Capítulo 13
1942 PALAVRAS
Nathan chegou em casa flutuando. Ele havia buscado Alien na casa de Rose, e a menina passou o caminho todo contando a Nathan sobre sua tarde e sua noite com Jack e o casal Coulter. Nathan caiu no sofá após Alien subir para seu quarto.
— O que foi mesmo que ela falou? Amanhã preciso perguntar a Alien como foi sua tarde com os Coulter... Nathan falou consigo mesmo.
— Tio Nathan! Vai ser sempre assim?
Tio Nathan, você agora é mais esquisito do que sempre foi. Alien falou do fim da escada com as mãos na cintura.
Nathan piscou, sem saber o que falar. Ele lhe deu seu mais lindo sorriso torto, fazendo o coração de Alien se encher de amor. Era tudo que ela sempre quis: ver seu tio tão feliz era gratificante. Mesmo que ele se tornasse um bobo, mas era um bobo apaixonado, riu Alien ao pensar.
Nathan abriu os braços e Alien desceu as escadas saltitante e foi se aninhar ali. Seu tio exalava felicidade e ela queria sentir um pouquinho daquilo com ele.
— Tio Nathan, você está muito feliz ou é impressão minha? Como foi seu encontro? Ela gostou?
— Alien, minha filha. Eu sou o homem mais feliz da face da terra. Eu só experimentei essa felicidade quando recebi você em minha vida. E agora, com Elizabeth e o pequeno Jack, eu me realizei como homem. Eu tenho uma família maravilhosa agora, minha filha. Você e o pequeno Jack são o complemento perfeito para mim e para Elizabeth.
Nathan contou tudo sobre seu encontro. Alien percebia a emoção na voz de seu tio, era visível em seu rosto. Alien tinha quinze anos, mas seu tio ainda falava com ela como se fosse uma criança. Só de olhar para seu tio, com aquele sorriso bobo e aquele brilho no olhar, dava para perceber de longe que ele havia beijado Elizabeth e que foram ótimos beijos. Seu tio estava apaixonado. Alien, olhando dentro de seus olhos, disse bem séria:
— Tio Nathan! Você não vai me contar como foram os beijos?
E ria da expressão de seu tio. Ele estava vermelho como um pimentão...
— Não precisa falar nada, tio Nathan; seus olhares e seu sorriso já me disseram que os beijos foram bons.
Ele abaixou a cabeça e falou baixinho:
— Bom! Aquilo ali não foi só ótimo; foi espetacular! Ela leva o troféu de ouro sem nem fazer esforço. Ele disse, passando as mãos no cabelo e revirando os olhos como se revivesse cada segundo daquele beijo mágico.
Alien ria muito, conhecia muito bem seu tio. Mesmo ele namorando algumas vezes, nunca havia expressado seus sentimentos como agora. Por duas vezes, ela até achou que ele acabaria se casando com aquela mulher, a tal da Fana. Mas um dia, tudo mudou drasticamente.
Fana, filha de um mountie, tinha um sorriso encantador e uma presença confiante. No início, parecia a mulher perfeita para Nathan. Ela era bonita, charmosa e sabia exatamente o que dizer para conquistar a simpatia das pessoas ao seu redor. No entanto, havia uma face oculta em sua personalidade que Alien conhecia muito bem, mas nunca tinha revelado para seu tio.
Nathan, sempre ocupado com seu trabalho de mountie, confiava plenamente em Fana. Alien, por outro lado, vivia sob constante tensão. Fana, com um olhar frio e calculista, aproveitava cada momento a sós com Alien para amedrontá-la. Sussurrava nos ouvidos da menina que ela iria para o exterior estudar em um colégio interno, longe de tudo e todos que amava. Alien se sentia apavorada, mas não queria preocupar seu tio, então guardava tudo para si.
Até que um dia, o inevitável aconteceu.
Nathan chegou em casa mais cedo do que o habitual. Ao entrar, ele ouviu uma conversa acalorada vinda da sala. Aproximando-se silenciosamente, ele encontrou Fana assediando Alien. A expressão no rosto da mulher era feroz, enquanto ela dizia que Alien seria enviada para o exterior, onde ninguém se importaria com ela.
Nathan sentiu seu sangue ferver de raiva. Ele jamais poderia imaginar que a mulher em quem confiava estava aterrorizando sua sobrinha. Sem hesitar, ele interveio.
— O que você pensa que está fazendo, Fana? Ele gritou, sua voz cheia de indignação.
Fana se virou surpresa, tentando disfarçar, mas era tarde demais. Alien, com lágrimas nos olhos, correu para o tio, buscando proteção. Nathan abraçou a menina e olhou para Fana com uma expressão que ela jamais esqueceria.
— Saia da minha casa agora! E nunca mais se aproxime de Alien ou de mim. A voz de Nathan era firme e implacável.
Fana tentou argumentar, mas Nathan não a deixou falar mais nada. Ele a conduziu até a porta e a fechou com um estrondo, encerrando de vez aquele capítulo sombrio. Aquele relacionamento terminou ali, e Nathan nunca mais permitiu que Fana se aproximasse de sua vida.
Depois disso, Nathan fez tudo o que estava ao seu alcance para reconquistar a confiança de Alien. Passaram mais tempo juntos, ele a levou para passeios, a ajudou com os deveres de casa e, mais importante, mostrou a ela que sempre estaria ao seu lado para protegê-la. Alien, por sua vez, começou a relaxar e a confiar novamente, sabendo que seu tio jamais permitiria que algo ruim acontecesse com ela.
Alien aprendeu que, mesmo em momentos difíceis, o amor e a proteção de seu tio eram inabaláveis. E Nathan, por sua vez, compreendeu a importância de estar presente e atento aos sentimentos das pessoas que amava. Esse episódio fortaleceu ainda mais o laço entre eles, consolidando uma relação de amor, confiança e respeito mútuo que perduraria para sempre.
Mas hoje, Alien estava muito feliz, mas lembrava dos momentos difíceis. No início em Hope Valley, seu tio correndo do amor que já sentia por Elizabeth, acabou sendo injusto e a magoou. Uma noite, Elizabeth o chamou para jantar em sua casa, pois precisava falar e tomar decisões sobre Alien. Na época, ele a acusou de ser uma viúva correndo atrás de oportunidade com um homem solteiro.
Nathan não sabia que, ao conversar com Rose, Elizabeth tinha confirmado que não seria inconveniente conversar com um pai durante um jantar. A própria Rose na época ,disse a ela que não haveria problema, pois, seu filho Jack estava doente e Alien estaria no jantar. Afinal, todos precisavam jantar e assim poderiam tomar as decisões sobre a nova aluna. Caso contrário, Alien ficaria fora da escola até o próximo ano. Nathan saiu do jantar sem deixá-la ao menos se explicar.
Alien lembrava-se muito bem de ver sua professora nos dias seguintes. Havia algo no olhar de Elizabeth, e seu sorriso tinha perdido a cor. Ela estava decepcionada e envergonhada. Sempre que a via próxima à delegacia, Elizabeth desviava sua rota. E quanto a Alien, Elizabeth não mais a olhava nos olhos. Sempre a tratou bem, mas não a olhava nos olhos, sempre de cabeça baixa.
Elizabeth fez de tudo por Alien. Lutou por quase quinze dias, dando reforço durante todo o período, até que Alien fosse aceita após o teste. Alien podia ver a dedicação nos olhos de Elizabeth, mesmo quando ela estava claramente magoada. Elizabeth passava noites revisando materiais, preparando aulas extras e fazendo tudo ao seu alcance para garantir que Alien tivesse uma chance justa.
Lembro-me do dia em que o senhor Landy gritou com Elizabeth dentro da escola, na frente de todos. Ele havia chegado à cidade e foi direto para a escola. Era o secretário de educação e deixou claro, que não aprovava a conduta dela, por deixar uma criança começar a estudar no meio do ano letivo. Disse que se o pai de Alien tinha um emprego no qual vivia viajando, deveria colocá-la em um colégio interno ou mudar de profissão. Elizabeth, porém, gritou e defendeu Nathan e seu emprego de mountie, que poderia levá-lo a qualquer lugar do país. E defendeu Alien, falando de sua garra e inteligência.
Quando contei tudo para tio Nathan, naquele mesmo dia, ele procurou por Lee e, conversando com ele, descobriu tudo sobre o mal-entendido. Foi assim que tio Nathan percebeu o quão injusto ele havia sido com Elizabeth. Lee disse que tanto ele quanto Rose sabiam do jantar e, mesmo Lee sendo da comissão de educação, nunca viu uma professora lutar tanto por seus alunos como Elizabeth fazia. "Além disso, como Elizabeth poderia imaginar que Alien estaria em uma festa do pijama na casa de Opal bem naquele dia? "
Alien viu por meses seu tio tentando se aproximar de Elizabeth, mas ela não mais olhava nos olhos dele. Sempre que havia reuniões de pais, ela falava com ele primeiro, entregava um envelope com toda a vida escolar de Alien e avisava a todos que o mountie era muito ocupado e precisava cuidar de toda a segurança da cidade. Por esse motivo, sempre o liberava primeiro e rapidamente. Elizabeth não trocava mais que dez palavras com tio Nathan, o restante estava tudo no envelope. Os outros pais nunca questionaram nada. Mas Alien viu que a mágoa pode machucar muito uma pessoa. Ela viu seu tio arrependido, como viu sua professora magoada, e os dois sofriam por isso.
Naquela época, se não fosse por Robert que chamou Alien e juntos traçaram um plano para aproximar os dois, as coisas poderiam ter sido diferentes. Aquele menino foi um verdadeiro cupido. E assim ficou mais forte sua amizade com Robert.
Lembranças das noites em que Nathan estava sentado na sala de estar, o olhar perdido na lareira, enquanto Alien fazia seu dever de casa em silêncio. Ele suspirava e ela percebia a luta interna que ele travava. Um dia, após um desses suspiros mais longos, Alien não aguentou mais ver seu tio sofrendo.
— Tio Nathan, você precisa se desculpar com a senhora Thorton. Ela é uma boa pessoa e, mesmo magoada, fez de tudo para me ajudar.
Nathan olhou para ela, seus olhos cheios de arrependimento.
— Eu sei, Alien. Mas eu fui muito injusto com ela. Como posso me desculpar agora?
— Comece sendo honesto, tio. Diga a ela tudo o que sente e como se arrepende. Mostre que você realmente mudou.
Nathan assentiu, decidido.
No dia seguinte, ele foi à escola. Esperou pacientemente até que Elizabeth saísse. Ela estava surpresa ao vê-lo, mas seu rosto ficou impassível.
— Elizabeth, por favor, me dê um momento. Eu preciso falar com você.
Ela cruzou os braços, olhando para ele.
— O que você quer, Nathan?
Ele respirou fundo.
— Eu fui um tolo e um idiota. Fui injusto e não te dei a chance de se explicar. Eu sei que errei e quero consertar isso. Peço desculpas de todo o coração.
Elizabeth olhou para ele, seus olhos marejados.
— Nathan, você me magoou profundamente. Eu não sei se posso confiar em você de novo.
Ele deu um passo à frente, seus olhos suplicantes.
— Por favor, me dê uma chance. Eu quero provar que mudei. Quero mostrar que sou digno do seu respeito e da sua confiança.
Houve um silêncio tenso, enquanto Elizabeth ponderava suas palavras. Finalmente, ela assentiu.
— Está bem, Nathan. Eu aceito suas desculpas, mas isso não vai ser fácil. Você terá que me mostrar que realmente mudou.
— Eu vou fazer isso, Elizabeth. Prometo.
A partir daquele dia, Nathan começou a reconquistar a confiança de Elizabeth. Ele ajudava na escola, participava de reuniões e fazia questão de mostrar que estava presente para Alien e para ela. Com o tempo, a mágoa foi se dissipando e uma nova amizade começou a se formar.
Ver seu tio e sua professora juntos e felizes, era maravilhoso para Alien. Ela sabia que ambos tinham sofrido, mas o amor e a perseverança os uniram novamente.
Hoje, ao ver Nathan flutuando de felicidade ao chegar em casa, Alien não podia deixar de sorrir. Seu plano havia funcionado. Ver seu tio e sua professora juntos e felizes, era mais do que ela poderia pedir. Afinal, a felicidade deles era também a sua.
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