53. "Nossa Princesinha"
POV Ana Carla
Acordei devagar, com a luz suave da manhã entrando pelas cortinas. Robert ainda estava dormindo ao meu lado, o rosto relaxado, a respiração profunda e ritmada. Ele sempre parecia tão tranquilo quando dormia, e eu me pegava observando como cada linha do seu rosto era perfeita. Os traços fortes, o queixo quadrado, os cílios longos que nem deveriam ser permitidos em um homem. E o corpo... definitivamente gostoso. A maneira como ele se mexia na cama, a força sutil dos músculos sob a pele.
Como eu era sortuda de ter esse homem ao meu lado.
Deslizei devagar para fora da cama, tentando não fazer barulho, e me diriji até a cozinha.
Naquele dia seria eu quem ia mimá-lo.
Peguei uma bandeja e preparei um café da manhã com tudo que ele gosta: torradas, ovos mexidos, suco de laranja e chá . Coloquei tudo com cuidado na bandeja e voltei para o quarto.
Robert já estáva acordado quando entrei, espreguiçando-se com um sorriso sonolento.
— Olha só isso — ele diz, ainda com a voz rouca de sono. — Você que deveria estar sendo mimada, não o contrário.
Sorri colocando a bandeja no colo dele.
— Hoje sou eu quem te cuida — respondi, sentando ao seu lado na cama.
Ele ddu uma mordida na torrada e me lançou um olhar pensativo. Soube que algo estava passando pela cabeça dele antes mesmo de ele falar.
— Ana, tem algo que eu preciso conversar com você. Algo importante.
Minha atenção se voltou totalmente para ele.
— Sobre o que é?
Robert colocou a torrada de lado e respirou fundo, parecendo escolher as palavras com cuidado.
— Eu conversei com meu advogado sobre a questão do nosso casamento. Eu queria ter certeza de que não teríamos nenhum problema, sabe, por sermos irmãos adotivos.
Senti meu coração apertar por um segundo, mas mantive o foco nas palavras dele.
— E o que ele disse? — perguntei, tentando manter a calma.
— Legalmente, não há nenhum problema. Nós podemos nos casar sem complicações. Mas... — Ele fez uma pausa, esfregando a mão na nuca. — Algumas igrejas podem não aceitar fazer a cerimônia religiosa. A questão de sermos irmãos adotivos pode ser vista como um empecilho para elas.
Fiquei em silêncio por alguns minutos, processando o que ele estava me dizendo. A ideia de não podermos casar em uma igreja era algo que eu nunca havia considerado, mas ao mesmo tempo... não era isso que definia nossa união.
— Não precisamos de uma igreja para ter certeza de que nossa união é abençoada por Deus — Eu disse finalmente, com tranquilidade. — A maior prova disso é que estamos aqui, juntos, depois de dez anos, e agora estou grávida da nossa filha. Se isso não é uma bênção, eu não sei o que é.
Robert me olhou, claramente surpreso pela minha resposta, e vi seus olhos brilharem com emoção.
— E até Claire se arrependeu do que fez — continuo, pegando a mão dele e entrelaçando nossos dedos. — Isso também é uma forma de redenção. Não importa onde casarmos, o que importa é o que sentimos um pelo outro.
Ele me deu o meu sorriso preferido, aquele sorriso que me fazia derreter por dentro.
— Você tem razão. Não importa onde ou como. O que importa é que estaremos juntos.
Me inclinei sobre a bandeja para lhe dar um beijo, querendo sentir a sensação de paz borbulhar dentro de mim, mas era impossível quando no dia anterior, antes dele e toda equipe chegar eu tinha recebido outra caixa, já era a quarta caixa, do meu pai biológico recém saído da prisão.
Desta vez dentro tinha um bilhete, ele queria se encontrar comigo e se eu não comparecesse ele ia fazer algo contra minha "nova familia".
Pensei muito se falaria sobre aquilo com Robert, decidindo deixar ele de fora.
Eu não queria ele envolvido em algo que só me trazia tristeza e que eu desejava enterrar.
Deixei que ele saísse para trabalhar e peguei minha bolsa, saindo logo atrás dele, antes que Stephan chegasse..
Dirigi até o endereço que estava no bilhete, encontrando uma casa não muito velha em Nothing Hill, sai do carro tomando cuidado para que ninguém me visse, antes mesmo que eu tocasse a campainha a porta se abriu.
Quando a porta se abriu e Mabel apareceu na minha frente, eu não sabia o que esperar. Ela estava envelhecida, com o rosto marcado pelo tempo, mas os olhos... aqueles olhos frios e calculistas, eram exatamente como eu lembrava. Ela sorriu para mim, mas não era um sorriso de mãe. Era mais um gesto calculado, cheio de segundas intenções.
— Entre, Ana. — Sua voz era suave, mas não trazia nenhum conforto.
Contra todos os meus instintos, dei um passo à frente e entrei na casa. Meu coração batia acelerado no peito, e a cada segundo que passava, meu corpo inteiro gritava para eu sair dali. Mas eu não podia. Não sem entender por que eles estavam me chamando depois de todos esses anos.
A sala estava mergulhada em uma luz fraca, e logo que entrei, meus olhos caíram sobre a figura de Fabrício, meu pai biológico, sentado no sofá. A mesma postura arrogante de sempre, com aquele sorriso doentio que eu tanto temia. Ele se levantou lentamente, como se estivesse saboreando o momento.
— Olha só quem resolveu nos visitar. — A voz dele era carregada de sarcasmo. — A nossa princesinha, que conseguiu se dar bem na vida.
Senti um nó na garganta, mas respirei fundo, tentando manter a calma.
— O que vocês querem? — perguntei, minha voz mais firme do que eu esperava. — Eu não vim aqui para ouvir besteiras.
Fabrício riu, uma risada baixa e maliciosa que fez minha pele arrepiar.
— O que eu quero? — Ele deu alguns passos em minha direção, parando perto o suficiente para que eu sentisse o cheiro de cigarro impregnado em suas roupas. — Eu quero o que é meu por direito. Você se fez na vida, Ana. Está com um cara rico, famoso. Está carregando o filho dele. E agora é hora de compensar pelo tempo que nos deixou sofrendo.
— Compensar? — A incredulidade na minha voz era palpável. — Você está louco? Você foi preso porque abusou de mim! Você é um criminoso, e eu nunca quis nada do que você fez comigo! O que você passou foi pouco comparado ao que eu tive que suportar.
— Abuso? — Ele se aproximou mais, o rosto a centímetros do meu. — Você sabe que isso é mentira. Sempre me chamou de papai com tanto carinho. Você nunca disse uma palavra contra mim. E agora vem com essa história? Me deve, Ana. Me deve pela vida boa que eu te dei quando você era criança.
Senti meu estômago revirar. As memórias, que eu passei anos tentando enterrar, voltaram com força total. Aquele homem tinha destruído minha infância, e agora estava aqui, tentando destruir o que eu construí como adulta. Minha voz saiu trêmula, mas cheia de raiva.
— Eu era uma criança, seu desgraçado! — gritei, incapaz de controlar o ódio que me consumia. — Você me usou, me destruiu! Foi pra cadeia porque merecia! Eu nunca quis nada daquilo, e você sabe disso!
Fabrício sorriu de novo, mas dessa vez havia algo mais sombrio em seu olhar.
— Cuidado com o que diz, querida. Eu tenho muita coisa para contar sobre o seu passado. E a imprensa adoraria saber que a sua "família perfeita" é só fachada. Você e Robert? Vocês podem não ser irmãos de sangue, mas aos olhos do mundo, quando eu surgir com a história de que você adorava ser debruçada sobre a mesa pelo papai , isso vai ser um escândalo. E quem vai acreditar na sua versão, quando nós temos tanto para dizer?
Mabel, que até então estava em silêncio, deu um passo à frente, os braços cruzados sobre o peito.
— Você sempre foi boa em fingir, Ana. — A voz dela era gélida. — Mas nós conhecemos a verdadeira você. Aquela que gostava de ser o centro das atenções, que adorava "brincar" com o papai. Se não quiser que essa história saia por aí, é melhor nos ajudar. E ajudar bem.
A cada palavra, a raiva crescia dentro de mim. Mas junto com a raiva, vinha o medo. Eu sabia que eles eram capazes de tudo. Fabrício sempre foi manipulador, e Mabel nunca fez nada para me proteger. Eles só queriam uma coisa: dinheiro. E estavam dispostos a destruir minha vida e a de Robert para conseguir isso.
Se isso saísse na mídia, mesmo sendo mentira ia ser um inferno.
Robert já estava se expondo demais por eu ser uma jogadora, ele estava passando por cima dos próprios instintos, nunca gostou de estar se mostrando, mas por mim ele estava lá.
— Vocês são nojentos — sibilei, tentando controlar a vontade de sair correndo. — Não vou dar um centavo a vocês. Acham que podem me chantagear com mentiras? Eu não sou mais aquela criança assustada. Se vocês tentarem qualquer coisa, vão se arrepender.
Fabrício gargalhou, uma risada cruel que ecoou pela sala.
— Arrepender? Você está em nossas mãos, Ana. Não se engane. Você pode ter dinheiro, pode ter fama, mas nós temos a verdade. E a verdade pode arruinar sua vida. Pense bem no que vai fazer.
Eu queria sair dali o mais rápido possível, mas sabia que dar as costas para eles significava abrir uma brecha para que me atacassem. Precisava ser clara, firme.
— Se acham que vão destruir minha vida, estão enganados. — Olhei para Fabrício com desprezo. — Você foi preso porque cometeu crimes, e se for preciso, vou te levar de volta para a cadeia. Não vou deixar vocês arruinarem o que eu construí. E não pensem que vou me dobrar às ameaças. Porque eu não tenho mais medo de vocês.
O sorriso de Fabrício vacilou por um segundo, mas ele logo recuperou a postura, como se fosse impossível que eu conseguisse vencê-lo.
— Veremos, Ana. Veremos até onde vai sua coragem. Mas lembre-se: você está jogando um jogo perigoso. E eu sempre ganho.
Saí da casa sem olhar para trás, tentando controlar o pânico que se agitava dentro de mim.
Enquanto dirigia para casa minhas mãos tremiam ao volante e as palavras de Fabrício começaram a me assombrar, minha visão ficou turva e eu até pensei que não ia conseguir chegar em casa, mas quando finalmente entrei na garagem e subi para nosso apartamento eu não esperava encontrar Robert e Stephan ali.
POV ROBERT PATTINSON
Eu estava acabando de chegar na matriz da produtora em Londres, quando meu celular começou a vibrar no bolso. Olhei a tela: Stephan.
Estranhei um pouco a ligação, já que normalmente ele só ligava se fosse algo urgente.
Atendi imediatamente.
— Stephan? Aconteceu alguma coisa? — perguntei, já sentindo uma tensão subir pela espinha.
— Robert, Ana está com você? — A voz de Stephan soava tensa, o que me deixou ainda mais alerta.
— Não. Quando saí, ela estava em casa — respondi, agora preocupado. — Por quê?
— Ela saiu com o carro e deixou uma caixa em cima da mesa. Eu não sabia disso até agora, mas parece que ela recebeu essa caixa de alguém que não se identificou.
O desconforto que eu sentia rapidamente se transformou em uma onda de preocupação.
— Que tipo de caixa, Stephan? — perguntei, enquanto já caminhava em direção à porta. — Ela não falou nada sobre isso comigo.
— Tinha uma calcinha de bebê dentro, Robert. Mas não era uma qualquer... era velha, antiga.
Nesse momento, uma sensação de pavor tomou conta de mim. Algo estava muito errado. A conexão com o passado de Ana, com tudo que ela havia sofrido, me fez gelar. Fiquei calado por alguns segundos, tentando processar aquilo. Stephan continuou:
— Ela não disse nada sobre isso antes de sair, mas deixou a caixa aqui... e agora sumiu.
Sem pensar duas vezes, corri para o carro. Minha mente estava a mil. Sabia que aquela caixa, de alguma forma, tinha algo a ver com o passado sombrio de Ana. E eu precisava encontrá-la. Ela não me contaria se não quisesse me preocupar, mas algo estava errado, muito errado.
Quando cheguei em casa, praticamente invadi a sala, procurando qualquer sinal de onde ela pudesse estar. Stephan estava na sala, parado perto da mesa onde a caixa estava.
— Você tem alguma ideia de para onde ela foi? — perguntei, já com o coração acelerado.
— Não, mas essa caixa... — ele apontou para a mesa. — É muito esquisita, Robert. E pela reação dela, quando a viu, foi como se o passado tivesse voltado para assombrá-la.
Antes que eu pudesse responder, a porta da frente se abriu de repente. Ana entrou, soluçando, com o rosto inchado de tanto chorar. O alívio por vê-la foi instantâneo, mas logo se misturou com o medo ao ver seu estado.
— Ana! — corri até ela, e, assim que me viu, ela praticamente se jogou nos meus braços, apertando meu corpo com força, como se estivesse se segurando para não desmoronar.
— O que aconteceu, amor? — perguntei, com a voz tensa, acariciando seus cabelos enquanto tentava mantê-la estável. — Fala comigo. O que está acontecendo?
Ela tentou falar, mas seu choro só aumentava, e eu podia sentir o desespero emanando dela. Olhei rapidamente para Stephan, que estava com o rosto preocupado. Respirei fundo, tentando manter a calma.
— Ana, você precisa me contar o que houve. Por favor — insisti, agora segurando seu rosto, tentando fazê-la me encarar.
Ela respirou fundo algumas vezes, tentando se recompor, antes de finalmente conseguir falar, embora sua voz ainda estivesse entrecortada pelo choro.
— Eu fui até eles, Robert... até... até a casa. — Ela soluçou mais uma vez. — Fabrício e Mabel. Eles... eles me mandaram aquela caixa, e estavam me esperando.
Meu coração praticamente parou por um segundo. Eles? Mabel e Fabrício? Quem eram? Aquelas pessoas, os monstros que causaram tanto sofrimento a Ana, haviam voltado?
— O que eles te disseram? — minha voz era firme, mas por dentro, a raiva e o medo estavam se misturando de forma explosiva.
Ana fungou e limpou o rosto com a manga da blusa antes de continuar.
— Eles querem dinheiro, Robert. Uma quantia absurda, e... — Ela parou por um momento, fechando os olhos com força. — Se eu não der, eles vão contar mentiras, vão inventar histórias horríveis sobre mim, sobre você. Eles disseram que... que vão falar pra mídia que eu sempre gostei... que... que eu estava envolvida com ele desde pequena... Eles vão destruir nossas vidas. — Ela desabou em um novo choro, colocando as mãos sobre sua barriga.
O sangue ferveu nas minhas veias. A raiva que eu sentia naquele momento era algo que eu nunca havia experimentado antes. Como alguém podia ser tão cruel? Eu a segurei firme, tentando manter minha própria compostura, mas sabia que precisava ser a rocha para ela agora.
— Ana, olha pra mim — disse, a voz mais suave desta vez. Ela ergueu os olhos, ainda cheios de lágrimas. — Você não está sozinha nessa. Não importa o que eles digam, eu estou do seu lado. Eles não vão tocar em você de novo. Nunca mais.
Ela balançou a cabeça, como se estivesse tentando acreditar em minhas palavras, mas o medo ainda estava ali, estampado no rosto dela. Eu queria fazer mais do que prometer. Queria acabar com isso de uma vez por todas.
— Eu não vou ceder, Robert — ela sussurrou, com os olhos cheios de determinação em meio ao choro. — Eles podem me ameaçar, mas eu não vou pagar. Eu nunca vou vender minha paz para esses monstros. Eu prefiro morrer.
Minha garganta ficou seca ao ouvir aquelas palavras. Apertei-a contra mim de novo, com mais força dessa vez.
— Nós vamos resolver isso. — Minha voz saiu mais baixa, quase como uma promessa. — Eu juro que vamos acabar com eles, Ana. E eu estarei ao seu lado em cada passo.
Ela assentiu, e por um breve momento, pareceu mais calma, embora ainda carregasse o peso daquela ameaça.
Olhei para Stephan ele tinha a expressão determinada no rosto e pareceu entender o que eu queria sem que eu precisasse falar.
Assentindo para mim ele tirou o celular do bolso e foi para fora do alcance dos ouvidos de Ana.
Enquanto a balançava em meus braços anotava em minha mente algumas ligações que eu precisava fazer, quando se é famoso a meu nível acabamos conhecendo pessoas de vários ramos.
Era hora de cobrar as muitas vezes que fui em festas de aniversário de filhas de policiais apenas para o prazer da aniversariante e pelo "valor da amizade".
Agora, mais do que nunca, eu sabia que precisaria proteger não só Ana, mas a nossa filha, e garantir que essas pessoas nunca mais tivessem poder sobre ela.
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AneDagloria
umalufanazinha
anahoanny
BellaMikaelson17
Gla_mours0101
lara2007santos
Biiafss2708
ElisaMesquita0
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