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Capítulo 29

963 PALAVRAS

Os últimos dias haviam sido uma mistura de caos e cuidado. Carson e Faith apareciam duas a três vezes por dia, atentos a cada detalhe da recuperação de Elizabeth. Lee e Rose contribuíam trazendo lanches e distraindo as crianças com pequenos passeios, enquanto Bill e Abigail acompanhavam tudo de perto, a preocupação estampada em seus rostos. Para eles, Elizabeth era como uma filha.

A comunidade inteira parecia girar em torno dela. Até as crianças da escola, uma a uma, vieram visitá-la em pequenas ocasiões. Contudo, ninguém parecia tão afetado quanto Robert. O medo de perdê-la o havia transformado, e agora que ela estava fora de perigo, ele finalmente voltara a sorrir.

Entre todas essas visitas e momentos de ternura, Nathan finalmente encontrou um momento para conversar a sós com Elizabeth. Havia algo que ele precisava compartilhar, mesmo sabendo que o assunto seria difícil.

Ele se sentou ao lado dela na cama, segurando uma das mãos dela entre as suas. Os olhos de Elizabeth o observavam com uma mistura de curiosidade e apreensão.

— Elizabeth, preciso falar algo importante com você.

Ela assentiu, esperando, mas o nervosismo de Nathan era evidente.

— Como homem, como seu marido, eu precisei tomar uma decisão difícil. Fiz algo que... talvez você não entenda ou até discorde.

Elizabeth franziu a testa.

— O que foi, Nathan?

— Eu entrei em contato com seu pai.

As palavras pairaram no ar como um golpe. O rosto de Elizabeth mudou instantaneamente.

— O quê? Você entrou em contato com ele? Mesmo sabendo o quanto ele nos rejeitou?

Nathan respirou fundo, tentando explicar.

— Sim, Lizbeth. Enviei um telegrama informando sobre o acidente com as cobras, seu estado crítico... era meu dever, como seu marido e como mountie.

Elizabeth balançou a cabeça, incrédula.

— Nathan... por quê? Por que você fez isso? Eles nunca se importaram comigo! Nem quando eu tive meu parto sozinha ou melhor com Rose e Abigail, em uma cabana no meio de uma nevasca, quatro anos atrás. O que te fez pensar que agora seria diferente?

A dor na voz dela era palpável. Nathan sentiu um aperto no coração ao ver sua esposa tão magoada, mas ele sabia que precisava continuar.

— Eu sabia que você ficaria magoada, mas escute, minha linda. Não era sobre o que eles fizeram ou deixaram de fazer. Era sobre o que eu precisava fazer como seu marido. Eu precisava falar com ele, de homem para homem.

— E ele respondeu? Elizabeth perguntou, a voz carregada de ironia e amargura. Seus olhos estavam cheios de ressentimento, sentimentos acumulados por anos de abandono.

Nathan inclinou-se levemente para ela, falando com calma.

— Não. Não respondeu ao telegrama. Então usei o escritório de Bill para ligar diretamente para ele. Bill estava ao meu lado como testemunha.

Elizabeth arregalou os olhos, a expressão oscilando entre surpresa e indignação.

— Você o confrontou?

— Confrontei, sim. Me apresentei como mountie da cidade, seu marido e pai do pequeno Jack. Contei sobre Alien, sobre o acidente com as cobras... expliquei que você esteve em coma e que o estado era grave.

Elizabeth suspirou profundamente, um misto de tristeza e vergonha.

— Nathan, eu só consigo imaginar a reação dele. Se ele foi rude, me desculpe. Meu pai... ele pode ser cruel às vezes.

Ela abaixou os olhos, como se a vergonha de sua família pesasse sobre seus ombros. Nathan, vendo o quão vulnerável ela estava, inclinou-se e a envolveu em um abraço protetor.

— Minha amada Lizbeth, olhe para mim.

Ela hesitou, mas finalmente ergueu os olhos marejados.

— Eu sou seu marido. Ele pode ser seu pai, mas você é minha esposa, e eu nunca vou deixar ninguém te magoar novamente. Fiz isso porque era o certo a fazer, porque um verdadeiro homem honra a família que constrói e também busca resolver os nós do passado. Foi isso que minha mãe me ensinou.

Nathan fez uma pausa, buscando as palavras certas para confortá-la.

— Eu não pedi permissão a ele para casar com você, Elizabeth. Isso já foi feito, porque você é minha. Mas quis comunicá-lo do nosso casamento e pedir as bênçãos dele, mesmo sabendo que talvez não viessem. Também deixei claro que não estávamos pedindo ajuda ou dinheiro. Nossa família é minha responsabilidade, e cuidarei de você, de Jack e de Alien com todo o amor e dedicação que vocês merecem.

Elizabeth, ainda com lágrimas nos olhos, abriu um pequeno sorriso.

— Você realmente disse isso?

— Disse. E repetiria quantas vezes fosse necessário.

A dor que havia no olhar de Elizabeth começou a se dissipar, dando lugar a algo mais suave: gratidão.

Ela tocou o rosto de Nathan com delicadeza, e sua voz saiu quase como um sussurro.

— Você é o homem mais incrível que eu já conheci. Obrigada por me proteger... mesmo quando eu não sei como lidar com tudo isso.

Nathan segurou o rosto dela entre as mãos e sorriu, um sorriso cheio de amor.

— Lizbeth, minha linda esposa, quero que você saiba de uma coisa. Você e as crianças são o meu maior tesouro. Não há nada que eu não faria por nossa família. Cada dia ao seu lado é um presente.

Os olhos dela se encheram de lágrimas novamente, mas desta vez, eram lágrimas de amor.

— Eu te amo, Nathan.

— E eu te amo ainda mais, Lizbeth.

O silêncio que se seguiu foi cheio de significados, de promessas não ditas, mas profundamente sentidas. Era o começo de uma nova página, onde eles enfrentariam o passado, mas sempre de mãos dadas, com o futuro à frente.

"Minha amada, quero que saiba que você e nossa família são meu tesouro mais precioso. Cada dia ao seu lado é um presente que valoriza mais do que palavras podem expressar. "

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