POV ANA CARLA
— É tão injusto que ele me afaste dessa forma.
Ouvi a chateação de Claire ao telefone e não conseguir ficar indiferente.
Robert estava sendo um pouco rígido com sua mãe.
— Eu sinto muito por isso, Claire.— murmurei,apoiando o celular na orelha enquanto colocava mais uma muda de roupa de Elena na pequena mala que estava fazendo.— Vocês deveriam aparecer na praia domingo, almoçar com a gente ou tomar um café da tarde, o clima vai estar bom...
Clare jamais poderia me acusar de nutrir o afastamento de Robert dela, eu sempre estava mediando alguns encontros entre eles e as vezes Robert ficava até chateado comigo por isso.
— Não sei se será uma boa ideia... Na última vez não foi...
— Será uma boa ideia se você não ficar falando em tratamentos alternativos.— eu a cortei, sem me importar em ser mal educada.
Minha sogra ficou em silêncio por alguns instantes. Quando voltou a falar, estava chorando.
— Ele está muito mal?— choramingou.
Eu me sentei ao lado da mala aberta na cama.
— Ainda não, Claire, mas as coisas estão caminhando pra isso.— Soltei um suspiro, passando a mão em meus olhos.— Você só precisa ficar calma. Robert sente sua falta, mas não é fácil para ele não se sentir no controle.
— Meu Deus, era eu que devia estar te dizendo isso!— ela exclamou, aos prantos. Eu apertei meus olhos.— Não me leve a mal , não estou desmerecendo o sentimento de vocês, mas eu sou a mãe dele.
— Sim, Claire, eu sei disso, então seja a mãe dele e esteja ao lado dele em qualquer momento— não consegui evitar o corte afiado em minha voz.— Seja mãe dele e pare de tentar manipula-lo porque ele já está sofrendo o bastante.
— Sofrendo?
— Sim. Sofrendo. Robert está lidando com os sintomas e efeitos colaterais, não está fácil e ele saber que estaria pior se não escolhesse nenhum tratamento não ajuda em nada.— ela precisava entender de uma vez que Robert precisava do nosso apoio.— Ele precisa do nosso apoio, apenas isso.
Alguns minutos de algumas tentativas de eu fazer minha sogra entender o que estávamos enfrentando e eu desliguei a chamada, me dando conta de que Robert estava parado na porta me observando com cautela.
— Desculpa se eu fui grossa com a sua mãe.— falei ficando de pé.
Mas ao invés de falar alguma coisa Robert entrou no quarto e segurou meu rosto com suas mãos, me beijando com intensidade.
Seus lábios foram firmes nos meus, dia língua envolveu a minha com calor, suas mãos desceram por meu corpo, adentrando meu cabelo, girando minha boca na sua.
Em questão de segundos a bermuda que eu segurava foi ao chão.
— Obrigado.— ele disse encostando sua testa na minha.
Segurei a barra da sua camiseta e franzi o cenho.
— Pelo o que exatamente?— perguntei sem fôlego.
Robert apertou minha cintura, circundando seu corpo no meu.
— Por estar aqui por mim... Por me defender... me proteger...
Dei um meio sorriso, erguendo meus braços e abraçando seu pescoço.
— Não precisa me agradecer por isso.— murmurei olhanso para os seus olhos.— Faço tudo porque te amo.
E aquela era apenas a verdade.
Robert encostou seus lábios no meu rapidamente e se afastou.
— Bobby nos convidou para uma festa este fim de semana.— disse juntando a bermuda que deixei cair.
— Que festa?— perguntei voltando para o closet, pegando nossos itens de higiene.— Convidei seus pais e suas irmãs para passar o fim de semana na praia.
— Eu ouvi.— ele veio até mim, parando na porta do closet, não pude deixar de notar que de baixo da luz branca seu rosto parecia mais abatido e magro do que estava.— A festa vai ser na casa de praia de Tom, podemos deixar Elena com meus pais e ir.
Fiz uma careta...
— Não sei se é uma boa ideia, amor... Você numa festa... barulho... som alto... luzes coloridas...
Robert suspirou, algo que eu sabia que ia fazer pois sempre agia daquele forma quando eu precisava fazer algo com medo que ele ficasse mal.
— Eu quero ir.— disse firme me puxando pela cintura.— Quero me divertir com você, tomar uma cerveja de verdade... transar com você dentro do carro...
Eu ergui minhas sobrancelhas, achando graça.
— Isso foi... bem específico.— pontuei rindo. Robert sorriu torto,se inclinando para cheirar meu pescoço.— Você anda bem assanhadinho, sabia...
Ele lambeu minha jugular.
Sim, ele lambeu minha jugular!
— Isso é ruim?— sussurrou em meu ouvido, me causando arrepios involuntários.
— Jamais... Só não sei se consigo acompanhar esse seu tesão todo...
Robert me empurrou contra a parede de espelho atrás de mim e, me pegando de surpresa, me ergueu do chão, minhas pernas se entrelaçando em sua cintura.
— Você é a que tem 25 anos na relação, amor— murmurou sorrindo de lado,seu tom brincalhão me contagiando.
— Vou fazer um esforço...
— É?
— É...
.
.
— O Batman te visitou essa noite?— Rebeca perguntou assim que entrei no seu apartamento.
— É o que?— larguei as sacolas com o que tinha comprado para nossa tarde das garotas em cima da mesa.
Minha amiga doidinha deu um tapa na própria testa e disse:
— Mas que pergunta idiota, você vive com o Batman, né.
Demorei mais alguns segundos para perceber do que ela estava falando,era do chupão que Robert tinha feito questão de deixar em meu pescoço.
Rebeca continuou:
— Eu achei que seu marido estava meio abatido— ela chegou perto de mim, analisando o chupão.— Mas pra fazer uma obra de arte dessas ele me parece estar bem, ne?
Soltei um suspiro.
— É...
Rebeca estreitou os olhos e pegou uma das cervejas que Eu tinha trago, abrindo a latinha e entregando para mim.
— Conta tudo.— exigiu.
Dei um gole na cerveja antes de começar a falar.
— São dias e dias... o médico dele pediu novos exames e surgiu um novo tumor no lobo frontal— Comecei, sabendo que para Rebeca eu poderia falar sobre meus medos e anseios sem me preocupar com julgamentos.
Minha amiga sentou ao meu lado no tapete da sua sala, abrindo uma latinha para si mesma.
— E o que isso significa? Quero dizer... o que isso o afeta?
Encolhi os ombros.
— Já era algo que eu suspeitava, amiga... porque o humor dele estava oscilando muito... Robert tem puxado discussões sérias por motivos mínimos, está a um mês sem falar com a mãe dele e ela acha que a culpa é minha.
Rebeca fez uma careta.
— Essa velha tá doida? Culpa sua da onde?
— Pelo o que eu entendi ela está me culpando por ter feito o filho se apaixonar e assim preferir minha ajuda do que a dela.
— E ela não consegue ver que se não fosse pelo sentimento de vocês ele já teria viajado pra Suíça e estaria morto a muito tempo?
Me arrepiei inteira.
— Ela não sabe que o Robert queria a eutanásia,amiga.— virei minha cerveja.
— Pois você deveria contar, quem sabe essa velha fica mais grata por você ter esbarrado com ele no bar.
— Para de chamar ela de velha.— Pedi tentando não rir.— Sinceramente eu não estou nem aí para o que ela pensa... Farei o que é melhor para ele.
E isso estava claro em cada gesto do meu dia.
Rebeca me olhou por um instante e sorriu pequeno, a ternura beirando seus olhos castanhos.
— Que foi?— perguntei.
— Essa sempre será sua linguagem de amor,né amiga?
Sua pergunta me pegou de surpresa.
Eu nunca tinha parado pra perceber, mas ao que parecia era aquilo mesmo.
— Acho que sim...
— Você acha? Pois eu tenho certeza.— Rebeca riu.— Você está sempre cuidando, zelando, fazendo tudo ao seu alcance para todos que te amam estarem bem... Isso é tão altruísta... Durante um tempo eu pensei que você estava se sabotando, porque a minha linguagem de amor é dar presentes— Nós rimos juntas— , mas eu percebi que todo esse cuidado com seu próximo é a sua forma de dizer...
— Eu te amo.— completei sua frase.
Rebeca tinha razão.
Cuidar de quem eu amava fazendo o que eu podia me fazia bem e feliz.
E ultimamente quem estava levando prioridade eram Elena, porque ela sempre estaria em primeiro lugar em minha vida, e Robert. Cuja linguagem do amor era parecida com a minha.
As vezes eu pensava que o que aconteceu entre nós dois foi um encontro de almas... Não costumava acreditar em vidas passadas ou coisa do tipo, mas com Robert tudo aconteceu de uma forma tão mágica que não era difícil pensar em coisas do tipo.
Ele me completava de uma maneira complexa, era fácil ama-lo mesmo com tudo o que ele estava passando.
As vezes eu pensava que meu sentimento seria colocado a prova quando ele estava se afogando em sua própria tempestade, mas eram nesses momentos, quando ele grosso sem querer, quando ficava de saco cheio de não conseguir fazer algo simples como segurar um copo ou então passar o dia na cama de tão enjoado... eram nesses momentos que eu sentia meu amor se firmar como Rocha.
E eu sabia que era isso que dava segurança para ele seguir em frente.
Saber que eu estava ali.
E que ficaria sempre ali.
Custe o que custar.
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