Capítulo 54
PALAVRAS
Laura estava radiante. Seu maior sonho havia se concretizado: tornar-se professora, assim como sua inspiração, a professora Elizabeth. Cada vez que se lembrava do quanto Elizabeth lutou por ela, sentia um misto de gratidão e orgulho. Fora Elizabeth quem enfrentara seu pai, convencendo-o a permitir que Laura estudasse, mesmo quando as circunstâncias pareciam impossíveis.
"Se não fosse por ela," pensava Laura, "eu não seria nada hoje. "
Agora, formada e atuando ao lado de Elizabeth, sentia-se pronta para retribuir todo o apoio e amor que recebera. A lembrança de como passara noites em claro estudando, enfrentando as dificuldades de um curso complementar à distância, ainda era viva. Laura descobrira recentemente que sua bolsa de estudos não era gratuita, como imaginara. Elizabeth, com um coração generoso e silencioso, havia custeado tudo.
"Ela foi mais do que minha professora, " pensou Laura, enquanto olhava seus alunos pequenos, de cinco a sete anos, concentrados em suas lições. "Ela foi uma mãe, uma mentora, uma amiga. "
Laura amava suas turmas. O brilho nos olhos das crianças enquanto aprendiam era a maior recompensa para ela. Ainda assim, sentia falta de algo... ou melhor, de alguém.
Jack, o pequeno irmão de Alien, sempre estivera presente em sua vida. Desde o nascimento dele, Laura era quase uma segunda irmã. Ela viu o primeiro dentinho, ouviu as primeiras palavras, e estava lá para consolar o menino nas gripes e febres da infância. Mas, com o novo trabalho, não conseguia passar tanto tempo com ele.
"Ah, Jack..." pensava ela, com um sorriso melancólico. "Eu sinto falta até das vezes em que você bagunçava meu cabelo. "
Sabia que Jack estava em boas mãos. Alien assumira o papel com muita dedicação e carinho, cuidando dele como se fosse seu próprio irmão. Sempre que os via juntos, Laura ficava encantada com o vínculo especial que tinham. Era um amor tão puro, tão forte, que parecia impossível que não fossem irmãos de sangue.
Alien contara para Laura que, mesmo cuidando de Jack por amor, Elizabeth insistia em pagar um salário por seu trabalho. Alien relutara, assim como Nathan, mas Elizabeth fora firme.
"Todo trabalho deve ser valorizado, " dissera ela. "Esse dinheiro é seu, Alien. Guarde-o, invista no futuro ou no seu enxoval, quando chegar a hora. "
Laura lembrava de como elas haviam rido juntas disso. Apenas os mais próximos como Cody, Robert e, claro, Laura sabiam do namoro discreto de Alien com Robert. Porém, Laura desconfiava que Elizabeth sabia mais do que demonstrava.
"Ela parece ter uma bola de cristal, " pensava Laura, rindo sozinha.
Seus pensamentos foram interrompidos por uma leve batida na porta. Quando olhou, viu Elizabeth sorrindo e espiando pela abertura.
— Olá, professora Elizabeth! Exclamou Laura, animada.
Elizabeth sorriu e entrou na sala.
— Laura, já te disse para me chamar só de Elizabeth! Somos colegas de profissão agora.
Laura ficou ruborizada e balançou a cabeça, determinada.
— Isso nem nos seus melhores sonhos, professora Elizabeth! A senhora sempre será minha professora, minha inspiração.
Elizabeth riu, mas seus olhos estavam cheios de emoção.
— Você não precisa me agradecer, Laura. Eu só fiz o que era certo. Queria te ajudar e dar a você uma chance de seguir seus sonhos.
— E eu nunca poderei retribuir tudo que fez por mim. Quando minha mãe morreu, pensei que nunca mais poderia amar ninguém assim, mas a senhora... a senhora foi como uma mãe para mim. Uma estrela brilhante que iluminou o caminho.
Os olhos de Elizabeth se encheram de lágrimas, e ela não resistiu: abraçou Laura com força.
As crianças pararam o que estavam fazendo para observar a cena, admiradas com o carinho entre as duas mulheres. Elizabeth, tentando recuperar a compostura, mudou de assunto.
— Ah, quase esqueci! Encontrei a Emily hoje cedo. Ela avisou que não poderá te encontrar, porque Gabe chega hoje à noite de Hamilton.
— Isso é maravilhoso! Exclamou Laura. Emily está esperando por esse momento há tanto tempo.
Elizabeth sorriu, lembrando-se das palavras de Gabe muitos anos atrás.
— Ele sempre soube que casaria com ela. Mesmo sendo tão jovem na época, dizia que o tempo só acumulava o amor que sentia.
Depois de passar as últimas instruções sobre os trabalhos escolares, Elizabeth ouviu Laura suspirar.
— Professora Elizabeth, eu sinto tanta falta do pequeno Jack. Será que ele e Alien poderiam dormir lá em casa hoje? Podemos fazer muffins e um piquenique na cabana. Meu pai ficaria encantado de ter Jack por perto.
Elizabeth sorriu, entendendo o desejo de Laura.
— Claro! Vou avisar Alien. Será ótimo para ela sair um pouco de casa.
Laura hesitou antes de falar:
— Eu... eu acho que Alien está sentindo muita falta de um certo jovem...
Elizabeth riu.
— Laura, você acha que eu não percebi? Que tipo de professora ou mãe, eu seria se não soubesse dos sentimentos da minha filha?
— Senhora Thorton... digo, senhora Grant...
Elizabeth riu ainda mais.
— Não se preocupe, querida. Não vou contar nada. Mas ainda preciso pensar em como falar com aquele pai dela. Nathan é puro ciúme daquela menina!
— Boa sorte com ele! Disse Laura, rindo. Quem sabe hoje, sozinha em casa, a senhora consiga convencê-lo de algo?
Elizabeth ficou com as bochechas vermelhas, mas saiu rindo.
"Laura tem razão, " pensou Elizabeth enquanto caminhava. "Essa ideia será boa para todos. Talvez até ajude Alien a sorrir mais..."
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