Laços
Jungkook estava nervoso. Sabia que não tinha necessidade para tanto. Jimin lhe dissera aquilo em alto e bom som, e Taehyung fez questão de lhe enviar uma mensagem com todas as letras afirmando o quanto ele era adorável e que com certeza Joyri já gostava dele. Entretanto, o receio era maior.
Lembrava bem do modo como havia saído da casa de Taehyung na primeira vez que conheceu a pequena. Sua impressão para ela com certeza deveria ter sido péssima. Gemeu desgostoso quando o percurso do ônibus se aproximou da casa do Kim. Precisava ao menos causar uma segunda impressão melhor dessa vez.
Desceu do ônibus na parada mais próxima e logo fez seu caminho até a casa tão conhecida. Engoliu em seco, inspirando fundo antes de bater três vezes na porta. Olhou para trás apenas para observar o céu radiante, sentindo-se revigorado. Um belo dia para uma bela visita.
Ouviu os passos ficarem próximos da porta, sentindo o sorriso adornar seus lábios automaticamente à medida que observava Joyri abrir a porta. Ela lhe sorriu de forma doce, os olhinhos diminuindo de tamanho devido a felicidade.
— Papai, o Junguk chegou! — a mais nova avisou entusiasmada, e não demorou para que Taehyung chegasse logo em seguida.
Jungkook viu o mais velho lhe sorrir gentil, seu coração aquecendo com o carinho que sentia apenas pelo modo como o professor lhe observava.
— Bem vindo — Joyri afirmou com todos os dentinhos a mostra, o sorriso que tanto lembrou ao do pai. Ela parecia ser tão comunicativa como ele, o que deu um pouco de coragem para que pudesse agradecer.
— Obrigado, Joy — disse gentilmente, vendo a mais nova assentir antes de passar pelo pai e sumir temporariamente de vista. — Eu acho que ela tem uma maneira única de me chamar.
— Não duvido que ela tenha gostado de como soa — Taehyung provocou, selando os lábios calma e gentilmente antes de afastar-se e dar espaço para Jeon adentrar a casa, fechando a porta em seguida.
— Eu gosto assim também — sorriu pequeno, vendo a mais nova sentada no centro da sala sobre o tapete felpudo, e não se conteve ao ir até ela, abaixando-se devagar até que os joelhos tocassem o chão. — Posso te fazer companhia?
— Pode sim — ela disse com a voz fraca, atenta aos ursos deitados sobre o tapete. Viu o sorriso dela crescer antes de pegar um urso em mãos, oferecendo ao mais velho. — Aqui.
Jungkook devolveu o sorriso ao pegar a pelúcia, olhando por cima do ombro para Taehyung, vendo-o instigá-lo a ficar confortável.
Suspirou fracamente, tentando esquecer todo um medo de não saber lidar da melhor forma com a mais nova. De fato, ser filho único tinha lhe tirado tal comunicação.
— Qual o nome desse? — Jungkook perguntou enquanto elevava os dois bracinhos do urso. Joyri o olhou entusiasmada, e Jeon percebeu que ela também queria deixá-lo confortável, evitando falar muito. Não gostou da ideia de tê-la contida, guardando todos os pensamentos, por isso, prosseguiu: — ele tem cara de ser zangado.
— Ele é o mais desobediente! — a mais nova disse como se concordasse plenamente. — Papai disse que eu deveria dar uma lição nele.
— Ele disse isso? — Jungkook franziu a testa, procurando por Taehyung que ainda os observava. O mais velho engoliu em seco, limpando a garganta.
— Eu vou preparar algo na cozinha — disse sorrateiro, deixando um riso soprado escapar enquanto se afastava do cômodo sobre os olhos frisados de Jungkook.
— Não acho que deva dar uma lição nele... — tentou dizer, virando a pelúcia para si. — Todos nós temos a fase rebelde na vida, não é? — olhou para a pelúcia, desviando em seguida para a mais nova. — Né?
— Junguk foi rebelde? — perguntou curiosa, e Jungkook só conseguiu sorrir abertamente antes de negar.
— Eu sempre confiei nos meus pais, então nunca cheguei a ter uma fase rebelde porque eles estavam ao meu lado o tempo todo. Mas isso não significa que vez ou outra eu não tenha discordado dos pensamentos deles. Temos cada um opinião própria no final — explicou meio sem jeito por achar que aquilo estava confuso demais para Joy. Entretanto, como não fora uma surpresa, a mais nova assentiu enquanto mexia na pelúcia que segurava.
— Papai teve uma fase rebelde — ela sorriu pequeno, olhando para Jungkook. — Ele disse que a vovó não gostava que ele ficasse na rua até tarde, mas que ele fazia isso mesmo assim.
Jungkook arregalou levemente os olhos, um tanto surpreso. Viu a mais nova continuar com total segurança nas palavras.
— Ele deu muito trabalho para a vovó. Ela me disse isso, juro — murmurou, tentando guardar segredo. — Não conta para o papai.
— Nossa conversa fica só entre nós — piscou com um sorriso pequeno.
Joyri ficou em silêncio e séria naquele momento, e Jeon se perguntou se tinha dito algo errado. Viu a mais nova levar o urso em mãos próximo ao que segurava, e não conteve-se ao mexer nos bracinhos da pelúcia e abraçar o urso de Joy, que fizera o mesmo.
— Acha que eu darei trabalho para o papai? — ela perguntou depois de quase um minuto em silêncio. Jungkook negou.
— Vocês se dão muito bem pelo pouco que eu vi. Confie nele sempre. Tenho certeza que você será uma filha maravilhosa — afirmou com todas as palavras. — Mas não se preocupe se você der trabalho a ele. Talvez esteja no sangue — brincou, sentindo-se aliviado por ver a mais nova sorrir.
— O Junguk tem razão. Por isso eu gosto do Junguk — olhou para o mais velho com um sorriso grande, desviando sua atenção para os ursos.
Jungkook suspirou, aliviado por saber daquilo. Acabou por sorrir sozinho, balanço a cabeça desacreditado. Estava realmente com medo de ser uma má lembrança para a filha de Taehyung.
Viu quando o mais velho voltou para a sala trazendo uma bandeja em mãos. Taehyung abaixou-se no soalho, separando os três potes pequenos com sorvete, oferecendo para Joyri, e logo para Jungkook.
— Obrigada, papai — Joy agradeceu, seguida por Jungkook. Comeram em um silêncio confortável, em meio a olhares carinhosos, e quando terminaram, Taehyung recolheu tudo e levou até a pia da cozinha.
Já estava terminando quando Jungkook apareceu no ambiente.
— E então? — perguntou, ouvindo um suspiro do mais novo.
— Ela é realmente muito gentil, puxou a você — observou Taehyung secar as louças, olhando-o em seguida.
— Acredite, essa é uma qualidade própria dela. Para falar a verdade, eu já havia dito sobre você para ela antes de você a ver aqui em casa — disse sincero, próximo ao mais novo. Jungkook arregalou levemente os olhos em surpresa, lembrando-se do modo como fora observado e tratado quando conhecera Joy, pelo modo curioso da mais nova, como se tentasse ver quem ele realmente era.
Sentiu os lábios juntando-se brevemente, mesmo que estivessem a sós naquele cômodo. Jungkook riu baixo assim que se afastaram, olhando para Taehyung.
— O que foi? — Taehyung perguntou, fazendo um leve carinho na bochecha corada.
— Não é nada — afirmou, segurando a mão de Taehyung. — Agora vamos, temos uma tarde toda pela frente.
Aproximaram-se da mais nova e sentaram-se próximos, aguardando que Joyri separasse os ursos que achasse adequado para cada um. E antes que percebessem, os três brincavam juntos, em um mundo só deles.
Mal notaram a tarde se indo, ou o barulho que Joyri já fazia ao ganhar uma luta contra a pelúcia do pai.
Jungkook sorria alegre em meio a tudo, inerte ao mundo lá fora. Estar ao lado daqueles dois afetava seu dia de um modo bom e verdadeiro.
Só realmente acordou daquela doce realidade quando a voz de Taehyung soou mais séria dentre todas as risadas contentes.
— Já são quase seis horas, Jungkook-ah — avisou, e Jungkook o olhou confuso, ainda sem entender. — Avisou seus pais que chegaria tarde?
Jungkook pensou por alguns segundos, chegando a conclusão que precisava voltar. Sorriu meio sem jeito por ter se perdido tanto no tempo, mas mal se importou ao ver a mais nova em pé, com os bracinhos abertos.
Automaticamente abriu os braços com um sorriso grande nos lábios, sentindo o corpo menor próximo, abraçando-a com carinho e afeto.
— Vamos. Eu levo você para casa. E nem adianta negar — Taehyung tratou logo de informar antes que Jungkook negasse sua carona. Viu o mais novo assentir, rendido.
Segurou na mão de Joy enquanto fechava a porta da casa, logo entrando no carro. Deixou a mais nova no banco traseiro, e Jungkook ficou ao lado dela. Os cintos de segurança foram colocados, e logo o caminho estava sendo feito.
Taehyung não podia deixar de sentir o coração quente ao ver sua filha conversar animadamente com Jungkook, que se deixava levar e fazia o mesmo. As vezes sentia os olhos sobre si, e depois risos baixos, o que realmente o fazia se perguntar sobre o que conversavam.
Quando chegaram em frente a casa de Jungkook, o mais novo precisou entender mais uma vez que precisava ir para casa. Abraçou cuidadosamente a mais nova, despedindo-se. Logo, olhou para Taehyung e sorriu gentil, saindo do carro em seguida.
Observou os dois acenarem em um adeus temporário, e logo, o carro afastava-se. Mal conteve-se ao entrar com um enorme sorriso dentro de casa, o que não passou despercebido pelos pais.
— E então? Tudo correu bem? — Hayoung foi a primeira a perguntar, e pelo olhar curioso do pai, sabia que ele se perguntava o mesmo.
Inspirou fundo, mal contendo a voz satisfeita ao dizer:
— Tudo correu perfeitamente bem.
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