32. Salve as três - Parte II
Três luzes pequenas dentro de um círculo de aço estavam presas a uma haste de metal em cima da cabeça de Ana. Pessoas que ela não conheciam andavam de um lado para o outro e falavam dela e suas filhas como se ela não estivesse ali. Ela estava tonta, mas sabia o que estava acontecendo.
Suas Marias iam nascer. Não era o certo. Mas elas iam.
Faltavam oito semanas para que elas pudessem nascer, precisavam ficar no mínimo mais quatro.
Mas ali estava Ana, sendo preparada para uma cesárea.
Doutora Gabriela surgiu em seu campo de visão com um sorriso pequeno.
- Nos vamos tentar te manter acordada até elas nascerem, Ana.- disse devagar, sabendo que a morena estava com dificuldade para manter o foco. Sua visão estava nublado e sua audição estava distante.- Depois disso se você não segurar eu vou te sedar.
Mesmo devagar, Ana entendeu o recado.
- Eu...- A frase estava pronta mas ela não conseguia falar, então ela fechou os olhos e respirou fundo , tentando de novo.- Rob...ert... Ele...
A médica assentiu.
- Assim que você estiver anestesiada ele entra e vai acompanhar as meninas até a UTI neonatal.- dra. Gabriela olhou para frente- Estamos prontos? Chamem o Robert.
O ator entrou vestido com um pijama cirúrgico verde e se colocou ao lado de Ana. Ela olhou para ele e sua visão ficou turva, ao piscar para se livrar das lágrimas ela sentiu que demorou a abrir os olhos.
- Eu estou aqui, meu amor.- ele disse beijando seu rosto.
Ela queria falar, mas não encontrava sua voz, parecia estar presa dentro dela mesma. Então Ana o olhou, depositou ali tudo o que ela queria dizer e não conseguia. Ela se sentia pesada... Sua mente estava pesada...
E então um choro agudo e forte invadiu o ambiente tribulado.
- Bebê 1 precisa de suporte respiratório.- disse a médica entregando uma menina aos prantos para um homem que logo a colocou em uma incubadora e começou a trabalhar nela.
Os olhos de Ana procuravam ver o que estava acontecendo, mas tudo estava ficando muito lento.
Robert se erguia, esperando pelo segundo choro. Mas este não veio.
- Bebê 2 precisa de suporte cardíaco. AGORA.- Gabriela gritou.- A pressão da mãe está caindo... Tem muito sangue aqui. Vamos lá pessoal, SUCÇÃO! Alguém tira o pai daqui!
- Não.- Ana ouviu Robert falar ao longe. Ela sorriu, desorientada. Tao bravo e tão lindo...- Não vou sair daqui. Tire as mãos de mim. Tire suas mãos de mim.
- Bebê 1 respirando.- disse alguém no canto.
- Bebê 2 como está?- Gabriela perguntou ainda com os braços até os cotovelos dentro de Ana que sangrava sem parar.
- Ainda sem resposta.
- Ana? Fale com sua filha, Ana. Ela precisa ouvir sua voz. Vamos lá,fala com ela.
Tudo girava. Ana estava nauseada. Ela não conseguia entender onde estava. Mas mesmo assim, praticamente gritou:
- Maria ...Flor...meu... anjo.. minha...vida...chora... pra... mamãe,... por favor filha...
- Ainda sem resposta...
- Filha....
- Bebê 1 estável...
- Coloque ela com a irmã, AGORA... Apliquem 10 ml de adrenalina na mãe, ela vai parar. Vamos lá, Ana. Não se entregue, elas precisam de você, Robert precisa de você. Fica com ele.
Robert... Ana se lembrava de Robert... Ele era um ator maravilhoso e tinha um sorriso lindo. E seria um bom pai, mesmo que elas não fossem dele. E tinha suas amigas que eram sua família, elas iam ajudar. Ela riu ao lembrar que ele teria que decidir quem seriam as madrinhas. Maya e Rebeca se estapeariam e seria engraçado . Mas ele ia se sair bem, ele era perfeito em tudo o que fazia.Ana então, parou. Não foi uma desistência, foi um alívio.
Ela fechou os olhos ao mesmo tempo que dois gritos agudos, diferentes e sinfônica ecoaram pela sala.
umalufanazinha
ElisaMesquita0
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