954 PALAVRAS

Os dias seguiam sua rotina em Hope Valley. Rose passava mais tempo em casa, tentando repousar, já que os enjoos haviam diminuído, mas o cansaço persistia. Aproveitava a proximidade para cuidar de Lee, que ainda se recuperava de seu ferimento. Nathan e sua família visitavam o casal diariamente, trazendo apoio e sorrisos. Henry e Jessy assumiram o trabalho na madeireira, o que deixou Lee profundamente agradecido e orgulhoso por contar com vizinhos tão fiéis.

Na escola, Elizabeth tinha uma companhia inesperada. Willian Thatcher, seu pai, agora estava ao seu lado, ajudando sempre que possível. No segundo dia, para a surpresa de Nathan, Willian assumiu a tarefa de cortar a lenha da escola. Ele explicou, com um sorriso orgulhoso, que assim Nathan poderia adiantar suas rondas e passar mais tempo com a família.

Certa manhã, Nathan aproveitou um intervalo para conversar com o sogro.

— Willian, como está sendo para você conhecer melhor a Elizabeth e os netos?

O patriarca dos Thatcher deu um suspiro profundo antes de responder, com um sorriso suave no rosto.

— Nathan, é indescritível. Assistir Elizabeth como professora... eu nunca imaginei que ela fosse tão boa no que faz.

— Ela é incrível; concordou Nathan, o orgulho transparecendo em cada palavra. Quando cheguei à cidade e minha sobrinha Alien começou a estudar com ela, fiquei impressionado. Já tínhamos passado por tantos problemas em outras escolas... Mas a maneira como Elizabeth acolhe as crianças é algo especial.

Willian acenou lentamente, as palavras de Nathan ressoando com seus próprios pensamentos.

— Eu vejo isso agora. Ela tem um dom natural. É tão claro como ela transforma o aprendizado em algo envolvente. E mais do que isso... Nathan, os alunos a adoram.

Nathan sorriu.

— Nunca vi uma escola onde as crianças cheguem com sorrisos tão grandes no rosto.

Willian hesitou, seus olhos brilhando com emoção.

— Como pai, é tão gratificante vê-la impactando essas vidas. E como avô... Ele parou, a voz falhando por um momento. Quando abracei meus netos pela primeira vez, algo dentro de mim mudou. Jack, aquele menino... ele tem os olhos do pai. E Alien... é como se o sol tivesse um reflexo só dela.

— Eles sentem o mesmo por você, Willian; disse Nathan, genuinamente emocionado. Ver vocês juntos aquece o coração de todos nós.

Willian assentiu, determinado.

— Quero construir memórias com eles. Quero que saibam que, mesmo com os erros que cometi, o amor que sinto por eles é genuíno. E espero que, com o tempo, Viola e Grace também sintam essa transformação. Quero que experimentem essa alegria que eu senti.

Nathan apertou o ombro de Willian com firmeza, sentindo-se ainda mais conectado ao homem que, pouco tempo atrás, parecia tão distante.

Enquanto isso, Lee já estava de volta ao trabalho, apesar de Rose ter protestado veementemente. Mesmo ferido, insistia em ir ao escritório todos os dias, com Henry dirigindo seu carro. Rose, agora grávida de sete meses, sentia-se pesada e cansada, mas o olhar apaixonado de Lee, cheio de ternura, a fazia esquecer qualquer insegurança.

Naquela tarde, algo especial acontecia na escola. Elizabeth havia preparado um ambiente diferente. Apenas alguns alunos estariam presentes, realizando uma prova final importante sob os olhos atentos do inspetor-geral da educação, Sr. Landy.

Sentindo a tensão no ar, Elizabeth tomou uma decisão inesperada. Com o sino de vaca na mão, abriu as portas e chamou a atenção de todos os presentes.

No gramado da escola, pais e amigos se reuniam, prontos para apoiar os jovens. Rose, Bill, Lee, Nathan e Willian estavam entre eles. Com um sorriso acolhedor, Elizabeth subiu os degraus e fez um convite.

— Vamos fazer uma oração pelas nossas crianças.

O silêncio se instalou enquanto Elizabeth, com voz firme e cheia de emoção, começou:

— Querido Deus, neste momento de desafio, reunimos nossos corações com gratidão e esperança. Pedimos a Tua orientação e força para os alunos que enfrentam esta prova. Que tua luz ilumine seus caminhos, trazendo clareza e sabedoria. Conceda-lhes tranquilidade e confiança em suas habilidades.

Ela fez uma pausa, olhando para as famílias ao redor.

— Pedimos também pelas famílias aqui reunidas, para que tenham serenidade e paz ao apoiar seus filhos. Senhor, abençoe cada professor e educador, para que o ensino deles floresça neste momento crucial. Que a fé, o esforço e o amor prevaleçam... Amém.

Um coro emocionado respondeu:

— Amém.

Willian, ao lado de Nathan e Bill, limpou discretamente uma lágrima que teimava em escorrer.

— Eu nunca poderia imaginar ver minha filha assim... tão cheia de fé. É como se ela estivesse guiando todos nós, não só as crianças.

— É uma bênção tê-la em nossas vidas; disse Bill, com um sorriso de compreensão.

Nathan assentiu, grato por testemunhar aquele momento especial.

De volta à realidade da prova, Elizabeth chamou os alunos:

— Por favor, compareça à sala os seguintes alunos que eu chamar... vocês terão três horas para terminar tudo. Não olhem para os lados, não conversem e entregarei um lápis e uma borracha a cada um, após estiverem sentados no local onde tem o seu nome...

Robert

Cody

Laura

Emily.

Cada criança recebeu um abraço carinhoso de seus pais. Bill, substituindo Abigail, que ainda cuidava da mãe doente, envolveu Cody em um abraço apertado. Antes de entrar na escola, cada aluno recebeu um abraço e palavras de encorajamento de Elizabeth.

Quando a última criança cruzou a porta, Elizabeth lançou um olhar significativo para Nathan, cheio de amor e determinação. Ele retribuiu com um sorriso sereno, sabendo que, apesar dos desafios, estavam juntos em tudo.

E assim, a porta da escola se fechou, marcando o início de um novo capítulo para aqueles jovens e suas famílias, enquanto o amor e a fé continuavam a guiar os passos de Hope Valley.