilho malicioso em seus olhos. — Já que não posso confiar em você, vou pedir aos meus amigos de confiança para ficarem de olho em você.
Minha mandíbula se contraiu de raiva. Quem ele pensava que era para tentar me controlar?
— Meus amigos vão te vigiar o tempo todo. — continuou ele, aproximando-se. — É melhor não se encontrar com aquele idiota da Montéquio novamente, Julian... — ele apertou meu braço, sua voz um sussurro ameaçador. — Eu juro que ele vai levar um susto que nunca mais vai querer saber de você.
— Você não pode fazer isso. — retruquei, lutando para manter a calma. — Você não pode me controlar ou controlar minha vida. Isso nem é mais sobre a escola, Tyler. Por que você está fazendo isso?
Ele se afastou, rindo, sem oferecer mais explicações. Fiquei ali, sozinho, assustado com o estado mental de Tyler. As sucessivas pancadas no campo de futebol pareciam ter afetado seu juízo.
A ideia de não poder mais ver Romeo me aterrorizava, mas eu não via alternativa. Saí para a área verde da escola, incapaz de me concentrar na aula de física. Minha mente estava fixa em Romeo e na mensagem que ele havia me enviado mais cedo:
Romeo - 7:58
Será que podemos nos ver?
Meu coração doía ao pensar em como teria que abrir mão de nosso amor para protegê-lo. Incapaz de suportar o peso dessa decisão, decidi ir para casa mais cedo.
No caminho, notei um carro familiar estacionado não muito distante. Ao volante estava Sam, um dos companheiros de time de Tyler. A raiva borbulhou dentro de mim ao confirmar que Tyler realmente havia posto seus amigos para me vigiar.
Confrontei Sam, ameaçando chamar a polícia se ele não fosse embora. O rapaz, assustado, admitiu que Tyler o havia enviado e partiu rapidamente.
Em casa, joguei minha mochila sobre a cama, ainda fervendo de raiva. Tentei me acalmar, pensando em como Nathan sempre me ajudava nesses momentos. Não querendo incomodá-lo na escola, decidi focar em outra promessa que havia feito a mim mesmo: ajudar Rosalia a se reconciliar com Malia.
Peguei meu celular e tentei ligar para Malia, sem sucesso. Após algumas tentativas, decidi deixar uma mensagem:
Julian - 9:15
Oi, sou Julian Dawes, primo da Rosália. Soube sobre vocês e sinto muito. Rosália me falou que sente sua falta e que a ama. Queria poder conversar com você sobre vocês duas. Quando puder, me liga.
Enviei a mensagem, esperançoso. Agora, só me restava esperar e torcer para que Malia respondesse, enquanto lidava com o peso da decisão que teria que tomar sobre meu relacionamento com Romeo.
***
Narrado por Romeo.
— Temos muita sorte de nossos pais serem influentes na escola. Se não fosse por isso, já era. — comentou Ben sarcasticamente do banco da frente. Mat suspirou, revirando os olhos, enquanto eu pressionava os lábios, reconhecendo a verdade nas palavras de Ben. Silenciosamente, senti alívio por não perder o baile, especialmente porque mal podia esperar para convidar Julian para ser meu par.
Fui arrancado dos meus pensamentos quando Mat, mais uma vez, nos repreendeu pelo nosso comportamento no dia do jogo. Desde então, ele não parou de fazer isso.
— Se tivessem me escutado e se concentrado apenas em vencer o jogo, nada disso estaria acontecendo agora. — Mat argumentou. — Ainda acho que a diretora não vai deixar passar tão fácil, não depois de tudo que rolou. — Ben deu de ombros, mas eu compartilhava da mesma preocupação de Mat. Afinal, nossa readmissão às aulas não garantia nossa participação no baile.
— A dona mandona não seria louca o suficiente para nos proibir de comparecer ao nosso próprio baile. — declarou Ben, com os olhos fixos na estrada.
Troquei um olhar cúmplice com Mat, que riu.
— Se não formos, qual seria o propósito de realizar o baile? — zombou Ben, provocando risos em todos nós. Como alunos do último ano, o baile representa um rito de passagem quase obrigatório, simbolizando o fim de uma era e o início de outra, supostamente melhor: a faculdade.
E nesse caso, Ben tinha razão. Esse era o nosso baile.
Enquanto a discussão matinal prosseguia como de costume, meus pensamentos permaneciam fixos em Julian. Desde nossa primeira noite juntos, meu desejo por ele só aumentava. As lembranças de nossa primeira vez, da sensação de tocá-lo, de satisfazê-lo, meu corpo reagia, intensificando minha obsessão. Impulsivamente, decidi o enviar uma mensagem:
Romeo - 7:58
Podemos nos ver hoje?
Ansiava por vê-lo novamente, sentir seus lábios macios. Julian estava se tornando meu vício. Além disso, precisava informá-lo sobre minha permanência na escola, graças à influência dos nossos pais. Ter conexões poderosas não era de todo ruim, afinal. E, é claro, queria convidá-lo para o meu baile.
Será que ele aceitaria ser meu par?
Ao chegarmos à escola, Ben estacionou o carro. Guardei o celular no bolso da calça, preparando-me mentalmente para um possível sermão da diretora. A expectativa e a ansiedade se misturavam, enquanto eu aguardava o desenrolar dos eventos e, mais importante, a resposta de Julian.
***
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