25. Raiva, Amor e Incerteza
POV Narrador
Robert ainda sentia o cheiro da terra fresca.
O enterro de Bobby tinha sido silencioso, carregado de uma tristeza opressiva que todos compartilhavam, mas poucos ousavam expressar.
O som abafado do caixão descendo à cova reverberava em sua mente, e mesmo depois que as últimas pás de terra foram jogadas, ele continuava a ouvir o eco.
Ele havia perdido um irmão, alguém que conhecia suas fraquezas e suas forças, e agora a dor da perda se misturava com a raiva que queimava silenciosamente em seu peito.
De volta à mansão, o ambiente era pesado.
Marcus e Tom estavam ao lado dele, seus rostos igualmente marcados pela tensão do que tinha acontecido.
Eles se sentaram no escritório, o silêncio pairando no ar até que Marcus falou.
— Isso não pode ficar assim, Robert. — Ele disse com firmeza. — Lara tem que pagar. Bobby não pode ter morrido em vão.
Robert passou as mãos pelos cabelos, tentando controlar a frustração que crescia dentro dele.
Ele sabia que Lara havia cruzado uma linha, que o impulso dela tinha custado a vida de um dos seus.
Mas havia algo maior em jogo, algo que ele não podia simplesmente ignorar.
— Eu sei. — Ele respondeu, a voz mais baixa do que pretendia. — Mas a minha vida agora... se resume a Ana.
Tom olhou para ele, confuso e um pouco irritado.
— Depois de tudo isso, você ainda fala da Ana?
Robert não desviou o olhar, sua expressão endurecendo.
— Sim, Tom. Porque tudo o que eu consigo pensar é nela. E, se o plano delas der certo, Lara não vai sair viva.
A tensão era palpável no ar.
Marcus e Tom trocavam olhares de preocupação, mas Robert continuou, tentando explicar o que nem ele conseguia entender completamente.
— Vocês nunca amaram alguém tão profundamente que nada mais fazia sentido? — Ele perguntou, sua voz mais grave. — Porque é isso que eu sinto. Quando Ana não está por perto, eu não consigo respirar direito. É como se o mundo inteiro perdesse a cor.
Marcus suspirou, passando a mão pelo rosto enquanto absorvia o que Robert dizia.
— Eu entendo o que você sente, mas não dá pra negar o que aconteceu. Bobby se foi, e tudo isso porque a situação saiu de controle. Nós precisamos fazer alguma coisa.
Robert assentiu, sabendo que Marcus tinha razão, mas também ciente de que suas prioridades tinham mudado drasticamente.
— Vamos agir. — Ele disse, tentando manter a voz firme. — A gente vai visitar a casa do governador. Eu e Ana vamos nos passar como um casal que viajou, como se tudo estivesse normal. Isso vai nos dar tempo. Enquanto estivermos lá, Ana vai explorar a casa e instalar os grampos de Elisa.
Tom se aproximou, inclinando a cabeça.
— E você acha que isso vai ser suficiente?
— Tem que ser. — Robert respondeu. — Precisamos de provas que liguem o governador a Ramirez e à morte da tal Alice. Se conseguirmos isso, poderemos expor tudo.
Marcus, ainda com um olhar sério, assentiu devagar.
— É um bom plano. — Ele disse. — Desde que Ana consiga se infiltrar sem levantar suspeitas.
No exato momento, Ana apareceu na porta do escritório, seus olhos procurando por Robert.
A expressão no rosto dela mostrava que ela também sentia o peso de tudo o que tinha acontecido.
— Podemos conversar? — Ela perguntou, sua voz firme, mas carregada de uma emoção que ela tentava esconder.
Robert assentiu e se levantou, seguindo Ana para fora da sala.
Mesmo com o caos ao seu redor, a presença dela ainda o atingia de forma avassaladora, misturando sentimentos de amor e raiva em uma combinação que ele mal conseguia controlar.
Enquanto se afastavam, Robert sentiu que estava em uma encruzilhada.
As coisas com Ana eram complicadas, mas ele sabia, com uma clareza brutal, que sem ela ao seu lado, nada mais fazia sentido.
Robert fechou a porta atrás de si e se encostou nela, os braços cruzados, o olhar fixo em Ana.
Mesmo em meio ao caos e à dor que latejava no fundo da sua mente, a presença dela sempre o desarmava, sempre o trazia de volta a uma realidade que ele não sabia se amava ou odiava.
— Sou todo ouvidos. — Ele disse, mantendo o tom firme, mas a tensão em sua voz traía o turbilhão interno que sentia.
Ana parecia hesitante, o que era raro.
Ela era sempre tão controlada, tão segura.
Mas agora, tropeçava nas palavras, buscando uma maneira de explicar o inexplicável.
Ele via o quanto aquilo a incomodava, como ela também estava lutando contra as consequências da morte de Bobby.
— Não era para Bobby ter morrido... — Ela começou, as palavras soando quase sufocadas. — Lara desobedeceu uma regra direta. Ela será punida, eu garanto.
Robert a encarou em silêncio por um momento.
Havia raiva pulsando nele, uma dor crua que não iria embora tão cedo.
Bobby tinha sido mais que um soldado.
Ele era família.
Mas, ao mesmo tempo, tudo o que ele sentia por Ana estava entrelaçado nesse conflito.
Ele queria punição, queria justiça, mas também sabia que sua prioridade era ela.
Sempre seria.
— Ah, ela vai ser punida, sim. — Ele respondeu, sua voz carregada de uma tensão velada.
A raiva por Bobby ainda estava ali, misturada com a frustração de estar tão preso a Ana.
Ela percebeu o tom dele, a mistura de raiva e desejo que ecoava nas palavras de Robert.
Ela se aproximou, seus passos hesitantes, mas decididos.
Ela sempre sabia o que fazer, exceto quando estava perto dele.
E ele adorava isso.
Ana o encarou com os olhos cheios de uma urgência que ele não conseguia definir.
— Não se meta nisso. — Ela pediu, sua voz suave, mas firme. Seus olhos procurando os dele, como se quisesse convencê-lo a recuar.
Robert riu de forma baixa, uma risada sem humor, amarga.
Como ela poderia pedir isso?
Como ela poderia achar que seria tão simples?
— Você acha que é fácil assim? Matar um membro da máfia e sair ilesa? — Ele perguntou, inclinando-se para frente, seu tom mais áspero agora.
— Robert, se você não andar na linha, isso vai acabar mal. — Ela disse, tentando manter o controle, mas ele viu a preocupação nos olhos dela. Ela sabia o quão frágil era a situação entre eles.— Pode acabar voltando para a prisão...
Ele deu um passo à frente, seu corpo quase colado ao dela, as mãos descendo para a cintura de Ana, puxando-a para perto.
— Só você me importa, Ana. — Ele sussurrou, sua voz agora carregada de uma emoção densa, seu rosto a centímetros do dela. — Eu sei o que estou fazendo.
O silêncio entre eles era sufocante.
O olhar dela caiu dos olhos dele para os lábios, e ele soube que ela sentia a mesma coisa.
Era como se ambos estivessem presos em uma correnteza incontrolável, incapazes de lutar contra o que acontecia entre eles.
Antes que qualquer um dos dois pudesse dizer outra palavra, ele a puxou para mais perto, suas bocas se encontrando com uma intensidade desesperada.
O beijo era carregado de tudo o que eles não podiam dizer em palavras.
A raiva, o desejo, o medo, e a conexão inegável que parecia devorar os dois.
As mãos de Ana subiram pelos braços dele, até o pescoço, enquanto Robert a apertava contra seu corpo, sentindo o calor dela, o sabor de seus lábios, e tudo aquilo que ele tentava, mas não conseguia controlar.
Ele não sabia quanto tempo passou antes de finalmente se afastar, seus lábios ainda próximos dos dela, respirando pesadamente.
— Fica comigo, Ana. — Ele sussurrou, a voz rouca, quase implorando.
Sabia que o mundo ao redor deles estava desmoronando, mas naquele momento, nada mais importava.
POV Ana Carla
Tudo tinha evaporado da minha mente no segundo em que Robert me jogou sobre a Cama.
Todo problema com minha culpa corrosiva por ter prendido o homem errado e depois por Lara ter tirado a vida de Bobby de forma exagerada foi com Deus quando os lábios macios do mafioso predador caiu sobre meus seios, sugando meus mamilos com força.
Suas Mãos apertavam meu corpo e seus lábios beijavam meu pescoço.
- Nós somos tóxicos.- ofeguei, meus dedos puxando o cabelo de sua nuca.
Robert subiu sobre mim, se encaixando entre minhas pernas,seu pau deslizando para dentro de mim,sem espera,sem aviso.
- Isso é tão bom.- ele rosnou mordendo minha orelha e eu não sabia se ele se referia ao fato de estar socando com força dentro de mim ou com o que falei.- Eu amo como seu corpo reage a mim, amor... admita... você me quer...
- Eu quero...- admite e no mesmo instante seus olhos voaram para os meus, seus movimentos pararam e um sorriso se espalhou em seus lábios, mas eu continuei.- Mas não posso...
- Por que?- perguntou tocando seu nariz no meu,metendo lento,devagar.
- Por tudo o que você representa... como vou... Oh...não consigo conversar com você dentro de mim...
Robert riu mordendo meus lábios,voltando a se movimentar, distribuindo aquela sensação de formigamento por cada pedacinho de mim.
Por um momento, enquanto nossos lábios realizavam um sobre o outro eu desejei que fossemos apenas um homem e uma mulher qualquer, que não houvesse crimes, nem bandidos, nem amigos mortos.
Que fossemos só nos dois.
Ele tinha razão.
Eu o queria.
Mas não podia... ia contra todos os meus princípios...
Ele era um mafioso e eu uma delegada, que fim isso teria?
Mas eu não conseguia resistir a ele.
Não conseguia resistir a sua voz rouca falando comigo, ao seu olhar penetrante, a sua pose implacável, a força que sua presença tinha.
Eu estava em conflito comigo mesma.
Parte de mim queria ficar trancada naquele quarto para sempre, mas outra parte, a racional, talvez, queria justiça.
Por Alice.
E agora eu queria justiça por ter sido manipulada ao ponto de prender o cara errado.
POV Narrador
Ana entrou na mansão do governador ao lado de Robert, o coração batendo acelerado. Era uma mistura de nervosismo e determinação. Eles tinham um plano, e cada passo precisava ser seguido com precisão. A presença de Robert ao seu lado, apesar de ser reconfortante em alguns momentos, trazia uma tensão palpável. Ele estava ali tanto como aliado quanto como alguém com quem ela ainda lutava para entender a relação. Ela ajustou levemente o ponto eletrônico no ouvido, ouvindo o leve chiado que sinalizava que Elisa estava pronta para guiá-la.
O governador os recebeu na porta com uma expressão confusa, mas rapidamente forçou um sorriso ao ver Robert.
— Robert, que surpresa! Não sabia que você estaria na cidade. — Ele falou com um tom falso de hospitalidade, seu olhar se demorando em Ana por um momento mais longo do que o necessário. — E essa deve ser...?
— Ana. — Robert disse, com a voz firme, sem perder o controle. — Ela esteve aqui comigo outro dia, lembra? E você já viu ela em outro... lugar...
O governador disfarçou mal o desconforto, seus olhos calculadores se movendo entre os dois.
— Claro, claro. Sejam bem-vindos. Por favor, entrem.
Enquanto Robert e o governador trocavam algumas palavras indo para uma sala de bebidas , Ana sentia a escuta vibrando em seu ouvido.
A voz de Elisa veio clara e suave.
— Certo, Ana. A casa é grande, mas temos alguns pontos principais onde precisamos instalar as escutas. Fique atenta ao segundo andar, principalmente no escritório dele. A esposa dele deve estar por aí, tenta tirar vantagem disso.
Ana olhou ao redor, e como previsto, a esposa do governador, uma mulher simpática, apareceu logo em seguida, saudando-a com um sorriso educado, embora um pouco forçado.
— Você é Ana, certo? — Ela perguntou. — Já conhecia a casa?
— Não, da outra vez nos conversamos na sala de estar. — Ana respondeu com um sorriso simpático. — A casa é linda, seria um prazer vê-la mais de perto.
A mulher pareceu gostar da ideia.
Talvez estivesse acostumada a mostrar sua riqueza, o que funcionava a favor de Ana.
— Claro! Venha, vou te mostrar alguns dos cômodos. — Ela disse, já se preparando para levá-la pelo corredor.
Ana lançou um olhar rápido para Robert, que estava agora envolvido em uma conversa séria com o governador.
Ele assentiu discretamente, indicando que ela estava livre para seguir o plano.
A voz de Elisa voltou ao seu ouvido assim que ela começou a seguir a mulher.
— Certo, Ana. Primeiro alvo: sala de estar, uma das áreas mais movimentadas. Tem uma estante à direita da lareira. Escuta vai bem ali.
Enquanto a esposa do governador falava com entusiasmo sobre a decoração e o histórico da casa, Ana manteve a conversa fluindo, fazendo comentários casuais e ocasionalmente acenando com a cabeça.
Quando chegaram à sala de estar, Ana notou a estante que Elisa havia mencionado.
Enquanto a mulher distraía-se com detalhes sobre uma pintura, Ana aproveitou a oportunidade, fingindo ajeitar a bolsa e deslizando uma pequena escuta entre os livros da prateleira.
— Primeiro ponto concluído. — Ela sussurrou, quase imperceptivelmente, sabendo que Elisa estava ouvindo.
— Boa. Agora, vamos para o próximo. O escritório dele é o alvo mais importante. — Elisa continuou.
A esposa do governador continuava a falar sobre a história de sua família, levando Ana para os outros cômodos.
Quando finalmente chegaram ao escritório, Ana sentiu a adrenalina subir.
Este era o ponto-chave.
A mulher abriu a porta e Ana observou o ambiente cuidadosamente.
Livros, uma mesa de madeira robusta, prateleiras de vidro.
Um cenário ideal para a instalação das escutas.
— Aqui é onde meu marido passa a maior parte do tempo. — A esposa comentou com um suspiro. — Política, sabe como é.
— Imagino. — Ana disse, sorrindo enquanto mentalmente calculava seus movimentos. — É incrível o quanto ele deve trabalhar aqui.
Elisa, sempre atenta, deu instruções precisas.
— Veja se há algum ponto perto da mesa. Talvez sob a cadeira, ou uma das prateleiras.
Ana caminhou até a prateleira mais próxima, fingindo estar interessada em um troféu de vidro enquanto, com uma mão discreta, instalava outra escuta.
Seu coração batia forte, mas o treino e a prática faziam com que seus movimentos fossem rápidos e suaves.
— Última escuta, Ana. Corredor. — Elisa instruiu. — Quando estiver saindo, há um ponto entre dois quadros no corredor. Coloque lá.
Enquanto se dirigiam de volta para a sala, Ana continuou distraindo a mulher com conversas educadas.
Ao passar pelo corredor, ela fez o que Elisa orientou, instalando a última escuta entre os quadros.
Quando voltou para a sala, encontrou Robert e o governador ainda envolvidos em uma conversa tensa, mas amigável na superfície.
Robert ergueu o olhar para Ana quando ela se aproximou, seus olhos indagando silenciosamente se tudo tinha corrido como planejado.
Ana assentiu levemente, e então se voltou para o governador, que mantinha o sorriso calculado.
— Muito obrigada por me mostrar a casa. — Ela disse à esposa dele, com o mesmo sorriso simpático.
— Foi um prazer. — A mulher respondeu, ainda sem suspeitar de nada.
Enquanto eles se despediam, a tensão no ar era quase palpável.
Ana sabia que, a partir daquele momento, era uma questão de tempo até que os segredos do governador e de Ramirez começassem a ser desvendados.
Ana se sentia desconfortável no banco do passageiro enquanto Robert dirigia de volta para casa.
Ela observava a paisagem pela janela, mas sua mente estava presa ao que havia acontecido na casa do governador.
Algo nela não estava certo, e o nervosismo do governador, que ela esperava ser apenas de alguém encurralado, parecia ser uma máscara que escondia uma ameaça ainda maior.
Robert, ao seu lado, estava concentrado na estrada, mas ela sabia que ele também estava processando cada detalhe.
— Ele parecia nervoso, não? — Robert quebrou o silêncio, os olhos fixos no asfalto à frente. — Como se a máscara estivesse caindo. Todas aquelas vezes que ele se mostrou com medo de ser descoberto... era uma farsa.
Ana assentiu, mas não conseguiu responder imediatamente.
Sentia uma onda de náusea crescendo em seu estômago, e sua visão estava começando a embaçar.
Respirou fundo, tentando se concentrar nas palavras de Robert.
Ele a olhou de relance e notou que sua pele estava pálida, os lábios apertados.
— Está tudo bem? — perguntou, preocupado.
— Sim... só um pouco tensa... — Ana murmurou, tentando afastar o mal-estar.
— Pensei que fosse mais forte, delegada. — Ele provocou, embora seu tom tivesse uma nota de preocupação genuína.
Ana tentou sorrir, mas a náusea estava aumentando. Suas mãos tremiam ligeiramente em seu colo, e sua respiração ficou curta.
— Eu sou forte, Robert... já participei de tocaias muito mais perigosas... mas... — Ela parou, pressionando uma mão contra o estômago. — Ai, meu Deus...
— O que foi, Ana? — Robert franziu o cenho, agora claramente preocupado.
— Para o carro... — foi tudo o que ela conseguiu dizer antes de sentir o gosto amargo da bile subindo pela garganta.
Robert rapidamente saiu da estrada e estacionou em um pequeno espaço à beira da rodovia.
Ana abriu a porta com urgência, saindo quase tropeçando e se agachando no mato ao lado da estrada.
Ela começou a vomitar violentamente, o corpo tremendo de tanto esforço.
As mãos pressionavam a grama enquanto ela tentava se segurar.
Robert, alarmado, deu a volta no carro e ajoelhou-se ao lado dela.
Uma das mãos grandes e firmes pousou em suas costas, a outra ajudou a mantê-la estável enquanto ela continuava a vomitar.
A sensação de mal-estar parecia interminável, o corpo dela esgotado pela pressão e pelo estresse acumulado.
— Você precisa de um médico? — Robert perguntou, a voz grave, mas cheia de preocupação, enquanto passava a mão em suas costas em um gesto reconfortante.
Ana terminou de vomitar, sentindo o corpo estremecer.
Ela olhou para ele por um momento, exausta, e sem pensar muito, pegou a gravata de Robert e limpou a boca com ela.
Era um gesto que, em outra situação, seria cômico, mas ali havia apenas exaustão.
Ele entregou a ela uma garrafa de água e uma bala.
— Não. — Ela balbuciou, sua voz rouca. — Eu... estou mal por conta de toda essa tensão.
Robert olhou para ela, os olhos fixos nos dela, e o semblante de preocupação logo se transformou em algo mais sério, quase irritado.
— Se você deixasse de ser tão cabeça dura e aceitasse que nós dois temos que ficar juntos... não estaria assim. — Ele falou, sua voz soando firme, mas com uma nota de emoção mais profunda.
Ana se apoiou no peito dele, sentindo a pressão da gravata encharcada entre eles, mas não se afastou.
Ela sabia que Robert estava certo em parte.
Toda a situação entre eles — a tensão, os segredos, o perigo iminente — estava drenando suas forças de uma forma que ela nunca tinha sentido antes.
Mas ela não podia simplesmente ceder.
Não podia deixar seus sentimentos por Robert tomarem conta dela, especialmente quando ainda existia uma linha tênue entre o que era certo e o que era errado.
— Não é tão simples assim... — Ana murmurou, os olhos ainda fechados, tentando se estabilizar. — Você é um mafioso, Robert... eu sou uma delegada. As coisas não funcionam desse jeito. EU já te disse isso.
Robert a segurou mais firme pela cintura, inclinando-se levemente para que seus rostos ficassem próximos, quase nariz com nariz.
— Eu não me importo com isso, Ana. — Ele sussurrou, a voz baixa, mas carregada de intensidade. — Só me importo com você. Tudo o que fiz até agora foi por você. Você acha que eu já não teria dado um jeito nesse chip se quisesse? Eu estou aqui por você. Você me faz sentir vivo, mesmo quando tudo ao meu redor está desmoronando.
Ana fechou os olhos por um momento, sentindo o calor das mãos dele em sua pele, a respiração quente contra seu rosto.
O peso das palavras dele atingiu algo profundo dentro dela.
Robert sempre teve uma habilidade estranha de penetrar suas defesas, e agora, mais do que nunca, ela se sentia vulnerável.
Ela abriu os olhos, encarando os dele.
— Eu só... não posso... — começou a dizer, mas antes que pudesse terminar, Robert a puxou para mais perto, seus lábios encontrando os dela em um beijo carregado de emoção e desejo reprimido.
Ana sentiu todo o ar lhe escapar dos pulmões, como se o peso do mundo tivesse desaparecido por um breve instante.
Ela sabia que era errado, que aquilo só tornava tudo mais complicado, mas seus braços instintivamente se levantaram, envolvendo o pescoço de Robert enquanto o beijo se aprofundava.
Por um momento, nada mais importava.
Era apenas ela e ele, perdidos em uma mistura de raiva, amor e incerteza.
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