Capítulo 9
1228 PALAVRAS
Elizabeth olhou para Robert e viu, naqueles olhos tristes e cheios de lágrimas, um reflexo de um menino perdido, carregando o peso de suas ações como se o mundo estivesse sobre seus ombros. Às vezes, nossos problemas parecem tão grandes que nos cegam para as soluções que estão bem diante de nós. Ela sabia que Robert estava aprendendo uma lição importante, mas a dor no rosto do garoto era um lembrete de que esse aprendizado estava vindo de uma forma dura.
Elizabeth também percebeu, ao olhar para ele, que provavelmente o menino tinha ouvido as fofocas da manhã. Hope Valley era uma cidade pequena, e as notícias corriam depressa, especialmente quando envolviam algum escândalo. Talvez ele tivesse ouvido os cochichos maldosos que ela própria enfrentara naquele dia. Contudo, ela achava que Nathan ainda não sabia de nada disso, pois passara a manhã em suas rondas e longe dos murmúrios da cidade.
— Senhora Thorton! Robert disse, sua voz trêmula, interrompendo os pensamentos dela. Eu sinto muito, sinto mesmo. Eu nunca imaginei que tudo isso iria acontecer.
Elizabeth respirou fundo, tentando acalmar o menino com um sorriso sereno.
— Eu sei, Robert. Mas como te falei ontem, lá em casa, tudo o que fazemos na vida tem consequências. Boas ou ruins.
Ela observou os pequenos olhos dele se encherem novamente de lágrimas, e seu coração doeu ao ver aquele peso que ele carregava. Olhando para Nathan, Elizabeth viu que ele também sentia a gravidade daquele momento, mas havia em seus olhos um brilho diferente, de admiração. Ele a observava com um orgulho silencioso. Nathan sempre soube o quanto Elizabeth se importava com seus alunos, mas vê-la tão maternal, tão dedicada a aliviar o sofrimento de Robert, fez seu coração arder com um amor ainda mais profundo.
Nathan consentiu com um leve aceno de cabeça quando Elizabeth pediu, com o olhar, permissão para falar a sós com o menino. Ela sabia que Robert precisava entender que a vida não parava diante de um erro. Ajoelhando-se na frente dele, ela pegou delicadamente as mãos do garoto, como faria uma mãe com um filho.
— Robert, olhe para mim. Sua voz era calma, mas firme, cheia de ternura. Quando ele finalmente levantou os olhos, ela continuou: Eu amo você, assim como amo cada criança naquela sala de aula. Eu sei que você errou ontem, e entendo que está arrependido. E isso é bom. O arrependimento é o primeiro passo para aprender.
Ela apertou suavemente as mãos dele, passando confiança.
— Mas, Robert, veja bem, eu sou adulta. Eu sou dona do meu destino. Quando roubei o cavalo de Nathan e fui atrás de você, ninguém me obrigou a fazer isso. Eu sabia o que estava fazendo, porque estava fazendo e o que poderia enfrentar. Eu tomei aquela decisão porque me importo com você.
Robert começou a chorar silenciosamente, mas Elizabeth não parou.
— Ainda assim, devo te agradecer. No meio de toda aquela confusão e medo, algo bom aconteceu. Eu e Nathan começamos a namorar.
Os olhos de Robert se arregalaram, e um leve sorriso surgiu em seu rosto, mesmo em meio às lágrimas. Nathan, que observava de perto, riu baixinho.
— Mas isso não muda o que quero que você entenda; Elizabeth continuou. A vida segue, Robert. Sempre segue. É importante que você tome cuidado com os caminhos que escolhe, porque eles moldam quem você será no futuro.
Nathan interveio, seu tom calmo e acolhedor.
— É isso mesmo, Robert. O que Elizabeth está tentando te mostrar é que todo erro pode ser uma oportunidade de aprendizado. O importante é se levantar e seguir em frente.
Elizabeth aproveitou a deixa para lançar um desafio ao menino.
— Robert, se você realmente quer consertar as coisas, faz uma coisa por mim?
— Qualquer coisa, senhora Thorton! Ele respondeu prontamente.
— Estude. Mostre-me que, na sala de aula, você é invencível. Escolha um objetivo, algo que você queira fazer na vida, e lute por isso. Prove que estou certa quando digo que você e seus colegas têm potencial para ir longe e vencer.
O menino pareceu ponderar por um momento, limpando o rosto. Então, ele se levantou, deu um sorriso tímido e abraçou Elizabeth com força.
— Obrigado, senhora Thorton. E obrigado, Mountie Nathan.
Enquanto ele se dirigia à porta, Nathan perguntou com um sorriso:
— Aonde você vai, Robert?
O menino olhou por cima do ombro, um brilho de determinação nos olhos.
— Para a escola, Mountie Nathan! Tenho que mostrar a todos que minha professora é a melhor.
E saiu correndo.
Nathan e Elizabeth ficaram em silêncio por um momento, observando o menino desaparecer na rua. O orgulho que sentiam por ele era palpável. Elizabeth já estava pensando nos preparativos para a formatura de Robert, Laura, Emily e Cody. Em poucos meses, eles concluiriam seus estudos, e ela sabia que seria uma celebração inesquecível.
Quando Nathan fechou a porta da delegacia, ele deu dois passos largos até Elizabeth. Antes que ela pudesse reagir, ele segurou sua cintura com firmeza e a puxou para si, beijando-a com uma paixão ardente. Seus lábios encontraram os dela com uma urgência que falava de todos os sentimentos reprimidos, de todo o desejo acumulado.
Elizabeth ficou sem fôlego por um instante, surpresa pela intensidade do gesto. Seus corpos se encaixaram perfeitamente, como se fossem feitos um para o outro. As mãos de Nathan deslizaram pela cintura dela, puxando-a ainda mais para perto, enquanto o beijo se aprofundava, tornando-se mais intenso e cheio de emoção.
Quando ele finalmente se afastou, ela ficou ali, com os olhos brilhando, os lábios entreabertos e as bochechas coradas. O mundo parecia ter parado ao redor deles, deixando apenas o som de suas respirações ofegantes. Nathan a observava como se ela fosse a coisa mais preciosa que ele já tinha visto, seus olhos verdes refletindo uma mistura de amor e desejo.
Elizabeth, ainda sentindo o calor do beijo, sorriu timidamente, seus olhos encontrando os dele. Ela sabia que aquele momento era apenas o começo de algo muito maior, algo que os uniria de uma forma que nunca haviam imaginado.
— Você não sabe o quanto eu amo você, Lizbeth. A voz dele era rouca, carregada de emoção.
Elizabeth abriu um pequeno sorriso, ainda recuperando o fôlego.
— E eu amo você, Nathan.
Ele riu, inclinando a testa para encostar na dela.
— Foi difícil não fazer isso, enquanto Robert estava aqui.
Elizabeth riu, relaxando em seus braços.
— Você é impossível, Mountie Nathan.
— Só com você, minha Lizbeth.
Por um momento, ficaram ali, no silêncio confortável da delegacia, segurando-se um ao outro como se o mundo inteiro pudesse desaparecer. Para Nathan, não havia nada mais bonito ou mais tentador do que a mulher em seus braços. E para Elizabeth, aqueles momentos simples eram a prova de que a felicidade estava ao seu alcance, bastava permitir-se senti-la.
Ela suspirou, descansando a cabeça no ombro dele.
— Obrigada por tudo, Nathan.
— Sempre, Lizbeth. Sempre.
O mundo lá fora poderia continuar a girar, com seus desafios e problemas, mas ali, naquele instante, o tempo parecia ter parado. Ambos sabiam que estavam exatamente onde deveriam estar, como se o universo inteiro tivesse conspirado para aquele momento. O calor dos corpos entrelaçados, o som das respirações que se misturavam, e os olhares que falavam mais do que mil palavras poderiam expressar, criavam uma bolha de serenidade e amor.
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