05 🔗 CRIANÇA SOB ALUMÍNIO
ᶜᵃᵘˢᵉ, ⁿᵒᵗʰᶦⁿ' ᵉᵛᵉʳ ʰᵃᵖᵖᵉⁿˢ
ᶦⁿ ᵗʰᵉ ᶜᶦᵗʸ ᵒᶠ ˢᵒᵘˡ
ᴮᵘᵗ ᵐᶦˢᵗᵉʳ ˡᵉᵗ ᵐᵉ ᵗᵉˡˡ ʸᵃ,
ᵗʰᵃᵗ ᵃ ˡᵒᵗ ᵒᶠ ᵖᵉᵒᵖˡᵉ ᵈᶦᵉ
ʸᵒᵘ ᶜᵃⁿ'ᵗ ᵘⁿᵈᵉʳˢᵗᵃⁿᵈ
ᵀʰᶦˢ ᶦˢ ˢᵗᶦˡˡ ⁿᶦⁿᵉᵗᵉᵉⁿ ᵉᶦᵍʰᵗʸ⁻ᶠᶦᵛᵉ,
⁽ⁿᶦⁿᵉᵗᵉᵉⁿ ᵉᶦᵍʰᵗʸ⁻ᶠᶦ⁻ᶦᵛᵉ⁾
ᴴᵉʳᵉ ᶦⁿ ᵗʰᵉ ᶜᶦᵗʸ ᵒᶠ ˢᵒᵘˡ.
분노
▱▱▱
𝐋𝐄𝐄 𝐌𝐈𝐍𝐇𝐎
𝕺 pesar do meu peito voltava à funcionar devagar, de repente abri os olhos, como não havia sinal de Aristóteles no meu cangote, julgo ter passado por uma anestesia leve. Da visão turva eu enxergava um rosto preocupado próximo ao meu, inicialmente se assemelhava ao de uma mulher, mas com os segundos se moldava à de um rapaz, seus olhos levavam revolta e raiva, muito diferente à as mãos que me tocavam o rosto, apesar de firmes e russas como a de um árduo trabalhador, tinham à precisão de um artista.
À delicadeza dos toques me lembrava meu pai, e o olhar sério, me recordava de mamãe. Toda à harmonia do momento me fazia questionar da vivência deste favelado que tanto tem me ajudado e porque, tanto cuidado. Eu em seu lugar não me envolveria. Após totalmente desperto, o baque de realidade me veio de repente;
— CUZÃO do caralho! Ainda bem que acordou, eu já estava lascando fora! A médica disse que já vai te liberar, mas te passou alguns medicamentos de controle hormonal que podem estar afetando suas funcionalidades, sorte tua não ter perdido o olho. Essa porrinha vale o preço de um fígado no mercado ilegal... e psiquiatra. É bom você ir. — Ainda apoiado sobre meu tronco, sentando na maca, o mecânico, acho, dizia com tamanha intimidade à minha pessoa, ainda tocando meu rosto.
— Poderia se afastar? Eu preciso respirar. — Tomando coragem digo apesar da tontura. Ele prontamente desperta tomando distância, apesar da expressão séria permanecer intacta em sua face, talvez pra' ele o comportamento fosse comum.
— Buceta! Quase me esqueci, a médica também receitou alguns benzodiazepines em algum papel que deixou por aqui, eu acho, vai ter que procurar. Mas ela disse que seria bom pra você lidar com a Síndrome de Asperger. Você sabia que o banheiro daqui tem um sabonetinho específico pra "metaleiros" tipo você? Essa foi do caralho! Eu coloquei alguns no meu bolso, mexo com muita ferraria, as vezes tem manchas que não saem fácil, isso não é considerado roubo né?
Somente atento à uma parte em específico em exijo explicações — Espera, espera! Como assim Asperger?! Quem disse que tenho isso?! Ela me deu esse diagnóstico? Eu cheguei aqui com o olho machucado, não pedi por atendimento psicológico.
Sua expressão se tornou alerta negando com as mãos antes de dizer — Ah, não... isso estava na sua ficha médica, sabe aqueles documentos de saúde que ficam armazenados no banco de dados de todo sistema privado de saúde e blah, blah?
Permaneci mudo, e o mecânico observando meu silêncio ele continuou — Como assim você não sabe disso Robotrom? É tão...Tá, tudo bem não saber, você não fez medicina robótica alguma, não é obrigado a saber também. — Deu de ombros respirando fundo, até iniciar de novo — Enfim, isso existe, e pra entender teu corpo metade crossfit, metade lata, ela precisou acessar para checar se você já possuía alguma sintomatologia crônica em tratamento. Mas ela só encontrou um diagnóstico fechado para autismo.
— Senhor, senhor eu... me desculpe perguntar isso, mas por que você sabe disso? Não é uma informação restrita? Não estou te acusando de nada, por favor não me entenda mal.
— Tecnicamente é restrita, mas ela... meio que me deixou ver. — Pausadamente ele responde me encarando sério.
Minha face não poderia estar mais confusa, é tão manipulável assim o fornecimento de informações? Eu sou um agente de polícia, é perigoso que qualquer um possa saber dos meus problemas de saúde, ou de todo caso, o informante é um péssimo profissional. Pergunto novamente —.... E por que?
Afinal de contas o que te faz tão especial? Ele deu de ombros, se colocando de pé enquanto batia na própria roupa limpando seja lá o que seja para me ignorar completamente — Paroxetina é bom pra' controlar a ansiedade durante as crises, é bastante recomendável. Eu tô vazando, a gente se vê robocop. E espero que dá próxima vez que me encobre, esteja com meu carro zerado.
...
Já se imaginou vivendo uma vida, que não parece sua? Traçando os passos de uma sombra que não pertence? É mais ou menos como me sinto.
Eu o encaro sério, o olho de titânio danificado, sorte que o trinco não é completamente irreparável. Mas quando encaro aquele à minha frente, no espelho da enfermaria, sinto que ele está zombando da minha cara. Eu sinto que ele sabe exatamente quem sou, e não me conta, aquele Minho do reflexo é cheio de segredos que não me permite saber.
Todo santo dia eu me levanto sob o comando de Aristóteles, o assistente virtual, quem me relembra exatamente o que sou. Oficial federal, Chefe das investigações de Narcotráfico do departamento de polícia federal, divorciado, morando no centro da cidade da Alma, com um cachorro, e verde.
E todo santo dia eu sinto que algo não está nos conformes da minha vida, como se eu estivesse performando uma persona dissemelhante à minha. Já cogitei até mesmo na possibilidade de ser uma mulher trans, mas após algumas reuniões com a terapeuta do departamento, já descartei essa hipótese, aparentemente não é exatamente isso, mas próximo, porém não com relação ao meu gênero.
Eu tenho ciência que sou bom no que faço, pelo meu histórico, e que meus pais possuíam certo capital equivalente, já que eu aparento viver bem e eles estão localizados em Marte. Mas é tudo muito indiferente. Até mesmo acessar minhas mídias sociais me soa ridículo, pelo simples fato de abrir uma rede social e ler o meu nome, com minha bio e bandeira da heterossexualidade que mal faz cócegas no meu ego.
Eu me pergunto se sou tão bom quanto julgam, pois se apresento tanta excelência na eficiência dos meus serviços, porque não fui vinculado para cargo maior? Eu já deveria estar em níveis hierárquicos bem maiores, já fiz as contas e elas não batem, dá quantidade de cargas horárias, trabalhos prestados e prêmios de honra, há algo errado nessa somatória. Seria por eu ser tecnicamente um PcD? Capacitismo não foi esclarecido anos atrás com a existência de membros articulistas?
[aviso de gatilho: insinuações ⚠️]
São tantas questões, tantos fios sem ponta, e enquanto sou assombrado por esse amontoado de dúvidas, eu o enxergo gargalhando da minha situação, me gera ira. Eu sinto raiva e dor, quero acabar com ele, quero que ele pare de brincar com a minha cabeça, quero que ele pare de me fazer chorar e tremer.
Mas antes que eu fizesse qualquer coisa, uma enfermeira abrirá à porta do meu quarto, segurando meu punho fechado e retirando à lâmina guardada entre os dedos, ela me encarou respirando fundo — Não roube mais nada da nossa cozinha, senhor.
E me deixou, acompanhado novamente da presença dele.
...
𝐇𝐀𝐍 𝐉𝐈𝐒𝐔𝐍𝐆
𝕻ós partida do hospital, eu tive uma pequena crise de tosses fortes, tendo de comprar uma dessas máscaras faciais de plástico vagabundo pelo preço de uma marmita, que o uber fornecia, pois fui estúpido o suficiente de não checar a previsão. No visor de tela do motorista eu era informado que logo hoje a concentração dos gases atmosféricos haviam aumentos circunstâncias, e dióxido de carbono, metano, óxido nítrico, e clorofluorcarbono, foram com deus! — Bairro Mugsi?
— Sim. — Murmurei baixo, atento à correspondência noticiada. O homem de terno branco e sorriso afetivo quem ditava o estado climático crítico dos limites do afluente distrito de Dogok-dong, avisava da chuva ácida que se aproximava, após onda de calor maçante. O sorriso dele me incomodava, carregava privilégio da classe alta, e esfregava na minha fuça exatamente quem de nós teria de trabalhar de baixo de um sol quente igual capeta até desenvolver uma síncope e não conseguir ao menos atendimento, já que as UTIs estaram lotadas, porra.
Assim que o motorista me deixou até onde permitido, pouco antes do início do bairro ilegal, abrirá a janela de vidro e me disse de voz arrastada e preocupada — Filho, estoque alimentos em conserva, eu acho que essa onda dura uns três dias por aí. Não adoeça.
Não adoeça. Era a típica frase dita por vossos pais, pelo menos quando criança escutava muito. Adoecer significa tomar o lugar de pessoas que realmente precisam de auxílio médico e atrapalhar o crescimento econômico, significa precisar de tratamento e cuidados básicos de saúde. E na luta pela sobrevivência, a prioridade é ter o que comer, do resto, você se acostuma.
Assenti com a cabeça pós efetuar o depósito, e sai tendo de respirar fraco por conta daquela máscara mal feita até onde desse. Levaria pelo menos mais 1 quilômetro e meio até meu conjunto habitacional, e enquanto andava eu encarava o céu, onde as aeronaves cortavam as nuvens alaranjadas de fumaça industrial. Os bairros menos favorecidos geralmente são próximos das fábricas, logo, o cenário não é muito bonito em certas épocas do ano, sorte a minha que em Guryong à controle, por conta da área de restrição voltada a testagem de veículos, onde trabalho.
Durante o percurso de volta, eu sentia o calor do ar se tornar cada vez mais denso, e meu corpo suava e ficava pesado, no entanto apesar da vista embaçada, eu tentava manter o ritmo. Porém, em situações como estas, é melhor manter à calma, não era a primeira que eu enfrentava e não seria à última e pior. Meus joelhos fraquejaram e eu tive de pausar sob o chão de asfalto coberto de poeira vermelha, respirando pesado e descompassado.
Não soube dizer quanto tempo permanece naquela posição, mas em algum momento dentre esse período eu senti alguém me amparar com o braço, erguendo-me para cima. Mesmo com rosto molhado e com baixa consciência, pude enxergar as tatuagens rosa, lilás e azul marcadas sob a pele negra clara, logo eu sabia quem eram. Fui jogado sobre seu ombro e levado até em casa, como sabiam meu endereço? Eles sempre sabem.
— Senhor, não saia de casa até noticiarem estabilidade do ar, há alerta amarelo para tempestades de areia, e não estamos com aliados suficientes para conter tantas pessoas, se precisar de alimentos entre em contato, entregaremos na sua porta. — O Cyberpunk Afro-asiático à frente, ditou sério me apontando as coordenadas antes de me dar as costas.
Após me recuperar, ligando o climatizador, pude observar da janela do apartamento, alguns outros amparados pelos anarquistas da nova era. Crianças, mulheres, cidadãos, todos eram ajudados sem distinção, e o governo não faz nada.
Em determinado momento eu sinto batidas insistentes em minha porta, destravando-a, reconheço outro cyberpunk trazendo alguém consigo, de voz grave ele anuncia deixando-o aqui — Me mandou deixá-lo nesse endereço, ele tá bem mal, parece estar andando a horas.
Era Hyunjin, seus cabelos loiros grudavam em sua testa quando eu o recebi, ele parecia bem fraco. Precisava de água e cilindro imediatamente.
E enquanto lhe tratava me questionava do que fazia aqui. Pacientemente esperei que se recuperasse até que tomasse fôlego —... O meu... patrão fechou as portas da pensão que divido com meus colegas, eu estava trabalhando quando anunciaram o alerta, o cara me abandonou no meio do viaduto e aquele f-filha da puta não me deixou... ele não me deixou entrar, eu estava passando mal do lado de fora e ele não deixou entrar... — Ele mal tinha ar para falar quando começou a soluçar — eu não sabia o que fazer, tentei te ligar, mas essa porra do meu olho não funciona, daí fui pé, e acabaram me a-a-achando, eu tive tanto medo de morrer Jisung.
A essa altura eu já lhe abraçava apesar de imundo das ruas, seu rosto sujava meu peito, mas nada que eu já não estivesse acostumado. Quando tomou um pouco de consciência, ele me encarou novamente dizendo — Se puder me deixar ficar aqui, nem que seja por uma noite, eu não tenho pra onde ir, eu posso te pagar, posso transar com você ou você me diz à quantia que quer.
Com a mão eu limpo à poeira de sua bochecha, observando o rosto com um arroxeado no canto da boca — Não quero dinheiro, nem boquete, fique o tempo que precisar, um velho uber me disse que dessa vez dura três dias até normalizar.
Me levantei deixando-o no meu sofá, lhe jogando uma toalha — Vamos pro' chuveiro também acabei de chegar. Você precisa descansar, parece que levou um cacete de alguém.
Hyunjin sorriu triste, colocando os fios loiros para trás, olhando algum outro lado da sala, se erguendo devagar.
E eu esperaria até que ele estivesse confortável para me contar.
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⚠️ Tiveram alguma dúvida que não foi esclarecida conforme o capítulo?
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Você chegou ao fim do Capítulo de ROBOCOP PAN! Muito obrigada pela leitura, pelos comentários, votos, isso é muito importante para que a fanfic cresça e evolua💕. Esta ficção possui a temática livre e estará tomando moldura ao decorrer dos capítulos, espero que gostem :).
Trabalhei muito para deixar a playlist da fanfic o mais agradável possível, e eu não consigo escrever um capítulo sem escutar ela pois as músicas me deixam muito muito no clima.
E ela está disponível na plataforma do Spotify através desse link :https://open.spotify.com/playlist/6xZ8KVsw02wQheJLn6mqI5?si=vaAyepHxTu-GrljcPesyNw&utm_source=copy-link
Ou da busca por: ROBOCOP PAN no app.
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