20. Antes de Tudo ficar Escuro
- Vovó , a senhora acha uma boa ideia fazer a coroação e o casamento com o Robert nessas condições?- Tom perguntou para Graça a exatos 25 dias depois da tentativa de assassinato de Robert.
Eles estavam no galpão conferindo a chegada de um novo carregamento de drogas.
- Eu acho uma ótima ideia.- disse a senhora cutucando uma das caixas com sua bengala.- Está na hora dela assumir os negócios e ela pediu para ser assim, então eu não jogar fora uma oportunidades dessas.
Tom não expressou felicidade ao ouvir aquilo.
- Não acho que ela vá conseguir cumprir o desafio.- disse se abaixando e abrindo uma caixa, conferindo a cocaína ali.
Seu comentário fez a senhora rir.
- Depois de tudo o que você já viu ela fazer acha mesmo que não vai conseguir?
- Vai ser uma situação diferente- ele retrucou-, o juramento da máfia tem um peso importante na vida de todos.
Graça o cutucou com a bengala,fazendo Tom olhar para ela.
- Qual o seu problema com a Ana?
O conselheiro deu de ombros.
- Ela não é boa para ele.- disse.- Por causa dela , Robert matou cinco homens importantes para máfia, depois matou um dos nossos homens. Ela vai nos levar a ruína.
- As coisas vão se ajeitar depois da coroação e do casamento.
- Ele tem que casar com a Suki, ela é perfeita para ele. É uma de nós.
Graça fez uma careta.
- Ah, garoto, não fala merda, não.- ralhou.- Suki é uma menina mimada, seria como a mãe dele que não recebeu o título de PANDORA...
- Só não recebeu porque a senhora não quis dar...
- Não quis mesmo! Ela era uma estátua. Ser uma Pandora significa ser muito mais do que uma esposa modelo.
- Mas vovó...
- Chega! Se você não puder ser leal a sua nova Pandora sugiro que entregue o cargo de conselheiro ao próximo da fila. - Tom arfou com a ordem de Graça.- E não me olha com essa cara não que eu não tenho pena de insubordinados.
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- Então, era isso o que você queria?- perguntou Rebeca quando Ana entrou no quarto e olhou a redor.
A morena sorriu para a segurança.
- Melhor impossível.- disse dando um saltinho de alegria fazendo a outra rir.- O que foi?
Rebeca deu de ombros.
- Você parece empolgada.- comentou cruzando os braços.- O que mudou?
Ana apoiou as mãos no objeto instalado em frente à cama do casal e deslizou sobre ele.
- Estou motivada pela vingança.- disse piscando um olho.- Me diga se você não faria o mesmo?
Rebeca balançou a cabeça em negação, mas com seu sorriso nos lábios.
- Se me permite dizer eu estaria em êxtase em ter um homem como ele aos meus pés, com todo respeito.
Ana voltou a ficar de pé, rolando os olhos.
- Ele não está aos meus pés.- disse sentando na ponta da cama.- Ele está sendo obrigado a casar comigo.
- Você acha mesmo que um homem como ele é obrigado a fazer alguma coisa que não queira?- Rebeca perguntou.
- Eu sei que é. - a garota resmungou.- Você acha que se ele me conhecesse como qualquer homem comum conhece uma mulher, teria se interessado em mim?
- Sim, você é linda.
- Pois eu não.- ela rebateu, Rebeca franziu o cenho.- Eu jamais me aproximaria dele, mesmo ele sendo um filho da puta gostoso. Eu jamais me relacionaria com alguém assim.
Rebeca não soube o que dizer.
Na verdade, a segurança até sabia, mas não cabia a ela dizer para sua amiga o que estava tão na cara e somente ela não conseguia ver.
Quando Ana voltou ao andar de baixo encontrou Robert entrando no escritório.
- Mas você é teimoso,ne?- ela perguntou indo atrás dele. Robert a ignorou,sentando na sua cadeira.- Vai fingir que não está me ouvindo?
- Você está livre.- ele disse olhando para ela com a cara fechada.
Ana parou no ato.
- O que você disse?
O mafioso fincou os olhos nos dela e repetiu.
- Você está livre. Pode ir embora. Pode ir viver a sua vida.
Ana engoliú em seco,sem saber o que fazer ou o que dizer a ele.
- Robert...
- VAI EMBORA!- ele gritou fazendo Ana pular no lugar.- SAI DAQUI. VOLTA PARA SUA VIDA. EU NAO GOSTO DE VOCÊ.
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Fazia quinze dias que ela estava na sua casa, deitada na sua cama e completamente sozinha.
Seu pai não tinha aparecido e pelo jeito que a casa se encontrava ela duvidava que fosse voltar tão cedo.
Tudo ao seu redor lhe pertencia, mas ela não se sentia em casa ali.
Seu celular continuava desligado e sem bateria no criado mudo ao lado da cama e o máximo que Ana fazia era levantar para tomar banho e empurrar qualquer coisa para dentro.
Ela não conseguia entender o que tinha acontecido, não conseguia encontrar explicação para, de repente, Robert ter mudado de ideia e expulsado ela da Grande casa.
A única explicação que ela encontrava era que ele não gostava dela como todos viviam dizendo. Ele tinha cansado de brincar com ela... Talvez tivesse dado ouvidos para Tom....
A campainha da sua casa tocou e ela enfiou a cabeça no travesseiro, ignorando.
De novo.
De novo.
De novo.
- Abre a porta, Ana!- a garota ergueu o rosto do eu esconderijo. Ela conhecia aquela voz.- Sou eu, Rebeca, abre aqui amiga...
Amiga... Ana não tinha mais amigos. Todos tinham ficado para trás... Mas Rebeca era alguém da sua quase nova vida...
Mordendo os lábios, ela foi abrir a porta.
Ana se surpreendeu ao encontrar uma Rebeca totalmente diferente da que estava acostumada a ver.
Usando uma roupa casual, com seu cabelo solto e uma maquiagem leve.
- Oi, amiga.
Rebeca obrigou Ana a colocar uma roupa despojada e a sair com ela de casa, caminhar um pouco na rua enquanto conversavam.
- Você perdeu o seu emprego?- Ana perguntou dando um gole no milkshake que Rebeca a obrigou a comprar.
- Sem você não tinha por que ele me manter na casa.- ela disse.
A simples menção a "ele" fez o coração de Ana perder uma batida e ela precisou lutar contra as lágrimas que se uniram em seus olhos.
- Mas... e o tratamento da sua mãe?- ela precisou perguntar.
Rebeca sorriu para ela.
- Ele pagou tudo.- sua voz exalava gratidão.
Ana não conseguiu não sorrir. Ela não esperava menos de Robert.
- E... Como está... todo mundo?
Rebeca a sondou ... dando de ombros.
- Eu saí ontem de lá... e ... - Ana olhou para ela com expectativa.- ele está péssimo, Ana. Estressado, agressivo, não tolera nada. Tem discutido constantemente com Tom e Dona Graça quase pegou ele de bengala esses dias.
Ela riu, uma risada fraca, sem humor. Lembrar da vovó era como um acalento. Ela sentia saudades...
- Por que ele me mandou embora?- Ana perguntou, mais para si mesma do que para Rebeca.
- Eu não...- a segurança parou de falar quando um carro preto virou a esquina derrapando.- ANA,CORRE!
- O que?- ela não teve tempo de uma resposta, ao ver Rebeca sacar sua arma da cintura e disparar contra o carro, Ana deixou o copo com o sorvete cair no chão e saiu correndo na direção contrária.
Ela não conseguiu correr muito esbarrando nas pessoas que caminhava pelo parque. Todos olhavam para ela assustados com os barulhos de tiros que chegavam ate eles. As pessoas gritavam e a impediam de sair dali. Ela não teve outra opção a a não ser atravessar a rua.
Mas esse foi seu erro. Outro carro, vindo na direção contrária bateu contra ela. Ana rebateu contra o vidro e rolou sobre o capô, caindo no chão na traseira do carro.
Seu corpo doia e ela sentia algo quente escorrer pelo seu rosto. Antes de apagar ela viu um homem alto e negro parar ao seu lado.
- Peguei você.- ele disse antes de tudo ficar escuro.
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