35. Vem Comigo
POV Ana Carla
- É sério que você escolheu o meu casamento pra dizer isso?- Rebeca guinchou parecendo transtornada.- Mãe!
- Me desculpa!- Claire pediu, mas não olhava para Rebeca, olhava para mim.- Eu não podia deixar isso passar, eles nunca vinham para casa...
- Senhora...- a cerimonialista tentou chama-la mais uma vez, recebendo um olhar furioso que a fez se calar.
- Olha só o casamento é meu e eu caso a hora que eu quiser.- Rebeca guinchou.- Volte lá e diga que... O MEU VESTIDO RASGOU, eu não posso casar pelada... ande, nos de mais meia hora.
Eu ouvi a mulher sair, mas não processei, tudo o que eu via em minha frente era o olhar torturado de Robert me encarando de volta.
Eu lembrava de que ele nem conseguiu me encarar enquanto dizia as palavras que,agora eu sabia, Claire o obrigou a dizer.
- Por que não me contou?- perguntei para ele um nó empalando minha garganta.
- Eu obriguei ele a não te falar nada.- Claire me disse.
Eu ofeguei, agoniada.
Meu Deus, dez anos de uma mentira e era muito pior do que eu imaginava.
Olhei para Rebeca.
Minha irmã, minha amiga.
Perfeita em seu vestido de noiva dos sonhos.
- Vamos casar você.- eu disse.
- O que? Não, irmã, vocês têm que se resolver...
- Rebeca.- eu a encarei.- Não existe nada para resolver...
- Nós precisamos conversar,Ana...- Robert disse.
- Não temos nada para conversar.- falei encarando seus olhos.- Você fez sua escolha quando escondeu isso tudo de mim.
Não deixei que argumentasse, encerrei o assunto, eu não queria falar.
A sensação de perda e impotência ainda estava aqui, pulsando em mim.
Mais do que a tristeza de perder alguém que eu amava, era a frustração de não ter tido a chance lutar, de ter sido silenciada.
Eu me senti traída por ele, mais agora do que da primeira vez, pela nossa história, porque nos tínhamos combinado de ficar juntos, de enfrentar o que viesse pelo caminho, mas também senti uma culpa esmagadora por ter causado tudo isso.
Era culpa minha, sempre culpa minha.
- Ana... - Claire parou a minha frente, eu sequer conseguia olhar para ela. Não sei se pela vergonha de saber que durante esses dez anos ela sempre soube que eu tinha me apaixonado pelo meu irmão ou se pela raiva que eu sentia por toda situação.- Olhe para mim, querida... Me perdoa. Se eu soubesse que vocês dois sofreriam assim, eu teria...
- Está tudo bem, Claire.- Eu disse abanando meu rosto para as lágrimas não estragar minha maquiagem.- Na verdade essa sua revelação é irrelevante, o tempo que perdemos não vai voltar.
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POV ROBERT PATTINSON
Ali estava uma versão de Ana que eu jamais pensei conhecer.
Fria.
Suas palavras só não me impactaram mais porque eu conhecia bem a profundidade dos seus olhos e ali, na imensidão do seu castanho eu vi o quanto ela estava conturbada com tudo aquilo.
Minha mãe foi injusta ao revelar o que fez minutos antes de Rebeca subir ao altar.
Foi injusta comigo.
Injusta com Ana.
Injusta com Rebeca.
Mas,como seu filho mais velho, eu conseguia ver o tamanho da sua dor.
Ana até tinha razão.
O tempo que perdemos não ia voltar.
Mas o que teríamos a partir dali? O que ela faria com a informação de que fui forçado a me afastar?
Ela se posicionou ao meu lado, ofereci meu braço a ela e quando ela encaixou em mim meu coração bateu desesperado em meu peito.
Igual quando tiramos as fotos.
Olhei para o seu rosto quando a música escolhida para a entrada dos padrinhos começou a tocar.
Uma lágrima solidária escorria por sua bochecha. O bolo em minha garganta se desmanchou, fluindo até meus olhos.
A cerimonialista entregou um envelope pequeno para Ana com um sorriso.
- Abram quando eu dizer para abrir.- orientou passando para o casal detrás.
Vi Ana franzir o cenho.
Arrisquei estendendo minha mão e pegando a lágrima solitária em seu rosto.
Ela me olhou um pouco arregalada.
- Podem abrir.- disse a mulher.
Com as mãos tremendo, Ana abriu o envelope e tirou o bilhete de dentro, me estiquei para ler com ela.
"Titios estou chegando"
Ana abriu um sorriso surpreso, os murmúrios atrás de nos foram de felicidade e surpresa.
Rebeca estava grávida.
Será que dessa vez me daria a honra de ser o padrinho.
Fui arrancado de minhas divagações com Ana virando o bilhete para mim, me mostrando o que tinha escrito atrás.
" Oi,Dindo e Dinda, estão preparados para receber sua princesa?"
Ok, eu não esperava por isso.
Um soluço alto escapou por meus lábios e meus olhos transbordaram.
Eu ia ser padrinho de uma princesa!
Caralho.
Isso era incrível.
Ainda mais porque fui pego de surpresa com Ana repetindo meu gesto e passando a mão em meu rosto, pegando algumas de minhas lágrimas.
Ela também estava emocionada e acho até que vi um sorriso em seus lábios quando encarei seus olhos.
As portas da igreja foram abertas e a cerimônia teve início.
Eu, que sempre odiei ser o centro das atenções, desta vez sorri abertamente.
Mas ninguém prestava atenção em mim,estavam todos ansiosos por ela: a noiva.
Principalmente meu amigo que a esperava no altar.
Ele tinha um envelope nas mãos igual ao que recebemos e chorava como um bebê.
Ao que parecia Aaron também tinha sido pego de surpresa.
Minha irmã entrou pelo corredor central, de braços dados com Bento e por um segundo eu tive inveja de Aaron.
Queria ser eu a esperar por Ana no altar, chorando emocionado a sua espera.
Rebeca entregou seu buquê para Ana e quando me dei conta o padre já os declarava marido e mulher.
A festa aconteceria no imenso salão ao lado da igreja e os recém casados foram recebidos com aplausos e uma explosão de fogos de artifício no lado de fora.
E ver a luzes explodindo através dos olhos castanhos de Ana foi o espetáculo mais lindo que já vi.
Sentado a mesa de honra, eu vi minha irmã valsar com o seu sorriso mais lindo no rosto, embalada por Aaron que não estava diferente no quesito felicidade.
Alguns padrinhos e madrinhas se juntaram aos noivos na primeira valsa e quando eu pensei em estender minha mão para Ana, outro homem, o mesmo segurança grandão que tinha me revistado na outra noite, tomou minha frente.
Ela abriu um sorriso cúmplice e segurou sua mão.
Respirei fundo, tentando disfarçar o desgosto de ver Ana tão a vontade nos braços de outro.
O homem a girava pela pista, o vestido acompanhava seus passos fluindo ao seu redor e isso fez eu me perguntar se ela sempre soube dançar bem assim ou se aprendeu nesses dez anos longe.
Decidi que a sessão de masoquismo tinha acabado quando ela tocou a nuca do cara e acariciou seu cabelo ali.
Virei meu drink e sai do salão, logo Bobby e Tom estavam comigo.
- Quer um cigarro?- Tom me perguntou estendendo o tabaco.
Fiz uma careta.
- Eu não fumo.- respondi atravessado.- E você devia parar com essa merda.
Bobby me empurrou o copo com wiskey que tinha na mão.
- Conversaram?- perguntou quando dei um gole.
- Minha mãe contou para ela toda a verdade.
- Que merda.- Tom murmurou com o cigarro na boca e um olho fechado.
- Filho?- nos três olhamos para minha mãe atrás de nos. Seus olhos estavam vermelhos e um pouco inchados.- Ana vai fazer o discurso de madrinha, imaginei que você quisesse ouvir.
Voltamos para dentro no momento em que Ana se colocava no meio do salão com um microfone nas mão e uma taça de champanhe na outra.
Seus olhos vieram para mim enquanto eu voltava ao meu lugar e eu me senti nervoso.
- Eu nunca pensei que, aos 18 anos, ganharia mais do que uma nova família, ganharia uma amiga, uma irmã de alma. - ela comecou e Rebeca já solucou ali.- Desde o momento em que você me acolheu de coração aberto, eu soube que havia encontrado alguém para dividir a vida. O que começou com conversas tímidas logo se transformou em uma amizade profunda, em cumplicidade, e você esteve ao meu lado em momentos que me marcaram.- Ana fez uma pausa, puxando o ar, olhando para o teto, logo depois continuou, tomada pela emoção.- Irmã, Hoje, olhando para você, vejo o quanto essa pessoa ao seu lado te faz feliz. E se tem algo que eu sempre quis para você, é isso: ver o brilho nos seus olhos, o sorriso que vem de dentro. Vocês dois encontraram um ao outro, e é lindo ver como são parceiros, cúmplices, como se completam. Quero que saiba que eu sempre estarei aqui para você, sempre estarei aqui para os meus afilhados... para a nossa família... Eu quero propor um brinde para o casal mais lindo de Londres- todos erguemos nossas taças, acompanhando Ana, olhando ao redor se via muitas mulheres secando o rosto abalado com lenços e guardanapos.- Que vocês vivam uma vida cheia de amor, risadas e momentos como esse, em que tudo parece perfeito e certo. Eu te amo, minha irmã, e estarei aqui, sempre torcendo por vocês, como fiz desde o primeiro dia. Aos noivos!
- Aos noivos!
- Foi um belo discurso.- eu disse para Ana quando ela se sentou no seu lugar ao meu lado quando o jantar foi servido.
- Obrigado.- ela disse pegando um brócolis em seu prato.- Você vai ficar me olhando ao invés de comer?
Eu ri, um pouco nervoso.
- Desculpa... Ana, eu...
- Não, Robert.- ela me olhou, limpando sua boca com o guardanapo.- Não faça isso.
- Nós precisamos conversar.- fui incisivo.
- Não precisamos não.- rebateu.- Eu não tenho nada para falar com você.
- Mas eu tenho.- falei um pouco alto, Ana olhou ao redor, mas não tínhamos chamado atenção de ninguém. Soltei um suspiro.- Por favor, apenas uma conversa.
Ana largou os talheres na mesa e pela minha visão periférica vi o armário que ela tinha com segurança ficar em alerta.
- O que você vai me dizer?- perguntou parecendo não se importar mais se estava chamando atenção. - Que você foi obrigado a terminar comigo? Eu já entendi essa parte e se você quer saber...
- Crianças...- minha mãe chamou nossa atenção, sentada ao lado de Ana.- Por que não conversam em um dos quartos... Acho que sua irmão não gostaria de uma discussão dos dois no meio do salão.
Ana e eu num quarto.
Enquanto todos estavam na festa de casamento.
- Ok.- Ana soltou o guardanapo e ficou de pé, eu a olhei sentado onde estava, sem acreditar.- Vem comigo.
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AneDagloria
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