49. Entre Aqueles Que Me Amam
POV Ana Carla
Acordei devagar, os olhos pesados, e a primeira coisa que senti foi algo estranho no meu rosto. Uma cânula de oxigênio estava presa ao meu nariz, e eu pisquei algumas vezes, tentando lembrar o que havia acontecido. Aos poucos, as memórias voltaram: o gol, a vitória, eu erguendo a taça... e então aquela dor aguda na barriga, e tudo ficou escuro.
Robert estava sentado ao meu lado, segurando minha mão com força. Quando me viu acordar, seus olhos brilhavam de alívio misturado com preocupação. Ele se inclinou e deu um beijo suave na minha testa.
— Graças a Deus, você está acordada — disse ele, a voz cheia de emoção. — Eu fiquei tão preocupado, Ana...
Tentei sorrir, mas estava confusa e ainda me sentia um pouco fraca. Passei a mão na barriga, onde havia sentido a dor, e o gesto pareceu não passar despercebido a Robert.
— O que aconteceu? — perguntei, a voz um pouco rouca.
— Não sabemos ainda... O médico vem falar com a gente — ele respondeu, e antes que eu pudesse processar, a porta se abriu e um homem alto, de jaleco branco, entrou. Dr. Giovanni, li no crachá dele.
— Como está se sentindo, Ana? — ele perguntou com um tom gentil.
— Estou... cansada e com um pouco de dor — respondi, ainda tentando entender a situação. — E uma azia que não me larga há dias. Eu pensei que fosse só do nervosismo, ou sei lá...
Dr. Giovanni olhou para mim com uma expressão compreensiva, mas logo foi direto ao ponto.
— Ana, você está grávida. A dor que você sentiu foi resultado do esforço físico extremo durante a Copa. Houve um pequeno sangramento, mas o bebê está bem. Se você tem fé, é hora de agradecer a Deus.
Grávida.
A palavra ecoou na minha mente, como se eu estivesse tentando encaixá-la no meu mundo. Olhei para Robert, e o choque em seu rosto era inegável. Seus olhos estavam fixos nos meus, e eu podia ver o misto de surpresa e emoção se formando.
- Você precisa descansar agora.- o médico continuou.- Repouso absoluto nos próximos dias, vou te passar para um obstetra e você deve iniciar o pré natal imediatamente, pelo o que pude ver sua gestação está entre a 7 ou 8 semana.
O médico se despediu, nos deixando sozinhos, mas eu mal registrei sua saída. Robert estava ali, parado ao meu lado, as lágrimas escorrendo silenciosamente. Ele se inclinou sobre mim, encostando a testa na minha, e o senti tremer enquanto sua respiração se misturava à minha.
— Eu te amo tanto, Ana... — ele sussurrou, a voz embargada de emoção. — Eu não sei como dizer o quanto isso significa pra mim.
— Mas... você disse que não queria ter filhos... — murmurei, lembrando daquele jantar de anos atrás. — Você disse que não queria ser pai...
Ele riu, um som meio quebrado pela emoção, e me olhou nos olhos.
— Isso foi há dez anos, Ana. Eu era outro homem naquela época. Eu não sabia o que era o amor de verdade... não antes de você. — Ele segurou meu rosto com as duas mãos, os olhos cheios de lágrimas, mas também de felicidade. — Você é tudo que eu quero. E se esse bebê for parte de você, então é a melhor coisa que poderia me acontecer.
Meus olhos se encheram d’água, e eu levei minha mão até a dele, apertando-a suavemente. Eu estava em choque, ainda processando a notícia, mas ver Robert tão emocionado e apaixonado me trouxe uma sensação de paz que não esperava.
Eu estava carregando nosso filho.
— Eu te amo, Robert — sussurrei de volta.
.
.
Quando cheguei em casa, mal conseguia acreditar no quanto tudo parecia diferente. Talvez fosse o fato de eu estar processando a ideia de estar grávida, ou talvez fosse a recepção calorosa que me aguardava. Assim que coloquei os pés na sala, Rebeca praticamente saltou em cima de mim, radiante de felicidade.
— Olha só, a mamãe do ano! — ela gritou, me abraçando com tanta força que quase me fez perder o fôlego. — Não acredito que estamos grávidas juntas! Isso é incrível, Ana! Eu aposto que é um menino!
Eu ri, embora ainda me sentisse um pouco atordoada por tudo que havia acontecido nos últimos dias. Robert estava ao meu lado, segurando meu braço como se eu fosse de porcelana.
— Robert, por favor — resmunguei, tentando afastar sua mão com um sorriso. — Já disse que estou bem, o susto já passou. Não precisa me tratar como se eu fosse desmoronar.
Ele me lançou um olhar sério, mas havia um sorriso discreto nos seus lábios.
— Eu só estou cuidando de você, como sempre — respondeu, e antes que eu pudesse protestar mais, Claire apareceu do lado de Rebeca, com aquele olhar maternal que sempre me acalmava.
— Ana, querida, eu estou tão feliz por você — disse Claire, me envolvendo em um abraço caloroso. — Um bebê... isso é uma bênção.
Eu sorri para ela, sentindo-me um pouco mais tranquila com toda a agitação. Era bom estar cercada por pessoas que me amavam.
Logo depois, Stephan e Bobby chegaram. Bobby, como sempre, veio com aquele sorriso travesso, mas ao me ver, suavizou a expressão.
— Olha só, a futura mamãe — ele brincou, enquanto Stephan apenas me dava um aceno de cabeça, seus olhos sempre atentos a tudo ao redor. — Como você está se sentindo?
— Melhor, agora que todo esse caos passou — respondi, e Bobby me deu um abraço rápido, mas afetuoso.
Não demorou muito para Marcus e Lara aparecerem também. Marcus, sendo o mais velho e protetor, me olhou com um ar sério, mas havia uma ternura em seus olhos.
— Eu ia dar uma bronca por nos preocupar desse jeito, cair dura no meio do campo, mas agora só posso te parabenizar — ele disse, antes de me abraçar também. — Um bebê na família... Isso é grande, Ana.
Lara, foi mais direta e trouxe logo uma sacola cheia de presentes e mimos para o bebê. Eu ri, tentando absorver todo o carinho que estava recebendo.
— Vocês não precisavam... — comecei a dizer, mas antes que pudesse terminar, Tom e Elisa chegaram, os últimos a entrar. Tom, sempre com aquele sorriso despreocupado, acenou para mim de longe antes de se aproximar com Elisa ao seu lado.
— Então, além de ser uma estrela do futebol, você agora vai ser mãe — disse Tom, me abraçando. — O mundo não estava pronto para tanta perfeição.
— Ah, para, Tom! — brinquei, rindo de seu exagero.
Elisa também me deu um abraço e um beijo no rosto, com um sorriso genuíno de felicidade.
— Estamos todos tão felizes por você, Ana — ela disse suavemente. — E eu disse que tudo ficaria bem.
Eu lhe sorri.
Sim, Ela disse.
Enquanto todos se acomodavam na sala, me sentei no sofá com um suspiro de alívio. Estava exausta, mas ao mesmo tempo me sentia leve, quase flutuando. Ainda era surreal para mim, estar ali, grávida, cercada por todas essas pessoas que amavam e se importavam comigo.
Rebeca não parava de falar. Era impossível não sorrir diante do entusiasmo dela.
— Ana, você acredita que agora nossos bebês vão crescer juntos? — ela disse, seus olhos brilhando de empolgação. — Eles vão ser melhores amigos, não tem como ser diferente! E eu já estou apostando que o seu é um menino, só porque a minha intuição está gritando.
Eu ri, balançando a cabeça.
— Não sei, Beca. Seja menino ou menina, só quero que ele ou ela chegue com saúde. Isso já é tudo para mim.
Robert, que estava do outro lado da sala conversando com Marcus, olhou para mim e sorriu. Era um sorriso cúmplice, o tipo de sorriso que me aquecia por dentro. Ele se aproximou e, sem dizer nada, se sentou ao meu lado, colocando a mão sobre minha perna.
— Está confortável? — ele perguntou, com a voz baixa e carinhosa, como se só nós dois estivéssemos ali.
— Sim, estou — respondi, sorrindo de volta. — Embora você esteja exagerando no cuidado.
— Não estou exagerando — ele rebateu, erguendo uma sobrancelha. — Só estou fazendo o que qualquer noivo faria, ainda mais depois do susto que você me deu.
Rebeca, ouvindo nossa conversa, interrompeu com uma gargalhada.
— Ele tem razão, Ana. Depois de ver você desmaiar no meio do campo com a taça na mão, eu também não te deixaria sozinha nem por um segundo.
Antes que eu pudesse responder, Claire veio com uma bandeja de sucos e lanches.
— Vamos, Ana. Você precisa comer alguma coisa, querida. Isso vai te fazer bem — ela disse, me oferecendo um copo de suco.
Peguei o suco e bebi um gole, mais para acalmá-la do que por vontade. Estava ainda me acostumando à ideia de estar grávida, e a azia que eu sentia não ajudava.
— Obrigada, Claire — disse, sorrindo agradecida.
Logo depois, Stephan e Bobby se juntaram a nós. Stephan, sempre com a postura séria, se aproximou e perguntou:
— Como você está se sentindo agora, Ana?
— Melhor. Cansada, mas bem — respondi.
Bobby, por outro lado, já chegou brincando.
— Vamos ver se esse bebê vai sair craque igual à mãe — ele disse, piscando para mim. — Se for metade bom de bola como você, vai ter um futuro brilhante.
Robert soltou uma risada.
— E se for metade teimoso como a mãe também, ninguém vai segurar.
Eu o cutuquei de leve, sorrindo.
— Teimoso ou não, ele ou ela vai ser uma força da natureza, com certeza — eu disse, tentando disfarçar o nervosismo que ainda me rondava. A verdade é que eu estava feliz, mas também com um leve medo do que viria a seguir.
Tom, que estava sentado com Elisa no canto da sala, resolveu se manifestar.
— Então, Ana, você já decidiu quando vai voltar a jogar? Ou vai dar uma pausa agora com esse novo projeto de vida? — perguntou com um sorriso malicioso.
Eu ri.
— Bom, Tom, acho que vou precisar de uma pausa mais longa desta vez. Mas não pense que vou me aposentar ainda. Só vou dar uma desacelerada.
Robert balançou a cabeça, concordando.
— Vai precisar desacelerar mesmo, e eu vou garantir que isso aconteça.
Todos riram, e a noite foi preenchida com conversas descontraídas e risadas. Aos poucos, fui me sentindo mais tranquila, deixando o calor do ambiente e o carinho das pessoas ao meu redor me envolver.
Eu sabia que o que vinha pela frente seria diferente, mas com Robert ao meu lado, com minha família e amigos, eu me sentia pronta para qualquer coisa.
Depois que todos foram embora, finalmente pude tomar um banho relaxante. O calor da água ajudou a acalmar o cansaço e o estresse que ainda sentia. Vesti um pijama confortável e me joguei na cama, ligando a TV enquanto Robert ainda estava no chuveiro. Eu acabei colocando The Batman, o filme que Robert estrelou. Talvez fosse um pouco clichê, mas eu realmente gostava de assistir a seus filmes — me dava uma sensação de orgulho vê-lo em ação, brilhando na tela.
Eu estava tão imersa no filme que nem percebi quando ele entrou no quarto, com o cabelo ainda úmido e vestindo uma camiseta e calça de moletom. Ele parou ao lado da cama e franziu a testa ao ver o que eu estava assistindo.
— Por que você está vendo isso? — perguntou com um tom divertido, mas eu podia perceber um leve toque de embaraço.
Eu ri, percebendo que ele estava desconfortável.
— Ué, não é justo você assistir todos os meus jogos e eu não poder ver seus filmes — respondi, sorrindo. — Mas, já que você está com vergonha... — peguei o controle remoto e rapidamente mudei o filme. — Vamos colocar algo melhor.
Assim que o logo de Crepúsculo apareceu na tela, ele arregalou os olhos e sua expressão de puro pavor foi hilária.
— Sério, Ana? Crepúsculo? — ele disse, visivelmente constrangido, com as bochechas ficando levemente vermelhas.
Eu soltei uma gargalhada, aproveitando a situação.
— Ah, para, Robert! Você assistiu todos os meus jogos! Nada mais justo eu ver você como Edward Cullen. E quer saber? Estou com um desejo de grávida muito louco...
Ele ergueu uma sobrancelha, desconfiado.
— Que desejo?- perguntou sabendo que ainda era cedo demais para isso.
Eu tentei manter a expressão séria, mas a ideia era tão divertida que eu já estava rindo por dentro.
— Estou com desejo de te ver fantasiado de Edward Cullen, com brilho e tudo.
Ele revirou os olhos, exasperado.
— Ana, nem pensar... Eu não vou fazer isso.
Levantei da cama, determinada, e fui até o closet. Peguei um pó iluminador que eu usava para maquiagem e um gel de cabelo, entregando tudo nas mãos dele.
— Aqui. Vai ficar ótimo! — incentivei, segurando o riso.
Ele olhou para os itens como se eu tivesse acabado de lhe entregar uma sentença de morte. Com um suspiro derrotado, passou o gel no cabelo e, com uma expressão de pura resignação, começou a aplicar o pó iluminador no rosto.
Quando ele terminou, me virei para vê-lo, segurando as laterais da barriga de tanto rir.
— Não acredito que você realmente está fazendo isso! — falei, quase sem fôlego.
Ele bufou, mas não pôde deixar de sorrir também.
— Ok, tudo bem... Se é isso que você quer. — Ele deu uma pequena pausa dramática antes de repetir a icônica frase do personagem com o máximo de seriedade que conseguiu reunir: — "Essa é a pele de um assassino, Bella."
Aquilo foi o fim para mim. Eu desabei na cama de tanto rir, as lágrimas escorrendo dos meus olhos.
— Isso foi... — tentei falar entre risadas. — Isso foi épico! Eu te amo tanto, Robert!
Ele balançou a cabeça, visivelmente aliviado por ter acabado com a palhaçada, mas se aproximou, ainda com aquele leve brilho no rosto, e me puxou para um abraço .
— Eu faria qualquer coisa por você, sabia? Até isso — ele murmurou no meu ouvido, sua voz suave e carinhosa.
Abracei-o de volta, o coração aquecido.
— Eu sei. E eu faria o mesmo por você — respondi, sorrindo contra seu peito, sentindo que, mesmo nas coisas mais bobas, nós sempre nos entendíamos.
.
.
.
.
.
AneDagloria
Gla_mours0101
anahoanny
Biiafss2708
BellaMikaelson17
ElisaMesquita0
umalufanazinha
lara2007santos
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro