17. Timing Perfeito
- Ele vai ficar bem.- disse Graça sentada no vaso sanitário do banheiro do galpão enquanto Ana tomava banho.- O avô dele tomou 15 tiros uma vez e não morreu.
A morena parou de lavar o cabelo e olhou incrédula para a senhora que lhe sorriu.
- Vai me contar o que aconteceu lá,Ana?
Ela olhou para os pés, o piso branco do banheiro estava vermelho pela quantidade de sangue que tinha saído do seu corpo.
- Nós nos beijamos.- ela disse sentando no chão, deixando a água cair sobre sua cabeça.- E eu saí correndo porque não era pra ter acontecido. Foi culpa minha.
Graça segurou sua bengala a sua frente e apoiou o queixo sobre suas duas mãos.
- Não se culpe por não ter maturidade suficiente para lidar com o que está sentindo, Ana.- disse ao ouvir os soluços da garota dentro do box.
- Eu só sinto... raiva.- ofegou.- Eu tinha planos e nenhum deles era casar com um homem que é alvo de armas e bandidos perigosos.
- Nós fazemos planos, mas Deus faz outros...
- Como pode envolver o nome de Deus em uma atrocidade dessas?
- Porque Deus te livrou de uma vida sem rumo, menina.- as duas se encararam através do vidro. Ana franziu o cenho, Graça continuou: - Seu pai ia morrer e você ficaria com uma dívida milionária e sem saber o que fazer. Sua casa ia ser devolvida ao banco e para onde você iria?
- Está dizendo que eu tenho que ser grata?
- Estou dizendo que meu neto não tem culpa de um erro que o seu pai cometeu porque quis.- rebateu a vovó. - Você acha que a mafia obrigou seu pai a traficar ou a se viciar em cocaína? Acha que nos fomos atrás dele e oferecemos como presente? Ele fez tudo isso porque quis e ofereceu você como pagamento porque quis também. MEU neto também se prendeu a você sem sentir amor nenhum, ele fez esse sacrifício porque nossa máfia precisa de uma Pandora e você tem potencial...
- Sacrifício? Ele não parece estar fazendo sacrifício nenhum.
Graça riu, um tanto amarga.
- Fazemos tudo pela Grand Máfia...- a senhora pareceu muito pensativa ao falar a frase bordão que Ana ouvia muito pela casa na boca dos soldados de Robert.- Mas meu neto tinha sonhos do qual escolheu abrir mão, ele queria ser ator, estudou música por anos, até que seu pai morreu e ele precisou fazer uma escolha.
- Por que?
- Porque nada importa mais do que a família... termine seu banho e vamos para casa.- Graca se levantou.
- Eu não vou sair daqui sem ele.
A senhora olhou para Ana de cima e deu um meio sorriso.
A garota até podia não conseguir ver o que ela via, mas existia algo ali.
E não era algo pequeno.
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Robert abriu os olhos e encarou o teto que ele já tinha visto pelo menos três vezes desde que tinha assumido a chefia da máfia.
Era o quarto de recuperação do hospital clandestino que tinham.
E se estava olhando para ele era porque tinha sido atingido pela arma de algum filho da puta.
Mas quem?
Quem tinha ousado tocar no "intocável "? .
Foi forçando a sua mente a encontrar o culpado que ele se lembrou do que estava acontecendo antes dele perder os sentidos.
- Ana!- ele gritou sentindo sua garganta arder.
- Estou aqui.
Robert olhou para lado, encontrando a garota sentada com os braços abraçando as pernas na poltrona.
Ana estava um pouco pálida,com olheiras e parecendo muito cansada.
- Você se machucou?- ele perguntou sentindo uma pintada na costela ao tentar levantar.
- Não.- ela disse com um suspiro.- Eu estou bem.
Robert analisou o seu jeito. Ela estava ali e não tinha mais ninguém...
- Quanto tempo eu apaguei?- ele perguntou olhando ao redor, como tudo ali era isolado não tinha como ter ideia se era dia ou noite.
- Três... dias.- Ana disse recebendo um olhar do mafioso por sua voz ter saído embargada.
- Está chorando?- ele pareceu não acreditar ao ver o rosto dela banhado por lágrimas.
Ela pigarreou.
- São lágrimas de tristeza por te ver vivo.- disse Ana, tentando parecer esnobe.
Robert sorriu torto.
Ela estava ali.
Isso já era tanto!
- Vem cá.- ele a chamou movendo a cabeça, a única parte que não doia.
Ana hesitou por um momento, livrando sua visão turva das lágrimas acumuladas, mas não viu porque não ir.
Com cuidado ela baixou a grade do leito e deitou ao lado de Robert com a cabeça em seu ombro.
Ana chorou baixinho, segurando a mão do mafioso.
Seus dedos se entrelaçaram...
- Não chora.- ele pediu beijando o alto da cabeça dela.
E para sua surpresa Ana ergueu o rosto, a ponta do nariz vermelha pelo choro, os cílios molhados pelas lágrimas.
- Eu pensei que você fosse morrer.- ela fungou olhando em seus olhos.
- Você me salvou.- ele disse com um meio sorriso.- Se você não tivesse atirado,Tom não tinha chego a tempo.
Ana apertou os olhos.
- Me desculpa por sair correndo... foi culpa...
- Esquece isso... Nós dois...
A porta do quarto foi aberta interrompendo Robert e fazendo Ana pular da cama passando a mão no rosto.
- Eu tenho que parar com isso, ne?- perguntou Graça ironizando o fato de mais uma vez ter interrompido o casal.
-Vou chamar o médico.- Ana disse saindo do quarto com as mãos nos bolsos do jeans.
Graça chegou ao lado do neto e encontrou um olhar birrento.
- Tá com essa cara por que?- ralhou com ele.
- É sério, que timing é esse?- ele perguntou Franzindo o cenho.
A senhora rolou os olhos.
- Não fica bolado você nem pode jogar ela numa cama do jeito que quer, tá aí todo furado.- ela Debochou.
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