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18. Dias Que Passam

POV ROBERT PATTINSON


Enquanto me sentava à mesa de reunião, olhei para Bobby, Marcus e Tom.

Todos pareciam tensos.

Havíamos tido problemas com nossos últimos carregamentos, e estava claro que algo mais sério estava acontecendo.

A máfia rival estava mexendo com nossos negócios, e isso não ia ficar assim.

— Alguma novidade sobre os carregamentos? — perguntei, abrindo a reunião, minha voz cortante no silêncio da sala.

Bobby se inclinou na cadeira, sempre o mais direto entre eles.

— Temos certeza de que é uma máfia rival. Eles estão interceptando nossos contatos, pagando mais ou intimidando os pequenos fornecedores. Estão forçando os caras a entregar as mercadorias pra eles.

— E isso significa que nossos carregamentos estão indo direto para eles. — Tom completou, coçando o queixo com uma expressão preocupada. — Estão jogando pesado.

Marcus, sempre o observador, mantinha-se em silêncio, mas notei que seus olhos estavam fixos em mim, ou mais precisamente, no meu pescoço.

Pude ver que ele tinha reparado no chupão que Ana havia deixado durante a última noite, e a diversão começou a se formar no canto da boca dele.

— Rob… — Marcus começou, tentando disfarçar a curiosidade com um tom casual. — Isso no seu pescoço aí... é o que estou pensando?

Eu olhei para ele de relance, e um sorriso lento e satisfeito se formou nos meus lábios.

— Talvez.

Tom soltou uma risada baixa e balançou a cabeça.

— Então as coisas ficaram sérias entre você e a Ana, hein?

— Ficaram, sim. — Não havia razão para esconder isso deles. Eu sabia que isso não era algo que pudesse ser ignorado.

Ana estava comigo agora.

E ela sabia disso.

Bobby, sempre o mais pragmático, cruzou os braços e franziu o cenho.

— E onde ela está agora?

— Foi resolver as coisas dela. — Mantive minha voz firme. Eu sabia que Ana precisava de espaço, e também sabia que ela voltaria.

Não havia como fugir de mim.

Marcus se recostou na cadeira, um brilho de provocação nos olhos.

— Então... temos uma Senhora da Máfia? É isso?

Dei um sorriso convencido, algo quase possessivo se formando em meus pensamentos.

— Parece que sim.

Os outros riram, mas sabiam que eu estava falando sério.

Não era apenas uma brincadeira.

Ana não era qualquer mulher.

Ela havia mexido comigo de um jeito que ninguém mais havia feito.

E isso fazia dela mais do que uma simples parte da minha vida agora.

— Isso vai dar o que falar. — Bobby disse, mas seu tom era mais de aceitação do que de crítica.

Ele sabia que, no fim das contas, a decisão era minha, e ninguém ali questionaria minha autoridade.

Mesmo que Bobby, em especial, sempre tentasse me manter focado.

— Não me importo. — Respondi, me inclinando para frente, voltando à seriedade da reunião. — Agora, voltando aos nossos problemas... precisamos agir rápido antes que essa máfia rival pense que pode continuar interferindo no nosso território. Vamos apertar nossos contatos e descobrir quem está por trás disso. Não vamos perder mais um carregamento sequer.

A sala ficou em silêncio por um momento, e os olhares se voltaram para mim com respeito.

Eles sabiam que, quando eu estava decidido, ninguém podia parar.

— Vamos acabar com isso. — finalizei, minha voz firme e clara.

Era hora de retomar o controle.

E eu faria isso sem piedade.


POV Ana Carla

Quando entrei no meu apartamento, um peso caiu sobre meus ombros.

Tudo o que tinha acontecido nas últimas horas, a confissão de Robert, a tensão no galpão, o encontro com o governador...

Eu precisava de respostas, mas também sabia que o tempo estava se esgotando.

As meninas já estavam me esperando para a reunião, e quando me sentei, todas me encararam com expectativa.

— O que você descobriu? — Elisa foi a primeira a quebrar o silêncio. Sua voz estava carregada de urgência, e não a culpo.

As coisas estavam acontecendo rápido demais.

Suspirei, cruzando os braços.

— O governador está envolvido até o pescoço. Ele estava apavorado quando apareceu no galpão. Algo grande está acontecendo, algo que envolve figuras importantes, além de Robert. Temos que descobrir o que é, e rápido. Vou me mudar para a mansão de Robert. Preciso me aproximar mais e descobrir tudo.

Lilian, que estava sentada num canto da sala, balançou a cabeça lentamente.

— Ana, você tem dois meses. Dois meses de licença para colocar as mãos no Robert e quem mais estiver envolvido. Não podemos falhar agora.

Seus olhos estavam fixos nos meus, e eu sabia que ela tinha razão.

Dois meses.

O relógio estava correndo, e a pressão sobre mim aumentava a cada segundo.

Quando Lilian saiu, a reunião ficou menos formal. Rebeca, Elisa e Bia ficaram comigo, e eu sabia que era hora de ajustar os detalhes.

— Quero que vocês vigiem tudo. Nada pode passar despercebido. Não podemos perder nenhum detalhe, entenderam? — Minha voz saiu firme, mas sentia a tensão por dentro.

Estávamos perto, muito perto de algo grande.

Rebeca, sempre cautelosa, olhou para mim com uma preocupação que eu não estava preparada para encarar.

— Ana, você precisa tomar cuidado. Robert é perigoso, e você está se envolvendo demais.

Revirei os olhos, tentando afastar a preocupação dela com um comentário debochado.

— Perigoso? Quando estamos fodendo, ele não tem nada de perigoso.

Elisa soltou uma risadinha, mas Lara, que sempre enxergava além da superfície, não pareceu tão convencida.

Ela se inclinou para frente, os olhos fixos nos meus.

— Ana, você está envolvida demais. Está defendendo ele, até. Desde quando você justifica as ações de um mafioso?

A pergunta dela me pegou desprevenida.

Não pude evitar o aperto no peito ao pensar naquilo.

Será que eu estava envolvida demais?

As coisas com Robert eram intensas, mas eu ainda estava no controle, não estava?

Fechei os olhos por um segundo, respirando fundo, antes de abrir a boca para responder.

— Eu sei o que estou fazendo, Lara. Está tudo sob controle.

— Mesmo? — Lara retrucou, desafiadora. — Porque não parece. Parece que você está se perdendo no meio disso.

Me senti desconfortável, como se ela tivesse tocado em algo que eu estava tentando evitar.

Mas me recusei a ceder.

— Eu disse que está sob controle, e está. — A minha voz saiu mais dura do que eu pretendia, e o silêncio que seguiu foi pesado.

Rebeca finalmente suspirou, recostando-se na cadeira.

— Só queremos que você se cuide, Ana. Robert pode parecer atraente, mas ele é um homem perigoso. Só não perca o foco.

Eu balancei a cabeça, sem dizer mais nada.

Eu sabia que elas estavam certas em se preocupar.

Mas também sabia que estava em um ponto sem retorno.

Não podia deixar de pensar em Robert.

Em como ele me olhava, em como eu me sentia ao lado dele, e em como, de alguma forma, ele havia começado a ocupar mais espaço na minha mente do que eu esperava.

Mas esse caso era maior do que eu.

E eu teria que lembrar disso.

Tinha que me lembrar de Alice, morta por ele a sangue frio.

.

Chegar na mansão de Robert parecia um novo capítulo, algo que eu não sabia ao certo se estava preparada para lidar.

O lugar era deslumbrante, quase intimidante, como se tivesse sido tirado de um filme, cheio de detalhes perfeitos, mas que escondiam algo sombrio.

Quando o vi à minha espera no jardim, sob a luz das estrelas, uma mesa íntima posta, meu coração deu um salto involuntário.

Aquilo era para me agradar?

Ou me enredar ainda mais nesse jogo perigoso que estávamos jogando?

Os empregados começaram a tirar minhas malas do carro enquanto eu me aproximava da mesa.

Robert parecia relaxado, como se toda a tensão entre nós fosse apenas uma pequena distração.

Ele tinha esse jeito desconcertante de estar sempre no controle.

— Você está tensa — ele disse, com um olhar que me fez sentir nua, como se pudesse ver tudo o que se passava dentro de mim.

Me esforcei para manter a postura.

— Não estou.

Ele riu baixinho, aquele som grave e profundo que sempre me deixava inquieta.

— Ana, eu vejo a luta nos seus olhos. Por mais que tente, você já está tão afim quanto eu.

Cruzei os braços, tentando ignorar o calor que subia pelo meu corpo.

Ele não sabia de nada.

Não sabia o que realmente se passava na minha cabeça, nas minhas intenções.

— E como você pode ter tanta certeza? Como pode estar tão afim de mim se mal me conhece?

Robert se inclinou sobre a mesa, os olhos fixos nos meus, como se estivesse prestes a revelar um segredo.

— Eu sei tudo sobre você. Sei que é órfã, que se formou em Harvard, que construiu sua fortuna sozinha, com sua arte.

Meu estômago revirou.

"Tudo" o que ele sabia sobre mim... era mentira.

Parte do meu disfarce.

Tudo o que ele conhecia fazia parte da personagem que eu criei para me infiltrar na vida dele.

Nada disso era real.

E ainda assim, ouvir ele falar sobre mim desse jeito, com tanta certeza, me deixou irritada.

Porque, de alguma forma, ele me afetava.

— Isso não é justo — repliquei, tentando não deixar transparecer o quanto aquilo mexia comigo. — Você sabe tudo sobre mim, e eu não sei nada sobre você.

Ele sorriu, aquele sorriso torto e seguro que me deixava com raiva e... algo mais.

— Você já sabe tudo.

— Não, eu não sei. — Minha voz saiu afiada, mais do que eu esperava. — Eu não ligo para o Robert mafioso, o ex-ator filantropo. Isso não me interessa.

Ele ergueu uma sobrancelha, claramente intrigado.

— Então o que você quer saber?

Eu deveria ter recuado, voltado a me concentrar no plano, mas a curiosidade... não, o desejo de entender quem ele realmente era, foi mais forte.

— Quero saber sobre o Robert do quarto cheio de livros no galpão. O Robert que anda descalço e veste moletom. Quem é esse homem?

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, me observando, como se tentasse decidir se deveria me deixar ver além da superfície.

Eu disse a mim mesma que era parte do plano, que essa curiosidade servia para ganhar sua confiança, mas, no fundo, eu sabia que era mais do que isso.

Eu queria saber.

Não só por causa da missão, mas porque algo nele me intrigava.

Robert era perigoso, sombrio, mas também havia algo mais, algo que ele escondia do mundo e de si mesmo.

— Você acha que está curiosa — ele disse, quebrando o silêncio com uma voz suave, mas cheia de perigo. — Mas já está mais envolvida do que quer admitir.

Um arrepio percorreu meu corpo.

Ele estava certo?

Será que eu já tinha cruzado a linha?

O que antes era uma missão clara e objetiva estava ficando embaçado, confuso.

Meu coração acelerou, mas eu mantive o rosto impassível, sem deixar que ele visse o turbilhão de emoções que começava a me consumir.

— Talvez — respondi, com a voz baixa. — Mas isso não muda nada. Eu ainda quero respostas.

Ele se aproximou mais, seus dedos tocando a taça à sua frente de maneira distraída, mas seus olhos nunca deixaram os meus.

Era desconcertante, a maneira como ele parecia ler além da minha fachada, como se pudesse ver por trás da máscara que eu usava.

— E o que quer saber sobre o homem descalço? — ele perguntou, a voz quase um sussurro, mas com aquela intensidade que sempre fazia meu corpo reagir, mesmo contra a minha vontade.

Respirei fundo, tentando me manter firme.

Eu não podia deixar que ele me desestabilizasse, mesmo que isso estivesse acontecendo.

O Robert que eu precisava prender, destruir, estava ali, na minha frente.

E ainda assim, o que mais me intrigava era o homem por trás da fachada.

— Quem é você quando ninguém está olhando, Robert? — perguntei, sentindo a tensão no ar aumentar. — O que existe por trás de tudo isso?

Ele sorriu lentamente, um sorriso que me fez sentir um frio na barriga.

— Talvez você tenha que ficar por perto para descobrir.

Meu coração deu um salto, e por um breve momento, me senti vulnerável.

"Ficar por perto?"

Claro que eu tinha que ficar por perto, mas por razões que ele não podia nem imaginar.

Ainda assim, a ideia de ficar mais próxima dele, de descobrir mais sobre o homem que ele escondia de todos... era algo que, perigosamente, começava a me atrair.

Eu precisava me lembrar que ele era apenas mais um alvo.

Um homem que eu deveria derrubar.

Não alguém com quem eu deveria me envolver.

Eu estava lá  para destruí-lo.

Mas, a cada segundo, a linha entre o que era missão e o que era pessoal ficava mais confusa.

Eu só esperava que, quando chegasse a hora de tomar minha decisão, eu não estivesse envolvida demais para cumprir minha missão.

.
.

Os dias na mansão tinham se tornado uma estranha mistura de rotina e tensão constante.

A cada minuto, eu sentia o peso da missão, da mentira que eu estava vivendo, mas também a presença de Robert, que parecia me envolver mais a cada dia.

Eu estava me afundando nessa dualidade — o jogo, a sedução, a necessidade de controlá-lo e, ao mesmo tempo, a crescente vontade de conhecê-lo.

Naquele dia, eu estava no ateliê improvisado, suja de argila, moldando um vaso que, supostamente, tinha sido vendido há meses.

Mas, de alguma forma, aquele trabalho manual me trazia calma, um escape necessário da tensão.

Não tinha percebido o tempo passar até que ouvi os passos pesados de Robert entrando.

Levantei os olhos e o encontrei parado na porta, com uma expressão que não deixava dúvidas: ele estava furioso, carregando uma tensão que parecia palpável.

Algo estava errado.

O corpo dele estava rígido, os olhos escuros, e por mais que ele tentasse disfarçar, eu percebi de imediato.

Num impulso que me pegou de surpresa, antes que pudesse me lembrar do meu papel, me ouvi perguntando: 

— Quer uma massagem?

Robert não respondeu de imediato.

Ele apenas se aproximou, e, ao ver o estado de tensão no rosto dele, a raiva contida nos músculos de sua mandíbula, decidi tentar algo diferente.

Sorri, tentando aliviar o clima, e com um gesto leve, passei meu dedo sujo de argila pelo nariz dele. 

— Isso é pra relaxar — brinquei.

Esperava uma risada, algum sinal de que ele achasse engraçado, mas a resposta de Robert foi intensa.

Ele não apenas deixou a irritação escapar, como me puxou de repente, sem permitir que eu me afastasse.

Aquele beijo veio com uma urgência e uma possessividade que quase me deixou sem fôlego.

As mãos dele desceram para a minha bunda, apertando com força, me mantendo perto, como se tivesse medo que eu fugisse.

Meu corpo reagiu antes que minha mente pudesse processar o que estava acontecendo.

A forma como ele me beijava, como segurava minha nuca com uma mão firme e a outra me pressionava contra ele, fazia minha cabeça girar.

Eu deveria ter recuado, me afastado, mas, por mais que meu cérebro gritasse para parar, meu corpo cedeu.

Quando finalmente nos afastamos, Robert ainda mantinha os olhos fechados, respirando pesado.

Eu, sem fôlego, tentava entender o que acabara de acontecer, mas uma parte de mim — a parte que não estava envolvida na missão — sabia exatamente o que era.

— O que aconteceu? — Perguntei, recriminando-me internamente por estar realmente preocupada.

Esse não era o meu papel, eu não deveria me importar, mas me importava.

Robert abriu os olhos, exalando lentamente, como se o beijo tivesse aliviado parte da tensão. 

— Um problema sério no trabalho.

Eu levantei uma sobrancelha, sem conseguir evitar a provocação: 

— No trabalho de verdade ou no de mentira?

Ele riu, finalmente.

Era isso que eu queria, ver a tensão se dissipar.

Ele tocou meu rosto com uma suavidade que contrastava com a sua postura usual. 

— No trabalho de mentira — respondeu, referindo-se à produtora que ele gerenciava como fachada.

Voltei minha atenção ao vaso, tentando ignorar o quão perto ele ainda estava. 

— O que aconteceu?

Ele suspirou, passando a mão pelo cabelo, claramente incomodado com o assunto. 

— Saiu uma foto minha na mídia. Eu estava saindo da  casa de swing, e isso refletiu mal nos projetos da produtora.

Eu me virei para ele, encarando-o. 

— Por quê? Você não pode ir a um lugar como aquele? Você é homem, e homens fazem esse tipo de burrice.

Robert soltou uma risada seca, arqueando a sobrancelha. 

— Burrice? Você também estava lá...

Balancei a cabeça, sorrindo. 

— Eu falei dos homens. As burrices das mulheres são outro assunto.

Nós dois rimos, e naquele momento, percebi que a tensão que ele carregava havia desaparecido.

Fiquei satisfeita, uma satisfação perigosa e conflitante.

Porque, por mais que eu quisesse mantê-lo calmo, parte do meu trabalho era usar essas vulnerabilidades contra ele.

Mas enquanto ele ria e me olhava daquele jeito, algo dentro de mim me traía.

Não deveria querer que ele ficasse bem.

Não deveria me importar.

Mas ali, na mansão, entre risos e beijos inesperados, eu me sentia cada vez mais presa a esse homem que eu tinha vindo para destruir.

.

Os dias ao lado de Robert se transformaram em uma mistura de luxo, tensão e momentos de profunda conexão que eu nunca esperava.

Eu sabia que não podia me deixar envolver, mas às vezes parecia impossível resistir.

Ele me levava a jantares de negócios, encontros que, por fora, pareciam apenas eventos sociais, mas no fundo escondiam decisões que poderiam mover montanhas no submundo.

Uma noite, fomos jantar na casa do governador.

Tudo ali exalava poder — os móveis, a iluminação suave, as taças de cristal que tilintavam a cada brinde.

Robert me apresentou de forma discreta, como sempre.

Não fez alarde, mas o simples fato de eu estar ao lado dele parecia ser o suficiente para causar uma impressão.

Enquanto ele e o governador sumiam no escritório para discutir negócios, fiquei com a esposa dele, uma mulher elegante e perspicaz, que me observava com curiosidade.

Ela me ofereceu uma taça de vinho e, após alguns minutos de conversa sobre banalidades, sua curiosidade não aguentou. 

— Você deve ser muito especial para o Robert — comentou, seus olhos brilhando com uma mistura de interesse genuíno e talvez até de inveja. — Nunca o vi com ninguém antes. Não assim.

Sorri, tentando esconder o desconforto.

A verdade é que, para ela, eu parecia exatamente o que deveria: uma mulher que tinha conseguido a atenção de Robert de uma forma que ninguém mais tinha.

Eu sabia que aquele papel era parte do meu disfarce, mas ainda assim... uma parte de mim, a parte mais frágil, não conseguia evitar o calafrio de satisfação que isso me causava.

Ele não tinha sido visto com outra pessoa, nunca assim. 

— Ele é... diferente — respondi, escolhendo cuidadosamente minhas palavras, tentando parecer misteriosa e intrigante.

O jantar continuou, e embora eu tentasse manter a fachada, meu cérebro estava a mil.

Aquela missão estava consumindo cada pedaço de mim, e a cada vez que eu baixava a guarda, me via cada vez mais presa nessa teia.

Mais tarde, voltei para o apartamento onde encontrava as meninas.

Rebeca, Lara, Elisa e Bia estavam lá, esperando.

Meus pés mal haviam cruzado a porta e já me senti inundada por uma mistura de alívio e tensão.

— Como foi com o governador? — Rebeca perguntou, sem rodeios.

Suspirei, deixando o corpo afundar no sofá. 

— Nada demais. Ele estava no escritório com Robert a maior parte do tempo. A esposa dele, no entanto, estava interessada... em mim. Disse que nunca viu Robert com ninguém assim.

Rebeca deu uma risada curta. 

— É claro que ela nunca viu. Você é praticamente a sombra dele agora.

Eu ri, mas estava inquieta.

Olhei para as meninas e soltei um suspiro de frustração. 

— Estou em abstinência de ação. Preciso de algo, qualquer coisa que me faça sentir que estou no controle de novo.

Rebeca arqueou uma sobrancelha, seu olhar divertido. 

— Abstinência de ação? Ah, vamos lá, Ana. Você tem bastante "ação" na casa de Robert. — A malícia na voz dela não passou despercebida, e eu quase me engasguei.

Fiquei constrangida, mas, para minha própria surpresa, não neguei.

Era verdade, eu e Robert tínhamos transado muito.

Isso fazia parte da conexão que estávamos desenvolvendo, mesmo que eu tentasse manter o foco na missão.

Era perigoso, eu sabia, mas não conseguia evitar. 

Lara, sempre direta, me observou com um olhar desconfiado. 

— E o governador? — perguntou, inclinando-se para frente. — O tempo está acabando, Ana. Você precisa descobrir logo. Está na hora de acabar com Robert e essa máfia de uma vez por todas.

Eu assenti, mas sabia que minha hesitação era evidente.

As meninas eram perspicazes, e, por mais que eu tentasse disfarçar, elas sentiam o meu receio.

Era como se eu estivesse lutando contra uma força que puxava em direções opostas.

Foi então que Elisa, com seu jeito cuidadoso, perguntou algo que me pegou desprevenida: 

— Como ele é... quando ninguém está olhando? Quando vocês estão sozinhos, quando ele não precisa fingir ser o homem que ele finge ser?

Eu não soube o que responder de imediato.

Por um momento, minha mente vagou até os pequenos momentos que compartilhávamos — os sorrisos furtivos, os toques suaves, a maneira como ele me olhava quando achava que eu não estava vendo.

Sem perceber, dei um pequeno sorriso. 

— Ele é... uma caixinha de surpresas. Romântico, dedicado... Não só comigo. Ele trata todos na mansão como uma família. É como se... — hesitei, me ouvindo falar com carinho. — Os pais dele morreram, e ele não tem irmãos. Ele está sozinho... como eu. Isso... isso não é mentira.

O silêncio que se seguiu foi denso, e, por um breve momento, eu me senti exposta.

Sabia que Elisa e Bia tinham percebido algo no meu tom, mas optaram por não comentar.

Apenas Rebeca fez um sinal de alerta:


— Só... tome cuidado. Não se deixe levar demais.

Eu assenti, mas a verdade era que, por mais que tentasse me lembrar da missão, algo dentro de mim já havia mudado.

Estar com Robert era como andar em uma corda bamba, e a cada dia eu me afastava mais da borda segura.

.

Jantar com Robert sempre tinha um tom de mistério.

Sentada à sua frente, naquele restaurante caro, sob a luz suave das velas, eu me sentia como se estivesse interpretando um papel.

O anel da Tiffany que ele acabara de me dar parecia brilhar mais que as estrelas, e seu sorriso satisfeito me dizia que ele sabia o que aquilo significava.

Ele estava tentando me conquistar, me prender ao seu mundo, e eu sabia que parte de mim, uma parte que me deixava irritada, estava começando a ceder.

Ou já tinha cedido.

— Gostou? — Robert perguntou, a voz baixa e íntima, enquanto seus dedos roçavam levemente os meus ao redor do anel.

Olhei para ele e sorri, fingindo a mesma leveza. 

— É lindo, Robert. Realmente… maravilhoso.

Ele me observava com aquela intensidade calculada, o olhar escuro me estudando como se estivesse analisando cada uma das minhas reações.

E mesmo eu, com todo o meu treino, sabia que ele via algo além.

Ele sempre via.

E isso me incomodava.

Na volta para casa, o clima ficou mais pesado.

Robert estava mais calado, o rosto tenso, e aquilo me colocou em alerta.

Ele nunca demonstrava fraqueza ou tensão sem motivo.

Quando estávamos chegando à mansão, ele finalmente falou.

— Eu estou evitando ao máximo te envolver com as coisas do galpão, Ana. — Ele virou-se para mim, o olhar sério, mas com uma ponta de algo que parecia… preocupação? — Mas preciso passar lá agora.

Eu sabia que ele queria me testar, ver até onde eu ia.

Fiz o que ele esperava de mim: sorri, mantendo a calma que eu não sentia.


— Não tem problema, Robert. Eu entendo.

Mas a verdade era que eu não entendia.

Eu não queria entender.

O galpão era o centro de tudo, o coração do submundo que eu estava ali para destruir, e cada vez que me envolvia mais, era como se eu estivesse afundando em areia movediça.

Chegando ao galpão, minha respiração acelerou.

Eu já esperava algo grande, mas a cena diante de mim ainda conseguiu me pegar de surpresa.

Carregamentos imensos de armas estavam sendo descarregados.

Homens trabalhando em silêncio, caixas empilhadas.

O governador estava lá, junto com seus seguranças, observando tudo.

Aquele era o verdadeiro Robert, o homem que controlava a cidade pelas sombras.

Robert estava completamente no controle da situação.

Ele caminhava entre os homens, dando ordens com confiança. 

— Quero tudo distribuído até o fim da madrugada de amanhã. Não quero nada sobrando aqui. — Ele se virou para mim por um segundo, e naquele olhar rápido, parecia me perguntar se eu estava acompanhando tudo.

Eu mantive a máscara, mas por dentro, estava em pânico.

“Essas armas nas ruas… a cidade vai virar um campo de batalha.”

Meu coração disparava só de pensar nas consequências.

O governador, por outro lado, estava mais interessado em testar a mercadoria.

Ele olhou para Robert, o sorriso cínico no rosto. 

— Quero ver se essas armas são tão boas quanto dizem, Robert.

Sem pestanejar, Robert pegou uma das armas.

O gesto foi tão rápido que mal tive tempo de reagir.

Ele a apontou para um dos homens do governador e, sem hesitar, atirou.

O som foi ensurdecedor.

O homem caiu imediatamente, morto.

O cheiro de pólvora preencheu o ar, e eu senti como se estivesse sufocando.

Fechei os olhos por um momento, tentando bloquear tudo.

O sangue começava a se espalhar no chão, e eu só conseguia pensar em como tinha caído fundo demais nesse jogo.

Robert guardou a arma com a mesma calma que tinha antes do tiro.

O governador, impassível, entregou a maleta de dinheiro a Robert sem nem piscar, como se acabasse de assistir a um simples negócio.

Eu, no entanto, estava lutando para manter minha compostura. 

Ele se aproximou de mim, o rosto calmo demais para o que acabara de fazer, e seu olhar descansou em mim por um instante, como se esperasse uma reação.

Eu puxei o ar, tentando parecer tão fria quanto ele. 

— Está tudo bem? — Sua voz tinha um toque de cuidado, quase gentil.

— Claro — eu menti, forçando um sorriso.

Mas dentro de mim, tudo gritava.

Essa era uma das  faces de Robert: perigoso, calculista, capaz de matar a sangue frio.

E, por mais que eu odiasse admitir, também era o homem com quem eu havia passado as últimas semanas, dividindo momentos íntimos, sorrisos, e agora… até um anel falso.

E a pior parte?

Eu não sabia mais dizer qual Robert me deixava mais atraída.

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