01 🔗 PROSTITUTAS DE METAL
𝗜𝗡𝗦𝗧𝗥𝗨𝗖𝗢𝗘𝗦: ATENÇÃO NOVO LEITOR! Essa ficção por fã (fanfic) possui uma linguagem mais complexa e formal por se tratar de uma obra literária que aborda sobre POLÍTICAS SOCIAIS e qualificada como MADURA e categorizada como +21 pelo seu conteúdo, linguagem e demais situações sendo gatilhos, vivências e acontecimentos que ainda ão de serem descritos. Logo interpretação e compreensão são. fundamentais para a leitura!
Caso a obra não seja de seu interesse e conhecimento, você é livre para não consumir e não há motivos para xingamentos ou falácias desrespeitosas ou inapropriadas, já que lembrem-se que por de trás da telinha somos todos humanos. Por demais, peço que tenham paciência e não julguem a princípio se não entenderem de cara o que se passa na trama pois com o tempo e capítulos as peças simplesmente vão se encaixando, MAS caso realmente não seja de seu agrado eu (cherry) como autora compreendo totalmente por se tratar de uma leitura um pouco mais difícil. Estou SEMPRE aberta a diálogos sobre quaisquer assuntos relacionados à fanfic então caso tenham dúvida, podem me procurar para conversar diretamente, seja pelo wattpad, twitter e/ou instagram.
Espero que tenha ficado claro. Desejo uma ótima experiência e que entrem na obra com a mentalidade aberta para gêneros diferentes do que estão acostumados dentro da plataforma do wattpad, já que não tem NADA DE CLICHÉS nesse universo distopico e avassalador. Os amores por aqui são íntimos, as amizades partilham dor sem nenhum pudor, a sociedade é líquida, os vazios são eternos e a luta é pelo amor.
BOM CONSUMO,
— Cherry៚
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deus não é homem para que minta,
nem filho de homem para
que se arrependa.
Acaso ele fala e
deixa de agir?
Acaso promete
e deixa de cumprir?
Números 23:19
- Ele é leite com pera
pagando de Gangstar.
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𝐇𝐀𝐍 𝐉𝐈𝐒𝐔𝐍𝐆
Como dizia um grande filósofo que morreu na década de 13, "O que pode se esperar de um ser humano perdido? Que ele viva como se nunca fosse morrer? Ou que ele morra como se nunca tivesse vivido?" Sábias palavras do intelectual brasileiro, Chorão.
Mas apesar da reflexão, eu sempre voltava para trabalhar todos os dias com a sensação térmica de 39 graus, para dar de cara com o meu chefe com cara de cu.
— Tá atrasado, vagabundo! — Ele disse, simpático, como bem pode-se observar. — Verifica o escoamento da temperatura da Dédalo, que só agora que o sistema avisou da falha número 15° no projeto, porra de Alexa. Tem um probleminha na Entropia e o resultado é essa temperatura quente feito o inferno, e a gente não quer outro piloto bunda mole perdendo o controle lá em cima, né não? Faz o checape que hoje tem teste. Tenta terminar a rádio do quadrimotor também, aquela merda tá chiando.
Um dos meus iguais, facilmente reconhecível pelas olheiras, rosto quase morto de desgosto, o pulmão infestado de capitalismo e os dedos sujos de graxa que rabiscavam sua prancheta com agilidade, até se virar à frente novamente.
— Ah, e feliz aniversário, porra.
E esse era o meu serviço.
Debaixo da estrutura de aço, o meu rosto ardia pelo queimaço e respingo de óleo. A estrutura do ar de 2077 já não era mesma desde à quarta onda de ozônio.
O pessoal do ambientalismo tá tentando resolver essa parada, mas eu já me planejava para à quinta, estocando cilindros de oxigênio desde lá. Porque, tipo, não é como se eu estivesse afim de perder 44 mil dólares por uma propriedade em Marte, sabe quanto é o custo de vida naquele lugar? Literalmente um olho da cara no mercado ilegal.
Então, pra livrar o meu tóba, eu me viro sendo Han Jisung, terráqueo e miserável, que não tem um único super like em aplicativo de namoro.
Não perco meu tempo com devaneio, e me meto abaixo do motor da máquina. Logo vejo coturnos no meu campo de visão, se aproximarem da lata. O reconheci facilmente, o puto do meu colega.
— Viu as notícias? Gwangyeoksi tá sendo barrada por militares de novo. — Comento ao parar pra' limpar o meu suor com o palmo da mão.
Changbin bate o pé e faz um barulho com a garganta, como um chiado frustrado.
— Porra meu chuchu, mas tu não tens UM assunto bom, né, vamo falar a verdade? Fala sobre esporte, putaria, receita de bolo, qualquer porra... Maior baixo astral esse méno.
Não somos tão íntimos, trabalhamos juntos e é isto, fora desse lugar nós mal passamos de conhecidos (da minha parte) pois Seo não parece compreender o tal conceito de espaço e/ou decência, ele me acha um amigo e faz questão de desejar mais que isso, com seus dramas e palavras tão baixas quanto sua moral comigo.
— O que tem de bom pra' falar? —Resmunguei sentindo um leve chute na perna. Mas prossegui — Me empurra o maçarico vermelho. O supervisor me pediu pra olhar o quadrimotor de novo, aquele cu arregaçado.
Os passos do Seo pararam próximos, ele se escorou no veículo, balançando-o levemente, para jogar o aparelho de solda no chão e chuta-lo pra' mim.
— Tu fala da Douglas Dc do governador? Que merda que aquele velho faz com essa máquina, que toda vez dá problema? — O ouvi resmungar.
Faço um som com a língua, cansado.
— Tu tá ligado que, desde que saiu aquela matéria que o tramcão quebra a barreira de som esses brancos ricos gostam de ficar apostando corrida né? Voando no céu igual uns imbecis, e as leis ambientais que se fodam no nosso rabo! A gente é que se fode com esse ar merda tendo que consertar essas latas pra' esse bando de buceta... — Murmuro de volta para enfim, sair de baixo do veículo.
Me coloquei de pé alongando e sentindo os ossos estralarem no processo, inalei fracamente, doendo por dentro e por fora como de costume. Retirei a máscara protetora, revelando um homem tão moribundo e desacreditado de tudo.
— Não vou negar que eu adoro mexer na Douglas, pelo estilo tradicional, bem anos 21, é muito minha cara. Mas custava trocar de avião, porra?
— No final enfiam dinheiro até no cu, bebe, então nem faz diferença. Vá tomar café, que daqui a pouco Taeyong aparece aqui pra testar a aeronave, vá! —Changbin avisou, com seu jeito embolado de falar e se intrometer, e se agachou em seguida indicando que provavelmente iria continuar os meus reparos, hora de trocar o turno.
— Puts, aquele moleque desgraçado? O presidente gosta mesmo de fuder o nosso cu hein? Colocando criança da Transavia para fazer trabalho de gente de verdade.
Buscando descanso, acabei me sentando acima de um pneu e olhando em volta, puxei um cigarro do bolso, mal aguentando o peso dos meus ombros, embrulhado em um gosto horrível na garganta, mas nada que a nicotina não resolva.
Rindo abafado, Changbin comentou de volta — Fazer o que se ele investe todo dinheiro público nessas universidades? Na real eles nem sabem o que fazer com os estudantes, mandam pra cá só pra encher o saco mesmo, talvez até castigo, os bichin nunca viram tanto pobre por metro quadrado. Não foi esse garoto que quebrou o dedo na semana passada?
— Não pô... — Devolvi entre os dentes, entre ascender o papel com o isqueiro magnético. — Foi uma branca, ou sei lá, se enbananou toda no volante da Dédalo e esqueceu como é que se ligava de volta. Porra meu', se vão despencar as crianças lá da puta que pariu do céu, por que não treina direito pra' essa bagaça? Pra' que mandar esses arrega-xota sem preparo lá pra' cima, mermão?! Que ideia merda, vo' te fala, é tanto animal. O negócio é que o velho não me deixa ir pra tutelar, como se um diploma me fizesse diferença? Se essas porras tão no céu é porque meu trabalho é bem feito! Eu, que nem tenho cu pra' falar alguma porra, seguro aquele caralho lá em cima!
— Jisung, meu marrom bombom, você grita com elas, é por isso que ele não te deixa ir. Você é um grosso do caralho! — O bunda mole disse, como se isso fizesse algum sentido.
— Grito porque são burras? Eu só fiz Engenharia 1 e sei segurar o tranco do bagulho! — Respondi frustrado, tentando amarrar o cabelo com uma mão só, até ouvir a janela da cabine de cima se mexer com força.
Era o velho supervisor, aparentemente nos vigiando. - Tô ouvindo muita merda e pouco trabalho! É melhor deixarem de papo se quiserem pagar suas prostitutas de metal!
Changbin se afastou de baixo da carroceria da máquina e me encarou abaixando a máscara de proteção.
— Como é que ele sabe que tu curte essas coisas, hein?
Estralei a língua antes de responder.
— Ele deve pagar programa também, né atoa que um miserável reconhece outro.
...
Eu sempre fui mecânico, desde que me entendo por gente. Um calibre pente-rosca foi a última coisa que meu pai me deixou antes de vender todas as nossas coisas, e fugir com minha madrasta ao planeta vermelho, trocando a lua por troianos de Marte. Cuzão.
Então estruturas de aço são o que me resta. Não possuo relacionamentos instáveis, até porque meu último contato com o social utópico foi há anos, na faculdade e esse período se passou rápido, raso e superficial. E além de tudo, nessa sociedade viciada estética high quality, um homossexual no lado mais underground do estado, ainda é uma figura caricata. A maioria dos caras prefere gays padrões, como sempre, em toda a história da humanidade.
O mais próximo da minha pessoa eram as, como meu patrão já cítara, prostitutas de metal.
E na avenida do centro da Cidade da alma, próximo do meu apartamento alugado, eu repetia meu ritual, me sentando na cadeira de um foodrushtruck da esquina, assistindo as luzes do cruzamento, ao som de sirenes, e anuncios da MBC.
Essa era uma rotina comum, pós estresse do serviço, eu sempre vinha para esse endereço esfriar a cabeça com um ramen de tomate. E as vezes tinha companhia.
Companhia essa que vi atravessando a rua agora pouco, à passos atrapalhados por conta do salto e dos faróis dos veículos. Ao chegar, ele puxou a cadeira e se sentou em minha mesa se recuperando da corrida.
— Feliz aniversário! — O rapaz disse sorrindo sem graça, escondendo o cabelo loiro atrás da orelha.
Hyunjin era um prostituto de "metal", um diminutivo pra' cyborg ou algo dessa raça, já que possuía um olho danificado exposto, com a placa de Arduino uno.
A gente se dava bem, fudiamos bem. Ele nunca se importou com a minha aparência um tanto bruta, e pela minha total incompetência para tirar fotos em aplicativos de foda rápida. Talvez por eu sempre pagar pela noite inteira, e digamos que o salário de mecânico é razoável, então pelo visto eu sou um dinheiro bem fácil. Deprimente.
Esse é o nosso ponto de encontro, neste mesmo horário e geralmente, quando me dá vontade, acabamos do jeito que se deu.
Na minha chevette, meu carro, estacionado numa alameda escura, ele com a saia levantada, sentado no meu colo no banco da frente. Vezes fodendo, e outras vezes eu apenas ajudava com a manutenção da ires de software que somente ressaltava a beleza dos seus olhos azuis.
E esse era um desses dias, broxei legal, dia péssimo no trampo, a depressão estava me vencendo a casa dia que passava. Então eu só me preocupava em focar na prototipagem de seu rosto e ter alguma conversa.
— Me deixa te foder hoje... — O ouvi abaixo de mim.
Hyunjin era assim, uma incógnita, tão bonito, mas tão perdido. Mesmo tendo risco de perder a visão inteira por qualquer erro mínimo meu e movimento dele, ainda insistia em me provocar e performar.
— Prometo que faço bem direitinho em você. — Ele acrescentou, e eu só pude revirar os olhos e descrença.
— Pra te dar a bunda você precisa enxergar ela, maluco! Fica quieto! — Murmurei com dificuldade, segurando os pinos entre os dentes.
E continuei a divagar.
— Governo de merda... pra' que fornecer auxílio ao subúrbio se não vão fazer a reparação?! Teria sido bem mais fácil se te deixassem com um olho de vidro.
O loiro fez uma careta mínima de desgosto, apesar de insistir a me encarar de baixo, ainda com as costas deitadas sob o volante.
— Eles não se metem quando o dano foi causado por cyberpunks. — Hyunjin murmurou de volta.
Cyberpunks... outra raça misteriosa dessa cidade. Não conheço e nem me meto.
— Morde o lábio, eu vou tentar reatar o oscilador, pode doer... — Murmurei concentrado, tentando limpar um pouco do sangue da pele de silicone com a manga da jaqueta que usava, sentindo o prostituto grunhir. — Quem diria que a corrupção assustaria menos que o anarquismo moderno. Tenta piscar pra mim agora, vamos testar.
Ele ergueu o rosto e pareceu tentou soar sensual, até gemer de dor novamente — Porra!
Rolo os olhos de novo, o puto não aprende.
Respiro — Vou tentar colocar a atadura nele então, amanhã você tenta de novo e, por favor cuidado com ele. O arduino quando rompido a película protetora, se danifica muito fácil, é bastante delicado, essa porra pode te matar se esses pinos derem pane, ta' entendendo?
Disse ríspido, enquanto me movia devagar para alcançar os produtos de limpeza guardados no porta malas.
— Eu sei, eu sei, só... é meio difícil com esse... trabalho. Aí! — Ele respondeu, e então gritou enquanto eu passava o álcool pelo seu ferimento. — Obrigado de novo, nem sei como agradecer.
Senti-me buscar ar novamente, sentindo a exaustão que ainda se debruçava sobre minhas costas magoadas e dei de ombros. Em resposta, eu só apertei sua bochecha com a mão livre e beijei seus lábios, para voltar ao foco novamente.
— No serviço... Tenta dar mais de quatro e protege a cabeça, mas não dá bandeira que tá com dor, tem caras que curtem. Fale com seu cafetão pra ver se ele te libera por uma semana ou sei lá.
Hyunjin riu.
— Até parece! É bem útil para ele que essa merda fique quebrada, eu sempre hackeava o cartão dos clientes e alguns vinham denunciar e sobrava pra' mim, mas o que eu podia fazer? Eu não recebia o suficiente, você é o único que me paga direito e olhe lá! O arduino me salva nessas, mas tenho muitos clientes violentos, e eles pagam caro pelos fetiches, tu sabes...
— Hm. Fetiches, thsk... te deixar deformado como eu já vi, pra' mim é doença. — Murmurei baixo e questionei — Programa virtual não tá mais dando dinheiro? Esses dias vi um comentarista falando disso. Meio old school, mas disseram que CAM-girls tava voltando.
— Dava certo quando o olho ia bem né, mas esses bagulhos de crime cibernético estão crescendo. Minha conexão é muito frágil, corro muito risco me expondo demais assim, se me hackearem acabou pra' mim. Então acabo fazendo o estilo tradicional quando aperta o tranco... Tô tentando ver se consigo ter coragem de voltar pra' Internet.
Enquanto ele se distraia, eu vagarosamente higienizava as ferramentas, até finalizar tudo.
Terminado, eu o encarei em silêncio, ouvindo as famosas sirenes, com os tais gritos de socorro dos fantasmas da cidade.
Hyunjin era lindo, tão lindo feito os Androides de entretenimento que as empresas de música fabricavam para influenciar as crianças a vender a alma pro capitalismo. Mas tinha o rosto maltratado, e manchas por seu corpo, cicatrizes da vida na periferia.
— Pode dormir no banco de trás, quando der o horário eu te acordo. — Murmurei baixo, ainda a encará-lo.
E Hyunjin sorriu amplo se mexendo em meu colo.
Mencionei a quantidade de horas que paguei por seus serviços enquanto tirava-o de cima. Ele me encarou como se me agradecesse, acho que ele não dorme à uns dias também.
Mas as vezes era assim, eu pagava só para bater papo com ele, pois, além de viciado em podcast de política, eu era um carente do caralho vivenciando as consequências da vida solitária.
...
Pouco antes das três da manhã, nós acordamos e eu havia comprado um engradado de cervejas, para comemorar os meus recentes 25 anos. Hyunjin foi meu único convidado, e nós tomamos algumas garrafas antes de deitar no banco de trás, ele brincou sozinho e eu apenas o assisti até adormecer novamente ao seu lado.
De repente, fui tirado do sono de maneira tão brusca que quase me levou a outro plano astral. Um grande estrondo soou ao que algo se chocou com o capo da chevette, balançando todo o carro. O loiro assim como eu acordou assustado e violento, gritando com todo o horror.
— MAS QUE PORRA É ESSA CARALHO?
Ainda em choque eu levantei o rosto quando o vi. Merda. Só podia ser uma piada.
— Bucetão nessa porra... — Foi tudo o que pude dizer diante da desgraça.
Atravessado entre o vidro do meu carro, havia um corpo enorme que amassou a carroceria. Com o golpe, os cacos voaram para o interior, onde estávamos, a sorte do prostituto é que eu dormi a sua frente, de costas para a grande merda e agora estaca coberto de vestígios.
— BUCETA! O MEU CARRO! — Gritei ainda choque.
Hyunjin ainda a minha cola, começou a respirar acelerado e se agitar no banco. Com rapidez ela se atrapalhou para abrir a porta e ao falhar, a chutou quebrando a minha pobre e já tão maltratada chevette.
— Aí caralho! Eu preciso sair, eu preciso dar o fora daqui! Cadê meu celular?!
— Calma porra! Calma! — Também afetado pelo seu medo, eu comecei a ficar ansioso naquela situação, e gritei junto — O que houve?!
O loiro parou por meros segundos pra' me mirar como se eu fosse a criatura mais burra pisante sobre a terra.
— Cara, é um policial! Você não tá vendo a farda?! EU PRECISO SUMIR DAQUI, sai da frente, as sirenes estão perto!
Só então que eu havia reparado no código de vestimenta, camiseta branca e cinta ombral preta, porra, mais que porra, que porra.
Minha mão subiu até a testa, quando me sentei novamente ao banco com a porta do veículo já no chão. Completamente inconformado com o quão mais fodido eu havia me tornado. Até voltar o olhar para o corpo desfalecido e perceber algo.
Me coloquei de pé, e dei espaço para Hyunjin recolher suas coisas para desaparecer, e me aproximei da cabeça do homem morto, ignorando os cortes em meu braço que começavam a doer.
O observei em silêncio e lentamente com os dedos eu mexi no rosto, quente, e, surpreendentemente, com fraca respiração, tive medo.
— Jisung! Merda! Vaza daí! — Ouvi Hyunjin murmurar de algum lugar, desesperada.
A ignorei e prossegui com as mãos. Abaixo do corpo, oculto por seu peso, um braço metálico, com articulações rígidas, as senti úmidas de sangue, o encaixe estava torto. Subi com o olhar até face mais uma vez e meus dedos pausaram, até que prossegui em análise e levantei uma pálpebra suspeita.
Ali estava um olho de titânio perfeito.
—...Um cyborg.
No mesmo instante em que mencionei, o loiro levantou o rosto em completo pânico, passando a gritar — Jisung sai de perto dele agora! Se algum cyberpunk te pega perto de um desses, você tá morto! Tá ouvindo?! Morto!
Não havia escolha.
— Eu deposito na sua conta amanhã, vá pra casa. — Ainda fixado no corpo, eu digo, estranhamente convicto.
— Fica longe disso, que não é problema teu Jisung! Você é um cliente muito legal pra ser torturado! — Ele insistiu. O loiro que já estava longe do carro e andou de um lado para o outro estressado e tomado de pavor.
Eu me afastei da imagem, puxando um maço de cigarro frio no bolso de trás da calça, pronto para ascender.
— Já te mandei ir pra casa. Nenhum radical vai tocar em mim, relaxa... Essa porra tá sinistra. Tá vendo a luz vermelha piscando? Quer dizer que esse mané se desligou antes de cair.
— Então ele fez de propósito?! Não tá morto?! Puta que me pariu. Jisung se o policial perguntar você nunca me viu, estava completamente sozinho, eu nunca estive aqui, você não me conhece e eu nunca chupei o teu pau! — O outro falava gesticulando apesar de sussurrar, tive de rir.
Com o maço entre os dentes, sorri — Seu trabalho ilegal tá seguro. Agora vaza daqui! Some que eu e esse mané temos umas coisas pra' tratar, minha gostosa me custou muito caro pra' qualquer farda vir arregaçar!
Eu o escutei bufar, mas ao menos não insistiu mais. Assim escutei os passos do seu salto se afastarem, foram diminuindo na esquina, fazendo com o que o silêncio do beco me viesse à mercê.
Logo, coloquei as engrenagens de minha mente para trabalhar e me pus a pensar o que iria fazer, pois não havia mais volta.
Se o deixasse ali naquela situação, provavelmente me achariam pelo código da placa virtual. Posso ser acusado de infração 77 se não prestar socorro para um agente da lei, porque eu sei que ele não tá morto. Os assassinatos de cops estavam se tornando muito comuns ultimamente, pelo menos é o que dizem os comentaristas, já que a mídia não gosta de fomentar essas informações. Claro, a sudeste população alienada precisa continuar pensando que o governo tem tudo sob controle, enquanto civis como eu perdem amigos para armas todos os dias.
Então, eu não devia me meter. Mas eu precisava, e queria. Mas a pergunta era o que fazer agora... Foi aí que cometi o ledo engano de baixar a guarda em uma situação quase hipotética como está.
O homem acordou.
— PAREM! — E começou a se debater e gritar e eu quase mijei as calças.
— BUCETÃO!! —Dei um grito quando aquela carcaça ergueu o tronco de uma vez se movendo feito morto muito louco já que o corpo estava quase se desfazendo em partes e pele.
E no desespero completo, eu corri atrás de alguma coisa para jogar, até quebrar uma das garrafas de cerveja em sua cabeça, assistindo-o entrar em sistema disfuncional de novo. Ele fechou os olhos e cedeu ao chão.
Foi tudo tão rápido que eu tinha as mãos sangrando e uma garrafa pela metade, encarando o completo nada em silêncio.
— É... — Murmurei vendo meu estrago, agora que terminei de quebrar o vagabundo. — Parabéns prá' você Jisung, nessa data, ó, tão querida... buceta.
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Essa é uma aeronave "Douglas Dc", o famoso "Trancão quebra-motor" obviamente o modelo o qual os personagens citam é bem mais técnico e parte do pós modernismo, devido o avanço tecnológico das datações, e ele possui uma característica em específico na trama, que é a de ser selecionado para corridas aéreas entre pilotos licenciados. A Douglas é famosa por quebrar a barreira de som, e consequentemente o motor;
Dédalo é como os modelos de um instituto militar são referidos pelos mecânicos. O Instituto Dédalo em 2021 era um local que realizava desde 2003 inspeções de saúde para a obtenção ou revalidação do Certificado Médico Aeronáutico, que no entanto apartir de 25's começou a fabricar veículos aéreos que auxiliam instituições de saúde, funcionando como ambulâncias do céu. Porém, por serem modelos de extrema velocidade e segurança, erroneamente podem ser utilizados legalmente por figuras de autoridade do estado para fins recreativos, como corridas.
O Arduino uno (o do olho de Hyunjin) é uma plataforma ambientalmente artística de prototipagem eletrônica open-source que se baseia em hardware e software flexíveis e fáceis de usar. O Arduino pode sentir o estado do ambiente que o cerca por meio da recepção de sinais de sensores e pode interagir com os seus arredores, controlando luzes, motores e outros atuadores. A placa é cirúrgicamente aplicada ao humor vítreo e trabalha em conjunto à córnea ocular para uma visão de campo aplicada, e pela base azul, consequentemente as ires se tornam cristalinas.
E enfim:
Você chegou ao fim do PRIMEIRO CAPÍTULO & prólogo inicial!
Muito obrigada pela leitura, pelos comentários, votos, isso é muito importante para que ROBOCOP PAN cresça e evolua💕.
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