Capítulo 7
824 PALAVRAS
Nathan estava voltando para a cidade quando percebeu algo estranho.
A sensação de estar sendo observado fez sua nuca se arrepiar. Ele conhecia bem essa sensação, fruto do seu treinamento como mountie. Mas, algo lhe dizia que quem quer que fosse, não tinha más intenções. Afinal, se tivesse, já teria atacado.
Com calma, Nathan continuou seu caminho, disfarçando sua atenção. Passou diante de uma casa, depois de outra, e, ao encontrar um pequeno atalho, se escondeu rapidamente. Esperou em silêncio e, num movimento certeiro, contornou quem o seguia, colocando-se atrás do perseguidor.
Para sua surpresa, a figura escondida em cima de uma escada era...
— Robert. Nathan chamou em tom firme, mas controlado. Desça daí agora!
Sua voz carregava a autoridade típica de um mountie, mas havia também um traço de compreensão.
Robert desceu com relutância. Ele parecia tímido, quase envergonhado, e em momento algum levantou os olhos para encarar Nathan. A cada passo, seu corpo denunciava a tensão. Quando finalmente chegou ao chão, sua voz saiu trêmula, quase um sussurro:
— Mountie Nathan, por favor, não a prenda. Ela não merece ir para a prisão. A confissão veio rápida, e Robert continuou: eu fui o culpado de tudo. Eu fiz, sem pensar nas consequências.
Nathan permaneceu calado, analisando o menino. Robert continuava de cabeça baixa, encarando os próprios pés. Ele não ousava olhar para Nathan, o homem que tanto admirava e sonhava em um dia se tornar. A vergonha parecia esmagá-lo.
— Você tem ideia do que poderia ter acontecido? A voz de Nathan era firme, mas não severa.
Robert hesitou, mas respondeu com sinceridade:
— Tenho, sim, senhor. Depois da conversa que tive com você e com a senhora Thorton ontem, fui direto para casa. No caminho, minha mãe me contou o que acontece com quem rouba cavalos... E principalmente com quem rouba o cavalo de um mountie.
Nathan assentiu, cruzando os braços.
— E o que teria acontecido com ela, Robert? Pense bem antes de responder.
O menino respirou fundo, tentando conter as lágrimas que ameaçavam surgir.
— Ela poderia ter morrido. Sua voz estava baixa, mas convicta. Ela pegou o seu cavalo, Sargent, e sabemos como ele é bravo. Ela pulou de outro cavalo para montá-lo... poderia ter caído. Ou ele poderia ter ficado nervoso e jogado os dois ao chão. Ela poderia ter se machucado gravemente... ou pior.
Robert fez uma pausa, engolindo em seco antes de continuar:
— Além disso, ela roubou o cavalo de um mountie bem na frente da delegacia. Minha mãe também disse que o senhor Lucas Bouchard gritou com ela na frente de toda a cidade, dizendo que ela não era uma dama.
Nathan apertou os punhos ao ouvir o nome de Lucas Bouchard. Lembrar de como ele havia humilhado Elizabeth publicamente o fez bufar de raiva. Mas, em meio à irritação, uma memória doce surgiu: "Eu não sou, nunca fui, e nunca serei sua namorada. Já lhe disse que somos apenas amigos..."
Um sorriso involuntário apareceu no rosto de Nathan, suavizando sua expressão.
Robert, no entanto, parecia cada vez mais aflito.
— Se alguém precisa ser preso, que seja eu! Exclamou, com a voz embargada. Eu roubei Sargent. Ela só tentou me ajudar, e agora pode ser punida por minha culpa. Se quiser, pode até dizer que roubei Newton também. Só... não vá atrás dela. Não a envergonhe. Ela é boa demais para isso.
Nathan o observava atentamente, comovido pela sinceridade e arrependimento do garoto.
— Robert... Começou, com a voz mais branda. Nem eu, nem a Elizabeth, queremos te ver na prisão. O que queremos é que você aprenda com o erro que cometeu e cresça com isso. Todos nós erramos, filho. A questão é o que fazemos depois.
Robert parecia absorver cada palavra, embora ainda olhasse para o chão.
— A senhora Thorton não te proibiu de montar em Sargent, porque queria te humilhar. Ela fez isso porque sabia que você ainda não estava pronto. Na vida, nem tudo acontece na hora que queremos. Mas isso não significa que não vá acontecer no tempo certo.
As lágrimas que Robert tentava conter começaram a rolar.
— Eu nunca tive tanta vergonha na minha vida. Desapontei a todos... O senhor, a senhora Thorton, e até o Mountie Jack Thorton.
Nathan suspirou, pousando a mão no ombro do garoto.
— Todos nós caímos, Robert. O importante é termos alguém que nos ajude a levantar. Eu e Elizabeth vamos conversar com você. Vamos te ajudar a seguir em frente, mas o primeiro passo é reconhecer o erro. E esse, você já deu.
O menino assentiu lentamente, finalmente levantando os olhos para encarar Nathan.
Naquele momento, Nathan viu não apenas um garoto arrependido, mas alguém com um enorme potencial de crescimento. E mais uma vez, ele pensou em Elizabeth. "Ambos tinham uma missão clara: ensinar àquela criança que o arrependimento não era o fim, mas o começo de uma jornada para se tornar alguém melhor. "
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