41. Minha Garota
POV ROBERT PATTINSON
A noite foi surpreendentemente agradável.
Todos estavam felizes pela convocação da Ana , e, inevitavelmente, o assunto principal girou em torno disso.
Enquanto conversávamos, eu observava Ana, tentando não ser óbvio, mas era difícil.
Cada risada, cada sorriso, me fazia lembrar de por que eu estava ali, lutando por ela.
Em um dado momento, percebi o olhar de Elisa deslizar de Ana para mim.
Aquele mesmo olhar enigmático que ela sempre teve, como se soubesse de coisas que nós não.
Dez anos se passaram, e Elisa continuava do mesmo jeito, com suas previsões e aquele ar de quem vê além do que qualquer um de nós pode enxergar.
Elisa me pegou olhando para ela e sorriu, levantando a taça de vinho em minha direção, como se estivesse brindando a algo que só ela entendia.
Eu sorri de volta, mas por dentro estava inquieto.
— O que foi? — perguntou Bobby, do meu lado, inclinando-se para me cutucar.
— Nada, só pensando. — murmurei, tentando desviar o olhar de Elisa.
— Pensando que o mundo tá finalmente sorrindo pra você, hein? — ele comentou com uma risada. — Tá todo mundo aqui, feliz... e ela também. Aproveita, cara.
Olhei para Ana mais uma vez.
Ela estava rindo de algo que Marcus tinha dito, e por um momento, tudo parecia como antes, como se não houvesse distância ou mágoa entre nós.
Depois de um tempo, me levantei e fui até a cozinha buscar mais vinho.
Elisa apareceu ao meu lado, quase sem eu perceber.
— Está ansioso, Robert? — perguntou ela, sua voz baixa e suave, como se estivesse falando de algo mais profundo do que a pergunta sugeria.
— Um pouco. — admiti, tentando manter o tom leve. — Não sei o que esperar, para ser honesto.
Ela inclinou a cabeça e me olhou como se estivesse tentando ler minha alma.
Sempre foi assim com Elisa.
— Às vezes, o que esperamos é exatamente o que precisamos, mas nem sempre do jeito que imaginamos. — disse, enigmática como sempre.
Suspirei, meio sem paciência para seus enigmas.
— E o que você acha que vai acontecer? — perguntei, me permitindo, por um segundo, agarrar suas loucuras como uma âncora no meio de toda a incerteza.
Ela sorriu, aquele sorriso de quem já sabe a resposta antes mesmo de ouvir a pergunta.
— Vai acontecer o que tem que acontecer. Mas você vai precisar ter paciência. O amor dela ainda está aí, Robert. Só precisa ser reconquistado. — Ela colocou a mão no meu ombro, firme, mas gentil. — Não perca a fé.
— Estou tentando. — disse, olhando para Ana novamente, que agora conversava com Tom e Maria, completamente alheia à nossa conversa.
Elisa se afastou, mas suas palavras ficaram comigo.
Não era fácil ter paciência.
Mas talvez fosse o único caminho agora.
Quando voltei para a sala, Ana me olhou e sorriu levemente, quase tímida.
Eu sabia que a mágoa ainda estava lá, mas, como Elisa tinha dito, o amor também estava.
Eu só precisava ser paciente, mesmo que a espera estivesse me matando por dentro.
Não sei exatamente em que momento a noite começou a se dissipar.
Primeiro, Rebeca e Aaron se despediram, seguidos por Marcus, Lara e Maria.
Elisa e Tom foram os últimos a sair, e eu não pude deixar de notar um clima estranho entre os dois, como se algo estivesse acontecendo ali.
Talvez estivessem juntos, mas eu deixaria essa curiosidade para outro momento.
Quando a porta se fechou pela última vez, eu me virei e vi Ana, ainda sentada no sofá, balançando a taça de vinho, seus olhos concentrados no líquido que restava ali.
— Meio injusto você ficar com toda a bagunça sozinho, né? — disse, sem tirar os olhos da taça, um leve sorriso nos lábios.
Eu ri, aproximando-me dela.
As bochechas coradas e o jeito como falava me indicavam que o vinho a tinha deixado um pouco leve.
Não bêbada, mas relaxada.
— Eu já estou acostumado com a bagunça. — comentei, sentando-me ao seu lado. — Além disso, a companhia foi boa. Valeu a pena.
Ela olhou para mim, erguendo a taça vazia em um brinde silencioso antes de pousá-la na mesa de centro.
— Foi uma boa noite. — murmurou, cruzando as pernas e se encostando no sofá. — Todo mundo está muito feliz por mim, parece surreal.
Eu a observei por um momento, aquele sorriso tímido e o brilho nos olhos.
Ver Ana assim, radiante por suas conquistas, me fazia lembrar por que eu me apaixonei por ela.
Mas, ao mesmo tempo, me lembrava da distância que ainda existia entre nós, da mágoa que pairava no ar, mesmo que escondida.
— Você merece. — disse, sincero. — Toda essa felicidade, o reconhecimento. Você trabalhou duro por isso, Ana.
Ela suspirou, relaxando ainda mais no sofá.
— Às vezes, me pergunto se estou preparada. — confessou, quase como se estivesse falando consigo mesma. — A Copa do Mundo... é o ápice de tudo o que eu sempre quis. Mas agora que está tão perto, dá um medo... como se tudo pudesse desmoronar.
Me inclinei um pouco, ficando mais perto dela.
— Você está mais do que preparada. — disse, olhando-a nos olhos. — Já provou isso para todo mundo, inclusive para si mesma. Só não se deixe duvidar agora.
Ela sorriu de novo, mas dessa vez havia algo mais ali.
Uma vulnerabilidade que ela raramente deixava à mostra.
— E quanto a nós, Robert? — perguntou de repente, a voz baixa, quase hesitante. — O que você acha que vai acontecer?
A pergunta me pegou de surpresa, mas eu já sabia que ela estava no ar desde o momento em que ficamos sozinhos.
— Eu acho... — comecei, escolhendo as palavras com cuidado. — Eu acho que a gente ainda tem muito para resolver, mas eu estou disposto a esperar, a entender o que você quer. Eu já te perdi uma vez, Ana, e não quero cometer o mesmo erro de novo.
Ela me encarou por alguns segundos, seus olhos buscando algo nos meus, como se estivesse tentando decidir se acreditava ou não no que eu estava dizendo.
— Eu ainda não sei, Robert. — disse ela, sua voz um pouco mais suave, mas ainda incerta. — Tem muita coisa...muita história entre a gente.
— Eu sei. — concordei, estendendo a mão e tocando a dela de leve. — Mas eu estou aqui. E vou continuar aqui, o tempo que você precisar.
Ana olhou para minha mão sobre a dela e depois para mim, seus olhos brilhando com algo que eu não conseguia definir completamente.
Ela deu um pequeno sorriso, mas não disse nada.
Apenas se levantou lentamente e caminhou até a janela, olhando para fora, como se estivesse tentando organizar seus pensamentos.
Eu sabia que ela estava lutando contra os próprios sentimentos, assim como eu lutava contra a vontade de agarra-la e joga-la em minha cama.
- Eu sinto.- ela disse depois de um tempo,ainda sem me olhar.
Franzi meu cenho.
- O que?- perguntei.
- Eu sinto você arrancando a corrente de mim.- Ana disse levando a mão ao pescoço, olhando para meu pescoço,sua voz embargada e os olhos cheios pelas suas lágrimas.
Fechei meus olhos, a lembrança do dia em que terminei com ela viva em minha mente.
Revivi o momento em que arranquei a correntinha que carregava o anel,símbolo do nosso amor, promessa de que duraria para sempre .
Corrente essa que agora eu carregava em meu pescoço como lembrança daquilo que eu tinha sacrificado.
Fechei os olhos, tentando controlar a torrente de emoções que tomou conta de mim.
Eu me lembrava de tudo com clareza.
O som do metal da corrente ressoando entre nós, o choque em seu rosto enquanto eu arrancava dela o símbolo do nosso amor.
Eu pensei que estava fazendo o certo.
Acreditava que ao afastá-la, estaria lhe dando uma chance de seguir em frente, de ser feliz sem mim.
Mas ver o impacto que aquela decisão ainda tinha sobre ela, depois de tanto tempo, me rasgava por dentro.
— Ana... — comecei, mas minha voz saiu fraca. Limpei a garganta e tentei de novo. — Acredite em mim quando eu digo que doeu em mim também. Muito mais do que eu jamais deixei transparecer.
Ela balançou a cabeça, ainda com a mão no pescoço, como se sentisse o peso da corrente ausente, como se a ferida ainda estivesse aberta.
— Por quê? — perguntou, com as lágrimas agora correndo livremente por seu rosto. — Por que você fez isso? Por que me afastou daquele jeito, me fez sentir como se eu não fosse nada para você?
Senti um aperto no peito, e a culpa esmagadora voltou a me dominar.
Olhei para o chão, incapaz de encará-la por um momento.
— Eu achei que estava te protegendo. — confessei, cada palavra sendo uma luta. — Na minha cabeça, eu estava fazendo o que era melhor para você. Você tinha um futuro brilhante pela frente, Ana, e eu não queria ser a razão de você perder isso.
Ela riu, mas foi um riso amargo, sem nenhuma alegria.
— Eu já te disse uma vez, Rob. Eu preferia ter você ao meu lado a ser famosa. — respondeu, abraçando a si mesma como se tentasse se proteger de mais uma decepção. — O que eu construí foi porque eu tive que seguir em frente, tive que encontrar uma maneira de sobreviver sem você.
Essas palavras me atingiram como um soco.
Saber que ela havia construído tanto enquanto carregava essa dor dentro de si me despedaçava.
Ela tinha alcançado seus sonhos, mas o preço que pagou foi muito mais alto do que eu havia imaginado.
Dei um passo em direção a ela, mas hesitei, sem saber se deveria continuar.
Queria desesperadamente tocá-la, segurá-la em meus braços, dizer que tudo ficaria bem.
Mas sabia que, naquele momento, talvez o melhor fosse dar a ela o espaço de que precisava.
— Eu sei que eu errei. — falei, minha voz baixa, mas firme. — E Deus sabe o quanto me arrependo por isso. Não passa um dia em que eu não pense em você, no que eu fiz, no que eu perdi.
Ela me olhou, seus olhos cheios de dor, mas também de algo mais.
Algo que eu mal ousava acreditar que ainda existia: esperança.
Havia um brilho ali, escondido por trás das lágrimas, que me fez sentir que talvez ainda houvesse uma chance, por menor que fosse.
— Eu te amo, Rob. — disse ela, mas as palavras soaram diferentes. Não era uma declaração cheia de paixão; era um lamento, uma confissão dolorosa.
Como se ela estivesse dizendo que me amava, apesar de tudo, e que isso a machucava ainda mais.
Meu coração se apertou ao ouvi-la dizer isso, e eu soube, naquele momento, que não havia mais desculpas que eu pudesse dar.
Não havia justificativa que apagasse o que eu tinha feito.
Só restava a verdade — e a verdade era que eu a amava tanto que doía, e tinha sido covarde demais para admitir isso antes.
— Eu também te amo, Ana. — falei, me aproximando dela, finalmente tocando seu rosto com delicadeza. — Sempre te amei. E sei que fui um idiota por não ter visto isso antes, por não ter lutado por nós.
Ela não recuou, mas também não se aproximou.
Ficamos ali, naquele impasse, com meus dedos traçando levemente a curva de seu rosto enquanto ela mantinha os olhos fixos em mim, como se estivesse procurando algo — uma prova de que eu estava sendo sincero.
— Eu não sei se posso te perdoar, Rob. — ela murmurou, suas palavras carregadas de tristeza. — Eu não sei se consigo confiar em você de novo.
Senti meu estômago se revirar.
Eu sabia que ela tinha todo o direito de se sentir assim.
Sabia que reconquistar sua confiança seria uma tarefa árdua, talvez até impossível.
— Eu não espero que me perdoe agora. — disse suavemente. — Sei que vai levar tempo, talvez muito tempo. Mas eu estou disposto a esperar. Vou provar para você que eu mudei, que eu estou aqui para ficar, se você me deixar.
Ela fechou os olhos, como se estivesse tentando decidir o que fazer, o que sentir.
Ficamos em silêncio por um longo momento, e eu não me movi, esperando que ela tomasse a decisão que precisava.
Quando ela finalmente abriu os olhos novamente, havia uma mistura de dor e ternura em seu olhar.
— Eu queria te odiar.- disse e eu vi sinceridade ali.- Se eu te odiasse ia ser tudo tão mais fácil... Mas eu não consigo... Isso é... Frustrante. Porque não consigo te perdoar mas não consigo te odiar?
Eu não tinha resposta para a sua pergunta. Sequer imaginava o tanto de coisa que passava em sua cabeça.
Cheguei mais perto,colocando meus lábios em sua testa.
Não conseguindo deixar de pensar que tudo poderia ser diferente se eu tivesse sido corajoso o suficiente para enfrentar minha mãe e meu medo de não ser bom para ela.
- Eu te amo, menina.- murmurei olhando em seus olhos, tocando minha testa na sua.- Lembra disso... Não esquece disso.
Eu tinha dado um passo para trás, deixando Ana livre para fazer o que quisesse.
Meu coração estava pesado, a mistura de medo e esperança pulsando em mim enquanto esperava sua reação.
Mas então, antes que eu pudesse me afastar de vez, senti seu toque, suave, porém firme, quando ela segurou a barra da minha camisa e me puxou de volta para perto dela.
Meu corpo reagiu imediatamente, quase sem pensar, se moldando ao dela como se esse fosse o lugar onde eu sempre deveria estar.
Ela me olhou, os olhos ainda brilhando com as lágrimas que não conseguiu conter.
Um soluço suave escapou de sua garganta enquanto sua mão subia, tocando meu rosto com uma ternura que me desarmou completamente.
Eu não conseguia desviar o olhar dela, hipnotizado por aquele momento.
E então, sua boca encontrou a minha.
O toque dos seus lábios foi suave no início, quase hesitante, como se ela estivesse testando o terreno, tentando sentir se era seguro se entregar.
Mas, à medida que o beijo se aprofundava, eu senti a força de tudo o que havíamos guardado por tanto tempo explodir entre nós.
Era como se todos os anos de distância, toda a dor e arrependimento, estivessem se dissolvendo naquele beijo.
Meu coração batia descompassado, e eu a segurei pela cintura, puxando-a mais para perto, incapaz de resistir à necessidade de senti-la por completo.
O gosto dela, a textura de seus lábios, a forma como sua língua deslizava contra a minha — era intoxicante.
Cada movimento, cada toque de sua boca contra a minha era um lembrete do quanto eu a amava, do quanto a tinha perdido, e do quanto eu estava disposto a fazer para tê-la de volta.
Ela soltou um suspiro suave contra meus lábios, e naquele momento, senti que o mundo poderia acabar ali, e eu estaria em paz.
Mas o beijo continuou, intenso e cheio de necessidade, como se nós dois estivéssemos tentando recuperar o tempo perdido, tentando comunicar tudo o que as palavras nunca poderiam expressar.
Quando nos separamos, nossas respirações estavam pesadas, e nossos rostos ainda tão próximos que eu podia sentir o calor da sua pele contra a minha.
Eu olhei para ela, e seus olhos estavam cheios de emoção, uma mistura de dor, desejo e amor.
— Eu te amo, Ana. — Repeti as palavras e soube ali que repetiria quantas vezes fosse necessário para ela entender.— Sempre te amei. Mesmo quando tentei te afastar, mesmo quando pensei que estava fazendo o certo... eu só queria que você tivesse o melhor, mas o melhor sempre foi você ao meu lado.
Ela fechou os olhos por um momento, como se estivesse absorvendo minhas palavras, e quando os abriu novamente, vi algo diferente neles.
Não era só dor, não era só mágoa.
Havia algo ali , como se ela estivesse começando a acreditar em mim.
— Eu sempe te amei,Rob, mesmo quando tentei seguir em frente, mesmo quando tentei te esquecer... meu coração sempre foi seu.
As palavras dela me atingiram em cheio, me enchendo de uma felicidade que eu não sentia há anos.
Eu a puxei para mais perto, segurando seu rosto em minhas mãos enquanto a olhava profundamente nos olhos.
— Eu vou passar o resto da minha vida provando isso para você. — murmurei, meu polegar acariciando sua bochecha. — Nunca mais vou te deixar, Ana. Nunca mais vou cometer o erro de te afastar. Se você me der uma chance, eu vou te fazer feliz, eu prometo.
Ela me olhou por um longo momento, como se estivesse tentando decidir se acreditava ou não.
- Eu preciso ir.- Ana disse, fazendo com que eu me contorcesse por dentro.
Observei ela sair da minha casa,o desejo de convencê-la a ficar latente em mim, mas a satisfação de ter ouvido que me amava, não só uma vez.
Me joguei no sofá e encarei o teto.
Minha garota.
Ana era a minha garota.
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