Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

31 🔗 MORTE OXICORTE

𝗜𝗡𝗦𝗧𝗥𝗨𝗖𝗢𝗘𝗦: ler & consumir com o tema escuro para melhor visualização da obra; aviso de capítulo +18 com palavras ou cenas maduras. Leiam com cuidado.

BOM CONSUMO,
                        — Cherry៚

...
...
...
.....
...
...
...
......
...
..
...

São as idas e vindas do amor
(Sophia Chablau e
Uma Enorme Perda de Tempo)

𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐂𝐀𝐎        𝐄𝐌
𝐓𝐄𝐑𝐂𝐄𝐈𝐑𝐀  𝐏𝐄𝐒𝐒𝐎𝐀

_______________________⚠️ aviso de gatilho,
                                                  sangue,      corte.

O céu estava escuro, tempo de chuva, da brecha entre as cortinas da janela conseguia enxergar.

O canivete foi agilmente girado entre seus dedos, dedos machucados, dedos de nomade. Com um pedaço de pano adentro de sua boca, o corpo movendo-se para frente e para atrás, a lâmina era movimentada entre a carne de seu ombro, deixando futuras cicatrizes. Gemidos fracos gruniam em sua garganta, e as tosses viam, até que não houvesse mais paciência alguma, e ele jogasse o que ocupava sua boca contra o chão, cerrando seu maxilar para voltar a se perfurar, e o seu sangue escuro pingava todo o lugar.

Teria um baita trabalho para limpar aquele quarto alugado, mas era necessário. Foi sob um gemido rouco que o metal foi completamente retirado de si, o localizador já danificado brilhava vermelho sob suas luvas. E respirando pesado, fundo, pousava o pano sob a ferida e aos poucos tomava responsabilidade a respeito, enquanto movia a perna esquerda para quebrar o aparelho com o salto de sua bota. Os lábios tremiam, a testa pulsava, era tanta raiva, tanta coisa, quando o grosso de sua voz e a garganta ardente saltaram as palavras do tempo, quase demoníacas — CRUDELISSIME! FANATICE! VERVEX! VERVEX! VERVEX! VERVEX! — Língua morta, ecolalica, língua similar, parecida consigo, quem também valeu muito algum dia. Um outro tempo.

Com o ferimento tapado com ataduras e um falho e bagunçado ponto, seus dedos moveram sob a cômoda próxima a cama, arrastando o maço, puxando-o para si. Traidor, sua mente sempre o lembrava, de onde saiu e de quem realmente era. Seu coração doía, sob a imagem das pessoas que deixou pra' trás. Um sorriso curto deixou seus lábios quando ativou o anel holográfico que fracamente ainda funcionava as vezes, tecnologia holística. Mas, apesar de não funcionar sempre, conseguia senti-lo ao pressionar a cicatriz deixada, e estava satisfeito apenas com isso, em saber que não era apenas uma memória adulterada, ou mais uma roubada. Ele não cometeria mais erros.

Quando resolveu sair de casa, a fim de explorar um pouco e recuperar-se da tormenta, foi ao mercado de rua carregado línguas barulhentas e música pesada que não incomodavam ao todo pelo uso de fones, mas atrapalhava brevemente na comunicação com os comerciantes. Usava muitas roupas, um pano opaco rodava sua cabeça para esconder os cabelos e o rosto coberto por uma máscara de plástico biodegradável e óculos de lentes escuras, por mais marteanos misturados que aquele gigantesco mar de gambiarras baratas, ele preferia evitar riscos de exposição.

Os sinos de vento balançavam com a poeira quando uma voz conhecida preencheu-o por entre a multidão, buscando com o olhar procurou se esconder para atentar-se, havia um adolescente de cabelos vermelhos e roupas bastante agressivas tomando conta de uma das tendas de brechó. Ele não estava só, consigo nas vendas tinham dois homens mais velhos e um menor, e entre eles uma senhora sorrindo quem se destacava bastante. Porém o diferencial mesmo se concentrava na criança de vestes claras e delicadas contrastando com o adolescente que o carregava sob o peito, auxiliado por apenas um dos braços enquanto o outro arrumava caixas de matérias.

O jovem magro de franja lisa cor de scarlatte de farmácia e pouca expressão de felicidade faria de sua vida uma completa bagunça impulsiva dali poucos anos, e era hora de bagunçar por mais um pouco, porque ele o viu e fechou seu rosto. Obviamente bastante defensivo, é claro, havia um sujeito estranho atrás de caixas à alguns metros encarando o seu filho, era de se esperar que ficasse em alerta, exato, aquela criança viria a ser o seu superior, Lee Jeno, em algum tempo. Quando se perdia na visão foi que sentiu seu ouvido vibrar junto ao chão e uma dédalo no céu passou próxima do solo, cortando as nuvens escuras. Da aeronave soa um som alto, estridente, alerta vermelho. Puta merda.

Nos rostos das pessoas já via-se o medo, o pânico e logo os gritos se iniciaram. Zuniam o meu ouvido, minhas mãos tremeram, precisava ir embora. Meu boné foi arrumado, dando as costas com pressa até esbarrar fortemente contra algo, levanto meus olhos para aquele de braços cruzados quem sorria como um filho da puta. Minha garganta seca, até ouvir sua voz igualmente grossa — Te' Bok.

   — Zeus, eu já te matei em outra linha do tempo, o que faz aqui? — Fraco, questionou passando a ignorá-lo caminhando mais rápido, obviamente sendo seguido.

O seu amigo marteano não parecia tão assustado quanto o mesmo. Zeus era a pura sorte esculpida num corpo só, fazia o que bem queria, quando queria, no tempo que queria, um verdadeiro maldito. Zeus já morreu pelo menos umas dezesseis vezes, claro, isso após enlouquecer, assim como todos os gênios. Ele conhecia o tempo como um louco e ousava brincar com ele, vivendo o melhor de sua vida, brincando com a minha dor e a alheia, ele não se importava de fato com nada.

Nada.

  — Você sabe que não vou contar que esta se esgueirando em passados afetivos só pra' não se esquecer do amor da sua vida enquanto espera a poeira atual abaixar e seu ex amigo morrer num acidente terrível. Na verdade, Te', estou impressionado, pensava que eu era o homem mais procurado pela polícia marteana, você realmente me superou, estou orgulhoso.

— Zeus, vai começar a chover, é melhor se esconder.

— Isso, isso, fuja do assunto como um gatinho assustado, ou diria, um lagarto. — Rindo o outro murmura — Mas acontece querido babel, eu estou exatamente no momento certo. Desejo uma boa viagem, eu estou partindo de novo.

— O que? Zeus, porra! — Virando-se abaixo de uma das barracas forradas de tela, o assistia com os olhos arregalados, pois aquele indivíduo sem nexo movia-se alegre para a parte aberta da vila, ouvindo os trovões, ouvindo as multidões correndo, mães e responsáveis arrastando seus filhos para longe, para lugares seguros. Enquanto o marteano sambava, ele sambava enquanto a chuva amarela surgia, a chuva que tocando o solo saia fumaça. Zeus era assistido e contemplado como um verdadeiro maldido, um louco e insano dançando. Sua pele queimava no ácido, e ele gargalhada se movendo para todos os lados, era queimado vivo pela chuva de...

  —... ABACAXIS E LAGARTOS! Moço saia daí! — Aquela senhora sorridente de antes lhe enxergou e o acolheu mesmo evitando de todos os meios. Afastando-o da cena do insano gargalhada enquanto era queimado vivo e contemplado, ela puxa o outro para dentro, junto aos seus outros filhos. Yongbok estava assustado.

— Oh, Céus! Pobre homem! Está morrendo, estava louco! — Ela gritava com o povo.

A criança nos braços daquele o qual evitava os olhos de qualquer maneira questiona alto — Pu'r que não podemo' ficar lá fora vovó?

E desta maneira outra voz se faz presente — É chuva de acabaxis e lagartos meu amor, abacaxis são cheios de espinhos e espetam e faz dodoí' e lagartos dão' mordida forte, machuca muito! — Falha, desordenada mas cheia de carinho e paciência, Seo Changbin, murmurava para seu filho, paternidade precoce não devia lhe cair bem, mas ele parecia executar bem a sua função bagunçada.

Cai do céu' pai?
 
— Aham.

O viajante encarava a cena sem fala. Longe. Escutando os terríveis trovões. Até se assustar novamente. Os fatos talvez estivessem sendo ignorados, era o mesmo calendário fosco sob a parede, dia de chuva, mesmas vestes brancas daquela criança, a mesma senhora preocupada com o seu telefone a orelha, ele então deu por si, havia caído justo no mesmo dia, que se repetia, ele já havia vivido tudo aquilo. Talvez, como o corpo incineradora de Zeus havia dito a pouco, ele gostasse de reviver algumas memórias afetivas.

De maneira cuidadosa, ele infelizmente não segurou sua fala — Liga pra' professora de Chaehoo.

Aquela senhora nunca virou-se tão rápido, e devagar discou novamente no aparelho, aguardando e aguardando enquanto o homem que não deveria fazer parte daquela cena se a baixava no chão, com as mãos a cabeça para a sequência.

O grito então veio. O telemóvel caiu das mãos, o choro da mulher foi alto e logo os outros homens presentes foram até ela com medo, e a declaração foi dita, o declínio estava próximo, e agora alterado pela impulsividade de Yongbok. Chaehoo não voltaria mais para casa, a terra também consumia das suas cinzas. E era só mais um daquela época.

Mas apenas o primeiro de seus irmãos a não voltar.

.

.

.

.

Sai da área, encare-a realidade
e me escuta
Como vai haver igualdade,
se não aceita minha luta?
Minha conduta é resoluta,
contra o sistema e quem executa
Refuta contra os recruta,
lapida e muta, as ideia bruta

E enquanto houver loucura
A luta continua.

(A LUTA CONTINUA - Rap Plus Size)


Enquanto Jesus repousava no hospital comunitário, sua Madalena lhe assumia na ausência de Deus. Os discípulos de Internals cortavam as ruas do nordeste de alma, saíram do vilarejo norte e migraram para outro canto, estavam recrutando gente. Com armas longas, de fuzis à submetralhadoras seguiam as ideias loucas de certa prostituta, tomaram um conjunto de prédios recém construídos, tomaram seus contratos de administrações de imóvel e pretendiam fazer destes um local para os sobreviventes do incêndio. Com um sobretudo roxo, Hwang Hyunjin tacava o terror com sangue nos olhos e um olho de árduino. — VAMO SAINDO PORRA!

O chute na porta do bordel foi grosseiro e alto, as armas apontavam para os poucos presentes e logo aquele loiro quem ditava as regras assumia a sua posição. — Você ai fique bem parado ou eu atiro na sua cabeça por que o papo é o seguinte caralho, eu quero todas as crianças e menores de idade pra' fora dessa porra, eu vou levar tudo! Não quero enrolação é a única oportunidade que vocês tão tendo!

Ainda assustado o cafetão não foi tão rápido quanto as prostitutas de metal da casa quem logo se desesperaram descendo as escadas com os pequenos filhos entre os braços, filhos do trabalho, futuros profissionais. Uma das mães carregada de crianças ainda questiona os ativistas quem os pegavam para levar à um caminhão furtado, dizendo — Aceitam bebês? Tem dois anos, e esses aqui tem cinco semanas e seis meses.

Engolindo seco, mas neutro mirando qualquer coisa senão a sua direção, ele responde buscando uma das crianças de colo e pousando-a em seu peito enquanto fazia gesto para que ativistas tomassem as outras menores —... Vou levar. — Hyunjin sentia-se longe e ao mesmo tempo próximo, tão pela melancolia de entender o afeto frágil daquelas vidas umas para com as outras, quanto por entender que crianças são caras, abortos são caros, viver é muito caro, e a cura é um preço da prostituição não paga. E se eu os fizesse mal? E se fizesse parte do tráfico sexual? Qual o destino daquelas crianças? Não era busca por melhorias, era entrega, era desvalia, era exatamente isso que pensava enxergando garotes de diversos corpos, dores e idades passarem a sua frente, com histórias que provavelmente se mesclem a sua.

   — O que porra você pensa que ta' fazendo?! — A voz rouca gritou vinda do mesmo homem paralisado, ele o reconhecia, sabia do seu rosto, da sua voz, e pensava enfrentar o mesmo garoto que abusou algum dia.

A ativista estava distante mas em solo suficiente para flagrar um movimento de mãos do homem porco. "Por aqui só restou o ódio, por aqui só restou a dor", como em Sodoma e Gomorra, narrada por Borges, pra' puxar uma pistola de sua calça mal piscando ao sentir o impacto da bala adentrar o globo ocular do outro. O cafetão bateu as costas contra o espelho do grande salão, gotas de sangue pintaram todo carpete manchando a cena com seu dna.

E sob os gritos de horror e choro da criança, João, mantinha-se são, neutro e distante consolando o neném em seus braços com sussurros de carinho — Shhhh, vai ficar tudo bem. — Infelizmente por incidência, puxou a garganta para a altura que aquelas pessoas pudessem o ouvir. — Eu não sou o que esse homem fez comigo, e muito menos os traumas da minha criação, e eu não nego que cresci nessa estrutura, e pouco me esqueço de como também me ajudaram, mas eu não sou o que eu sofri, não visto das inseguranças, incômodos e fraquezas que já vivi, eu sou o que sou agora e eu sou O AGORA. E aqueles que acham me conhecer, levem o dito de que morri, porque já não sou mais o que existe na memória de vocês, aquele eu está morto, e o que resiste está aqui, o resultado é o agora. E espero que isso fique claro. Eu sou o agora.

João segurava a criança nos braços, sempre carregando a beleza e delicadeza do seu amor, Madelena era neutra conforme a sua justiça e Maria com força e dor pisava o salto no rosto do seu abusador.

E enquanto houver loucura a luta continua.

.

.

.

.

.

Diz o que há atrás de Deus
Lindo gospel, cospe em mim
Diz o que há atrás de Deus
(DEUS LINDO - Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de tempo)

De repente, me desperto de um súbito sono, com o peito pesado, como se tudo se passasse com alívio, e me vejo em uma cama de lençóis amarelos, mas a minha pele também é amarela, mas não meus os lençóis, o que é este lugar? Ouço uma voz, ou melhor, um canto. —... Vulgo trem balinha da VU, cachorra treinada, puta, vai tomar no cu... Me chama de malvadeza, eu já quero ele nu, vem aplicando massagem, tô na intenção do piru... — Meus olhos saltam de surpresa e talvez embaraço, quanto a voz se torna próxima acredito que me engasgo levemente com a própria saliva.

De um outro cômodo barulhento vinha um homem de porte médio quem mexia o corpo junto a fina música tocada no ambiente. De estatura baixa e pele oliva, quase bronzeada, tinha dedos tatuados, talvez manchados pois eram bastante escuros em contraste com os anéis de prata e pulseiras e seus braços cobertos de desenhos pouco delicadas. Aquele mesmo quem andava com toda a postura do mundo, como se pisasse com certeza, uma certa confidência e já conhecesse aquele território. Com uma toalha cabeça, parecia recém banhado, relaxado, inabalável. Ele me conhece? Ele mora nesta casa? Neste quarto? Temos algo? Foi então que retirou o pano de si e chacoalhou os cabelos que batiam no início das costas, ruivo e raspado. Até levantar lentamente seu olhar para a minha direção e daí eu fui arrebatado. Ele sorriu sem mover os olhos, de um jeito nenhum pouco sedutor, mas que me seduzia.

Olhava-me de uma maneira... uma maneira talvez pesada, carregada de muita coisa, muita vontade, muito de algo que eu não sei o que, e é quando sua voz sai novamente um pouco mais rouca e baixa que o canto anterior —... Fui esquentar o seu macarrão bebê, e queimou, tá? Se vier reclamar tô pouco me fodendo também, enfia no cu essa porra'... mas se você ainda estiver com fome eu compro pra' você, preocupe não... Puxa o fundamento, quero fuder contigo... — E me deu as costas descendo as calças e eu continuava sem palavras.

A aranha gigantesca com asas de morcego de suas costas me distraia levemente da paisagem enquanto o assistia enrolar o cabelo alaranjado entre os dedos e molda-los com um elástico, até me dar conta que falava comigo novamente, vestindo-se com algum uniforme, fechando os últimos botões enquanto a minha pessoa continuava em completo silêncio dentro do quarto, quando o homem se moveu até próximo, daquele mesmo jeito completamente inebriante. Subindo na cama em minha direção pausou com ambas as mãos a minha volta, acima de mim. De alguma forma aquilo me parecia familiar, como se aquele fosse o meu lugar, mas Deus, os seus olhos, eles me cortavam ao meio, afiados e tão absurdamente nobres, carregados de uma sublime raiva e tão cheios de amor, minha nossa.

Quem é esse homem? E as palavras lhe saíram novamente — Seja lá quem for dessa vez, você tá muito quietinho po', mas eu preciso trabalhar. Então juízo viu mano. Chama o meu nome, mal-va-de-za...— E fui dominado pela sua presença e pela imersão do seu cheiro e toque, por que ele me beijou enquanto puxava o zíper do próprio macacão, como se não fosse nada demais, só mais um dia. Buscou minha língua e laçou-a como um profissional, mostrando-me ser algo maior, como se... estivesse acima de mim. E não é todo mundo que alcança esse nível.

Pra' acabar comigo de vez, se afastou respirando na minha face e me encarou, rindo frouxo, mostrando seus dentes, fechando os olhinhos, sorrindo, e eu finalmente compreendi, encantado e perdido naquela imagem celestial, tão próxima do paraíso.

Ele era o Éden. De todos eles.

Lindo. Gospel. Cospe em mim.

Meus pensamentos diziam, até sentir as vistas embaçadas, a cabeça pesada, e derrepente meu corpo tomba para a fora do colchão.

.

.

.

.

.

No líquido cenário da vida moderna
os relacionamentos talvez sejam os
representantes mais comuns, agudos,
perturbadoras e profundamente
sentidos na ambivalencia.
(BAUMAN Z. 2001)

𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐂𝐀𝐎       𝐄𝐌
𝐓𝐄𝐑𝐂𝐄𝐈𝐑𝐀 𝐏𝐄𝐒𝐒𝐎𝐀

A voz, aquela voz ara abafada... tão distante. Junto a ela um som, bastante agonizante, se apresentava, um chiar infernal, como um canal televisivo sem sinal de antigamente, semelhante à aqueles com chuviscos acizentados horripilantes, e, eu mal enxergava, mal compreendia, era tudo tão bagunçado, tão confuso, a minha cabeça, ela está tão mal. Minhas mãos vão à testa, massageio a área com força pressionando os dedos contra as têmporas e pálpebras, precisava voltar à mim, não podia me perder de novo. Até enfim escutar à voz próxima, aquela voz, baixa e familiar; —... Você sabe que não gosto quando fica desse jeito, não precisa se estressar por algo tão pequeno! Esqueça esse assunto de trabalho, por favor.

Os olhos pesam para abrir, pisco e demora para acontecer, mas enfim removo os palmos da face, e enxergo um local. Talvez aquele fosse um quarto, o ambiente era irreconhecível à mim, nunca o vi antes, ou talvez já tenha sido meu, mas me movi com palavras sem o controle próprio, aparentemente se tratava de uma memória ou um delírio, ou quem sabe um sonho —... O narcotráfico determina as vias econômicas desse país de merda', tal como muito favorece o sistema financeiro mundial. Como, eu te pergunto, um esquema desses não tem menção das supremacias? Da polícia? Do estado? Acorde amor! As divisas só existem pra' que exista quem culpar. Nós trabalhamos com isso! Você e eu somos cientes, não há segurança! Lidamos com cadetes despreparados cometendo erros todos, os, dias!

Aparentemente atrás de meu corpo, andando pelo cômodo a voz dava continuidade à aquele assunto — É o sistema, Minho! É assim que funciona, sempre funcionou, não é apontando as falhas que vamos mudá-lo do dia pra' noite.

  — Nunca funcionou. — Podia sentir o amargor rouco da minha fala. De costas, apoiava na mesa branca do que parecia ao cômodo, quando me deparei com quem discutia, os olhos... eram tão tristes?

Suas mãos se exaltavam junto à voz, irritadiça e fraquejada — Você, você... você acha que eu me sinto bem? Te vendo arriscar à própria vida, o cargo? Desafiando nossos comandantes, por Deus' Minho! É um absurdo, você acabar sendo pego, e você... sabe o que acontece. — Seus dedos seguravam os meus, transmitia calor, e o meu peito se contorcia, eu também tinha medo.

Meu palmo bateu forte contra o mármore gritando — Por ainda haver tortura e desvio de dinheiro de dentro do nosso sistema que eu preciso lutar, meu amor! Nós não estamos salvando vidas como a porra de desenhos animados de merda, estamos TIRANDO-AS! Matamos pessoas no processo de trazer paz pra' quem já tem onde dormir! Eu e você temos onde abrigar em um frio denso como este! Porra, é menos 5 graus lá fora! E o jornal noticia a morte de inúmeras pessoas em situação de rua, só hoje! Como consegue dormir ciente disso?

A mão então toca meu rosto, os dedos se mexem na pele, e com os mesmos olhos tristes, quem me liam por inteiro, dita com sinceridade —... A gente se acostuma.

Sob perspectiva única, eu me encontrava sem chão, assistia ao longa metragem nostálgico do jantar à luz da burguesia, talvez mergulhado na intriga, talvez assustado com o que via.

Vi o silêncio de ambos perdurar pelo resto da noite, tirei as roupas pesadas do serviço, pelos simples tecidos e me deito ao lado de outro alguém. Igualmente robusto, feito um soldado, seu corpo era tenso. Eu me movi para circunda-lo em um abraço, para lhe dar algum amparo, até notar que não o possuo. Não... Não havia o braço direito?

De repente eu ouço o respirar pesado, logo soube que ele chorava. Eu devia conhecê-lo bem, mas como conhecia? — Minho eu não sei o que será de nós, se continuar desse jeito...

Acho que não esperava uma ação calorosa da minha parte, pois não era da minha personalidade tomar essa atitude, por isso continuou — Eu- eu não consigo continuar me preocupando e tentando te convencer do que é certo, pra' que você me ignore de novo e de novo. — E era tudo uma incógnita.

Enfim consegui abraçá-la, sentindo o seu corpo remexer contra o meu, pelos soluços e respiração descompassada —...Mas entendo que você não acredita que esta errado. Tem suas ambições, suas opiniões, e eu não te censuro disso, você é livre mas... Eu sei que suas ambições não me incluem.

Sentia cada ardência daquelas palavras, eu realmente a amava, e gostaria muito que lutasse ao meu lado, mas da mesma maneira, nunca lhe obrigaria a permanecer comigo até o fim disto. — No seu abraço é o meu descanso e a minha maldição, Minho, eu odeio o seu peito. — O seu corpo girou, tornando-se de frente ao meu, os olhos molhados me liam, olhos tristes me liam por inteiro, a minha nudez, a minha sentença.

    — Eu também amo você Jisoo.

Memórias rachadas, perdidas, eu não consigo julgar se não reais ou sonhos da minha cabeça, em uma realidade onde vivo em dois mundos. O chiado enlouquecedor me surgia uma outra vez à mercê, me resgatando ou me raptando dessas mesmas memórias rachadas e por fim me largando em um apartamento úmido da periferia, amarrado em uma maca de consultório adaptada a oficina mecânica, sob a luz do meu rosto.

Aquele barulho alto horrível me atacava de novo, o chiar, aquele chiar que me tremia inteiro, o assobio infernal que gritava dentro da minha cabeça, doía tanto, doía, doía, doía, doía, doía, doía, doía. Ouvia aquele nome longe, nome? Nome de quem? Bem longe! Nome dele. Nome do Minho! Minho? Quem? Você? Eu? O Telefone tocando; sirenes pedindo socorro; a porta batendo com força; sirenes pedindo socorro, por que tão gritando comigo? Eu não fiz isso!; tropeços; o relógio; minhas lágrimas; janelas; eu não machuquei ninguém, não fui eu; vidro; portas; e se for eu? A rua; aquela rua; e não era aquela outra? Não era a de trás; Você não é você; Eu sou o capeta? carros; viadutos; Mas você tinha motivos? sirenes pedindo socorro; socorro; socorro; minhas lágrimas; sangue. sirenes; sirenes; doía, doía tanto; Teria problema? De Quem? Você! Eu? Minho! Que problema? Problema de ser o capeta? Problema de errar.

Vejo pedaços frames, talvez fragmentos de memórias distorcidas, mas meus olhos embarcados se abre na visão novamente fora do meu controle, como se não passasse de um sonho lúcido ou uma lembrança, eu já não sei, minha cabeça dói como o inferno. Algo borrado e distante me atrai, feito um pesadelo, mas é atrativo e barulhento, parece com o céu.

As imagens começam a ficar mais claras e tornam-se visíveis após um longo período provável de estabilidade do olho de titânio, quando um chuviscado moicano ruivo recém raspado surgia segurando carcaças do que parecia ser restos de algum braço mecânico enquanto "I push my fingers into my eyes" soava de seus lábios junto ao som agonizante das filmagens. De repente o indivíduo aproximou-se da câmera, seus olhos eram afiados, me peitavam de perto, muito perto, de sobrancelhas juntas, quase puto, murmurou — Bicho bonito da porra'. Mas também, padrão né? Fazer o que. Foco Meco, foco. Será que ele tem um... Não, mais que absurdo Jisung, você é ridículo mesmo. Puto do caralho. Mas eu nunca vi um protótipo desses, hm, lasqueira menó, vou ter madrugar estudando esse mano... AS MY TIME'S ELAPSED!

Meus olhos piscam, e mais imagens são acessadas, haviam flagras do mesmo homem dançando, andando de cueca, pelado, fumando em todos os lugares, rindo sozinho, mas a maior parte era trabalhando perto do que deveria ser a lente do olho de titânio. Outras estava trancado no seu quarto fazendo pesquisas, em alguns momentos ele até mesmo conversava alegre com o que parecia meu corpo desacordado, já em alguns momentos era completamente sério, como se eu já não passasse de um pedaço de lata, e outros em que seu rosto só tinha um enorme nada, apenas indiferença, e ele se sentava na frente do braço aberto e trabalhava em automático em estado péssimo, parecia não tomar banho, não comer ou sequer dormir. Meu peito se encheu com uma aflição prostrada de preocupações, por que finalmente me dava conta do porquê ele conseguia faltar no serviço tão facilmente, o porque não comia regularmente, o porque daquela casa suja, o porque só ter lamen de tomate na geladeira. Aquele moleque já não estava bem muito antes de haver um NÓS.

Eu (não?) sou o capeta.

Acordo. Minhas mãos se balançavam com força e meu corpo se movia para frente e para Atrás, eu estava de frente para um espelho, em algum lugar pequeno rodeado de cortinas brancas, o que, porra, está acontecendo aqui? Meus olhos sobem de minhas mãos para o reflexo à frente, e eu me choco. Eu tenho uma peruca rosa na cabeça, de onde os cabelos batem até o ombro, e um macacão amarelo cerca meu corpo, botas vermelhas os meus pés, ainda com preços, o que estou fazendo aqui? Mas que, diabos? Afasto as cortinas e me dou com o que parece ser um funcionário de alguma empresa quem me observa animado, com um grande sorriso, olho ao redor, vejo que estou em uma loja de roupas, mas que...?

  — Ficou simplesmente fantástico em você! A senhora vai levar? Deseja olhar mais alguma coisa? Saiu no Weko que Kya do 3stars acaba de usar um colã verde esmeralda no aeroporto de alma, e já chegaram em nosso estoque! Você quer dar uma olhada? Estão quase esgotando! — E sem piscar o rapaz me diz com uma dicção impecável e expressões encantadoras, se tratava de um Android, logo percebi.

Receoso tento dizer — Ah... Na verdade não irei levar nada, me desculpe pelo incomodo. — inatingível o funcionário apenas sorri mais.

  — Completamente entendivel senhora.

Corrijo — Senhor.

  — Oh, me desculpe, nos nossos servidores, LOJAS IHSANAK, o seu cadastro está registrado como gênero feminino, gostaria de acionar uma mudança?

A minha voz sai baixa — Eu tenho... cadastro?

  — Desde 07 do 07 de 2075, senhor.

E já não era mais real. Era como assistir a um desenho animado e morrer ao mesmo tempo, sentir o corpo pesado se desligar, e as imagens bagunçadas piscarem rápido, junto ao chiar infernal, aquela porra de chiar. Escutava a voz do Androide chamando-me longe, cacoalhando meu corpo, segurando minhas mãos, não, não, minhas mãos não. Gritos, gritos, gritos, gritos, lágrimas, o corpo esbarrava em algo simultaneamente, não, não, não. De repente meu rosto é tomado, e eu enxergo olhos preocupados, Tiago — Venha garota, levanta daí.

  — Senhor! — Grito enbargado, meu choro era claro, visível e instável. Eu me via dentro de um veículo dirigido por um adolescente — Isso não é aceitável jovem, você não tem idade pra' carta!

A mulher nega com a cabeça. Sua pele preta quase roxa brilhava entre as frestas do veículo, o cabelo curto era amarrado e envolto para cima, com tranças pequenas e cheias de jóias sob redor do rosto, Tiago era absolutamente fantástica, me lembrava minha mãe em Vega-Lucida. A mesma dizia-me baixo olhando-me nos olhos, que constantemente saiam de sua atenção — Adonai fique calmo. Você teve uma crise no centro por conta das tranbiques de Rafa, me disse que chamou pelo meu nome de batismo, e isso foi inconsequente, tome cuidado da próxima, sabe o número de emergência, mas seu localizador estava desligado. — Adonai, meu... meu nome, meu nome saia de sua boca, Senhorita Tiago me disse tudo, e eu apenas ouvi.

Minha testa franze, temendo em lembrar... Seus nomes —  Shaphatar quem desligou, e Palet permitiu. — Todos tínhamos nomes, Deus sempre dá nomes.

  — Deveria imaginar. Gostaria de ligar pra' Jisung? Ele parece não te ver à uns dias, já contactou Madalena a sua procura, Jeová Rafa anda aprontando muito, até roubou dinheiro dele.

  —...Eu não a conheço.

  — É claro que não, é muito jovem, e o mais inocente, eles nunca te envolveriam nisso, é confuso demais pra' sua cabeça. Mas... Infelizmente terei de conversar a você se poderia acessar, Minho. Eu sei que é o mais calmo deles, estava buscando oportunidades de te contactar a tempos porquê as coisas estão saindo do controle, Jeongin anda cada vez mais despirocado das ideias e mesmo que Madalena tem feito um grande trabalho pra' ajudá-lo ele é novo no movimento, precisamos de muita ajuda se queremos ampara-lo nas manifestações.

Acessar o original era difícil. Seria necessário muita concentração e um ambiente totalmente livre de poluição sonora, e, admito, tenho um pouco de medo, e nem mesmo sei se sou capaz.

.

.

.

.

.

𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐂𝐀𝐎       𝐄𝐌
𝐓𝐄𝐑𝐂𝐄𝐈𝐑𝐀 𝐏𝐄𝐒𝐒𝐎𝐀

Hyunjin se preparava para retornar ao hospital, para passar mais algumas horas lendo ao lado de Messias, no entanto, antes de entrar em sua tenda percebeu-a diferente. A entrada coberta por véus parecia modificada, e era claro que alguém havia acessado, o que era normal para internals, entrarem uns nos quartos dos outros, mas geralmente respeitavam a introversão do mesmo, sabia que João não gostava que ultrapassagem alguns de seus limites. Por isso a mão próxima a sua faca foi inevitável antes de adentrar rápido.

Um exclamar foi ouvido e ele percebeu uma criança escondida ali e subiu as sobrancelhas a baixando a guarda — Ah? — Uma menina estava com alguns livros em sua mão, e ele a reconhecia, era uma das crianças resgatadas no incêndio. — Você!

  — Eu não fiz nada! Não roubei nada! É meu! Os livros eram meus! Disseram que você quem pegou! — Ela gritava séria. De vestes simples, ela agarrava aquele grupo de papéis com força e Hyunjin entendeu.

  — Não tem problema, são seus mesmo, agora não deveria invadir lugares assim, as pessoas podem entender errado, ok?

  — Já viu a minha cor senhor? As pessoas sempre entendem errado. — E aquilo foi doloroso de alguma forma. Ele respirou, precisava partir.

  — Pode ficar a vontade, se sente segura aqui. Eu só vou pegar um livro, eu preciso sair, não vou te atrapalhar.

  — Você vai ler? Onde?

  — Ao hospital.

  — Vai ler no hospital?!

  — Vou ler para Cristo.

  — Cristo? O que você é? Maria?

  — Também. Quer vir?

  — Ler pra' Cristo?

  — É. Melhor do que ficar aqui, eu acho.

  — Vai ter algo pra' comer?

  —... Sim, posso arranjar algo.

  — Então eu vou!

  — Como é seu nome?

  — Sarah Efraim-

  — NÃO!

  — O que?

  — Nunca diga seu nome real. Nunca. Você não teme pela vida não, garota?

  — Que vida? Mas que vida? Isso não é vida senhor!

  — Agora é vida, a partir de agora.

  — E se não meu nome, qual então?

  — Carolina.

  — Carolina?

  — Carolina Maria de Jesus.

   — Porque esse nome?

  — Você tem outro melhor?

  — Não.

  — Então é esse, se não gostar é só mudar, mas não use o seu nome real nunca mais.

E dessa forma arrastando seu sobretudo purpero, Hyunjin deixou a sua tenda com aquela criança aérea. Não entendia aonde aquela conversa sobre nomes, identidades e livros poderia chegar, mas ela não entendia o que quer que seja, era só o começo.

.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.

ꜜ  ☁︎ ♡⃗

Olá você de volta!

Algumas informações sobre esse capítulo bastante confuso:

1) A intenção é ser confuso mesmo para não entendedores, para os teóricos de plantão talvez tenha ajudado em algumas coisas!

2) Minho 2: PALET, que significa Libertador.
Minho 3: ADONAI, que significa Senhor.
Minho 4: SHAPHATAR, que significa Juiz.
Minho 5: JEOVÁ RAFAH que significa Cura.

3) quedo saber a opinião de vocês, pois estamos na RETA FINAL!

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro