14. O que Faz Aqui?
POV Ana Carla
Eu estava parada no meio da sala, os olhos fixos nas câmeras que mostravam a casa de Robert.
Tudo estava calmo demais, quieto demais, e minha paciência já tinha ido embora fazia tempo.
Faziam dias que não ouvia nada dele, nenhum sinal de vida, e aquilo me deixava com a sensação incômoda de que algo estava errado.
Meu humor não era dos melhores, e as meninas podiam sentir isso.
— O que está acontecendo, Ana? — Lara perguntou, sentada no sofá, me olhando com aquele olhar curioso de sempre. — Você está mais irritada do que o normal.
— Fazem dias, Lara — respondi, me jogando no sofá ao lado dela. — Desde que a gente ficou, ele sumiu. Não dá um sinal, não aparece... Nada. Como se tivesse evaporado.
Lara me olhou com aquele jeito de quem já sabia o que ia dizer.
— Ele provavelmente perdeu o interesse, Ana. Acontece com qualquer homem. Depois do sexo, eles ficam meio... desinteressados.
Eu virei para ela, irritada.
— Não. Não com ele. — Cruzei os braços, sentindo o sangue ferver um pouco mais. — Robert estava muito envolvido. Alguma coisa está acontecendo, eu sei disso.
Lara deu de ombros, como quem não queria contrariar, mas não acreditava muito no que eu estava dizendo.
Elisa, que estava mais afastada, mexendo no celular, decidiu intervir.
— Olha, eu ouvi uma conversa. Robert e Bobby marcaram um encontro em uma casa de swing hoje à noite.
Rebeca, que estava ao lado de Elisa, arregalou os olhos e imediatamente disse:
— Uma casa de swing? Não acho que seja uma boa ideia você ir lá, Ana. — Ela parecia preocupada, o que não era comum vindo dela. — Não é o tipo de ambiente com o qual você está acostumada.
Eu a encarei, quase desafiando com o olhar.
— E por que não? Rebeca eu sou uma delegada criminal, você faz ideia dos buracos em que já fiquei de tocaia?— minha voz saiu um pouco mais afiada do que eu pretendia. — Eu vou, sim, e vou dar um jeito de chamar a atenção dele.
Rebeca bufou, balançando a cabeça.
— Ana, esse tipo de lugar é... complicado. Não é só chegar e esperar que as coisas aconteçam. É um ambiente diferente, as pessoas lá estão em outro tipo de vibe. Você não sabe como ele vai reagir se te ver lá.
Eu sorri, aquele sorriso irônico que ela já conhecia.
— Justamente por isso. — Me levantei do sofá, decidida. — Vou mexer no ego dele. Robert é possessivo, e você sabe disso. Ele não vai gostar nada de me ver em um lugar assim, com outros homens ao redor. Isso vai fazer ele reagir.
Lara, que estava quieta até então, riu.
— E como você pretende fazer isso? Vai escolher o cara mais bonito da sala e cair nos braços dele na frente do Robert?
Eu olhei para ela, séria.
— Se for necessário, sim. Robert odeia a ideia de alguém tocando no que ele considera dele. — Suspirei, minha mente já trabalhando nas possibilidades. — Se ele me ver com outro, vai sentir a necessidade de mostrar que ele ainda tem controle da situação.
— E se ele não reagir? — Rebeca insistiu, com um ar de preocupação na voz.
— Então eu vou saber que ele não está tão envolvido quanto eu pensava — respondi, firme, sem hesitar. — Mas eu duvido muito que ele consiga ficar de braços cruzados.
Bia riu baixinho, apreciando o plano.
— Isso vai ser interessante. Quero só ver a cara dele quando te vir lá.
— Ele vai reagir. — Eu disse, com confiança. — E vou estar lá para garantir que isso aconteça. Robert pode ser muita coisa, mas passivo não é uma delas.
As meninas ficaram em silêncio, ponderando o que eu tinha acabado de dizer.
Elas sabiam que eu estava determinada, e quando eu colocava algo na cabeça, não tinha volta.
A casa de swing não era o meu ambiente, mas o ponto não era me sentir confortável.
O ponto era forçar Robert a sair de onde estava se escondendo, provocá-lo o suficiente para que ele não tivesse escolha a não ser me procurar.
E eu sabia exatamente como fazer isso.
.
Eu estava em frente ao espelho, concentrada, enquanto me arrumava para a noite.
Escolhi um vestido que mal deixava espaço para a imaginação, justo nos lugares certos, destacando cada curva do meu corpo.
O tecido preto brilhante contrastava com a minha pele, e o decote profundo era uma provocação por si só.
Sabia que o visual ia chamar a atenção de qualquer um, e era exatamente isso que eu queria.
Robert ia me ver, e ele não conseguiria ignorar.
Terminei de passar o batom vermelho escuro, o toque final da maquiagem que deixava meus olhos ainda mais marcantes.
Meus cachos estavam volumosos, bem armados, o que me dava um ar selvagem e sexy ao mesmo tempo.
Olhei para o espelho, satisfeita.
Era exatamente o tipo de visual que mandava a mensagem que eu queria transmitir: poderosa e inatingível, mas ao mesmo tempo, alguém que ele sabia que queria ter de volta.
Rebeca entrou no quarto enquanto eu ajustava o vestido.
Ela segurava uma caixinha nas mãos e me olhou com uma expressão de aprovação.
— Você está incrível, Ana. Mas tem mais uma coisa. — Ela abriu a caixa e tirou uma pequena escuta, quase invisível. — Vamos colocar isso aqui. Vai ficar no seu ouvido e ninguém vai perceber. Assim, podemos ouvir tudo o que acontece. E — ela fez uma pausa, pegando outra coisa da caixa — aqui está a lente de contato com uma micro câmera. Vamos poder ver tudo o que você vê.
Peguei a lente com um suspiro, sentindo um leve desconforto só de olhar para ela.
— Odeio essas merdas. — Coloquei a lente com cuidado, piscando algumas vezes para me acostumar. — Tem certeza de que ninguém consegue ver isso no meu olho?
Elisa, que estava sentada na cama, observando tudo, respondeu com calma.
— Absoluta. A câmera é tão pequena que não tem como ninguém notar. E o microfone está perfeito. Você vai estar em total controle.
Rebeca riu, me observando ajustar a lente e mexer no cabelo.
— Vamos estar vendo e ouvindo tudo. — Ela disse com um sorriso de quem sabia que eu não gostava de ser monitorada assim, mas era necessário. — Se as coisas saírem do controle, Lara entra em ação.
Eu me virei para ela, sorrindo de forma confiante.
— Não vai ser preciso. — Passei as mãos pelos cachos uma última vez, ajeitando-os no lugar. — Vou sair de lá com ele.
Rebeca sorriu, mas ainda parecia um pouco preocupada.
— Só cuidado, tá? A gente sabe que você consegue se virar, mas... isso é perigoso.
— Perigoso é o meu sobrenome. — Brinquei, piscando para ela, enquanto ajeitava o decote do vestido.
Lara entrou no quarto naquele momento, rindo, colocando sua arma no cinto e usando sua farda da policia.
Me deu uma saudade de estar em campo, mas eu teria tempo para descarregar quando aprendesse Robert.
— A noite tem tudo para ser divertida. — Ela disse, me olhando de cima a baixo com um sorriso malicioso. — Quero só ver a cara do Robert quando te ver assim.
— Ele não vai saber o que o atingiu. — Respondi, confiante, pegando minha bolsa e me preparando para sair. — O ego dele vai ser o primeiro a sentir o golpe.
Bia, que estava quieta até agora, apenas observando, finalmente falou.
— Só não esquece de se divertir um pouco, Ana. Você pode ser a melhor jogadora, mas isso também é pra você.
Eu sorri, sabendo que ela estava certa. Parte de mim estava focada no plano, mas outra parte sabia que a noite tinha potencial para muito mais. E eu estava pronta para qualquer coisa.
— Vou me divertir, sim. — Olhei para o espelho uma última vez, vendo o reflexo da mulher poderosa que eu construí para aquela noite. — E vou garantir que Robert saia dessa comigo.
As meninas sorriram, cada uma me dando olhares de aprovação.
Era agora.
Eu estava pronta para o próximo passo.
O táxi parou em frente ao prédio discreto, sem placas ou sinais que indicassem o que acontecia ali dentro.
A casa de swing era conhecida apenas por quem sabia o que procurar.
Eu saí do carro e respirei fundo, ajustando o vestido justo no corpo e erguendo o queixo.
Não era o meu ambiente natural, mas o desconforto não apareceria no meu rosto.
Eu estava aqui com um propósito.
Caminhei até a entrada, os seguranças me encarando por um segundo antes de me darem passagem.
Passei pelas portas pesadas e fui recebida por um ambiente abafado, as luzes suaves contrastando com o som de uma música lenta e envolvente.
O ar estava carregado de mistério, de segredos, e de algo mais sombrio.
O lugar estava cheio.
Homens e mulheres se moviam pelo salão como sombras, alguns dançando, outros conversando nos cantos.
Cada passo que eu dava atraía olhares.
Eu sabia o efeito que aquela roupa causava.
Senti cada olhar queimando na pele enquanto me aproximava do bar.
Um calor diferente, mas nada que eu não pudesse controlar.
— Um Martini. — Pedi ao barman, apoiando-me casualmente no balcão, olhando ao redor.
— Nunca te vi por aqui — o barman comentou, com um sorriso de quem estava acostumado a flertar.
Eu virei o rosto, dando um sorriso leve, sem entregar muita coisa.
— Sou nova na cidade — respondi, brincando com a borda do copo quando ele colocou o drink à minha frente. — Explorando os lugares.
A escuta no meu ouvido apitou com a voz de Elisa.
— Dá uma volta, ou olha para a pista, vê se encontra ele. — Ela sugeriu.
Ignorei a voz por um momento e observei o lugar.
Era como uma grande casa, com mesas espalhadas e uma escada no centro que certamente levava aos quartos.
Lugares reservados para quem quisesse algo mais íntimo.
Meu olhar vagou pela pista de dança, mas logo se desviou de um casal que se beijava intensamente perto de uma das colunas.
O DJ estava num canto, tocando uma música íntima, quase hipnótica.
Um homem alto, negro, se aproximou e ficou ao meu lado.
— Primeira vez aqui? — Ele perguntou com um sorriso educado.
— Talvez — respondi, sem me comprometer, mas ele percebeu meu tom evasivo.
— Quer companhia? — Ele perguntou, seus olhos sugerindo algo mais.
Sorri, recuando com educação.
— Estou só de passagem. — Queria evitar qualquer interação desnecessária.
Foi nesse momento que eu o vi.
Robert.
Ele estava no alto da escada, seu olhar fixo em mim, como se fosse capaz de atravessar o salão inteiro com aqueles olhos.
Minha respiração acelerou por um segundo, mas não dei o gostinho de demonstrar.
Só falei baixinho para a escuta.
— Acho que não vou precisar beijar ninguém.
— O quê? — Elisa perguntou, confusa. — Você o viu?
Robert cruzou o salão com a intensidade de um raio, descendo as escadas rapidamente, e antes que eu pudesse processar, ele estava à minha frente.
Seus olhos furiosos se fixaram no homem ao meu lado, que recuou instintivamente.
— O que faz aqui, Ana Carla? — Ele perguntou, a raiva clara na voz. Seu olhar cortante como uma lâmina.
Olhei para ele, debochada, ignorando o tom agressivo.
— Perdeu alguma coisa? — Robert virou-se para o homem, que ergueu as mãos em rendição, percebendo que não valia a pena arrumar confusão.
Ele deu alguns passos para trás e sumiu no meio da multidão.
— Responde — ele repetiu, me encarando com as pupilas dilatadas, as narinas infladas de fúria.
Cruzei os braços, levantando uma sobrancelha.
O tom de autoridade não ia funcionar comigo.
— Quem você pensa que é pra falar comigo assim? — Falei com sarcasmo, meu tom era provocador. — Ah, claro... o cara que transou comigo, me tratou como se eu fosse única e depois sumiu? Me poupe dessa cena, Robert. Você não é meu dono.
Virei para sair, mas antes que eu desse dois passos, senti a mão dele no meu braço, me puxando de volta e colando meu corpo no dele.
A tensão entre nós era palpável, e o corpo dele estava em chamas, de raiva ou desejo — talvez ambos.
— Eu vou perguntar só mais uma vez — ele rosnou, os dentes trincados. — O que faz aqui?
Olhei diretamente nos olhos dele, desafiadora.
— Estou conhecendo o lugar. Como qualquer pessoa. — Disse com desdém.
— Aqui não é lugar pra você. — Ele respondeu rapidamente, ainda me segurando firme.
— E por que não? — Perguntei, provocando, querendo ver até onde ele iria.
Antes que ele pudesse responder, o som de um tiro rasgou o ar.
Meu corpo reagiu no mesmo segundo, virando em direção à escada.
Um homem despencou do segundo andar, caindo no meio do salão.
O sangue espalhou-se rapidamente pelo chão.
Eu gritei, meu coração disparando, mas logo voltei a mim.
Na escuta, ouvi Elisa soltar um palavrão.
— Ana, você precisa de reforço?
Antes que eu pudesse responder, Robert me puxou, passando meu corpo sobre os ombros como se eu não pesasse nada.
Em segundos, ele estava fora da casa de swing, me jogando no banco de trás de um carro preto que aguardava lá fora.
— Robert, que porra é essa? — Perguntei, lutando para me soltar, mas ele fechou a porta com força e entrou no carro.
— Fica quieta, Ana. Vou te tirar daqui.
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EITAAAAA
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