18. Ainda Da Tempo
POV Ana Carla
Saímos do quarto alguns minutos mais tarde, voltando para a multidão de pessoas que eu sabia o nome mas me eram desconhecidas. Eu estava tão perdida pensando no que Robert tinha me contado que ignorei completamente os comentários dos amigos dele.
Robert nos colocou no balcão do bar ao lado deles e eu não me importei em parecer mau educada ao ficar de costas para Tom, Marcus e Bobby e me colocar de frente para Robert, me recostando em seu peito,abraçando sua cintura.
Eu ouvia seu coração batendo acelerado em seu peito enquanto ele falava com os meninos e me perguntei como ele podia estar sempre fingindo estar bem.
Talvez o ditado "a prática leva a perfeição" se aplicava ali.
Ele tinha falado tantas vezes que estava bem que as pessoas acreditavam sem esforço.
Mas eu conseguia ver que ele não estava bem.
Desde o primeiro dia eu consegui, como que aquelas pessoas que, na teoria,eram mais próximas dele do que eu não viam?
Apertei meus braços em volta dele e afundei meu rosto em seu peito, deixando que o seu perfume amadeirado me deixasse tonta.
Ele tinha dois botões da camisa aberto e lhe dei um beijo ali, suas mãos apertaram minha cintura e ele afastou um pouco o rosto para me olhar.
Quando levantei os olhos para ele, vi Robert me observando com uma intensidade que fazia o bar ao nosso redor desaparecer.
Ele deslizou a mão pelo meu rosto e segurou meu queixo gentilmente, trazendo meu rosto para mais perto.
Meu coração disparou, e num instante, nossos lábios se encontraram.
Seu beijo era suave e ao mesmo tempo firme, e, naquele momento, toda a dor e a preocupação que ele carregava pareciam se dissolver.
Era como se estivéssemos num mundo à parte, onde só existíamos nós dois.
Cada vez mais, eu me sentia envolvida na força e na vulnerabilidade dele.
Mal percebi que havia uma pequena comoção ao nosso redor até que ouvi um clique.
Abri os olhos e vi um fotógrafo próximo, registrando o momento.
Uma onda de surpresa e calor subiu ao meu rosto.
Por um segundo, senti uma pontada de insegurança.
Eu sabia o quanto Robert odiava esse tipo de coisa.
Mas, quando olhei para Robert, ele me deu um sorriso tranquilizador, como se dissesse que não importava quem estava assistindo, o que importava era o que estávamos construindo.
Ele não pareceu se importar, e isso me deu coragem.
Eu sorri de volta, e ele apertou mais firme em volta da minha cintura, me mantendo perto.
Olhei para ele com um sorriso pequeno, e ele me deu um olhar de cumplicidade, um sorriso tranquilo no rosto.
— Isso não foi exatamente planejado, mas... — sussurrei, um pouco sem jeito, rindo.
— Eu diria que é o melhor improviso da noite, — ele murmurou, beijando minha testa, enquanto o fotógrafo se afastava, ainda clicando.
Não importava o que os outros pensavam ou o que iriam dizer sobre nós.
Estávamos ali, e isso era tudo o que eu precisava.
Acariciei seu rosto suavemente com os dedos, mapeando cada linha e traço com um carinho novo.
Ele me olhava com uma expressão que misturava ternura e algo mais profundo, um brilho que dizia coisas que palavras não podiam.
Por alguns instantes, ficamos assim, conversando apenas com os olhos, até que resolvi virar o rosto.
Para minha surpresa, Bobby, Tom e Marcus estavam parados a alguns passos de nós, observando a cena.
Bobby, com um sorriso maroto, quebrou o silêncio.
— Onde eu encontro um desse pra mim? — disse ele, com o tom exagerado que lhe era característico.
Eu franzi o cenho, confusa, tentando camuflar o que eu estava sentindo.
— Um desse o quê?
Bobby apontou para mim e depois para Robert, como se fosse óbvio.
— Um desse amor, Ana — respondeu, com uma expressão dramática. — Acho que todos nós aqui queremos encontrar alguém que olhe pra gente do jeito que vocês dois estavam se olhando.
Robert riu, balançando a cabeça.
— Nem me venha com essa, Bobby. — Ele passou o braço em volta dos meus ombros, me puxando mais perto. — Porque, mesmo se você encontrasse, não ia dar o braço a torcer.
Tom e Marcus riram, concordando.
— Bom poderia acontecer comigo a mesma mágica que está acontecendo com você.- ele balançou as sobrancelhas para Robert.
— Ah, é, você fugiria na primeira oportunidade, Bobby, — disse Tom, dando uma piscadela para mim. — Mas a verdade é que a gente está feliz por ver nosso amigo bem. De verdade.
Olhei para Robert, sentindo o peso das palavras deles, e não pude evitar sorrir.
Havia um ar de leveza e cumplicidade entre nós agora, como se tudo estivesse no lugar certo.
— Então, vamos brindar a isso, certo? — sugeriu Marcus, erguendo seu copo.
Robert segurou o copo que estava no balcão e se inclinou para falar no meu ouvido.
— Acho que isso merece um brinde, você não acha?
Assenti, e ele me apertou mais um pouco contra ele.
E, juntos, brindamos ao inesperado — e ao que quer que viesse pela frente, porque eu não deixaria ele sozinho nunca mais.
.
.
A volta para casa foi silenciosa, eu ainda estava perdida em pensamentos e a única coisa que me lembrava da realidade era a mão quente e grande de Robert sobre minha perna.
- Um beijo pelos seus pensamentos.- ele disse quando paramos em um sinal, chamando minha atenção ao tirar a mão de minha perna e tirar meu cabelo do meu ombro.
Eu suspirei, pegando sua mão e segurando junto a minha.
- Não estou pensando em nada específico.- fui sincera, os pensamentos davam voltas em minha mente.
- Eu lhe dei muito o que pensar,não é?- Robert sorriu um pouco triste.- Acredito que você tenha uma escolha importante a fazer.
Meu coração apertou porque ele estava entendendo errado.
- Eu já fiz minha escolha.- falei beijando sua mão. Ele olhou para o meu gesto e pareceu... maravilhado...
Robert voltou a dirigir até que chegamos em casa, não esperei que ele viesse abrir a porta para mim, peguei minha bolsa e sai do veículo, procurando a chave da edícula.
Eu estava pronta para lhe dar boa noite quando ele deu a volta no carro e segurou meu rosto entre as mãos e me beijou, me prensando contra o veículo, suas mãos foram para minha cintura e seu corpo expremeu o meu.
Eu deixei que minha bolsa caísse entre nós e adentrei minhas mãos em seu cabelo macio, girando minha boca na dele, sentindo o gosto da sua língua na minha...
Meu coração acelerou em meu peito e eu desci minhas mãos pelos braços dele, logo deslizando por seu peito, indo para suas costas, por dentro do terno que ele usava.
Seu corpo estava quente... eu estava quente...
Robert tirou sua boca da minha, tecendo beijos por meu rosto, descendo até meu pescoço, me causando arrepios...
Apertei os músculos de suas costas largas me contorcendo quando ele respirou fundo em meu pescoço, quase me fazendo explodir de desejo ao dizer em meu ouvido:
- Boa noite, Ana.- ele disse me dando um último beijo e se afastando.
Um brilho diferente no azul dos seus olhos antes de me dar as costas e entrar em casa.
Eu fiquei ali.
Hiperventilando.
Quase se ar nos pulmões.
Em completo choque.
E com a calcinha arruinada.
.
.
.
.
POV ROBERT PATTINSON
Entrei em casa e fechei a porta atrás de mim, recostando-me na madeira fria, tentando processar tudo que havia acontecido.
Minha respiração estava acelerada, e o beijo que troquei com Ana ainda queimava em meus lábios. O calor dela, a suavidade de sua p
ele, o jeito como ela se entregou ao momento — tudo isso fez meu coração disparar.
Senti uma onda de prazer percorrendo meu corpo, e a adrenalina ainda pulsava nas minhas veias.
Era uma sensação de felicidade que eu não experimentava há muito tempo, quase opressiva na sua intensidade.
Mas algo inesperado chamou minha atenção.
Senti uma pressão familiar e percebi, em meio ao beijo, que eu estava tendo uma ereção .
Fazia tanto tempo desde a última vez que isso aconteceu, e eu realmente não esperava sentir isso de novo após a cirurgia, levando ao fato de que tentei antes e não tive sucesso.
O choque percorreu meu corpo, misturado com uma alegria incrédula.
Como isso era possível?
Um turbilhão de emoções tomou conta de mim.
O prazer se misturava a uma insegurança profunda, como se eu tivesse recuperado algo que havia perdido para sempre.
A ideia de que essa nova sensação pudesse desaparecer a qualquer momento me deixava apreensivo, mas ao mesmo tempo, havia uma nova esperança brotando dentro de mim.
Me afastei da porta, ainda em estado de choque, tentando entender o que tudo isso significava.
Foi isso que me fez recuar.
Vim durante todo o trajeto para casa pensando em uma forma de convida-la para ficar comigo ali, não era para o beijo ter se alastrado como fogo e eu não esperava sentir queimar sob o toque dela, muito menos ficar excitado naquele nível.
Tive medo, no mesmo instante em que percebi o que acontecia, de não conseguir levar a diante.
De ser apenas alguém reflexo involuntário...
Fiquei com medo de... broxar, como tinha acontecido logo após minha cirurgia com a Suki.
Eu não sei se suportaria ver a mesma expressão de decepção que vi nos olhos de Suki, nos olhos de Ana.
Então, me afastei.
Ela me olhou incrédula, os lábios vermelhos pelo beijo trocado, as pupilas dilatadas... a pele arrepiada.
Me deitei no sofá da sala, olhando para o teto.
Sem pensar muito levei minha mão até meu pau e vi que ainda estava ali... duro... firme...
Soltei uma risada nervosa, a vontade de ir atrás de Ana começando a ganhar força, mas me contive, subindo até meu quarto e tomando um banho...
A mesma risada nervosa me pegou pela manhã quando acordei depois de uma madrugada de sonhos com Ana beijando meu corpo me fez despertar com aquela mesma sensação apertada de prazer se esticando...
Tomei um banho rápido e antes mesmo de qualquer ser humano no mundo levantar eu já estava no carro dirigindo até o consultório do meu médico.
- Boa madrugada, Robert.- Dr. Saulo, um homem não tão mais velho que eu e meu urologista,me saudou assim que sua recepcionista me indicou a porta de sua sala.- A que devo a honra da sua visita?
Eu deixei meu corpo cair sobre a cadeira a sua frente e o encarei.
Saulo estreitou os olhos, talvez achando estranho a pintada de esperança que se via em meus olhos.
Eu estava diferente.
Eu Me sentia diferente.
Mas precisava de uma explicação.
De algo que me desse segurança...
- Me desculpa tirar você de casa tão cedo.- pedi passando a mão em meu cabelo.- Mas eu preciso... de uma explicação.
Saulo se recostou em sua cadeira e esperou.
- Está sentindo alguma coisa?- perguntou ficando preocupado.
- Eu estou com metástase no cérebro.- Falei e ele manteve sua expressão neutra, ou pelo menos tentou.- Mas não é sobre isso que eu quero falar com você... Eu conheci alguém... e ontem, enquanto nos... Eu senti algo que a cinco anos não senti...
- Você teve uma ereção. - Não foi uma pergunta, então eu assenti.- Bom... Uma hora isso ia acontecer, você não acha?
Eu franzi o cenho, um pouco perdido.
- Mas...
- Robert vamos analisar dois pontos importantes.- Saulo me interrompeu, cruzando suas mãos sobre a mesa.- Primeiro: a sua cirurgia foi muito bem feita e todas as terminações nervosas foram mantidas. Levando em consideração a parte teórica até aí estava tudo ok, seu corpo ia se adaptar a nova forma... Segundo: o seu pós operatório. Este foi o grande problema já que você se recusou a tomar os medicamentos para garantir que tivesse um bom desempenho sexual...
- Não foi bem assim...- Tentei argumentar, mas ele ergueu a mão me calando.
- Sabemos que foi, eu sou seu médico e você não precisa mentir. Houve um certo preconceito da sua parte e da parte da sua companheira na época, eu me lembro bem... Ela não teve... paciência para esperar a sua recuperação, o que lhe causou grande frustração e então você vem, durante esses cincos anos, achando que nunca mais ia poder ter uma ereção.- fiquei quieto, não tinha como argumentar quando as coisas eram colocadas e pontuadas daquele jeito. Saulo continuou:— Eu vou solicitar uma ultra-som apenas para desencargo, porque sei que você vai ficar pilhado com isso, mas a resposta para sua pergunta é simples, Robert.
Encolhi os ombros, esperando.
Saulo soltou uma risada analasalada, me olhando nos olhos logo em seguida.
- Existem pessoas certas e horas certas.- ele disse apenas.
Foi minha vez de rir.
- Então a "vida" ou o "destino" ou até mesmo "Deus" está tirando uma com a minha cara.- falei amargo, sentindo meu peito apertar.
- Por que está dizendo isso?
- Porque a pessoa certa apareceu justo na hora que eu estou morrendo.- falei sentindo minha garganta se fechar.
Saulo ficou alguns instantes em silêncio.
- Lucio disse isso?- perguntou me encarando.- Seu oncologista disse que você está morrendo? Disse que nenhum tratamento vai diminuir as metástases? Ele disse que você devia entrar no método paleativo?
- Não.
- Então o que te leva acreditar...
- Eu não quero passar por tudo de novo, Saulo.- falei um pouco alto, me exaltando.- Não pense que eu não pesquisei a respeito...
- Pesquisou onde? No Google? É sério, Robert? Você cometeu essa burrice? O que você achou, hein? Pelo amor de Deus, você tem uma equipe médica pronta para te auxiliar e foi olhar no Google? Assim você me ofende.
- Eu sei o que eu passei, eu sei os meus limites, Saulo...
- Será que sabe? E essa pessoa que está despertando você... ela também sabe? Ela concorda com seu plano suicida?
- Eu...
- Olha só, eu sei que não sou seu psicólogo,sei que a Elisa faz um bom trabalho com você, mas eu estou dizendo a você que a sua chance de vencer está aí,diante dos seus olhos... Ainda da tempo, Robert. Ainda da tempo.
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