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1. Estava... Sozinha?

Ding dong!

Um sorriso involuntário surgiu no rosto redondo de Ana ao ouvir o som da campainha. Antes de abrir a porta ela deu uma olhada na mesa de jantar. Tudo estava perfeito, como ela tinha programado e imaginado.
Um pouco ansiosa ela alisou o vestido simples que usava, era o preferido dele e como era uma noite especial Ana queria agradar.
No entanto, ao abrir a porta quase foi derrubada. Diego, seu namorido, como gostava de chamá-lo, entrou correndo em casa.
- Vamos logo! Temos que sair daqui, Ana. Arrume suas coisas.
Ela piscou sem entender até que ele votou de frente para ela e tudo ficou claro.
Diego era um homem alto, negro, como ela, e muito bonito. Apesar de não fazer o tipo dela, os dois se davam bem. E como ele mesmo dizia, Ana não podia escolher muito com a aparência que tinha. Mas não foi a beleza dele que fez ela entender o que estava acontecendo, foram seus olhos. Onde antes era verde esmeralda agora preto. A pupila dilatada lhe entregava. Sim, ele tinha feito de novo.
- O que você fez?- ela perguntou com a voz trêmula.- Você me prometeu que ia parar!
- Foi um deslize,Ana.- ele disse agoniado, andando de um lado para o outro na sala.- Vamos, pegue suas coisas. Eles estão vindo atrás de mim.
- Eles quem?
- Eu peguei um dinheiro emprestado porque você bloqueou os meus cartões e agora não tenho como pagar. Eles não querem conversa, precisamos fugir.- foi nesse momento que Diego olhou para a mesa posta no interior da sala.- Mas o que é isso?
Com um suspiro pesado, na inútil tentativa de se acalmar, Ana explicou:
- É para você. Uma surpresa.
- Surpresa? Isso é o que? Um sapato de bebê? Você está grávida?
- Sim.- ainda assim ela sorriu.
Mas Diego pareceu possesso.
- Como está grávida sua vadia? Eu sou estéril! Está me traindo?
- É claro que não, Diego! Como pode pensar isso de mim? Nós conversamos várias vezes sobre isso, eu fiz uma fertilização in vitro.- ela se apressou a falar.
- E você acha que eu vou concordar com isso?- ele grunhiu.
- Você disse que estaria disposto!
- Eu disse? Esse sonho sempre foi seu. Se eu quisesse um filho não teria feito vasectomia a dez anos. Você acha mesmo que eu vou criar o filho de outro?
Foi como um balde de água fria. Ela não reconhecia aquele ali a sua frente.
- Eu vou embora.- Diego continuou.- Eu vou pegar uma quantia em dinheiro no cofre e vou sumir por um tempo. Espero que quando eu voltar você já tenha dado um fim nisso.
Ana continuou ali, parada em choque na sala de estar. Diego fez o disse que faria e foi apenas quando a porta bateu em suas costas que ela se deu conta que estava... Sozinha.

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