37. Você Me Deve Uma Dança
POV Narrador
Robert voltou ao salão onde a festa de casamento seguia animada, mas a música alta e as risadas ao redor pareciam distantes. Tudo o que ele conseguia focar era Ana, lá do outro lado, conversando com um dos seguranças. Mesmo de longe, a visão dela o prendeu. Ela ria de algo, os olhos brilhando à luz das velas e dos lustres, como se nada tivesse acontecido momentos antes. Ele parou por um segundo, tentando processar o turbilhão de emoções que o beijo tinha despertado.
— Olha só, hein — a voz familiar de Bobby soou ao seu lado, e Robert se virou, já antecipando o tom irônico do amigo. — Tá com a boca toda suja de batom. — Bobby riu, dando um leve tapa no ombro dele.
Robert passou o dorso da mão nos lábios, sentindo o resquício do batom de Ana, mas ao invés de tentar limpar ou esconder, ele sorriu.
— Eu e Ana nos beijamos — disse ele, sem hesitação.
Bobby levantou as sobrancelhas, surpreso, mas o olhar logo se transformou em um sorriso malicioso.
— É mesmo? E agora? — perguntou, como se já soubesse a resposta.
— Agora... agora eu vou reconquistá-la. — Robert respondeu com determinação, a firmeza em sua voz refletindo a decisão que já havia tomado. Ele sabia que o que sentia por Ana nunca tinha realmente desaparecido, e agora, depois daquele beijo, tudo estava ainda mais claro.
Enquanto Bobby ria, dando-lhe outro tapa no ombro antes de se afastar, Robert pegou um copo de uísque e se afastou para um canto mais isolado do salão. De lá, ele tinha uma visão clara da pista de dança. Ana estava ali, rindo e dançando com Rebeca e algumas amigas, os corpos delas movendo-se no ritmo da música. Ela parecia despreocupada, tão livre, tão radiante. Mas de vez em quando, os olhos dela se encontravam com os dele.
Cada vez que isso acontecia, algo nele se agitava. Era um jogo silencioso, uma troca de olhares que carregava algo mais do que simples curiosidade ou distração. O uísque em sua mão parecia esquentar enquanto ele bebia, o álcool gradualmente suavizando as arestas de sua mente, mas intensificando a forma como ele a enxergava. Conforme as músicas mudavam e Ana continuava a dançar, seus movimentos ficavam mais soltos, mais fluídos. E seus olhares, cada vez que cruzavam com os de Robert, pareciam ganhar uma nova camada de provocação.
A princípio, ele pensou que era apenas o efeito da bebida nele, mas não, havia algo nos olhos dela, algo cheio de intenções. Ela sabia que ele estava assistindo, e agora parecia querer provocar uma reação. O jeito como ela inclinava a cabeça rindo, a forma como os cabelos dela caíam pelos ombros enquanto girava com as amigas, e o modo como, às vezes, ela o olhava de canto de olho... isso não era apenas casual.
Robert sentiu um calor diferente subir pelo corpo, uma mistura de desejo e urgência. Ele a queria, não só para si, mas para sempre. E, agora, vendo-a daquela maneira, sentia uma certeza crescer dentro de si. Ele não deixaria aquela oportunidade escapar de novo.
Com o copo de uísque abandonado em uma bandeja do garçom, ele saiu de onde estava e caminhou firme em direção ao DJ, pedindo por uma música em especial. “Before You Go” começou a tocar, e o ritmo suave e melancólico encheu o salão, criando um clima diferente do que a festa havia tido até então. Era a oportunidade perfeita para tentar mais uma vez.
Ele atravessou a pista de dança, focado apenas em Ana. Ela ainda estava rindo e girando ao som da música anterior, mas quando ele chegou perto, sua expressão mudou. Robert colocou a mão em sua cintura e a puxou suavemente para mais perto.
— Você me deve uma dança — disse, com um sorriso que carregava tanto uma provocação quanto uma seriedade.
Sem dar tempo para uma resposta, ele começou a se mover, guiando-a no ritmo da música.
Ana hesitou por um momento, e seu olhar rapidamente foi para o segurança, que a observava com uma expressão preocupada, pronto para intervir se necessário.
Mas, ao sentir as mãos de Robert em sua cintura e o calor do corpo dele tão próximo, ela se permitiu relaxar. Apesar de tudo, o que eles tinham vivido não era algo que poderia ser simplesmente ignorado.
Lentamente, ela se rendeu ao momento, deixando seu corpo seguir os movimentos de Robert.
Ele a segurou firme, mas com uma delicadeza que a fazia sentir segura.
E Isso, de certa forma doeu nela.
A mão dele acariciava suavemente sua cintura, e a outra estava apoiada em sua mão, criando um ritmo quase hipnótico enquanto eles dançavam.
O mundo ao redor parecia diminuir, ficando em segundo plano enquanto os dois se moviam em sincronia.
Robert aproveitou a proximidade para encostar o rosto na curva do pescoço dela, sentindo o cheiro suave que tanto o fazia lembrar de quando ele podia sentir o aroma sempre que desejasse.
Ele fechou os olhos por um breve momento, aproveitando o conforto que aquela intimidade trazia.
— Ana — ele sussurrou, a voz baixa e rouca contra a pele dela. — Eu te amo.... Acredita em mim...
As palavras saíram quase como uma confissão desesperada, mas carregadas de sinceridade.
Ele não sabia se era a música, a dança, ou o fato de que seus corpos estavam tão próximos, mas algo nele sabia que aquele era o momento de tentar convencê-la de que, desta vez, ele não iria embora.
— Me perdoa... me deixa tentar de novo. — Ele afrouxou o aperto em sua cintura levemente, apenas para poder olhá-la nos olhos enquanto falava. — Eu sei que errei, mas eu não posso continuar fingindo que você não é tudo o que eu quero.
Os olhos de Ana encontraram os dele, e havia algo diferente ali agora. Talvez fosse o efeito da música, ou o peso das palavras dele, mas o olhar dela parecia mais suave, como se algo nela também estivesse cedendo.
O tempo parecia parar enquanto eles continuavam a dançar, cada movimento carregando mais do que simples passos coreografados.
Era uma reconexão, uma tentativa desesperada de recuperar o que havia sido perdido, e por mais que Ana estivesse relutante, havia um brilho em seu olhar que dizia que ela também estava sentindo o mesmo.
A música continuava, e eles continuavam dançando, imersos naquele momento.
Aaron se aproximou de Robert e Ana com um grande sorriso no rosto, ao lado de Rebeca, que também irradiava felicidade.
Robert e Ana ainda estavam próximos, tentando recuperar o fôlego depois da dança, quando Aaron interrompeu o momento com seu entusiasmo.
Aaron e Rebeca sabiam mesmo como aproveitar uma festa de casamento.
Robert observou que o amigo estava todo suado por ter passado a maior parte do seu tempo na pista de dança com Rebeca e a outra parte brincando com Bento.
— Olha só, olha só! — disse Aaron, rindo enquanto se aproximava. — Tenho um convite especial para vocês, os futuros padrinhos da nossa filha — ele começou, fazendo uma pausa dramática — para comemorar, estamos organizando dois dias no meu barco. E antes que digam qualquer coisa, não aceito um "não" como resposta.
Rebeca, ao lado de Aaron, confirmou com um aceno e um sorriso caloroso.
O convite parecia animado, mas Ana, ainda surpresa, lançou um olhar curioso para os dois.
— Vocês não preferem aproveitar esses dias sozinhos? — Ana perguntou, um pouco hesitante. — Quer dizer, para a lua de mel...
Rebeca balançou a cabeça, ainda sorrindo.
— Nós vamos viajar em algumas semanas, não se preocupe! — disse ela, animada. — Esses dois dias são apenas para relaxar, sem grandes expectativas, com amigos próximos. Vai ser perfeito!
Ana, ainda processando o convite, sentiu a hesitação crescer dentro de si.
Ela olhou para Robert, tentando avaliar o que ele estava pensando.
Ele retribuiu o olhar com um meio sorriso, como se estivesse deixando a decisão em suas mãos.
Ela mordeu o lábio, claramente incerta sobre passar esse tempo com Robert, especialmente com tantas emoções novas e antigas surgindo à superfície.
Mas o entusiasmo de Aaron e Rebeca era contagiante. Com um leve suspiro, Ana finalmente cedeu.
— Tudo bem, então — disse ela, um pequeno sorriso escapando enquanto olhava para os dois. — Acho que não temos escolha, certo?
Aaron bateu palmas, claramente satisfeito.
— Exatamente! Vai ser incrível, vocês vão ver! — ele respondeu, puxando Rebeca mais perto enquanto ambos riam. — Embarcamos amanhã a tarde,serão dois dias incríveis.
Ana lançou um olhar desconfiado para Rebeca antes de sair em direção ao banheiro.
Sua irmã devia estar pensando que ela era boba,era óbvio o que estava tramando com o tratante do seu marido.
Ana saiu do box, ainda secando as mãos, quando se deparou com Claire, que estava parada diante do espelho.
O encontro foi repentino, e por um momento as duas ficaram apenas se encarando, o ambiente carregado de uma tensão silenciosa.
Ana não havia tido tempo de assimilar completamente a situação — o fato de que, de certa forma, Claire tinha sido o motivo por trás de sua separação de Robert.
Ela não sentia ódio, mas havia mágoa, uma dor latente que não desaparecia facilmente.
Claire respirou fundo e deu um passo hesitante em direção a Ana, seu olhar era arrependido, quase aflito.
— Ana, eu... preciso te pedir desculpas — começou Claire, a voz dela quebrando o silêncio no banheiro. — Eu sei que o que aconteceu entre você e Robert foi, em parte, por minha causa... e, sinceramente, eu me arrependo de ter me envolvido como me envolvi.
Ana olhou para Claire, sentindo uma mistura de emoções.
Não era raiva que ela sentia, mas havia um peso em seu peito, uma tristeza pelo que tinha perdido.
Ela não queria explodir em gritos ou acusações, mas também não podia ignorar o quanto aquilo a havia machucado.
— Você fez com que eu sofresse, Claire — Ana disse, sua voz firme, mas não agressiva. Ela precisava ser honesta. — O amor que eu tinha por ele era algo lindo. Nós tínhamos algo que... — Ela parou por um momento, buscando as palavras certas. — Era real. E você ajudou a destruir isso.
Claire abaixou o olhar, os ombros caídos em sinal de arrependimento.
A sinceridade nas palavras de Ana a atingiu como uma onda, trazendo uma compreensão do quanto ela havia interferido na vida dos dois.
— Eu sei, Ana. E você tem todo o direito de se sentir assim. — Claire disse, a voz baixa, mas cheia de remorso. — Eu estava errada, muito errada. Eu não devia ter me deixado levar por pressões externas, pelo medo do julgamento dos outros ou por achar que não era certo, por interferir na vida de vocês desse jeito. Robert te amava... te ama. E ele nunca deveria ter te deixado por causa disso.
Ana suspirou, o coração ainda pesado com tudo o que sentia. Embora o arrependimento de Claire fosse claro, a dor que ela havia causado ainda era real, ainda a cercava.
— Eu só queria... — Claire continuou, agora olhando diretamente nos olhos de Ana. — Que você não deixasse isso afastar vocês de novo. Eu me arrependo de verdade, Ana. Se há algo que eu aprendi com tudo isso, é que o que vocês têm é raro. Não deixe o passado destruir isso de novo.
Ana ficou em silêncio por um momento, as palavras de Claire ecoando em sua mente.
Não era fácil ouvir aquilo, mas uma parte dela sabia que Claire estava certa.
O que ela e Robert tinham era forte, e agora, depois de tudo, talvez houvesse uma chance de recomeçar, apesar da dor.
— Eu preciso de tempo para processar tudo isso, Claire — Ana finalmente disse, sua voz mais suave, mas ainda cheia de sinceridade. — Eu não sei como lidar com o que você fez ainda.
Claire assentiu, aceitando a resposta de Ana sem pressão.
— Eu entendo. Só quero que você saiba que sinto muito, de verdade. E que desejo o melhor para vocês dois.
Com isso, Claire deu um último olhar para Ana antes de sair do banheiro, deixando ela sozinha, pensando sobre a conversa e sobre o que o futuro poderia reservar para eles.
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