33. Talvez eu não fosse merecedor
Pov Robert Pattinson
Eu fui ao inferno.
Quando me colocaram para fora do centro cirúrgico sem nenhuma resposta eu me senti queimar de dentro pra fora.
Nada mais importava.
Tudo o que eu tinha, tudo o que eu era, tudo o que fazia sentido para mim estava dentro daquela sala e eu não sabia se elas estavam bem.
Eu me vi perdido. Fora do eixo. Sem saber onde pertencia.
Não sei quem me levou para a sala de espera. Não sei quem me deu água para tomar. Não sei como meus pais surgiram do meu lado.
Apenas sei que quando minha mãe me envolveu em seus braços eu me permiti desabar.
Meus amigos chegaram. Eu fui abraçado. Eu fui consolado. Eu fui acolhido.
Mas nada fazia sentido. Elas não estavam ali. E eu não sabia quando estariam.
Até que a Dra. Gabriela apareceu. A face cansada, os ombros caídos, o olhar procurando o meu.
- Você quer conhecer suas filhas, Robert?- perguntou sem sorrir.
Achei estranho. Aquilo deveria ser algo bom.
Antes de me deixar ser levado e paramentado para novamente entrar em uma área estéril, tive que perguntar:
- Onde está minha mulher?- minha voz saiu estranha, grossa. Dura. Os olhos de minha mãe, Claire, cravou em mim.
A médica soltou um longo e pesado suspiro,como se aquela fosse uma notícia que ela não quisesse dar, mas era obrigada.
- Ana esta na UTI, Robert.- disse de uma só vez.- Ela chegou aqui em pré eclampsia, um quadro que nos já vínhamos cuidando a semanas, - A semanas? Eu fazia ideia...ela sempre dizia que tudo estava bem...- esse quadro evoluiu para uma síndrome de HELLP. A síndrome de HELLP é uma complicação da gravidez caracterizada pela destruição das hemácias, aumento das enzimas do fígado e diminuição da quantidade de plaquetas no sangue. O tratamento é interromper a gestação e fazer uso de medicamentos que estabilizem a paciente. Ela está na UTI por que precisa de monitoramento 48 horas.
- Quando ela vai acordar?- foi Rebeca quem perguntou. Luna, Maya e Lara choravam em silêncio.
- Eu não sei dizer, no momento torcemos para que os remédios façam o efeito esperado e a pressão dela estabilize, no momento a hemorragia uterina foi contida. -Gabriela me deu um olhar de quem sente muito.- Eu vou fazer o possível para que ela fique bem, Robert. Por hora, suas filhas te esperam.
Devidamente vestido entrei na neonatal do hospital.
Eram tantas crianças minúsculas ligadas a aparelhos enormes que fiquei pensando que eu não tinha direito nenhum de reclamar da minha vida. Aqueles anjos lutavam de segundo a segundo para sobreviver.
E dois desses anjos eram meus.
Maria Flore e Maria Lua estavam em duas incubadoras lado a lado.
Usavam apenas fraldas e tinham cânulas em seu rosto e seu pequeno nariz coladas na bochecha por esparadrapos.
Elas eram tão pequenas. Mas mesmo assim eu consegui ver traços de Ana em seus rostinhos enrugados.
O nariz e os olhos amendoados. Elas tinham poucos cabelos e suas cabecinhas estavam duas touquinhas, mas eu apostava que seriam cacheados como os da mãe.
E podia ser loucura da minha cabeça mas os lábios e os queixos pareciam com os meus.
Não percebi que estava chorando até que Gabriela veio até mim.
- Quer segurar?-perguntou baixinho.
- Eu posso?-perguntei fungando.
Em resposta, ela abriu um compartimento e pegou uma das bebês.
Uma enfermeira me indicou uma poltrona e eu me sentei, tenso.
- Está aqui foi a bebê 1, nasceu com 1,750, 44cm. Ana a nomeou Maria Lua, está é sua filha mais velha.- sorri entre lagrimas quando ela foi colocada em meus braços. Gabriela pegou minha outra filha.- Está aqui é a bebê 2, nos deu um grande susto, mas já está bem, conversou com a mamãe logo que nasceu e recebeu um carinho especial da mana para conseguir reagir, Ana a chamou de Maria Flor, nasceu com 1,650, 42 cm, está é a sua caçula. Olha só... Você está se saindo bem, conseguiu segurar as duas.
- Veremos como vai se sair quando as duas tiverem 4 quilos cada.- brincou a enfermeira me fazendo rir.
- Papai vai malhar pra segurar vocês, todos os dias.- sussurrei para elas.
Maria Flor mexia a boquinha e Maria Lua imitava o mesmo gesto. Isso me lembrou de algo importante.
- Como fica a alimentação delas?-perguntei para Gabriela.
- Elas estão mamando leite materno do nosso banco de leite, assim que atingirem 2,500 kg estarão liberadas para ir pra casa.
- Ana vai poder amamenta-las?
- Tudo depende de como ela vai reagir , Robert. Vamos torcer.
Assenti. Focando minha atenção em minhas meninas.
Eram tão lindas....
Tão perfeitas...
Enquanto as observava pedi a Deus para que tudo desse certo.
Com elas.
Com Ana.
Com a gente.
Talvez eu não fosse merecedor, mas se Ele achasse justo eu passaria minha vida toda compensando aquela graça.
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