Robert voltou para casa cinco dias mais tarde e ainda ficou surpreso quando Ana abriu A porta do SUV e ofereceu apoio para que ele saísse do veículo.

- Deixa que eu ajudo ele, Ana.- disse Tom parando ao lado dela.

A garota olhou feio para o conselheiro e não saiu do lugar, Robert vinha percebendo, mesmo na cama do hospital, que os dois andavam de bico um com outro e estava curioso para saber o que tinha acontecido.

Já sentado no apoio ortopédico na cama do quarto improvisado no andar de baixo Robert perguntou para Tom a quantas iam seus negócios.

- Nosso carregamento chegou em segurança no porto do Brasil e já foi distribuído. Tom passou o relatório observando Ana se inclinar sobre Robert e tirar os seus sapatos, levando até o closet e voltando com um par de pantufas na mão que ela depositou no chão , ao lado da cama. - E as armas que compramos chegaram ontem...- O conselheiro entortou o rosto quando Ana sentou ao lado de Robert e, apoiada no cotovelo esquerdo, olhou para ele.- Cameron comprou 5 kilos de cocaína, estamos preparando as mulas para atravessar a fronteira.

Robert assentiu, dando uma olhada de lado para Ana.

- Ótimo... Agora me diz o que aconteceu?- O mafioso encarou o conselheiro.

- Nós estamos a procura de quem atirou em você, Rob. Temos sérios motivos para acreditar que...

- Estou me referindo a vocês dois de cara um com o outro.- Robert o interrompeu sentindo Ana tensionar ao seu lado.

- Não aconteceu nada.- Antes que Tom gaguejasse, Ana respondeu.- Estamos apenas todos preocupados com você,  inclusive eu vou buscar uma água porque está na hora do seu remédio.

Ela saiu do quarto, deixando os dois sozinhos.

Ana podia ter dito tudo o que aconteceu, mas preferiu guardar para ela e esperava que Tom fizesse o mesmo.

Os dois discutiram em um momento preocupante para todos, não tinha por que ela minar a cabeça de Robert com aquilo.

- Por que não me contou que vocês discutiram?- ele perguntou quando ela voltou ao quarto.

Tom já não estava mais ali.

Ela colocou o copo de água sobre o bidê e foi pegar o remédio na gaveta.

- Depois dizem que mulher é que faz fofoca.- comentou destacando um comprimido e dando a ele.

Robert olhou para ela enquanto bebia a água.

- Não é fofoca, Ana.- ele disse lhe entregando o copo.- É lealdade. Tom jamais mentiria para mim.

- É mesmo?- ela perguntou um tanto debochada.- Então me diz o que foi que ele te falou?

Robert estreitou os olhos para o tom de sua voz.

- Você está desconfiada do meu conselheiro?

- Isso vai depender de qual versão da história ele te contou.

Robert relatou o que Tom lhe disse e Ana não se surpreendeu ao ouvir realmente o que aconteceu. Ele não mudou uma vírgula.

- Ele acha que não devíamos casar.- Robert completou.

- Você devia seguir os conselhos dele.- Ana sentiu um nó se formar em sua garganta.- Talvez a Suki seja uma boa opção para você.

- Pode parar com isso.- ele reinou fazendo uma careta.- Eu escolhi você.

Aquelas três palavras causam um efeito dominó em Ana. Ela lembrou do que a vovó tinha lhe falado enquanto tomava banho,lembrou que Robert sempre faria sacrifícios em nome da Grand Máfia e que isso queria dizer que ele não a amava de verdade.

- Você não me ama.- a voz dela saiu mais triste do que a garota pensou que sairia.- O que sente por mim é título de posse, eu represente milhões de dólares para você, apenas isso...

Robert arregalou os olhos.

- Não diga bobagem... Olha, eu aprendi que o amor se constrói com o tempo... Eu... eu não quero mais brigar com você... nos podemos fazer isso dar certo... - com a torrente de palavras dele, Ana mordeu seu lábio inferior ouvindo tudo, mas Robert se perdeu naquele instante, esticando sua mão esquerda e libertando seu lábio carnudo da prisão dos seus dentes.- Não faz assim que eu perco o rumo...

Ela se livrou do toque dos seus dedos e levantou da cama.

- O que nos vamos assistir?- perguntou como se a conversa anterior não tivesse acontecido.- Podemos começar uma série juntos já que você vai ficar no mínimo um mês nessa cama.

- Não vou ficar na cama, preciso voltar a trabalhar...

- Aham. Daqui 30 dias.- ela pegou o controle e apontou para a TV na parede em frente à cama.

Robert soltou um moxoxo.

- Não seja ridícula, o escritório está a quinze passos de mim.

Ana se virou para ele e Robert desejou não ter abrido a boca.

- Eu assumo os negócios para você.

- Não pode. Ainda não foi coroada Pandora pelo Conselho.

- Deixe que Tom resolva tudo.- ela rebateu sem hesitar.

- Quinze dias e não falamos mais nisso?- ele sugeriu.

Ana riu na cara dele.

- Vou pensar no seu caso.- disse descontraída ligando a TV e conectando na Netflix.

- Você sabe que se eu quiser me levantou e vou para o escritório agora mesmo, não é?- ele perguntou como quem pergunta sobre o tempo.

A morena sorriu, voltando para cama e engatinhando até ele. Robert sentiu o coração bater desesperado no peito ao vê-la de quatro sobre o colchão  até que seus narizes se tocaram.

- Sabia que eu sempre fui muito bem em anatomia na escola?

- E o que isso significa?- ele perguntou, a respiração igualada a de um asmático.

- Significa que eu sei muito bem quais órgãos são vitais para a sobrevivência de um ser humano e quais só estão ocupando espaço.- ela roçou o seu nariz no dele, mergulhando no azul dos seus olhos.

- Está me ameaçando?

Ana lambeu os lábios,recebendo um olhar carregado de tensão.

- Entenda como quiser... Don Pattinson. - Ela se inclinou, roubando um selinho molhado dele e pulou da cama.

- Ana!- ele gritou tentando se levantar, mas uma fisgada o fez parar no lugar, enquanto via ela sair do quarto.- Porra!

Bruna020_
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