8. Delegada Interina
POV NARRADOR
Robert entrou em casa como quem carregava um peso invisível. A porta se fechou atrás dele com um baque abafado, e a mansão mergulhou em um silêncio opressivo. O que havia acontecido naquela noite na boate não saía de sua cabeça. Ele estava louco, só podia estar. Jamais tinha se visto naquela situação, jamais implorara por um beijo, nunca. Eram sempre as mulheres que corriam atrás dele, sempre elas que o perseguiam, e agora, lá estava ele, se sentindo como um cachorrinho correndo atrás daquela morena que parecia ter enfeitiçado sua mente.
Caminhou pelo quarto, tirando a camisa com um puxão, as lembranças do corpo de Ana pressionado contra o seu voltando com uma clareza absurda. As mãos dela o empurrando, os lábios quentes... Aquele beijo. Um sorriso involuntário se formou em seus lábios, e ele balançou a cabeça, incrédulo. Como ela tinha conseguido virá-lo do avesso daquela maneira?
Ficando apenas de cueca, ele se jogou na cama, as costas afundando no colchão macio. Olhou para o teto, as mãos descansando atrás da cabeça, mas sua mente estava longe, vagando de volta à pista de dança da boate, àquele momento quando sentiu o corpo dela movendo-se junto ao seu, a maneira como os lábios dela encontraram os dele, quentes e convidativos.
Ele não deveria estar se permitindo sentir isso. Não era o que havia planejado para aquela noite. Robert tinha ido à boate por motivos de negócios. O objetivo era simples: encontrar o traficante que devia dinheiro referente ao último carregamento de armas. Negócios do submundo, algo com o qual ele estava muito acostumado. Mas, ao vê-la na fila, tudo mudou. Ela era como um presente inesperado.
Bobby, Marcus e Tom, que estavam com ele, haviam notado sua mudança de comportamento imediatamente. Os três eram seus parceiros fiéis, tanto nos negócios legais quanto nos ilegais, e já o conheciam o suficiente para notar como ele agia perto de Ana. Eles acharam graça, claro. Ver Robert Pattinson, o impiedoso, o implacável, se comportando como um adolescente ao redor de uma mulher? Aquilo era inédito.
Deitado na cama, Robert suspirou, lembrando das curvas do corpo de Ana contra suas mãos. O calor da pele dela, a suavidade dos cachos quando ele os tocou. A ideia de vê-la nua, de tê-la completamente para si, mexia com ele de uma maneira que não podia ignorar. Sua mente vagava por cenários onde ela se entregava, onde ele a desnudava lentamente, descobrindo cada detalhe daquela mulher que agora parecia dominar seus pensamentos.
Ele estava obcecado, disso não havia dúvida. Ana Hold havia se tornado um enigma que ele estava determinado a decifrar, e quanto mais ela o resistia, mais ele queria. Já tinha conquistado tantas outras, com muito menos esforço. Mas Ana... Ana era diferente. Ela o desafiava, o provocava, e isso o deixava inquieto de uma forma que ele não sentia há anos.
Fechou os olhos, um sorriso satisfeito se formando em seus lábios. Se ela pensava que podia fugir dele, estava muito enganada. Ele iria conquistá-la, não havia dúvidas disso.
— Você ainda vai ser minha, Ana Hold — murmurou para si mesmo, antes de deixar o sono tomar conta, suas últimas imagens sendo as do corpo dela, do gosto de seus lábios e da promessa ridícula que fez de que depois do beijo ele não ia mais importuna-la.
Promessa essa que ele nao ia cumprir.
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POV Ana Carla
A campainha tocou, me arrancando dos meus pensamentos enquanto fechava a mala. A escuta ainda estava ativa, e eu ouvia Lara rindo do outro lado.
— Sério, Ana — a voz dela veio com um tom provocativo. — Você vai mesmo passar dias na casa desse cara? Sozinha? Com ele?
Revirei os olhos e joguei mais uma peça de roupa na mala, fechando o zíper com um puxão rápido.
— Não é como se eu tivesse escolha, Lara. Além disso, é perfeito para o plano. Quanto mais perto eu estiver, mais chances de descobrir algo. — Suspirei, tentando não deixar transparecer minha apreensão. — E, convenhamos, eu sei muito bem resistir a... tentações.
Ouvi Lara rir do outro lado da linha, aquela risada despreocupada que sempre me fazia sorrir, mesmo nos piores momentos.
— Ah, não duvido da sua resistência. Só tenta não bater nele se ele pedir outro beijo dessa vez, tá?
— Sem promessas — respondi, rindo e jogando o cabelo para trás. — Agora, me ajuda aqui. Levo o macacão branco ou o vestido preto?
— Leva os dois, claro! Você nunca sabe quando vai precisar impressionar, e o preto te dá uma vibe de femme fatale. Confia em mim.
Estava prestes a responder quando a campainha tocou. Olhei para a porta com as sobrancelhas arqueadas. Ninguém sabia que eu estava aqui, a não ser Lara e a equipe. Desliguei rapidamente a escuta e fui até a porta, espiando pelo olho mágico. Meu coração deu um salto quando vi quem estava lá.
— Lilian? — sussurrei, mais para mim mesma, abrindo a porta só o suficiente para ela passar.
Lilian entrou como se fosse dona do lugar, sua expressão séria e fria. Ela parecia uma estátua, com o cabelo preso em um coque apertado, a jaqueta preta perfeitamente alinhada. Era a delegada interina, colocada no meu lugar enquanto eu estava “de licença”, e definitivamente não estava aqui para uma visita casual.
— O que você está fazendo aqui? — perguntei, tentando soar casual, mas algo no olhar dela me deixou ainda mais inquieta.
Lilian tirou uma foto amassada do bolso do casaco e jogou em cima da mesa. Dei um passo à frente, pegando a imagem. Era uma foto minha... e de Robert.
Na boate.
Ele segurando minha cintura, nossos corpos próximos.
Merda.
Engoli em seco, a mente correndo em várias direções, tentando entender como aquilo tinha chegado até ela.
— Quer me explicar o que está acontecendo, Ana? — A voz dela cortou o silêncio como uma faca, e quando olhei para cima, seus braços estavam cruzados, e seus olhos fixos em mim.
Suspirei, sabendo que não havia como sair dessa com uma mentira.
Eu estava encurralada.
— Tá bom... Eu vou te contar, mas você precisa prometer que vai manter a boca fechada até o fim disso tudo. — Me joguei no sofá, sentindo o peso da situação cair sobre mim.
Lilian continuou em pé, observando, esperando.
— Estou em uma missão não oficial. Robert Pattinson... ele matou a Alice. — Minha voz vacilou ao mencionar o nome dela. — Estou me infiltrando para conseguir provas e fazer esse desgraçado pagar. E, sinceramente, não dou a mínima para quem vai levar o crédito, desde que ele seja preso.
Lilian ficou em silêncio, o olhar dela era difícil de ler.
Ela absorvia cada palavra como quem decide o próximo movimento em um jogo de xadrez.
— Isso é loucura, Ana. Desde quando você faz missões não autorizadas? Você está se arriscando demais — ela disse, balançando a cabeça.
— Desde quando eu preciso de permissão pra fazer justiça por uma amiga? — respondi firme, cruzando os braços.
Ela passou a mão pela testa, suspirando profundamente.
— Isso vai explodir na sua cara, você sabe disso, né? — O tom dela suavizou um pouco, como se estivesse genuinamente preocupada.
— Talvez — admiti, dando de ombros. — Mas eu sei o que estou fazendo. Ele confia em mim o suficiente para me deixar na casa dele. Se eu puder ficar lá por alguns dias, consigo o que preciso. E aí ele cai.
Ela continuou pensativa, me encarando com aquele olhar calculista.
Eu podia ver que ela estava ponderando, pesando todas as consequências do que eu tinha acabado de contar.
Finalmente, ela quebrou o silêncio.
— Eu vou te dar cobertura, Ana. — Suas palavras me pegaram de surpresa. — Mas com uma condição: quando tudo isso acabar e ele estiver na cadeia, eu fico com o mérito. Esse caso precisa ser resolvido oficialmente, e eu preciso dessa vitória.
Fiquei quieta por um segundo, digerindo o que ela tinha acabado de propor. Lilian estava me oferecendo proteção, algo que, até aquele momento, eu não sabia que precisava. E, no final das contas, o crédito não me importava. Eu só queria vingança por Alice.
— Fechado — disse, estendendo a mão. — Você fica com o mérito. Eu só quero justiça por Alice.
Ela apertou minha mão com força, um acordo selado. Seus olhos estavam mais suaves agora, mas ainda determinados.
— Boa sorte, Ana. Você vai precisar.
Com isso, ela saiu, me deixando sozinha no apartamento, com minha mala e uma missão que agora parecia ainda mais complexa.
As meninas chegaram pouco depois que Lilian saiu. Eu ainda estava processando o encontro quando a porta se abriu e Lara entrou primeiro, seguida por Rebeca, Elisa e Bia. Todas pareciam animadas, mas isso mudou rapidamente ao verem minha expressão tensa.
— O que aconteceu? — Lara perguntou, olhando para mim com preocupação. — Você tá com uma cara péssima.
— Não foi nada demais — tentei minimizar, mas era óbvio que isso não ia passar batido.
Rebeca cruzou os braços, sua expressão mais séria do que o normal. Ela não era de perder tempo com enrolação.
— O que você fez agora, Ana?
Suspirei e me sentei no sofá, tentando organizar meus pensamentos. As três se aproximaram, formando um semicírculo ao meu redor, com olhares atentos. Bia, sempre a mais nervosa, já parecia à beira de um ataque.
— Tá tudo bem. Juro. Só recebi uma visita inesperada — comecei, hesitante.
— Visita? Quem diabos apareceu aqui? — Elisa perguntou, se inclinando para frente.
— Lilian — disse, e o nome fez o ambiente congelar por um segundo. Eu vi os olhos de Rebeca se arregalarem, e Bia soltou um suspiro audível.
— A delegada? — Bia perguntou, com a voz vacilante. — O que ela queria? Ela sabe de alguma coisa sobre a gente?
— Relaxa, Bia — disse, levantando a mão para acalmá-la. — Ela não tá atrás de vocês.
— Como assim, não tá? — Rebeca interrompeu. — Nós somos hackers foragidas, Ana. Se alguém do departamento sabe que estamos envolvidas nisso, estamos ferradas. Você sabe disso!
Eu levantei e comecei a andar de um lado para o outro, tentando achar as palavras certas para explicar.
— Olha, eu contei pra Lilian o que tá rolando. Sobre o Robert, sobre a missão. Não tinha outra escolha. Ela me encurralou com uma foto nossa na boate. — Levantei as mãos em um gesto defensivo quando vi os olhares de choque delas. — Mas, calma! Agora as coisas vão ficar mais fáceis.
— Mais fáceis? — Elisa repetiu, a descrença clara no tom dela. — Ana, você acabou de contar pra uma delegada interina que está fazendo uma missão não oficial com três hackers procuradas! Como isso pode ficar mais fácil?
Eu me sentei de novo, respirando fundo.
— Porque Lilian quer o crédito pela prisão do Robert — expliquei, vendo as expressões delas começarem a suavizar. — Ela precisa de uma grande vitória no currículo, e pegar ele é a oportunidade perfeita. Então, ela vai nos dar cobertura. E pra ter certeza de que o caso será dela, ela vai liberar recursos pra gente continuar com o plano.
Rebeca e Elisa trocaram olhares, e Bia parecia um pouco menos tensa agora.
— Então ela vai nos ajudar? — Bia perguntou, ainda meio incerta.
— Sim. Ela não tem escolha se quiser o mérito no final. Agora, podemos usar mais recursos da polícia e, ao mesmo tempo, manter nosso disfarce intacto. — Cruzei os braços, sentindo que estava finalmente explicando tudo de forma clara.
Lara riu, se jogando no sofá ao meu lado.
— Isso soa como um milagre. Eu tava achando que essa missão ia acabar explodindo na nossa cara. Agora parece que temos um anjo da guarda.
— Anjo da guarda com uma boa dose de ambição — Rebeca corrigiu, mas um sorriso surgiu em seus lábios. — Se ela vai liberar recursos, temos que começar a pensar em como usar isso a nosso favor.
— Exatamente — concordei. — A missão continua. Mas agora temos mais poder pra chegar onde precisamos. Lilian vai estar nos bastidores, mas eu vou garantir que tudo corra do jeito que planejamos.
Elisa se recostou no sofá, cruzando os braços.
— Ainda parece arriscado pra mim, mas... confio no seu julgamento, Ana. Só não vamos deixar nossa guarda baixa.
Bia soltou um suspiro aliviado, como se finalmente começasse a acreditar que aquilo não ia ser o fim delas.
— Então, o próximo passo é ir pra mansão do Robert? — Lara perguntou, já empolgada de novo.
Eu assenti, sentindo um frio na barriga ao pensar nos dias que passaria lá.
— Isso mesmo. E é lá que as coisas vão começar a ficar realmente interessantes.
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Quem tá amando essa história grita EUUUUUU!
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