
47. A Descoberta
POV ANA CARLA
Robert estava me ligando quando sai do estúdio naquela tarde, ele estava em Londres gravando as últimas cenas de The Batman II e no dia anterior eu não tinha atendido suas ligações.
- Oi. - atendi sua chamada de vídeo.
Ele estava bravo. Dava pra ver pela sua testa franzida e sua expressão seria.
- Oi? Você fica dias sem me atender e é isso que me diz?
Sentei na recepção da gravadora, em uma das muitas poltronas ali espalhadas, ignorei o olhar curioso de Dilan e coloquei meus fones.
- Eu não fiquei dias sem atender você, amor.- falei me encostando.- Foi só ontem.
Ele pareceu analisar o meu rosto.
- Você não está bem.- Não foi uma pergunta.
- Não.- admiti com um suspiro.
- Os enjoos voltaram? Ana, isso já está passando dos limites,você precisar ir ao médico.
- Eu vou na farmácia comprar um antiacido...
- Não. Você não vai em farmácia nenhuma. Vou ligar para Nicole marcar uma consulta...
- Rob...
- Chega,Ana!
Olhei para ele, assustada com seu grito exasperado. Robert também me olhava arregalado.
Desliguei o celular sem pensar duas vezes, lutando contra as lágrimas que insistiam para cair de meus olhos.
Bufei, irritada, ao entrar no carro.
- Para onde,Sra?- Heitor perguntou com todo seu mau humor.
- Para onde você acha?- retruquei. Péssimo dia para ele ser estúpido comigo.
Eu estava enjoada, com sono,com dor de cabeça e muito irritada com Robert.
Sim,eu sabia que ele estava preocupado comigo, mas não precisava ser grosso daquele jeito!
Heitor me olhou pelo retrovisor.
- O que foi?- quase gritei, minha visão embasada.
- Por que está chorando?- perguntou.
- O que te importa?
Ele estreitou os olhos, respirando fundo.
- Por que está chorando,Ana Carla?
- Me leva pra casa, Heitor.- solucei limpando meu rosto.
Ele permaneceu com o carro parado no lugar até que eu estivesse calma.
- Para onde, Sra?- perguntou novamente.
Eu o encarei. Toda aquela situação me irritando.
- Quem é você?- perguntei.
Heitor virou no banco, ficando de frente pra mim.
Eu não conseguia decifrar o que tinha em seus olhos.
- Eu não sou ninguém.
- Então qual o seu problema comigo? Por que me trata desse jeito?
Ele ficou tanto tempo em silêncio me olhando que eu pensei que não fosse me responder, mas quando falou eu preferi que tivesse ficado calado.
Heitor apertou a ponta do nariz e fechou os olhos.
- O senhor Pattinson não foi o único a se apaixonar por você naquela boate.- cuspiu entre os dentes trincados.
Meu estômago já sensibilizado deu duas voltas. Não podia ser.
- Você foi...
- Fui.- ele me interrompeu.- Mas,obviamente, ele foi o único a chamar sua atenção de verdade,mesmo eu estando tão igualmente disposto a tirar você de lá.
Eu estava paralisada.
Busquei em minha mente alguma lembrança do seu rosto, mas não encontrei. Eu não me lembrava dele.
- Se você puder não falar nada para o Sr. Pattinson eu agradeço.- pediu voltando ao seu lugar.- Preciso do emprego até o meio do ano, quando eu termino minha faculdade e vou sair de Los Angeles.
- Você tem raiva de mim?-perguntei baixo.
- Não.- ele deu a partida.- Só é muito difícil te ver e não poder te tocar.
Fiquei muda.
Em completo silêncio até chegar em casa e sumir pela escada até o quarto.
Algo em mim não estava bem, além do meu estômago. Acabei dormindo depois que cheguei, meu celular permaneceu desligado.
Assim que abri os olhos a náusea me atingiu como sempre. Tive que correr pro banheiro.
- Eu não aguento mais.- murmurei sozinha.
- Por isso eu acho bom você ir na consulta que seu noivo marcou.
Não precisei olhar para saber quem era.
- Eu não preciso de médico, Nick.- ne sentei sobre o vaso.
- Se você não for serei demitida.
- Não diga bobagem...
- Nem sempre seu noivo é um amor de pessoa.
Fiz uma careta, lembrando do episódio dele pelo telefone.
- Eu sei.
- Então, vamos?
.
.
.
- Boa tarde, vocês têm horário marcado?- perguntou a recepcionista da clínica.
- As 17h45 com Dr. Matheus.- Nicole fez a frente com meus documentos em mãos.
Depois de digitar algumas informações no seu computador a jovem loura nos sorriu de novo.
- Primeira porta a esquerda.- disse me entregando os documentos.
Andei desinteressada até a porta indicada com Nicole atrás de mim.
Era estranho não ver ela com o rosto voltado para o seu tablet. Ela quase nunca estava como estava agora. Com uma roupa informal e com seus olhos azuis bem abertos.
Dr. Matheus era um médico clínico geral jovem. Aparentava ter a mesma idade que Robert.
Ele também sorriu quando sentamos a sua frente.
- Em que posso ajudar, Sra. Hold?- perguntou quando me identifiquei.
- Eu estou me sentindo enjoada...
- Há quase um mês. - Nicole me interrompeu cruzando seus braços. Rolei os olhos.
Dr. Matheus sorriu.
- Preciso que me diga com exatidão todos os sintomas e o tempo que eles têm durado, assim vai facilitar um diagnóstico mais preciso.
- Ok. Estou enjoada a quase um mês.- olhei sugestivamente para Nicole,ela deu de ombros.
O médico começou anotar o que eu falava no prontuário.
- Você também vomita?- perguntou me olhando sobre o óculos que usava.
- Muito.
- Algum horário específico?
- Sempre quando acordo.- observei.
- Mais alguma coisa? Tem sentindo sono demais? Tem chorado demais?
Estreitou meus olhos, meu coração batendo forte no peito.
- Sim...- Não podia ser... olhei para Nicole,ela me sorriu nervosa.
- Quando foi a última vez que você menstruou?
- Eu não menstruo.- respondi naturalmente.- Tomo pílula sem pausa.
Ele pareceu intrigado com aquela informação.
- Por que?
Um peso se instalou em meu estômago.
- Não gosto de menstruar.- era uma meia verdade.
Dr. Matheus não se apegou naquele detalhe.
- Ok... Vamos fazer um hemograma completo para começar.
Argh. Agulhas.
Eu odiava agulhas.
- Robert quer falar com você?- disse Nicole me indicando seu celular quando Estávamos na sala de espera aguardando o resultado do exame.
Fechei a cara.
- Eu não quero falar com ele.
- Ana...
- Não. Quero. Falar. Com. Ele.- falei alto para que ela não precisasse repetir. Quando Nicole continuou me olhando, peguei o celular de sua mão e eu mesma finalizei a ligação.
- Ele vai me matar.- Nicole resmungou esfregando os olhos.
- Eu não vou deixar.
- Sra. Hold?- a recepcionista me chamou.
- Eu.- levantei prontamente.
- O Dr. Matheus lhe aguarda.
Sentei na frente do médico com um baque surdo.
- E então? Eu tenho algo grave?
O médico sorriu abertamente.
- Você está grávida, Ana.
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